QUEM É MAURO CARLESSE? Bancos, ex-sócios e ex-funcionários cobram cifras milionárias de Mauro Carlesse em ações que estão em andamento em pelo menos cinco estados e no Distrito Federal

Bancos, ex-sócios e ex-funcionários cobram cifras milionárias de Mauro Carlesse em ações que estão em andamento em pelo menos cinco estados e no Distrito Federal

 Quem é afinal, Mauro Carlesse? Esta é a pergunta que os marqueteiros do candidato mais rico do Tocantins ainda tentam responder. Desconhecido no meio político e do grande público, o milionário paranaense dono de várias empresas, carros de luxo e um patrimônio declarado de mais de 32 milhões, tem diversos problemas a serem revolvidos com a Justiça em pelo menos cinco estados e no Distrito Federal.

Apresentado aos eleitores como um empresário bem sucedido, Carlesse mora no Tocantins há treze anos e em Gurupi apenas seis e até chegar a ser candidato a prefeito na terceira maior cidade do estado, o empresário acumulou vários processos na justiça. Em um levantamento feito pelo portal www.claudemirbrito.com.br e pelo jornal Folha Tocantinense, descobriu-se que Mauro Carlesse é réu em ações que envolvem cifras milionárias. São processos por dívida com ex-funcionários, sócios, dupla sertaneja e até por sonegação fiscal.

Em São Paulo, são várias ações na justiça, dentre elas, além de Mauro Carlesse responde também um dos seus sócios e sobrinho, Claudinei Aparecido Quarasemin, que foi recentemente escolhido para coordenar a campanha pevista em Gurupi. Em 2011, a dupla chegou a receber uma pena de 2 anos e 8 meses de reclusão e ao pagamento de 13 dias-multa, em regime aberto pelo crime contra a ordem tributária. A sentença foi proferida pelo Juiz da 21ª Vara Criminal da Barra Funda – SP, Luiz Raphael Nardy Lencioni Valdez.

O nome de Mauro Carlesse está inscrito no Cadastro Nacional dos Devedores Trabalhistas - CNDT, por isso está impedido de abrir qualquer empresa no Brasil. Além disso, o empresário está impedido de contratar com o poder público e seu nome consta na lista de devedores do INSS. 

No Fórum Central Civil João Mendes Jr, na capital paulista, Carlesse figura como réu em uma outra ação milionária (Processo nº 583.001992.136256) movida por Antonio Cesário dos Santos que cobra mais de R$ 488 milhões.

Terminou? Não! Em 2011 um processo de execução de título movido pelo Banco do Brasil S.A contra Mauro Carlesse cobrando uma dívida de mais de R$ 3 milhões foi arquivado provisoriamente porque a justiça não encontrou bens em seu nome. Já nas eleições 2012, como candidato a prefeito em Gurupi, Carlesse declarou à justiça eleitoral um patrimônio de mais de 32 milhões.

Ainda em São Paulo, o empresário é réu em uma ação indenizatória por dano material no valor de 8 milhões; em outra ação de cobrança o valor é R$ 124.185,96; em outra a ação de execução foi movida pelo Banco Real S/A contra uma de suas empresas, a GMC Pintura eletrostática a pó LTDA, o valor chega a ser modesto, apenas R$ 32.815,00. Carlesse também é réu em ações trabalhistas movidas por ex-funcionários da empresa EIff Quimica LTDA no estado do Pará. Em uma dessas ações, um ex-funcionário tomou conhecimento da situação econômica favorável de Carlesse através do noticiário tocantinense e imediatamente recorreu à Justiça do Trabalho em Belém do Pará, reclamando uma dívida trabalhista em desfavor da Elffi Química (Processo n° 01838800-06.2008.5.08.0001). Na ação o advogado anexou a relação dos bens de Mauro Carlese ao processo e solicitou à justiça que fosse feita a penhora de bens.

Até a dupla sertaneja Alex e Alessandro afirma ter crédito não recebido de Mauro Carlesse. Em uma ação que corre na justiça, a dupla afirma não ter recebido R$ 1 milhão referente a acertos contratuais.

Mudando de estados

Rio Grande do Sul

Carlesse é réu em uma ação de execução fiscal contra uma de suas empresas, a Carlesse Sul Tintas e Vernizes LTDA, com sede no estado do Rio Grande do Sul. No estado de Mato Grosso do Sul, a Elffi Química foi condenada pela justiça a pagar quase R$ 500 mil.

No Espírito Santo, o empresário também enfrenta cobranças na justiça. Em uma das três ações o juiz determinou a penhora de bens de Carlesse em uma ação indenizatória de quase um milhão e meio contra três de suas empresas: Manara Participações, Máximo participações e Amigo Telecomunicações.

A empresa paulista Amigo Telecomunicações que Carlesse mantém em sociedade com o sobrinho Claudinei Quarasemim e Arlindo Alves Manara foi processada no Espírito Santo.

Sócios indiciados por falsificação de gasolina em SP

Em 2001, em São Paulo, o coordenador da campanha de Mauro Carlesse, que também é seu sobrinho, Claudinei Quarasemin teve seu nome envolvido em um suposto esquema fraudulento que adulterava combustível.

Segundo matéria publicada pelo jornal Estadão (pode ser conferido no portal www.claudemirbrito.com.br) Quarasemin (que é sobrinho de Mauro Carlesse) e um outro sócio, que chegou a ser preso na época e só foi liberado após pagamento de multa, foi indiciado em inquérito ao ser pego com 60 mil litros de solvente supostamente utilizado para falsificar gasolina. O produto estava na sede de uma das suas empresas, a Pulver Lux Indústria e Comércio de Tintas LTDA, com sede na Rodovia SP-340, quilometro 158,2 em Mogi Mirim, no interior do Estado de São Paulo.

 No local, a Divisão de Investigação de Crimes Fazendários de São Paulo apreendeu também cerca de 180 mil litros do produto classificado como Solbrax, fornecido pela Petrobras. Desse total, perto de 60 mil litros não possuíam nota fiscal, fato que gerou na época a aplicação de multa no valor de R$ 50,9 mil.

Segundo o diretor da Divisão de Investigação de Crimes Fazendários, delegado José Eduardo Jorge, os 180 mil litros de solvente eram suficientes para fabricar aproximadamente meio milhão de litros de gasolina adulterada e, com isso, gerar aos fraudadores um lucro superior a R$ 1 milhão.

Depois de passar por cinco estados Carlesse e os sócios chegam ao Tocantins

Em 2004, três anos depois de ser indiciado em São Paulo, o empresário participou junto com Carlesse de uma audiência com o então governador Marcelo Miranda (PMDB) como dirigentes do Grupo ElFFI Química, interessados em ampliar seus negócios no estado com a implantação de uma indústria química formuladora de combustíveis pelo uso de solventes hidrocarbonetos. Na audiência, os empresários estavam acompanhados da senadora Kátia Abreu (PSD), e do então secretário executivo da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ruiter de Pádua.

Na época, Mauro Carlesse e Claudinei Aparecido Quarasemin afirmaram ao ex-governador que a empresa iria iniciar suas atividades em 2005 e frisou que a proposta de implantar uma indústria química, um agente formulador de combustíveis no Tocantins era para atender as regiões Norte, Nordeste e Centrooeste. Afirmaram também que a relação de negócios entre os dois não se limitava somente na comercialização de solventes, mas no segmento da pecuária e que pretendiam investir no plantio da soja nos municípios de Cariri e Aliança.

Assessoria do candidato não quis comentar sobre as ações judiciais

Segundo a assessoria de comunicação de Mauro Carlesse, as certidões necessárias para que sua candidatura fosse registrada foram todas apresentadas e aceitas pela justiça eleitoral. “O que importa agora é que ele é candidato. Qualquer ação que venha ocorrer a partir de agora terão as respostas certas na justiça”, disse o assessor de imprensa Paulo Albuquerque.

Quarasemin diz que é inocente

Um dos sócios de Carlesse, o empresário Claudinei Quarasemin disse que o inquérito sobre seu envolvimento no esquema de adulteração de gasolina em São Paulo foi arquivado por falta de provas. “Foi feito a investigação e foi constatado que não houve irregularidades e o inquérito foi arquivado. Minha assessoria jurídica vai enviar a documentação do arquivamento do processo”, disse.

Até o fechamento da matéria a nossa reportagem não recebeu nenhuma documentação.

Segundo o jornal, o andamento dos processos onde Mauro Carlesse (PV) figura como réu pode ser acompanhado através dos sites: