Mistérios do Tanakh O Caso de Diná Por Sha’ul Bensiyon

Talvez muitos se surpreendam com a opção por escrever sobre o caso de Diná Bat Ya`aqob (filha de Jacó) dentro da série de artigos que trata de mistérios do Tanakh. Afinal, todo mundo sabe o que aconteceu: Diná foi estuprada por Shekhem (Siquém) e seus irmãos, num ato de vingança, mataram toda a cidade. Mas, será que é isso mesmo que a Torá revela? Este artigo tem por finalidade questionar essa leitura, e demonstrar que muitos partem do pressuposto de que a Torá afirma tal coisa de maneira clara. Mas, na realidade, a coisa é muito diferente. O que aconteceu com Diná não muda absolutamente em nossa fé ou prática, falando em termos práticos. Porém, há algo fundamental que o autor pretende despertar: O entendimento de como muitas vezes o leitor insere suas próprias ideias e conceitos num texto, fazendo-o dizer mais do que diz originalmente, Para esse efeito, o caso de Diná é um dos que melhor ilustra tal fenômeno. E até pouco tempo o próprio autor também inseria suas ideias sem perceber. Sendo assim, recomenda-se que a leitura deste artigo seja nesse espírito: O de aprender a deixar o texto falar por si só, muito mais do que meramente satisfazer uma curiosidade quanto ao que ocorreu com Diná. II - Análise do Texto Abaixo, uma análise do texto que buscará a compreensão do ocorrido. Por razões de brevidade, o autor não fará uma transcrição completa do capítulo 34. Porém, recomenda fortemente que tal leitura seja feita antes de dar prosseguimento no artigo. 1) Tomar, e Humilhar A Torá diz: "E saiu Diná, filha de Le'a, que esta dera a Ya`aqob, para ver as filhas da terra. E Shekhem, filho de Hamor, heveu, príncipe daquela terra, viu-a, e tomou-a [חּקִּיַו- wayiqaH], e deitou-se com ela, e humilhou-a. [ָהֶּנַעְיַו - way`aneha]” (Bereshit/Gênesis 34:1,2) Duas das palavras aqui utilizadas costumam ser vistas como indício de um estupro. A primeira, ‘e tomou-a’ a segunda ‘e humilhou-a’. © 5776 Qol haTorá - http://www.qol-hatora.org - Proibida Reprodução sem Autorização Prévia Mistérios do Tanakh: O Caso de Diná 2 A primeira vem da raiz laqah (לקח (que significa pegar ou tomar. Essa raiz, contudo, não significa tomar à força. Observe outros usos: “E tomaram [חּקִּיַו - wayiqaH] Abram e Nahor mulheres para si…” (Bereshit/Gênesis 11:29) “E Yis’haq trouxe-a para a tenda de sua mãe Sará, e tomou [חּקִּיַו- wayiqaH] a Ribqá, e foi-lhe por mulher, e amou-a.” (Bereshit/Gênesis 24:67) É certo que, pelo menos no caso de Yis’haq (Isaque), não houve emprego de força. E é difícil supor que no outro caso acima, de Abram e Nahor, tivesse havido. Em outras palavras, essa expressão por si não indica um estupro. A segunda vem da raiz `aná (ענה (que significa rebaixar, ou humilhar. Veja o uso em dois exemplos: "Então lhe disse o mensageiro de ADONAY: Torna-te para tua senhora, e humilha-te [יִּנַעְתִהְו - wehit`ani] debaixo de suas mãos.” (Bereshit/Gênesis 16:9) "A nenhuma viúva nem órfão afligireis [נוןַעְת - te`anun].” (Shemot/Êxodo 22:21) Observe que esse termo é genérico, e se refere a um tratamento de submissão, humilhação ou ao ato de causar angústia. Não há necessariamente aqui a implicação de um estupro. Isso será melhor compreendido mais adiante. "E apegou-se a sua alma com Diná, filha de Ya`aqob, e amou a moça e falou afetuosamente à moça. Falou também Shekhem a Hamor, seu pai, dizendo: Toma-me [יִל-קח - qah-li] esta moça por mulher.” (Bereshit/Gênesis 34:3,4) É curioso como, após o ato, Shekhem não demonstra qualquer arrependimento pelo suposto estupro. Tão somente é dito que se enamorou da moça, e deseja que a mesma seja tomada por esposa. A palavra ‘tomar' tem a mesma raiz da que aparece no versículo anterior. 2) Profanar "Quando Ya`aqobh ouviu que Diná, sua filha, fora profanada [אֵמִט - timê], estavam os seus filhos no campo com o gado; e calou-se Ya`aqob até que viessem.” (Bereshit/Gênesis 34:5) A palavra ‘profanada' também normalmente é entendida como um reforço da ideia do estupro. Essa palavra, vem da raiz tamê (טמא (que significa tornar-se imundo ou impuro. © 5776 Qol haTorá - http://www.qol-hatora.org - Proibida Reprodução sem Autorização Prévia Mistérios do Tanakh: O Caso de Diná 3 No contexto da relação homem e mulher, o termo costuma ser utilizado quando há caso de infidelidade conjugal: "E o espírito de ciúmes vier sobre ele, e de sua mulher tiver ciúmes, por ela se haver contaminado [הָאָמְטִנ - nitma'á], ou sobre ele vier o espírito de ciúmes, e de sua mulher tiver ciúmes, não se havendo ela contaminado [הָאָמְטִנ - nitma'á].” (Bamidbar/Números 5:14) É também utilizada no contexto de um homem que se separa, e depois quer se casar novamente com a mesma mulher, caso ela já tenha pertencido a outro homem: “Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, então será que, se não achar graça em seus olhos, por nela encontrar coisa indecente, far-lhe-á uma carta de repúdio, e lha dará na sua mão, e a despedirá da sua casa. Se ela, pois, saindo da sua casa, for e se casar com outro homem, E este também a desprezar, e lhe fizer carta de repúdio, e lha der na sua mão, e a despedir da sua casa, ou se este último homem, que a tomou para si por mulher, vier a morrer. Então seu primeiro marido, que a despediu, não poderá tornar a tomá-la, para que seja sua mulher, depois que foi contaminada [הָאָמַטֻה - hutama’á]; pois é abominação perante ADONAY; assim não farás pecar a terra que ADONAY teu Elohim te dá por herança.” (Debarim/Deuteronômio 24:1-4) Essas são as duas únicas instâncias em que a raiz tamê (טמא (aparece na Torá. Em nenhuma delas, há indício de estupro, mas sim ao fato da possibilidade de pertencer a outro homem. Isso será também discutido mais adiante. 3) Insensatez e Prostituição "E saiu Hamor, pai de Shekhem, a Ya`aqob, para falar com ele. E vieram os filhos de Ya`aqobh do campo, ouvindo isso, e entristeceram-se os homens, e iraram-se muito, porquanto Shekhem cometera uma insensatez [הָלָבְנ - nebhalá] em Israel, deitando-se com a filha de Ya`aqob; o que não se devia fazer assim.” (Bereshit/Gênesis 34:6,7) Aqui, há a palavra ‘insensatez’. No hebraico da raiz nabel (נבל (que significa tolice ou desgraça, conforme o contexto. No contexto da sexualidade, ela é aplicada na Torá na seguinte passagem: “Quando um homem tomar mulher e, depois de coabitar com ela, a desprezar. E lhe imputar coisas escandalosas, e contra ela divulgar má fama, dizendo: Tomei esta mulher, e me cheguei a ela, porém não a achei virgem… Porém se isto for verdadeiro, isto é, que a virgindade não se achou na moça, então levarão a moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade a apedrejarão, até que morra; pois fez loucura [הָלָבְנ - nebhalá] em Israel, prostituindo-se [נותְזִל - liznot] na casa de seu pai; assim tirarás o mal do meio de ti.” (Debarim/Deuteronômio 22:13-14,20-21) No contexto acima, a insensatez ou desgraça ocorre porque a mulher já estava comprometida pelo noivado - o que já a colocava com status de casada perante a Torá para várias coisas - e teve relações com outro. © 5776 Qol haTorá - http://www.qol-hatora.org - Proibida Reprodução sem Autorização Prévia Mistérios do Tanakh: O Caso de Diná 4 Ou seja, o tema novamente é de infidelidade conjugal. Da mesma forma é aplicado também o termo prostituir-se, da raiz zaná (זנה ,(que será visto mais adiante. "Então falou Hamor com eles, dizendo: A alma de Shekhem, meu filho, está enamorada da vossa filha; dai-lha, peço-vos, por mulher; E aparentai-vos conosco, dai-nos as vossas filhas, e tomai as nossas filhas para vós; E habitareis conosco; e a terra estará diante de vós; habitai e negociai nela, e tomai possessão nela. E disse Shekhem ao pai dela, e aos irmãos dela: Ache eu graça em vossos olhos, e darei o que me disserdes; Aumentai muito sobre mim o dote e a dádiva e darei o que me disserdes; dai-me somente a moça por mulher.” (Bereshit/Gênesis 34:8-12) O pai de Shekhem, Hamor, insiste bastante para que Diná seja obtida, de modo que está disposto a dar por ela um dote considerável. Mas, nada é mencionado acerca de um estupro ou relação forçosa. "Então responderam os filhos de Ya`aqob a Shekhem e a Hamor, seu pai, enganosamente, e falaram, porquanto havia profanado [אֵמִט - timê] a Diná, sua irmã.” (Bereshit/Gênesis 34:13) Mais uma vez, aparece a raiz tamê (טמא ,(que já foi avaliada anteriormente, e está ligada à questão de um relacionamento extra-conjugal. "E disseram-lhe: Não podemos fazer isso, dar a nossa irmã a um homem não circuncidado; porque isso seria uma afronta [הָרפֶח - herpá] para nós. Nisso, porém, consentiremos a vós: se fordes como nós; que se circuncide todo o homem entre vós.” (Bereshit/Gênesis 34:14,15) O termo aqui utilizado significa literalmente uma afronta. Note que a afronta seria dar a irmã a um homem incircunciso. "Vieram os filhos de Ya`aqob aos mortos e saquearam a cidade; porquanto profanaram [אוְמִט - time'ú] a sua irmã.” (Bereshit/Gênesis 34:27) Outro exemplo da raiz tamê (טמא ,(já vista anteriormente. "Então disse Ya`aqobh a Shim`on e a Lewi: Tendes-me turbado, fazendo-me cheirar mal entre os moradores desta terra, entre os cananeus e perizeus; tendo eu pouco povo em número, eles ajuntar-se-ão, e serei destruído, eu e minha casa.” (Bereshit/Gênesis 34:30) Observe que Ya`aqob reprova seus filhos. E em momento algum expressa qualquer preocupação quanto à sua filha ter sido estuprada. “E eles disseram: Devia ele tratar a nossa irmã como a uma prostituta [הָזונְכַה - hakhzoná] ?” (Bereshit/Gênesis 34:31) A palavra em questão vem de zaná (זנה ,(que significa prostituir-se. O tratar a irmão como uma prostituta não indica, por si só, um estupro. Refere-se ao fato de ter havido relações sem que houvesse para com ela um compromisso de casamento. © 5776 Qol haTorá - http://www.qol-hatora.org - Proibida Reprodução sem Autorização Prévia Mistérios do Tanakh: O Caso de Diná 5 4) As palavras Finais de Ya`aqob "Shim`on e Lewi são irmãos; as suas espadas são instrumentos de violência. No seu secreto conselho não entre minha alma, com a sua congregação minha glória não se ajunte; porque no seu furor mataram homens, e na sua teima arrebataram bois.” (Bereshit/Gênesis 49:5,6) Mesmo no fim de sua vida, Ya`aqob continua a reprovar o comportamento de seus dois filhos. Claro, é possível entender que a reprovação fosse quanto ao excesso, haja vista que não foi a cidade inteira que teria violentado Diná, caso esse tenha sido o caso. Todavia, é estranho que não haja qualquer manifestação da parte de Ya`aqob quanto à violação de sua filha. III - Contexto de Estupro Há casos registrados no Tanakh de estupro. Dentre os mais conhecidos, está o de Amnon, quando violentou sua irmã Tamar. Observe a linguagem: “Porém ele não quis dar ouvidos à sua voz; e prevaleceu [קַזֱחֶּיַו - wayehezaq] contra ela, a humilhou [ָהֶּנַעְיַו - way`aneha], e se deitou com ela.” (Shemu’el Bet/2 Samuel 13:14) Aqui está a razão pela qual muitos intepretam que Diná teria sido estuprada: Por causa da semelhança no uso da raiz `aná (ענה .(Mas, ignoram uma diferença bastante importante. Neste trecho, há o uso da raiz hazaq (חזק ,(que significa força, e portanto traz a ideia de forçar, ou de sobrepujar alguém por meio da força. Em outras palavras, é pelo fato do texto dizer wayehezaq que entendemos que ele a forçou a ter relações, e não simplesmente pelo uso da raiz `aná (ענה ,(que indica humilhar ou afligir. IV - A Linguagem da Torá Outro testemunho importante de como é aplicada a linguagem que se refere a um estupro está na própria Torá. Essa passagem é chave para compreender a situação de Diná, e portanto deve ser lida com muita atenção: “Quando houver moça virgem, desposada, e um homem a achar na cidade, e se deitar com ela, Então trareis ambos à porta daquela cidade, e os apedrejareis, até que morram; a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porquanto humilhou [הָּנִע` - iná] a mulher do seu próximo; assim tirarás o mal do meio de ti.” (Debarim/Deuteronômio 22:23,24) © 5776 Qol haTorá - http://www.qol-hatora.org - Proibida Reprodução sem Autorização Prévia Mistérios do Tanakh: O Caso de Diná 6 Observe que a Torá está aqui tratando de uma situação de relacionamento consensual. A expressão que diz que a mulher não gritou se refere ao fato de que ela consentiu com a situação. Tanto que ambos são mortos (a questão da pena de morte não será abordada neste artigo). Repare que, mesmo a relação sendo consensual, é dito que o homem a ‘humilhou’. Isso não deve ser entendido no sentido ocidental do termo. Na realidade, a ‘humilhação' ocorre porque ela deixou de ser virgem, e seu status perante a sociedade israelita foi rebaixado. Afinal, os homens prezavam pelo fato de se casarem com as virgens de israel, que ainda não teriam sido ‘profanadas’ pela semente alheia. Não que os homens não se casassem, por exemplo, com divorciadas, viúvas e outras que não fossem virgens. Mas, o status preferido entre os homens era justamente o da virgindade. Isso nos ajuda a compreender também a questão de Tamar: Não foi apenas o estupro, mas sim o fato de tê-la rebaixado, humilhado por assim dizer, ao levá-la a perder sua virgindade, o que traria uma mudança de status para ela, perante a situação de ser desposada por alguém. Agora, observe como a linguagem muda quando a Torá se refere a um estupro propriamente dito, na continuação do texto em questão: "E se algum homem no campo achar uma moça desposada, e o homem a forçar [יקִזֱחֶהְו- weheHeziq], e se deitar com ela, então morrerá só o homem que se deitou com ela. Porém à moça não farás nada. A moça não tem culpa de morte; porque, como o homem que se levanta contra o seu próximo, e lhe tira a vida, assim é este caso.” (Debarim/ Deuteronômio 22:23-26) Observe que aqui há o emprego da raiz hazaq (חזק ,(e assim fica claro que de fato houve emprego de força na relação. Ou seja, pode-se dizer que há um estupro. Repare, portanto, que o uso de `aná (ענה ,(humilhar ou afligir, não implica em estupro. Caso contrário, a passagem ficaria sem sentido. Não só não haveria razão para que a mulher também fosse culpada, como ainda não haveria motivo para diferenciar entre ambos os casos. © 5776 Qol haTorá - http://www.qol-hatora.org - Proibida Reprodução sem Autorização Prévia Mistérios do Tanakh: O Caso de Diná 7 V - O que Aconteceu com Diná Ao que tudo indica, a Torá não afirma que houve estupro, ou que Diná não tenha consentido. Embora seja possível interpretar dessa maneira, na visão do autor deste artigo, há outras possibilidades que se encaixam melhor com o texto. Há, portanto, três hipóteses alternativas: 1) Prometida a outrém A primeira delas é a de que Diná estivesse prometida a outro homem. A linguagem utilizada em Debharim (Deuteronômio) com relação a uma mulher virgem, prometida a alguém, te relações com um outro homem é muito semelhante à linguagem da narrativa de Diná. Nesse caso, Shekhem teria seduzido a jovem que, compromissada. Não era de se estranhar que, numa sociedade patriarcal, o homem tivesse sido responsabilizado aos olhos da família, por ter seduzido uma jovem casada. A raiz `aná (ענה (neste caso teria uma conotação de tê-la envergonhado, e rebaixado seu status social, já que ela estaria prometida a outro. 2) Shekhem a iludiu A segunda hipótese é a de que Shekhem teria seduzido a jovem, e talvez a tivesse feito pensar que se casaria com ela. Shekhem teria então almejado tão somente uma relação sexual. Posteriormente, Shekhem poderia ter mudado de ideia, e buscado a jovem para que pudesse desposá-la. A raiz `aná (ענה (neste caso indicaria que ela foi privada de seu status de virgem, e talvez até tenha sido enganada, caso Shekhem tenha prometido a ela um casamento para seduzí-la. 3) Desaprovação dos cananeus A terceira hipótese é a de que não era do agrado dos filhos de Israel que sua irmã tomasse esposo dentre os cananeus, e esperassem que ela se casasse entre sua parentela. Há precedentes disso nas histórias de Yis’haq (Isaque) e Ya`aqob (Jacó), ambos os quais teriam evitado esse tipo de união. A raiz `aná (ענה (neste caso indicaria uma desaprovação quanto à união de ambos, e até mesmo uma maior dificuldade para Diná encontrar um noivo dentre sua parentela, haja vista a predileção que havia por donzelas virgens. © 5776 Qol haTorá - http://www.qol-hatora.org - Proibida Reprodução sem Autorização Prévia Mistérios do Tanakh: O Caso de Diná 8 É possível ainda conjecturar outros cenários que misturem algumas dessas três: Por exemplo, Diná já estar prometida a um homem, E também os irmãos abominarem um casamento com cananeus. Repare, portanto, que há três leituras absolutamente plausíveis, que se encaixam bem com a narrativa da história, sem que se pressuponha um estupro. Embora não seja possível negar totalmente a hipótese de um estupro, aqui funcionaria a explicação da navalha de Ocam: Por que buscar uma explicação mais complexa, se uma mais simples satisfaz a condição do texto? Se houve estupro, por que a Torá nada diz sobre ele ter ‘forçado' Diná, como aparece tanto noutros trechos da Torá, quanto no restante do Tanakh? VI - Conclusão A conclusão sobre esse episódio é particular, e o autor deste material reconhece que todas as quatro hipóteses - as três aqui levantadas, assim como a do estupro - são textualmente possíveis. Bem como é perfeitamente possível uma combinação desses fatores. Para não influenciar o leitor, o autor se absterá de dizer qual dessas considera a mais provável. O mais importante, contudo, não é descobrir o que ocorreu a Diná, mas sim mostrar como muitas vezes se lê mais do que o texto diz. E este estudo demonstra como, apesar de boa parte das pessoas partirem do pressuposto de que houve estupro, o texto não transmite essa informação. Pelo menos, no mínimo, não diretamente. Isso serve de alerta para quando se lê um texto das Escrituras: É preciso se ater com extrema fidelidade ao que é dito, e procurar evitar ao máximo inserir elementos de nossa cultura na leitura. Uma daz razões pelas quais a grande maioria das pessoas na atualidade veria o ato de ‘humilhar' ou mesmo de ‘profanar' como sinônimo de estupro é porque na cultura ocidental do século XXI, seria difícil imaginar outras formas de humilhação ou profanação ligadas à questão da relação sexual. E aí, naturalmente, lêem no texto um indicativo de que Diná teria sido violentada. Todavia, uma análise mais cuidadosa desses termos no hebraico, e o que eles representavam para a sociedade da época, revela que havia outras coisas que seriam consideradas ‘humilhação' e ‘profanação’. E ainda, observa-se que a Torá se abstém de usar o termo forçar (da raiz חזק ,(que é claramente utilizado noutros trechos. O que leva à pergunta: Se Diná foi forçada, por que a Torá não diz isso em termos inequívocos? Também é difícil ignorar o fato de que a linguagem usada pela Torá na história de DIná é muito semelhante àq

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