SUN MYUNG MOON PREGOU E VIVEU DOUTRINA DE DEMÔNIOS-CUIDADO COM AS DOUTRINAS SATÃNICAS- sexta-feira, 23 de março de 2018 Lei e Graça - As duas Alianças "Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo."(João 1.17)


sexta-feira, 23 de março de 2018

Lei e Graça - As duas Alianças



"Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo."(João 1.17)

INTRODUÇÃO

A bíblia é o livro sagrado dos cristãos. É um conjunto de livros inspirados que formam as Sagradas Escrituras. Como um livro, a bíblia tem duas grandes divisões - a histórica e a teológica. Historicamente a bíblia está dividida em Antigo Testamento e Novo Testamento. E, teologicamente ela se divide em Lei e Graça.  O Antigo Testamento revelou a Lei que veio desde Gênesis até a morte de Cristo no Calvário. O Novo Testamento que começou com a morte de Cristo, revelou a graça salvadora que trouxe salvação a todos os homens (Tito 2.11). A graça se revela em sua plenitude na Nova Aliança que foi inaugurada pelo sangue de Cristo derramado no madeiro, quando Ele cumpriu toda a Lei. Ambas as alianças foram seladas com sangue; a primeira com sangue de animais e a segunda, com o sangue do Cordeiro de Deus – Jesus. Neste estudo, estarei comentando a respeito das duas grandes alianças que Deus fez com o homem.  
     
DEFINIÇÃO DO TERMO ALIANÇA

A bíblia menciona o termo Aliança 279 vezes de Gênesis a Apocalipse. Em hebraico é “berith” e em grego é “diatheke”. É uma palavra que define um pacto, um acordo ou contrato firmado entre duas partes, como o matrimônio, por exemplo. Há alianças que os homens firmam entre si, mas aqui trataremos de alianças no sentido bíblico que são as firmadas entre Deus e os homens. Na bíblia encontramos Deus estabelecendo alianças particulares com homens, como: com Noé (Gênesis 6.18); com Abraão (Gênesis 15.18 ; 17.2-14); com Isaque (Gênesis 17.19-21) ; com Daví (Salmos 89.3) e outros. Mas em termos gerais, Deus fez duas grandes; a primeira somente com os hebreus no Sinai e a segunda com judeus e gentios no monte Calvário. A primeira escrita em tábuas de pedras (Êxodo 24.12); a segunda e última escrita nas tábuas de carne do coração e na mente dos crentes (2Corintios 3.3 ; Hebreus 10.16,17). Todas as alianças, tanto as que Deus fez particularmente com os patriarcas, como as com o povo hebreu e com a humanidade em geral foram firmadas em promessas.

A PRIMEIRA ALIANÇA REVELADA NO ANTIGO TESTAMENTO

A primeira Aliança foi feita ao pé do monte Sinai com o povo de Israel, quando este havia saído do Egito, depois de um cativeiro de 430 anos e caminhava rumo à terra prometida. Moisés, o levita, foi o mediador dessa aliança, quando este escreveu no livro os estatutos e juízos ditados por Deus e os entregou ao povo, assim como também entregou as tábuas com os dez mandamentos, escritos pelo dedo do próprio Deus (Êxodo 31,18 ; Deuteronômio 9.10). Por isso, a Lei de Deus é também chamada de a Lei de Moisés (Deuteronômio 4.44 ; Josué 23.6 ; Malaquias 4.4 ; Lucas 2.22 ; Atos 13.39, etc). Antes de subir ao monte para receber de Deus as tábuas da primeira aliança, Moisés leu a Lei aos ouvidos do povo, que já haviam sido escritas por ele próprio no livro, por determinação de Deus, onde o povo se comprometeu a obedecer tudo o que nele estava escrito (Êxodo 24.3,4). Diante de tal juramento e comprometimento, Moisés ordena alguns jovens sacrificarem animais, pois até então, Israel não havia transgredido os mandamentos e todas as 12 tribos eram uma nação e um reino sacerdotal. Assim, qualquer hebreu, sem distinção, poderia sacrificar ao Senhor (Êxodo 19.6). Moisés pegou o sangue desses animais imolados e pôs uma parte em bacias e a outra aspergiu sobre o altar (Êxodo24.6). Em seguida, Moisés mais uma vez lê a Lei aos ouvidos de todo o povo que reitera o compromisso de obedecer tudo o que o Senhor havia falado (Êxodo 24.7). Então, Moisés sela a primeira Aliança com sangue de bezerros. "Então tomou Moisés aquele sangue, e espargiu-o sobre o povo, e disse: Eis aqui o sangue da aliança que o SENHOR tem feito convosco sobre todas estas palavras." (Êxodo 24.8).

OS DEZ MANDAMENTOS

Os dez mandamentos escritos em tábuas de pedra, fazem parte da primeira aliança e que são o resumo das 613 leis, estatutos e juízos dados por Deus, por intermédio de Moisés ao povo hebreu (Malaquias 4.4). Paulo, o apóstolo dos gentios ensina que os dez mandamentos vieram como um ministério de condenação e morte (2Corintios 3.7-9). E de fato foi assim, pois quando os filhos de Israel quebraram pela primeira vez a aliança, fazendo o bezerro de ouro para adorar, uns três mil israelitas foram mortos pela espada dos próprios irmãos levitas (Êxodo 32.27,28). Foram mortos por violarem os dois primeiros mandamentos que diz: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam” (Êxodo 20.3-5). Assim, qualquer violação de algum dos dez mandamentos incorria na morte do transgressor. Como exemplo, cito mais três, além dos dois primeiros já mencionados, como: 1. A violação do dia de sábado: "Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer alguma obra, aquela alma será eliminada do meio do seu povo." (Êxodo 31.14); 2. A violação do mandamento de não adulterar:"Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera." (Levítico 20.10);e 3. A violação do mandamento de não honrar pai e mãe: "O que ferir a seu pai, ou a sua mãe, certamente será morto." (Êxodo 21.15). Estes são alguns dos exemplos que mostram porque os dez mandamentos vieram como ministério de condenação e morte.

A LEI ERA UM CONJUNTO DE 613 PRECEITOS, ESTATUTOS E JUÍZOS.

"Guardai, pois, todos os meus estatutos, e todos os meus juízos, e cumpri-os, para que não vos vomite a terra, para a qual eu vos levo para habitar nela." (Levítico 20.22).

A primeira aliança tinha como base a Lei composta de 613 mandamentos e não apenas 10. Ela foi uma aliança exclusiva com o povo de Israel que haveria de tomar posse da terra prometida - a terra de Canaã. Estrangeiros que vieram do Egito e que peregrinaram com os hebreus, passaram também a habitar na terra de Canaã. Contudo, eles só seriam participantes das promessas feitas a Israel, caso também obedecessem estes estatutos.  "Porém vós guardareis os meus estatutos e os meus juízos, e nenhuma destas abominações fareis, nem o natural, nem o estrangeiro que peregrina entre vós;" (Levítico 18.26). E a primeira regra para um estrangeiro ser participante das bênçãos dadas a Israel, seria a aliança da Circuncisão, conforme Deus fez com o patriarca Abraão uns 400 anos antes de instituir a Lei (Gênesis 17.11,12). E uma das bênçãos que os estrangeiros passariam a ter como observadores da Lei de Moisés era o direito a serem sustentados pelos dízimos dados pelos hebreus, como um ato de justiça e misericórdia, pois semelhantes aos levitas, eles não tinham herança na terra. (Deuteronômio 14.29,29 ; Malaquias 3.5). Saliento que entre o povo de Israel, a circuncisão é o sinal externo que define a antiga aliança com uma marca no corpo (Gênesis 17.11).

A PROMESSA DA ANTIGA ALIANÇA E O PACTO DA CIRCUNCISÃO

"Digo, pois, que Jesus Cristo foi ministro da circuncisão, por causa da verdade de Deus, para que confirmasse as promessas feitas aos pais;" (Romanos 15.8).

Como já antecipei ambas as alianças foram firmadas em promessas. Com o povo de Israel, a aliança seria mediante o rito da circuncisão que é um ato do homem em resposta ao pedido de Deus. Ao povo de Israel Deus prometeu a Abraão e a Isaque a posse da terra de Canaã (Êxodo 6.4). A circuncisão seria a marca que identificaria o povo de Israel como propriedade e tesouro peculiar de Deus entre todas as nações (Êxodo 19.5). A obediência ao pacto da circuncisão era tão importante a ser obedecido pelo israelita, que o próprio Deus quis matar o primogênito de Moisés, no caminho para o Egito. Isto porque, ele não teve o cuidado de circuncidá-lo, conforme a aliança feita com Abraão. Ele só não morreu porque sua mãe, Zípora entendeu a vontade de Deus e circuncidou seu primogênito (Êxodo 4.24-26). Antes de entrar na terra prometida, conforme a promessa de Deus, Josué, sucessor de Moisés, é instruído pelo próprio Deus a circuncidar todos os hebreus que haviam nascidos no deserto. Somente tomariam posse da promessa de entrar na terra prometida quem se submetesse ao pacto da circuncisão (Josué 5.2-8).

As promessas feitas a Israel não dizem respeito aos gentios ou a igreja. Eis o motivo que o próprio Cristo que veio para cumprir a Lei foi circuncidado ao oitavo dia, conforme o mandamento (Lucas 2.21). Por isso que Paulo, o apóstolo dos gentios advertiu aos crentes gentios da Galácia que estavam se deixando seduzir pelos judaizantes a se circuncidarem, dizendo: "E de novo protesto a todo o homem, que se deixa circuncidar, que está obrigado a guardar toda a lei." (Gálatas 5.3). Somente Jesus cumpriu toda a Lei.

A NOVA ALIANÇA

"Dizendo Nova aliança, envelheceu a primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar." (Hebreus 8.13).

A Nova Aliança também conhecida como Novo Testamento foi inaugurada na Cruz. Ela não começou na manjedoura com o nascimento do Messias, mas na cruz que foi o último altar, onde foi oferecida a última e perfeita oferta, o Filho Unigênito do Pai (Efésios 5.2). Do seu nascimento até sua morte, Jesus viveu debaixo da Lei e no cumprimento da Lei (Mateus 5.17). Assim, o Novo Testamento só passou a valer quando Ele expirou após bradar na cruz: ESTÁ CONSUMADO! “Porque onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?” (Hebreus 9.16,17). Assim como Moisés foi o mediador da primeira e Antiga Aliança que expirou na cruz, Cristo foi o mediador da Nova que foi selada com o seu próprio sangue, o que a torna superior a antiga. “E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna” (Hebreus 9.15).

PARALELOS ENTRE A ANTIGA E A NOVA ALIANÇA

Vamos traçar um paralelo entre a Antiga e a Nova Aliança, como:

a). Na primeira e Antiga Aliança as Leis de Deus foram dadas em tábuas de pedras como ministério de morte e condenação e quem violasse um só de seus preceitos morreria (2Corintios 3.7); na segunda e Nova Aliança as leis de Deus foram gravadas nas tábuas de carne do coração e nas mentes dos crentes. "Esta é a aliança que farei com eles Depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, E as escreverei em seus entendimentos; acrescenta:" (Hebreus 10.16).
b). Na primeira e Antiga Aliança exigia um selo de compromisso que era a Circuncisão (Levítico 12.6); na Nova Aliança a circuncisão é no coração pela fé. "No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo dos pecados da carne, a circuncisão de Cristo;"  (Colossenses 2.11).
c) Na primeira e Antiga Aliança, os ministros eram os descendentes de Levi apenas (Números 18.6); na segunda e Nova Aliança, todos somos ministros. "O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica."  (2Coríntios 3.6).
d). Na primeira e Antiga Aliança, somente os descendentes de Arão da tribo de Levi exerciam o ministério sacerdotal (Êxodo 28.41); na segunda e Nova Aliança, todos são feitos sacerdotes. "Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo." (1Pedro 2.5).
e). A primeira e Antiga Aliança necessitava de um santuário terrestre físico para adoração (Hebreus 9.1); na segunda e Nova Aliança, somos o templo e habitação de Deus. "Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1Coríntios 3.16).
f) Na primeira e Antiga Aliança, somente o sumo sacerdote descendentes de Arão tinha acesso à presença de Deus e uma vez ao ano (Hebreus 9.7); na segunda e Nova Aliança todos os que creêm tem acesso ao Pai a qualquer momento, pelo véu que foi rasgado. “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hebreus 10.19,20).
g). Na primeira e Antiga Aliança era preciso levar oferta no altar para ter os pecados cobertos (Levítico 5.5-13); na segunda e Nova Aliança a dívida com a Lei foi paga no altar da Cruz de uma vez por todas. “Havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz” (Colossenses 2.14).
h). A primeira e Antiga Aliança precisava de um sacerdote humano para mediar entre Deus e os homens (Hebreus 5.1); na segunda e Nova Aliança Cristo é nosso sumo sacerdote celestial eterno. "Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão." (Hebreus 4.14).

Ainda poderia mostrar outros exemplos de diferenças entre a Antiga e a Nova Aliança, mas vamos parar por aqui, por enquanto.

AS PROMESSAS DA NOVA ALIANÇA

"Mas agora alcançou Ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de uma melhor aliança que está confirmada em melhores promessas. Porque, se aquela primeira fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para a segunda."(Hebreus 8.6,7).

As Escrituras que são as fiéis Palavras de Deus não mentem, elas afirmam que a Nova Aliança está firmada em melhores promessas. Em relação a Antiga cuja promessa era a posse da terra de Canaã, na Nova Aliança temos:

a). A promessa da presença constante de Cristo onde estivermos seja em que lugar for."Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles." (Mateus 18.20).
b). A promessa da presença do Espírito Santo. "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre;" (João 14.16). “Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa."  (Efésios 1.13).
c). A promessa de sermos arrebatados e de reinarmos com Ele. "Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor." (1Tessalonicenses 4.17).
d). A promessa de participarmos de Sua Natureza divina. "Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo." (2Pedro 1.4)
e). A promessa de habitarmos na nova terra onde habita a justiça: "Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça."(2Pedro 3.13).
f). A promessa da Vida Eterna. "E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna."(1João 2.25).

Muitas gloriosas promessas a Nova Aliança ainda nos garante por meio de Jesus o autor e consumador de nossa fé, pois As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam.”  (1Coríntios 2.9)

CONCLUSÃO

A Nova Aliança não nos faz promessas de nos tornarmos ricos e prósperos materialmente neste mundo. E isso, só conseguimos com trabalho honesto e esforço. As promessas da Nova Aliança neste mundo estão relacionadas a uma vida de comunhão e plena paz, mesmo em meio às tribulações e perseguições que sofremos por amor a Cristo, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus.  (Atos 14.22). As promessas da Nova Aliança estão relacionadas ao mundo vindouro que nos foi preparado (Hebreus 11.39,40). Por isso, os falsos profetas amantes do dinheiro e das riquezas deste mundo, se valem das promessas do Antigo Concerto para criarem suas teologias sobre prosperidade e ainda torcendo os textos para conseguirem seus intentos, pois não encontram base para isso nos escritos do Novo testamento.

O velho Testamento teve sua lição por Cristo abolida no que diz respeito aos ritos e cerimoniais (2Corintios 3.14). No entanto, a Lei onde o velho testamento foi firmado não foi abolida. Ela continua em pleno vigor, devendo ser obedecida pelo povo ao qual ela foi dada – o povo judeu. Somente as leis relativas ao templo, como o sacerdócio levítico, os sacrifícios, as ofertas, os dízimos e primícias não podem ser obedecidas, pois o templo não mais existe e, segundo a lei, somente no templo esses ritos deveriam ser praticados.

"Não aniquilo a graça de Deus; porque, se a justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde." (Gálatas 2.21).

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Sta. Bárbara do Pará

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Presbítero e Bispo - Quem são eles?



INTRODUÇÃO

Neste blog, falando sobre dons ministeriais, já dissertei sobre o que são diáconos e, no post anterior falei sobre o que é ser um pastor. Agora, escreverei sobre presbíteros e bispos. Quem são eles?

A IMAGEM DO PRESBÍTERO NA VISÃO DENOMINACIONAL

À Luz das Escrituras Sagradas, o Presbítero, o Bispo e até mesmo o Pastor são a mesma pessoa. No entanto, em algumas instituições religiosas, cada um é visto como cargos, com níveis de autoridade eclesiástica diferenciada, como num escalão militar. Em minha caminhada religiosa, na denominação onde servi, aprendi que o presbítero é, entre outros, mais um dos muitos cargos eclesiásticos que são escolhidos ou indicados pela autoridade maior que é o pastor-presidente. O ministério local e às vezes a igreja apenas precisam concordar com a indicação do pastor, cujo critério de escolha nunca é contestada. Assim, o presbítero ocupa uma posição acima do diácono, segundo a interpretação que se tem do que Paulo ensinou em 1Timóteo 3.13, que diz:"Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus." Dessa forma, o presbítero seria o que foi diácono e que por servir bem no seu cargo, foi promovido e passou a ocupar essa “boa posição”, ficando abaixo do que ocupa o cargo de evangelista. Por isso, em muitas igrejas são separados homens de todas as idades, sem que se atente para o real significado do termo que significa ser um presbítero.

O SENTIDO ETMOLÓGICO DO TERMO PRESBÍTERO

O que é um presbítero? O termo presbítero do grego “presbyteros” é um homem que passou dos sessenta anos de vida e que significa na nossa língua “ANCIÃO, VELHO”. Na forma comparativa do grego “Presbys”, significa “HOMEM VELHO”. Entenda-se que presbítero nas Escrituras do Novo Testamento não é cargo eclesiástico e nem depende de escolhas humanas, pois, todos os que passam dos sessenta e entram na fase da terceira idade se tornam presbíteros (anciãos/velhos), independente da fé que professam, creiam em Deus ou não.

A IMAGEM DO PRESBÍTERO NO ANTIGO TESTAMENTO

Como foi explicado, o termo presbítero vem da língua grega e, por isso, não encontramos esse termo (presbítero) no Antigo Testamento, pois este foi escrito na língua hebraica e aramaica. No entanto, no lugar de presbítero, encontramos o termoANCIÃO, num total de 142 vezes, que, em alguns casos, exerciam as mesmas responsabilidades espirituais que exerciam os presbíteros na igreja primitiva, cujo exemplos, deveriam ser observados pela igreja atual.

Alguns exemplos: a) Foram os anciãos que auxiliaram Moisés, quanto ao aconselhamento a respeito da saída dos hebreus do Egito (Êxodo 3.16-18). b); Por determinação de Moisés, foram os anciãos que escolheram os cordeiros para o sacrifício da primeira Páscoa no Egito (Êxodo 12.21);  c) Por determinação Divina, os anciãos deveriam estar junto a Moisés e Arão e serem testemunhas da realização dos milagres de Deus (Êxodo 17.5,6); d) Para receber as Leis de Deus, setenta anciãos foram com Moisés, Arão, Nadabe e Abiú ao monte Sinai onde Deus falou com o povo (Êxodo 24.1); d) E por fim, foi com setenta anciãos que Deus repartiu a responsabilidade que estava sobre Moisés para conduzir o povo de Israel. “E disse o SENHOR a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem anciãos do povo e seus oficiais; e os trarás perante a tenda da congregação, e ali estejam contigo. Então eu descerei e ali falarei contigo, e tirarei do espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que tu não a leves sozinho”. (Números 11.16,17). Atente para o cuidado que Moisés deveria ter na escolha dos anciãos: “Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem anciãos do povo e seus oficiais...”. Cuidado esse que não existe nas igrejas quando da escolha de presbíteros (anciãos), onde são separados pessoas de qualquer idade, sem o mínimo critério escriturístico.

O BISPO

Tendo entendido que presbítero não é cargo eclesiástico, mas tempo de vida de um homem, passarei a explicar o que é um bispo. Do grego “episkopos” (BISPO/SUPERVISOR/SUPERITENDENTE), de onde se origina a palavra “episcopal”, citada em 1Timóteo 3.1:  "Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja."  (1Timóteo 3.1). Assim, o bispo, é a posição episcopal de supervisão ou liderança exercida por um presbítero (ancião/velho). Os bispos são presbíteros que possuem as qualidades morais exigidas para aquele que devem apascentar o rebanho de Deus que é a igreja viva (1Timóteo 3.1-7 ; 1Pedro 5.1-4). Bispos são presbíteros (anciãos) que Cristo capacita com dons ministeriais para cuidar do rebanho pelo qual Ele deu Sua vida. "Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue." (Atos 20.28).

Não há distinção entre bispo e presbítero, pois são termos aplicados a uma mesma pessoa. Volto a repetir que presbítero não é cargo eclesiástico, não é chamada ou escolha, mas o tempo de vida de um homem. Assim como, em algumas versões de bíblias o homem é chamado de varão e os jovens são chamados de mancebos, da mesma forma o presbítero é, além de ser um homem idoso, também idôneo e experiente pelo tempo de vida. Essa verdade se torna bem clara, quando observamos o conselho de Paulo a Tito que foi deixado por Paulo em Creta, na Grécia com o fim de estabelecer nas igrejas de lá presbíteros (anciãos), como diz o texto: “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses PRESBÍTEROS, como já te mandei” (Tito 1.5). Seguindo a leitura no verso 7, nota-se que o presbítero já na liderança da igreja é chamado de bispo, confirmando assim que ambos os termos (presbítero e bispo) se referem a pessoa do ancião (presbítero): “Porque convém que o BISPO seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância” (Tito 1.7).

QUALIFICAÇÕES MORAIS DO BISPO

O presbítero (ancião) que tenha o desejo de cuidar do rebanho como um bispo (epyscopos) precisa ter, além do desejo de liderar, as qualificações necessárias exigidas pelo Espírito Santo, como Paulo, pelo mesmo Espírito Santo ensinou em 1Timóteo 3.1-7, que são num total de 14 qualidades:

1  Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja.
2  Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;
3  Não dado ao vinho, não espancador, não cobiçoso de torpe ganância, mas moderado, não contencioso, não avarento;
4  Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia
5  (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?);
6  Não neófito, para que, ensoberbecendo-se, não caia na condenação do diabo.
7  Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo.

Dentre essas qualificações morais essenciais ao bispo para apascentar a igreja viva de Deus, quero comentar algumas, que considero necessárias, que são:

1-     Vida irrepreensível. Essa é uma virtude que deve estar na vida de todo cristão, no entanto, para o bispo ela é essencial, pois, qualquer acusação que porventura venha contra a sua pessoa no âmbito ministerial, só poderá ser levada a julgamento pela igreja se tiver o depoimento ou testemunho de duas ou três pessoas. "Não aceites acusação contra o presbítero, senão com duas ou três testemunhas." (1Timóteo 5.19). Isto porque, o presbítero (ancião) exercendo a posição de bispo é o despenseiro da casa de Deus (igreja viva), isto é, aquele que é responsável em distribuir de forma igualitária o mantimento material como faziam os apóstolos (Atos 4.34,35), e principalmente o espiritual ao rebanho que a doutrina pura e sem mistura (Tito 1.7). Além do mais, a irrepreensibilidade do bispo (episkopos), se dava no sentido de ele ser o exemplo de trabalho, para que não fosse acusado de viver de forma dissoluta e desordenadamente, como Paulo bem ensinou: "Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus. Vós e Deus sois testemunhas de quão santa, e justa, e irrepreensivelmente nos houvemos para convosco, os que crestes"(1Tessalonicenses 2.9,10). Ler também 2Tessalonicenses 3.6-12.


2-     Marido de uma só mulher. O bispo para conduzir o rebanho de Deus precisa ter uma vida moral ilibada, sendo casado com uma só mulher. Quando a bíblia enfatiza que o bispo deve ser casado com uma só mulher, é porque ele não pode ser divorciado e nem estar em um segundo casamento, cuja prática se tornou comum nos tempos modernos em que vivemos. Não é difícil encontrar ministérios cristãos, onde bispos, ou mesmo outros ministros estão servindo nas igrejas casados com duas esposas. Isto porque, na sociedade secular e até nos círculos evangélicos é ensinado que qualquer união matrimonial, quando em conflitos, pode ser anulada pelo divórcio criado pelo homem, abrindo assim a oportunidade para se contrair novas núpcias, quando as Escrituras afirmam que só a morte de um dos cônjuges tornará isso possível (1Corintios 7.39 ; Romanos 7.2,3). Igrejas há em que obreiros que atravessam problemas de relacionamento conjugal, são até aconselhados por seus superiores a entrarem pelo caminho do divórcio e recasarem, para que possam continuar exercendo as funções ministeriais, nos cargos em que foram consagrados pelas suas Convenções.

3-     Apto para ensinar. É indispensável que o bispo (epyscopos) tenha amplo conhecimento das Escrituras Sagradas e dos mistérios divinos e que saiba manejar bem a Espada do Espírito que e a Palavra de Deus. Só assim ele poderá passar segurança, confiança, fé e esperança para o rebanho e ser honrado e estimado por isso. "Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina;"(1Timóteo 5.17).

4-     Não avarento. Outra qualidade imprescindível ao bispo é que ele seja desprovido de qualquer sentimento de avareza que é o apego a bens materiais, principalmente ao dinheiro, cujo amor tem levado muitos a perdição (1Timóteo 6.10). Isto porque, o bispo é um servo a serviço de um único Senhor. O bispo é um mordomo, isto é, um servo com a responsabilidade de cuidar de outros servos (Lucas 12.42-46). Se ele for avarento, sua atenção e seus objetivos em relação ao rebanho serão unicamente naquilo que as ovelhas podem lhe oferecer, negligenciando assim o cuidado amoroso para com elas. Jesus disse: "Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom."  (Lucas 16.13).

5-     Que governe bem a sua própria casa. O presbítero como bispo vai cuidar da igreja do Senhor, não como uma organização religiosa, mas como um organismo vivo (1Pedro 2.5). E a igreja é formada de famílias, onde algumas enfrentam problemas de várias ordens, principalmente na educação e condução dos filhos. Por isso, o bispo precisa ser o exemplo de pai de família para o rebanho nesse particular, tendo seus filhos em sujeição e obediência e seguindo seus passos de fé. Assim como os pais são um espelho para os filhos, a vida familiar do bispo deve ser o exemplo maior para a igreja, porque se ele não sabe governar a sua própria casa, como terá cuidado da igreja de Deus? (1Timóteo 3.5).

6-     Não neófito. Apesar de o presbítero ser ancião, todavia, não pode assumir o bispado se for um novo convertido (neófito) na fé cristã. Isto porque, há pessoas que se convertem já sendo idosos e só passam a ter conhecimento dos mistérios de Deus após a conversão e a convivência com outros irmãos. Se, no caso, um ancião novo convertido assumir a posição de bispo, a igreja sob sua liderança poderá sofrer e até morrer pela falta de conhecimento, de experiência e, sobretudo da soberba que poderá abrir uma porta para ação do maligno na sua vida que afetará a igreja. Foi assim que o povo de Deus pereceu no tempo de Oseias, por falta de conhecimento e ensino por parte dos sacerdotes (Oseias 4.6).

7-      Bom testemunho dos de fora. Apesar de as Escrituras afirmarem que os que estão em Cristo são novas criaturas (2Corintios 5.17), todavia, a vida pregressa do bispo poderá ter efeito negativo no seio da igreja, fazendo ela tropeçar, pois as ovelhas tendem a seguir o exemplo de seus pastores (líderes), sejam eles bons ou maus (Malaquias 2.8). Principalmente se no passado, antes de converter-se a Cristo, este foi adúltero, mau exemplo de pai de família sendo um beberrão, espancador, ganancioso, contencioso, etc. Por esse motivo, que Paulo aconselha a Tito, em relação à seleção de presbíteros (anciãos) para servirem como bispos nas igrejas em Creta.

Tito 1.6:
6  Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes.
7  Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;
8  Mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante;

Por fim, o bispo (epyscopos) como mordomo e bom despenseiro dos mistérios de Cristo à igreja que é casa viva de Deus, precisa reter a fiel Palavra que é conforme a doutrina ensinada por Cristo e os apóstolos, pois somente assim ele será poderoso e capaz de resistir aos contradizentes que se infiltram na igreja com doutrinas várias e estranhas, destilando o fermento dos fariseus que são doutrinas do velho testamento e práticas do judaísmo, com a finalidade maior de tirar dinheiro dos crentes. (Hebreus 13.9 ; Tito 1.9-11).

UMA INFORMAÇÃO NECESSÁRIA.

Na lição da Escola Dominical editada pela CPAD no ano de 2014 que abordou o tema: Dons Espirituais e Ministeriais, traz como subsídio da lição n. 11, de 15 de junho de 2014, a seguinte declaração, sobre como foi decidido pela Assembleia de Deus, como seria tratados os presbíteros. Segue a nota:

“PRESBÍTEROS
As Assembleias de Deus, especialmente no Brasil, certamente em razão de se constituírem inicialmente de crentes de diversos grupos evangélicos, atraídos pela crença bíblica do batismo no Espírito Santo, do ponto de vista administrativo, ministerial, adotaram uma posição intermediária mais aproximada do sistema presbiteriano. Não admitem hierarquia. Não aceitam o episcopado formal, senão o conceito bíblico de que o pastor é o mesmo bispo mencionado no Novo Testamento. Admitem, entretanto, o cargo separado de presbítero. O presbítero (anteriormente chamado ‘ancião’) é o auxiliar do pastor. Porém, em algumas regiões, em campo de evangelização das Assembleias de Deus, de certo modo, é-lhe dado cargo correspondente ao de pastor, onde, na ausência deste, ele desempenha todas as funções pastorais: unge, ministra a Ceia e batiza. Entre esses, há os que possuem a dignidade, capacidade e verdadeiro dom de pastor.
[...] Porém, na Convenção Geral de 1937, na AD de São Paulo (SP), foi debatida a questão sobre se os anciãos (presbíteros) não poderiam ser considerados pastores. Os convencionais compreenderam, citando textos como 1 Pedro 5.1, Atos 20.28 e 1 Timóteo 5.17, que, em alguns casos, parece haver uma diferença entre anciãos e anciãos com chamada ao ministério, e estabeleceram, assim, a hierarquia eclesiástica que até hoje existe nas Assembleias de Deus: diáconos, presbíteros e ministros do evangelho (pastores e evangelistas).

[...] Nas Assembleias de Deus, embora o trabalho do presbítero tenha a sua definição, passou a ser também visto como o penúltimo cargo a ser exercido pelo obreiro, na sucessão das ordenações, antes de ser consagrado a evangelista ou pastor” (ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. RJ: CPAD, 2007, pp.715,16).

CONCLUSÃO

Acredito que ficou bem esclarecido que presbítero não é cargo ou função, mas tempo de vida de um homem e que o bispo é a posição de liderança assumida pelo presbítero (ancião). Pela falta desse entendimento, tornou-se comum na maioria das igrejas evangélicas “consagrar-se” presbíteros, homens na mais tenra idade, sem que seja observado o sentido etimológico da palavra e os princípios Divinos contidos nas Escrituras. Outros por sua vez, fundam ministérios entendendo que essa é a vontade Deus e a sí mesmos se nomeiam bispos ou pastores, sem serem anciãos e nem possuírem as qualificações exigidas na Palavra de Deus.

O presbítero (ancião) deveria ser a pessoa da mais alta honra e estima na igreja, assim como foi no início. Na formação da base doutrinária da igreja, eles tiveram importante papel no concilio em Jerusalém que decidiu sobre a fé dos gentios em relação aos costumes e leis dos judeus (Atos 16.4). Os presbíteros (anciãos) eram os únicos aptos e autorizados por Deus a apascentarem a igreja e a ungirem os enfermos. "Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor;" (Tiago 5.14). Sim, eram eles que apascentavam, guiavam e doutrinavam a igreja do Senhor, sendo eles os pastores dela (Atos 20.17;28 ; 1Pedro 5.1-4 ; 2João 1.1 ; 3João 1.1).

Mas, estamos vivendo os últimos tempos prescritos nas Escrituras. São tempos difíceis e trabalhosos de muita relatividade e de inversão de valores, onde prevalece a vontade e os interesses do homem em detrimento da Palavra de Deus (2Timóteo 3.1-9).

É de competência de todo aquele que ama a Deus e a vinda de Cristo batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos (Judas 1.3).

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará
17 de fevereiro de 2018

Fontes: Bíblia Almeida Corrigida Fiel (ACF)
              Enciclopédia da Bíblia


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sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Pastor – Dom Divino ou Cargo Episcopal


INTRODUÇÃO

“Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; põe o teu coração sobre os teus rebanhos” (Provérbios 27.23).

Este é o primeiro artigo que escrevo neste ano de 2018, e nele irei falar sobre o dom ministerial de pastor, dado por Cristo à Igreja (Efésios 4.11). Não é meu objetivo contestar, me opor ou ofender quem exerce o cargo de pastor, até porque, tenho muitos amigos que exercem cargos de pastores em algumas igrejas e tenho por eles muita consideração e respeito. Um amigo me disse que para alguém exercer o cargo de pastor, primeiro precisa receber esse dom, o que concordo plenamente. E uma das razões pela qual escrevo este artigo, é porque não sou mais membro de nenhuma denominação religiosa, por motivos que não citarei aqui, mas que já esclareci em artigos anteriores. E por isso, tenho recebido criticas e até ofensas pessoais de alguns que me conheceram na igreja e, por não saberem o que aconteceu comigo, me consideram “desviado”, “desigrejado”, e entre outras, “rebelde e ovelha sem pastor”, por não estar submisso a nenhuma “autoridade espiritual”, como dizem. Por isso, achei conveniente elaborar um pequeno estudo sobre o dom divino pastoral e quem é apto a exercer esta dádiva.

O QUE É UM PASTOR?

A bíblia versão Almeida Corrigida Fiel (ACF) cita o termo pastor 95 vezes, sendo 75 no Antigo Testamento e apenas 20 no Novo Testamento. A primeira informação que a bíblia nos dá sobre os pastores é que estes eram nômades que viviam peregrinando na terra em busca de pastos para o rebanho. Habitavam em tendas e não tinham moradia fixa. Abraão, o patriarca que deu origem ao povo hebreu era nômade nas terras de Arã (Deuteronômio 26.5). Nos tempos bíblicos havia muito perigo para o rebanho por causa das feras que habitavam no campo como hienas, leões, chacais e ursos, além de ladrões que ficavam em derredor. Por isso, o rebanho precisava de proteção constante, o que exigia a presença do pastor dia e noite no meio do rebanho. A ovelha tinha um valor inestimável para o pastor, por isso, quando uma ovelha era atacada, o pastor não media esforço para salvá-la, mesmo com o perigo da própria vida. O profeta Amós chega a usar este exemplo de bravura de um pastor, para ilustrar o cuidado de Deus para com o seu povo Israel. “Assim diz o SENHOR: Como o pastor livra da boca do leão as duas pernas, ou um pedaço da orelha, assim serão livrados os filhos de Israel que habitam em Samaria, no canto da cama, e em Damasco, num leito” (Amós 3.12). Por isso, nosso Mestre se identificou como sendo o bom pastor que deu a vida pelas Suas ovelhas. "Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas." (João 10.11).

AS FERRAMENTAS DO PASTOR

Era dever de o pastor guiar as ovelhas a lugares onde havia pastos verdes em abundância e águas cristalinas (Salmo 23.1,2). Geralmente ele possuía uma vara, uma funda e um cajado. A vara é citada no Salmo 23.4, e servia como uma espécie de arma de defesa. A vara, também conhecida como um bastão era instrumento para atacar e ferir ou até matar a fera que viesse atacar uma ovelha. A funda, feita de duas tiras de couro que lançava pedras, também era usada para afugentar animais a distancia, ou mesmo para fazer voltar uma ovelha que estivesse saindo do bando. A pedra era lançada pela funda a frente da ovelha para assustá-la e fazê-la voltar ao bando. E o cajado era uma vara com mais ou menos dois metros de comprimento e uma curvatura na extremidade em forma de gancho. Servia para o pastor se apoiar no terreno pedregoso e quando subisse os montes, bem como para guiar as ovelhas e facilitar a contagem quando estas entravam no aprisco. Eis o que diz Ezequiel se referindo a tempos futuros:“Também vos farei passar debaixo da vara, e vos farei entrar no vínculo da aliança” (Ezequiel 20.37).

O SUSTENTO DO PASTOR.

Era direito de o pastor usufruir do melhor que a ovelha tinha para fornecer como carne, gordura e leite para sua alimentação e lã e pele para as suas vestimentas; conquanto, ele provesse o sustento diário, com ração, bons pastos, aguas límpidas, zelo e proteção das ovelhas. Por isso, quando uma se perdia do rebanho, ele deixava as demais em um lugar seguro, livre dos predadores que era no deserto e ia à busca da que se perdeu, não importando os obstáculos que pudesse enfrentar. "Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la?" (Lucas 15.4). E ao encontra-la, se tivesse cansada ou doente, ele a punha sobre os ombros e a carregava a distancia que fosse preciso até chegar a sua casa para cuidar dela.“E achando-a, a põe sobre os seus ombros, gostoso” (Lucas 15.5).

Assim, a maioria das vezes que a bíblia se refere a Pastor, a faz se referindo a profissão que alguns exerciam de cuidar de rebanho de ovelhas, como Abel que é citado como primeiro pastor na bíblia (Gênesis 4.2); e o grande monarca Davi que foi chamado de detrás das ovelhas para dirigir a nação de Israel (2Samuel 7.8).

OS PASTORES (GUIAS) DE ISRAEL

Os pastores de Israel como povo de Deus eram os reis ungidos pelos sacerdotes e pelos profetas (1Samuel 16.12 ; 1Reis 19.15). Aos reis Deus deu a unção (autoridade) para governar, guiar e cuidar de seu povo escolhido. Não era desejo de Deus de que Israel tivesse sobre sí reis, pois Ele mesmo é quem reinava sobre o seu povo (1Samuel 8.7). No entanto, o povo de Israel invejou o sistema de governo das nações pagãs e desejou ser guiada por um monarca humano e Deus assim o permitiu (1Samuel 8.22). O primeiro rei – Saul – escolhido por vontade do povo não atendeu os conselhos do Soberano Deus e então, Ele escolhe um rei segundo o desejo de seu coração para substituí-lo no trono e guiar seu povo. Este foi Daví, o filho de Jessé, da tribo de Judá. Quem era Daví, senão um pastor de ovelhas que vivia nos campos cuidando do rebanho de seu pai. O cuidado que Daví tinha pelas ovelhas foi o motivo principal de ele ser escolhido por Deus para governar Israel: “Então disse Davi a Saul: Teu servo apascentava as ovelhas de seu pai; e quando vinha um leão e um urso, e tomava uma ovelha do rebanho,  Eu saía após ele e o feria, e livrava-a da sua boca; e, quando ele se levantava contra mim, lançava-lhe mão da barba, e o feria e o matava”. (1Samuel 17.34,35). Daví não era um mercenário, mas ele amava tanto as ovelhas que não lhe pertenciam, a ponto de enfrentar as feras para defende-las com o perigo da própria vida. “Mas o mercenário, e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa as ovelhas” (João 10.12).

Desse modo, aqueles que doravante passaram a dirigir o rebanho de Deus passaram a serem chamados de pastores. Para essa nobre tarefa, os reis (pastores) contavam com os conselhos dos profetas e com a instrução dada pelos sacerdotes. Quando um rei não cuidava do povo seguindo o conselho Divino e passava a se aproveitar do rebanho e a maltratar e a dispersar as ovelhas, Deus levantava profetas para os adverti de suas más ações, como Elias, Ezequiel, Jeremias, João Batista e muitos outros. Profetas esses que geralmente eram hostilizados, perseguidos, presos e até mortos.

Depois da morte de Salomão, Israel se dividiu em dois reinos (Norte e Sul), sendo os dois reinos guiados por diversos reis (pastores). Em ambos os reinos, com pouca exceção, os reis (pastores) se tornaram ímpios e não seguiram os desígnios divinos no devido cuidado para com o Seu povo. A esses reis (pastores) quando se tornavam ímpios (injustos), Deus os tratava como “bodes”, sujeitos ao castigo divino.  “Ora, é justamente contra os pastores que a minha ira se inflama; eis que Eu punirei os bodes, os líderes do povo...”.(Zacarias 10.3a KJA)E são esses os “bodes” (pastores injustos), que ficarão a esquerda do Senhor e não entrarão no reino, quando Ele vier na Sua glória e no seu reino (Mateus 25.31-46). Muitos bons reis (pastores) existiriam em Israel que levaram a nação a um quebrantamento e a um renovo espiritual como foi o caso de Josias que assumiu o reino de Judá com apenas oito anos (2Reis 22.1). Outros no entanto, não seguiram os propósitos divinos, agiram com injustiça contra o povo e foram destruídos, como foi o caso de Acabe, rei de Israel que, segundo as Escrituras, foi o pior de todos reis que vieram antes dele (1Reis 16.30).

Muito se tem ainda que falar e exemplos a citar de reis (pastores) que agiram com justiça e outros com injustiça. Mas o objetivo é falar a respeito do pastor no Novo Testamento e quem são eles.

O PASTOR NA IGREJA NO NOVO TESTAMENTO

Ser pastor de igreja nos dias atuais tem se tornado uma posição eclesiástica bastante concorrida. Em algumas denominações, para ser um pastor reconhecido e apto a presidir igrejas e realizar cerimônias religiosas como casamento, batismo e outros, é necessário que o candidato, entre outros, seja formado em teologia e seja afiliado a uma Convenção de Ministros Evangélicos, seguindo o mesmo principio da igreja romana que escolhe seus clérigos por meio de um conclave. Embora o ministério pastoral seja um dom, geralmente é escolhido alguém que seja filho de um pastor membro da organização, o que se caracteriza por cargo de carreira. Mas há casos em que a escolha é feita para atender interesses específicos das lideranças das instituições que os escolhem, ignorando as atribuições necessárias exigidas nas Escrituras para quem almeja o episcopado (1Timóteo 3.1-7). E esses que são escolhidos assim, quando recebem uma igreja para governar, não exercem um ministério com base na ética divina e passam a dominar sobre o rebanho agindo como verdadeiros ditadores sobre a Igreja de Deus. Por não possuírem o dom pastoral, passam a tratar as ovelhas como mero produto comercial, barganhando com elas, como profetizou Pedro: "E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita." (2 Pedro 2.3). Agem assim, pois os tais se vêem na obrigação de retribuir àqueles que os colocaram no devido cargo.

No entanto, nesse meio há pastores sérios, comprometidos com a Palavra e que exercem muito bem a chamada Divina e combatem pela fé que uma vez foi dada aos santos (Judas 1.3). E pra defender essa fé, às vezes é preciso ir contra o regime institucional. Assim, muitos sofrem retaliações de suas lideranças majoritárias e de seus companheiros de ministério, ao ponto de serem excluídos do órgão que os nomeou. Mas porque são homens a quem Deus deu o dom ministerial de guiar o Seu rebanho, estes exercerão suas chamadas e farão a obra de Deus, seja onde for e custe o que custar, como fez Paulo:  "Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus."  (Atos 20.24).

E outros, porém há que a si mesmos se fazem pastores, fundam uma pequena igreja e gostam de serem chamados pelo devido título - “pastor” (Mateus 23.6,7).

CRISTO, O BOM E SUMO PASTOR

Como citei no inicio deste artigo, o termo pastor aparece no Novo Testamento apenas vinte vezes. Dessas vinte, sete se referem a Cristo como o Pastor que é o sumo e o bom pastor. Na língua original em que o Novo Testamento foi escrito, o termo pastor é “poymen”, que significa: “Aquele que guia”. O termo se aplica a pessoa de Cristo que é o bom e o sumo pastor que veio para tirar Suas ovelhas do aprisco (religião) e para guiá-las a verdes pastos e às águas cristalinas (João 10.1-9 ; Salmo 23.1-3). Quando Cristo veio ao mundo, seu envio foi para resgatar as ovelhas perdidas da casa de Israel (Mateus 15.24). Convém salientar que as ovelhas criam em Deus e aguardavam a vinda do Messias para redimi-los. Mas eram ovelhas que estavam presas no aprisco, sem liberdade, pois não tinham pastor para guiá-las. Isto porque, os pastores que foram dados a elas não cumpriram com fidelidade o seu papel de guias e ao invés de as apascentarem, as devoravam e as faziam desviar. Por meio de Jeremias, o Senhor diz isso: "Ovelhas perdidas têm sido o meu povo, os seus pastores as fizeram errar, para os montes as desviaram; de monte para outeiro andaram, esqueceram-se do lugar do seu repouso." (Jeremias 50.6).

Os pastores que Deus colocou sobre o seu rebanho se deixaram levar pela avareza e ganancia e então, passaram a apascentar a sí próprios, devorando as ovelhas que não lhes pertenciam. Por eles não cuidarem como deviam do rebanho, Deus mesmo se levanta contra esses pastores e promete resgatar Suas ovelhas e tirá-las de seus domínios. “Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do SENHOR: Vivo eu, diz o Senhor DEUS, que, porquanto as minhas ovelhas foram entregues à rapina, e as minhas ovelhas vieram a servir de pasto a todas as feras do campo, por falta de pastor, e os meus pastores não procuraram as minhas ovelhas; e os pastores apascentaram a si mesmos, e não apascentaram as minhas ovelhas;  Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do SENHOR:  Assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu estou contra os pastores; das suas mãos demandarei as minhas ovelhas, e eles deixarão de apascentar as ovelhas; os pastores não se apascentarão mais a si mesmos; e livrarei as minhas ovelhas da sua boca, e não lhes servirão mais de pasto.  Porque assim diz o Senhor DEUS: Eis que eu, eu mesmo, procurarei pelas minhas ovelhas, e as buscarei” (Ezequiel 34.7-11). Esta promessa se cumpriu quando Cristo veio e entrou no aprisco e tirou Suas ovelhas para fora as chamando pelos seus nomes, pois Ele conhece as Suas ovelhas e elas também o conhecem e o seguem: “Aquele, porém, que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A este o porteiro abre, e as ovelhas ouvem a sua voz, e chama pelo nome às suas ovelhas, e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz... Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido” (João 10.2-4 ; 14).


Pelas Suas ovelhas Cristo deu a sua própria vida. Por elas morreu e ressuscitou. Ele voltou aos céus, mas prometeu que estaria todo o tempo com Suas ovelhas, como um pastor que ama o seu rebanho (Mateus 28.20). Por isso, depois de Sua ida aos céus, enviou o Consolador, o Espírito Santo que veio para convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo e guiar a Sua igreja no caminho da verdade e da justiça (João 16.8 – 13).

O PASTOR COMO DOM DIVINO

Quando o Espírito Santo veio, passou a habitar naqueles que creem e amam a Cristo (João 14.23). E, habitando nos crentes, passou a dotá-los com dons para serem usados nas diversas áreas que são necessárias a edificação do Corpo de Cristo. Para guiar a Igreja como rebanho de Deus, capacitou homens com dons ministeriais para o exercício episcopal.  Pastor no sentido episcopal só é citado três vezes no Novo Testamento. Mas não como um cargo ou função, mas como um DOM, conforme encontramos na carta de Paulo aos Efésios. "Mas a graça foi DADA a cada um de nós segundo a medida do DOM de Cristo. Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, E DEU DONS aos homens... E ele mesmo DEU uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores," (Efésios 4.7,8 e 11). Se pastor fosse um cargo eclesiástico e seguisse uma linha de hierarquia organizada como a igreja romana criou e foi seguida pelos evangélicos, ele ocuparia o penúltimo lugar de importância atrás do evangelista, do profeta e do apóstolo que seria o primeiro da lista. No entanto, nenhum desses mencionados são cargos ou títulos, mas, como já foi dito, são DONS. Dons que devem ser usados na igreja para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério e da edificação do corpo de Cristo (Efésios 4.12). Os dons são dados pela graça de Cristo e de acordo com a capacidade que cada um tem de administrá-los (Efésios 4.7). Cristo dá dons aos homens, não para que o que recebe se exalte e se coloque acima dos demais. Os dons são dados para que sejam administrados em favor do bem comum de toda a igreja, como ensina Pedro. “Cada um administre aos outros o DOM como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e poder para todo o sempre. Amém” (1Pedro 4.10,11).

Aquele que recebe o DOM segundo a graça divina de pastorear é também chamado de “mordomo” ou “despenseiro”. Como mordomo ou despenseiro, sua responsabilidade é cuidar bem do rebanho que não lhe pertence e alimentá-lo com a ração diária, que é a Palavra de Deus pura e sem mistura. "E disse o SENHOR: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?" (Lucas 12.42); "Que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros dos mistérios de Deus." (1Coríntios 4.1).

Não quero com esse artigo desmerecer quem hoje tem um cargo de pastor e lidera um rebanho. No entanto, procurei enfatizar que acima de tudo pastor é um DOM DIVINO. E conheço alguns que realmente tem esse dom. Mas, é necessário entender que o dom não procede da escolha humana e nem segue uma linha sucessória como foram os sacerdotes descendentes de Arão no antigo concerto, cujo ministério era passado de pai para filho.  O dom é dado por Deus e Ele dá a quem quer segundo a sua soberana vontade e para aquilo que for útil (1Corintios 12.7). Mas infelizmente, alguns se tornam vaidosos e exigem serem reconhecidos publicamente pelos títulos eclesiásticos, dentro e fora de suas igrejas. Esquecem-se do ensino de Jesus em Mateus 23.8, que diz: Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos”. Mas não fica só nisso. Alguns outros querem dominar sobre o rebanho, esquecendo que as ovelhas têm um dono e por isso exigem que as ovelhas os sustentem com tudo o que há de melhor nessa terra, pois que se julgam os “ungidos” de Deus ou os “anjos das igrejas”. E, se as ovelhas não atendem suas necessidades, chegam a chamá-las de “bodes”, “ovelhas negras” e ameaçam-nas de disciplina e até exclusão. Para justificar sua pretensa autoridade, se valem de textos isolados como está em Hebreus 13.7 e 17, conforme veremos a seguir.

QUEM ERAM OS PASTORES DE HEBREUS 13?

Muito embora o mesmo conselho possa ser seguido pela igreja atual em relação aos que presidem sobre o rebanho, se faz necessário entender quem eram os pastores citados pelo escrito aos hebreus, bem como quem eram os hebreus.

Os hebreus eram crentes judeus que pela fé na pessoa de Cristo passaram a ser perseguidos por outros judeus, como foram os apóstolos Pedro, Thiago, Paulo, Silas e muitos outros. Os hebreus que criam em Jesus viviam fugindo por causa da perseguição dos próprios irmãos, mas não abandonavam sua fé. Foram crentes que perderam a liberdade em sua nação por causa do Nome de Jesus e que, para cultuar e adorar a Deus se reuniam nos mais inóspitos lugares, como cavernas e até catacumbas. Eram crentes que escolhiam seus próprios líderes, que eram anciãos (presbíteros), idôneos, de vida e caráter moral ilibados e por serem fiéis aos princípios divinos. Estes eram os pastores que lhes ensinavam as palavras de Cristo, conforme o dom que recebera dEle. Muitos desses líderes (presbíteros/pastores), quando aprisionados sofriam represálias dos próprios irmãos judeus e eram torturados até a morte como maneira de fazê-los negarem a Cristo e voltarem ao judaísmo. No entanto, esses homens permaneciam fiéis na sua fé a ponto de morrerem por ela. Por isso, o escritor aos Hebreus aconselha-os a lembrarem deles, das palavras de Deus que falaram e imitar a fé que tiveram enquanto vivos. "Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver." (Hebreus 13.7).

No entanto, no verso 17 do mesmo capítulo treze, o sacro escritor dá-lhes outro conselho, dizendo: "Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil." (Hebreus 13.17). Esse texto tem sido muito usado por alguns pastores mal intencionados, com o fim de exigirem submissão das ovelhas, no entanto, ele tem um significado que muitos desconhecem. Ao contrário dos pastores do verso 7 que não mais viviam, estes ainda viviam e estavam na liderança do rebanho. Quem eram eles?

JUDEUS E GENTIOS, UMA SÓ FÉ, MAS COSTUMES E LEIS DIFERENTES

Bem pouco é ensinado que a igreja no seu início era formada de dois povos distintos – Judeus e Gentios (Circuncisos e Incircuncisos). O povo judeu era comprometido com a Lei de Moisés nos seus ritos, cerimônias, preceitos, ordenanças e estatutos. Mesmo crendo em Cristo, os crentes judeus não se desobrigaram da Lei de Moisés que foi dado como um concerto a eles no monte Sinai perpetuamente (Deuteronômio 6.24). Por isso, costumeiramente eles iam ao templo fazer suas orações, além de observarem outros costumes como a observância do dia de sábado e a circuncisão. Eis o motivo que Paulo precisou circuncidar a Timóteo em plena Nova Aliança, pois Timóteo era um crente judeu (Atos 16.1-3).  Porém, os gentios (não-judeus) que aceitavam a fé no Senhor, não deveriam se por debaixo da lei e dos costumes dos judeus. Nem mesmo no templo eles eram aceitos, sob o risco de profanarem aquele lugar que era santo para os judeus (Atos 21.28). Para que isso não fosse um problema e que não houvesse confusão sobre quem deveria ou não deveria estar debaixo da Lei de Moisés, Deus constitui líderes distintos para ambos os povos que formavam a igreja – Judeus e Gentios.

Para cuidar da igreja formada por judeus comprometidos com a lei, Deus separou a Pedro, Tiago e João, consideradas como as colunas dessa igreja (Gálatas 2.9). A igreja romana defende que Pedro foi o primeiro Papa, enquanto evangélicos e protestantes alegam que ele foi o primeiro pastor da igreja, pelo fato de Cristo tê-lo escolhido pessoalmente, como está no evangelho de João 21.15-17. No entanto, nessa passagem o Senhor o designa a ser o pastor das Suas ovelhas de Israel (judeus) que Ele veio resgatar (Mateus 15.24). Os gentios, no entanto, só passariam a ser parte da igreja após a conversão de Paulo (Atos 9.15). Na carta aos Gálatas, Paulo explica detalhadamente essas escolhas, mostrando que assim como Deus operou eficazmente em Pedro para ser apóstolo dos judeus, chamados “circuncisos”; também operou nele para ser apóstolo dos gentios chamados “incircuncisos” (Gálatas 2.7-9). Assim, fica esclarecido que os pastores a quem os Hebreus deviam ser submissos eram Pedro, Tiago e João ou algum outro judeu ancião que presidisse sobre eles.

E quanto a nós gentios, pode se dizer que o primeiro pastor foi Paulo a quem ele se denominava apóstolo dos gentios (1Timóteo 2.7). No entanto, em nenhuma parte das Escrituras ele se denomina pastor, muito embora tenha sido ele o fundador das igrejas dos gentios por todos os lugares por onde passou pregando o Evangelho da graça. Paulo foi um homem que não explorou a igreja, pois trabalhou com as próprias mãos, para que assim servisse de exemplo para todos quantos viessem a receber o dom pastoral de cuidar da igreja: “Porque vós mesmos sabeis como convém imitar-nos, pois que não nos houvemos desordenadamente entre vós, Nem de graça comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós. Não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes. Porque, quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também”(2Tessalonicenses 3.7-10). É claro que isso não desobriga o cristão gentio de honrar, respeitar e até cuidar daquele a quem Deus pôs para guiá-los, conquanto o mesmo proceda de acordo com o que Deus estabeleceu. "E rogamo-vos, irmãos, que reconheçais os que trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam;"  (1Tessalonicenses 5.12). Ainda mais se o pastor é um homem ancião (presbítero) como era no inicio da igreja e não tem condições físicas de trabalhar para ter o seu sustento e é dedicado a ensinar a Palavra como Deus requer daquele que preside. “E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui” (Gálatas 6.6).

CONCLUSÃO

Àqueles que receberam dons para presidir o rebanho, Deus os trata como servos. Esses, não receberam apenas dons, mas também talentos. Talentos que eles precisam cuidar e fazer multiplicar para devolvê-los com juros quando o Senhor voltar e os requerer de suas mãos. Saliento que talentos não são dons e nem qualidades. Talentos são uma representação de valor e se referem as ovelhas de Cristo, que muito valor tem para o Senhor e que precisam ser tratadas com muito amor e zelo, pois elas lhes custaram um alto preço. O pastor servo que cuidar e multiplicar os talentos (ovelhas) será bem recompensado. Mas o que enterrar um talento, o menor que seja, será punido rigorosamente (Mateus 25.14-30).

Pelo fato de eu não mais fazer parte de nenhuma instituição religiosa, não estou sob a direção de nenhum pastor humano. Mas tenho respeito e consideração por aqueles que lideram rebanhos, conforme a vontade de Deus (1Pedro 5.1-4). Todavia, não sou uma ovelha sem pastor, pois o Senhor que me resgatou, tem sido o meu pastor e nada me tem faltado e nem a minha família. Tenho me congregado regularmente com meus irmãos, cultuando a Deus nas casas e levado o Evangelho nas ruas e nas praças, fazendo o ide que o Senhor ordenou aos que creem no Seu Nome (Marcos 16.15).

Encerro este artigo, dedicando aos meus irmãos que receberam o Dom ministerial de pastor e que presidem sobre o rebanho, uma frase que aprendi na Escola Dominical, quando ainda estava na igreja, que diz: “Deus deu pastores à Igreja e não a Igreja aos pastores”!

Em Cristo,

Reginaldo Barbosa
Santa Bárbara do Pará.

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