O FALSO PROFETA-A Ressurreição de Jesus Cristo segundo Rudolf Bultmann

A Ressurreição de Jesus Cristo segundo Rudolf Bultmann

Autor: Alister McGrath
Introdução: André Tadeu de Oliveira
Para o desapontamento de muitos cristãos, vou comunicar algo; a data magna do cristianismo não é o Natal, mas é a Páscoa, momento onde a igreja comemora a ressurreição do personagem histórico Jesus Cristo.
Como dogma central do cristianismo, é correto afirmar que sem a ressurreição a religião baseada nas tradições sobre o nazareno perde completamente seu sentido.
Entretanto, a forma como a teologia tem interpretado este tema tão basilar não se resume ao retorno à vida de um cadáver crucificado entre dois outros homens em uma sexta-feira qualquer.
Sem sombra de dúvida, a interpretação mais interessante, e também polêmica, foi formulada por Rudolf Bultmann, importante teólogo luterano alemão do século passado. Fortemente influenciado pela filosofia existencialista, notadamente por Heidegger, Bultmann interpretava a ressurreição como um evento existencial para o crente, alterando o sentido de sua vida.
Mas quem foi Rudolf Bultmann ? Considero fundamental esta apresentação. Bultmann nasceu em 1884, na cidade de Wiefelstede, Alemanha. Criado em um lar fortemente protestante, foi influenciado por seu avô, missionário em Serra Leoa, África, e por seu pai, pastor em uma paróquia luterana. Este ambiente carregado de religiosidade levou o jovem Bultmann aos estudos teológicos.
Em 1903, iniciou seus estudos teológicos na célebre Universidade de Tubingen. Posteriormente, prosseguiu sua vida acadêmica nas universidades de Berlim e Marburg, sendo esta última considerada seu derradeiro lar intelectual. Obteve seu doutorado em teologia defendendo a tese “ O Estilo de Pregação Paulina e a diatribe cínico-estóica”.Estava definida sua predileção pela exegese, disciplina responsável pelo estudo científico dos textos bíblicos em suas línguas originais , e pela história da igreja primitiva. Em 1912, obteve habilitação para atuar como professor de Novo Testamento, deixando suas marcas em universidades como Marburg, Breslau e Giessen.
Criado dentro do escopo da chamada teologia liberal, Bultmann rompeu com a mesma, juntando-se ao novo círculo de teólogos neo-ortodoxos, ou dialéticos, como Karl BarthEmil Brunner e Paul Tillich. Contudo, podemos considerar Bultmann como um elemento à esquerda dentro deste grupo teológico.
Com o advento do regime nacional-socialista na Alemanha, ligou-se ao grupo conhecido como Igreja Confessante, união eclesiástica formada por luteranos, reformados e unidos. Tal denominação posicionou-se de forma abertamente contrária aos desmandos do regime hitlerista. Também protestou contra o parágrafo ariano, lei que proibia a ordenação de pastores de origem judaica.
Por fim, foi um escritor de mão cheia, produzindo obras fundamentais para a moderna teologia bíblica. Dentre várias, podemos citar : “A História da Tradição Sinótica” ( 1921), “ Jesus” ( 1926),” Crer e Compreender” ( três volumes, lançados respectivamente em 1932, 1952 e 1960) e a clássica “ Teologia do Novo Testamento” ( 1948).
Faleceu em 1976. Após esta breve introdução, gostaria de reproduzir, na integra, um sucinto texto de autoria de Alister E. McGrath, químico, doutor em biofísica molecular e em teologia, além de atuar como clérigo anglicano e professor de Teologia Histórica, na Universidade de Oxford, Inglaterra. Neste texto, McGrath explica, de forma absolutamente didática, a forma como Bultmann compreende a ressurreição de Jesus Cristo.

Rudolf Bultmann : a ressurreição como evento na experiência dos discípulos.

Por Alister E. McGrath
Bultmann compartilhava a convicção básica de Strauss de que, nessa era científica, era impossível acreditar em milagres. Por conseguinte, a crença na ressurreição de Jesus como um fato objetivo não mais era possível; entretanto, era perfeitamente possível que esse evento fizesse sentido de uma outra forma.
Conforme Bultmann alegava, a história é composta por uma “ série contínua de efeitos, na qual os eventos individuais estão ligados por uma sucessão de causa e efeito” . Dessa forma, a ressurreição, assim como os demais milagres, causariam uma ruptura nesse sistema fechado composto pela ordem natural. Argumentos semelhantes foram levantados por outros filósofos simpatizantes do Iluminismo.
A crença na ressurreição de Jesus como um fato objetivo, embora fosse algo perfeitamente inteligível e legítimo no contexto do século I, não podia ser levado a sério nos dias atuais. “ É impossível usar a luz elétrica e o rádio ou, quando doente, recorrer ao auxílio da medicina ou das  descobertas científicas e, ao mesmo tempo, acreditar no mundo de espíritos e milagres apresentados pelo Novo Testamento”, afirmou Bultmann.
A concepção de mundo e da existência humana havia se transformado radicalmente desde o século I, e, em decorrência disso, o homem moderno considerava a visão de mundo do Novo Testamento algo ininteligível e inaceitável. A visão de mundo era considerada como algo inseparável da época em que uma pessoa vivia, e isto não poderia ser alterado. A visão de mundo existencial e científica da época atual significava que a visão apresentada pelo Novo Testamento era agora algo descartado e inteligível.
Por essa razão, a ressurreição deveria ser considerada como um “mito, puro e simples”. A ressurreição era algo que se passara na experiência subjetiva dos discípulos, e não algo que acontecera na história. Para Bultmann, Jesus havia de fato ressuscitado — ressuscitado, no entanto, no âmbito do querigma (mensagem). A própria pregação de Jesus fora transformada na proclamação de Cristo pelo cristianismo. Jesus tornara-se um elemento da proclamação cristã, ele fora trazido de volta à vida e incorporado à proclamação do evangelho:
A Verdadeira fé pascal é a fé na palavra da pregação que ilumina. Se o evento do dia da Páscoa é, em algum sentido, um evento histórico adicional ao evento da cruz, ele não passa do surgimento da fé no Senhor ressurreto, uma vez que foi esta fé que levou à pregação apostólica. A ressurreição em si não é um fato histórico. Tudo o que a crítica histórica pode estabelecer é que os primeiros discípulos vieram a crer na ressurreição”.
De forma consistente com sua abordagem, de modo geral, anti-histórica, Bultmann desvia sua atenção do Jesus histórico para a proclamação de Cristo: “ Crer na igreja como portadora do querigma é a fé pascal, que consiste na presença de Jesus Cristo no querigma”.

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