Bolsonaro diz querer colocar 'ponto final' na briga entre Carlos e Mourão Segundo porta-voz do governo, presidente disse, contudo, que Carlos 'sempre estará a seu lado' e que filho foi responsável por sua vitória nas urnas


GOVERNO BOLSONARO
Bolsonaro diz querer colocar 'ponto final' na briga entre Carlos e Mourão
Segundo porta-voz do governo, presidente disse, contudo, que Carlos 'sempre estará a seu lado' e que filho foi responsável por sua vitória nas urnas









23.abr.2019 às 19h27


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Talita FernandesGustavo Uribe
BRASÍLIA


Numa tentativa de amenizar a troca de farpas públicas pelas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou por meio do porta-voz do governo que quer colocar "um ponto final" na "pretensa discussão" entre o vice-presidente, Hamilton Mourão (PRTB), e o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ)

"De uma vez por todas o presidente gostaria de deixar claro o seguinte: quanto a seus filhos, em particular o Carlos, o presidente enfatiza que ele sempre estará a seu lado. O filho foi um dos grandes responsáveis pela vitória nas urnas, contra tudo e contra todos", afirmou o general Otávio Rêgo Barros, porta-voz da Presidência, nesta terça-feira (23).
O presidente Jair Bolsonaro (PSL), que tenta apaziguar discussão envolvendo seu vice, o general Mourão (PRTB) - Pedro Ladeira/Folhapress

Ao falar sobre Carlos, segundo Rêgo Barros, o presidente disse que ele "é sangue do meu sangue".


Bolsonaro fez um afago a Mourão dizendo que ele é o subcomandante do governo e que topou o desafio das eleições, acrescentando que o vice tem dele "consideração e apreço".

Sem citar o nome do guru da direita e escritor Olavo de Carvalho, o porta-voz disse que o presidente ressaltou "de forma genérica" que quaisquer outras influências de contribuições com o governo para mudanças no Brasil "serão muito bem-vindas".

"O senhor presidente evidencia que declarações individuais publicadas em mais diversas mídias são de exclusiva responsabilidade de que as emite", afirmou.

Na manhã desta terça, Carlos criticou publicamente Mourão por ele ter aceitado um convite elogioso para palestrar nos EUA há duas semanas.

Nas redes sociais, ele afirmou que, “se não visse, não acreditaria que [Mourão] aceitou com tais termos” a proposta feita pelo Wilson Center, tradicional ambiente de estudos e palco de palestras de diferentes campos políticos.

O convite, de 9 de abril, apontava o vice como “uma voz de razão e moderação, capaz de orientar a direção em assuntos nacionais e internacionais”.

Mourão, ao deixar seu gabinete no Palácio do Planalto, afirmou nesta terça que tem adotado uma linha de ação de não criar um confronto e exemplificou com um ditado popular.

"Todo mundo emite a sua opinião, tal e coisa. A minha mãe sempre dizia uma coisa: 'Quando um não quer, dois não brigam'. Está certo? Então, essa é a minha linha de ação. Vamos manter a calma", disse.

O general da reserva salientou que não teve oportunidade de tratar a questão com o presidente e ressaltou que Bolsonaro tem o seu ponto de vista sobre o assunto.

"O presidente é o presidente, né. Ele tem a forma dele de pensar. Aguarda, né. Filho é filho", afirmou.

Ao longo do dia, em uma estratégia de evitar que a crise se intensificasse, Mourão evitou falar com veículos de imprensa.

Nos bastidores, ele tem tido o apoio do núcleo militar do Palácio do Planalto, que considera prejudicial ao presidente os ataques e interferências de seu filho, apelidado de "pitbull" nas redes sociais.
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Este é Carlos Bolsonaro














Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), segundo filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, foi o responsável pelas redes sociais do pai ao longo da campanha eleitoral. É considerado o filho mais próximo de Jair Bolsonaro e "pitbull" da família SERGIO LIMA/AFP
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Como em crises anteriores, criadas por declarações do vereador carioca, o presidente tem evitado se envolver e, até o momento, não o enquadrou.

A mais recente crise entre militares e Mourão teve início no último sábado (20), um vídeo em que Olavo fazia críticas a aliados de Bolsonaro, sobretudo militares, foi publicado no canal oficial do presidente no YouTube e divulgado depois por Carlos Bolsonaro. Após repercussão negativa, o vídeo foi apagado no domingo (21).

Na gravação, o escritor questiona a contribuição das escolas militares para o país e diz que o regime militar (1964-1985) "destruiu os políticos de direita".

“Qual foi a última contribuição das escolas militares para a alta cultural nacional? As obras do Euclides da Cunha. Depois de então foi só cabelo pintado e voz empostada. Cagada, cagada. Esse pessoal subiu ao poder em 1964, destruiu os políticos de direita e sobrou o quê? Os comunistas.”

Depois de apagar de suas contas o vídeo de Olavo, na segunda (22), Bolsonaro disse que as críticas do filósofo a militares "não contribuem" com o governo.

"Suas recentes declarações [de Olavo de Carvalho] contra integrantes dos poderes da República não contribuem para a unicidade de esforços e consequente atingimento de objetivos propostos em nosso projeto de governo", afirmou o presidente por meio de nota lida pelo porta-voz da Presidência na segunda.

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