O PT se aproxima perigosamente do fascismo – e não é força de expressão




























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O PT se aproxima perigosamente do fascismo – e não é força de expressão
Flavio Morgenstern07/04/2018



O Partido dos Trabalhadores acusa tudo e todos de "fascista". Entretanto, o PT se parece muito mais com o fascismo do que com o próprio socialismo que alguns petistas propagam.


O PT foi o principal responsável pela absoluta banalização da palavra “fascismo” na língua portuguesa. Entre a esquerda, e entre os que não possuem muita experiência de vida (categorias com avantajada intersecção), é muito comum se impressionar com palavras poderosas, de fortíssimo impacto psicológico, como “fascismo”, “opressão”, “exploração”, “conservadores”, “burguesia”, “trabalhadores”, “justiça social” ou “desigualdade”.
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Qualquer tentativa de definir tais conceitos acima da média de reflexão de um refrão de funk demonstra as lacunas de pensamento entre jovens e esquerdistas, que ou vão se atrofiando e formando ideólogos e massas de manobra, ou vão sendo preenchidas com novos pensamentos que aclareiam conceitos e afastam as vítimas de reducionismos propagandísticos.

É comum ver a confusão da esquerda, que sempre amou tudo do período mais autoritário da história da Rússia, de repente achar um absurdo uma falsa (e dada como consensual) intervenção russa nas eleições americanas (pode-se bem imaginar como pensariam o oposto se a narrativa fosse de russos intervindo para eleger Bernie Sanders). Ou vociferando contra Donald Trump por não aderir a tratados comerciais que o PT e a esquerda tanto criticava no começo dos anos 2000.

Ou ainda criticando tanto a direita por defender uma moral judaico-cristã, e ao mesmo tempo jurando que o nazismo faz parte do pensamento de direita – o nazismo, derrotado pela Inglaterra e pela América enquanto Hitler fazia pactos com Stalin, sendo a própria consubstanciação do que é o ódio a uma moral criada por judeus e revelada a Moisés no Sinai separando o poder sacerdotal do poder real. Isto para não falar em temas de absurda complexidade, como a Terceira Roma, a hégira islâmica, o globalismo ou a Primeira Guerra Mundial.
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São todas conhecidas falhas de pensamento de quem tenta trabalhar com conceitos soltos e sem uma hierarquia, uma ordem e uma organização. Com sorte, o paciente cruza com boas leituras ou questiona a distância entre boas intenções e realidade factual de quem sempre tentou o convencer com argumentos sentimentais e acaba afastando-se das ideologias fracas da puberdade.

É por esta razão que o discurso mavioso da esquerda seduz muito os jovens e os pouco letrados, mas é comum que a maturidade ou os estudos tornem as pessoas mais conservadoras depois. Como define o filósofo Nicolás Gómez Dávila, não se parte de idéias reacionárias: geralmente chega-se a elas.
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E nada melhor para impressionar desavisados do que usar as palavras mais pesadas do vocabulário político, como a repetição, ironicamente goebbelsiana, do termo “fascista” para todo o lado. Fascistas seriam quem discorda do PT, quem vota pela flexibilização da CLT (em nova ironia, criada por um fascista, sendo quase cópia da La Carta del Lavoro de Mussolini), quem defende Estado mínimo, quem quer privatizar, quem defende uma moral criada por judeus, quem faz piada com o Jean Wyllys, quem fala sério com Jean Wyllys, quem não fala com Jean Wyllys e quem passou por Jean Wyllys e Jean Wyllus não gostou.

Para quem conhece a realidade histórica além das platitudes a serem repetidas pelo sistema federal de educação (mais uma vez, uma criação curiosamente fascista de Getúlio Vargas), é fácil notar que o PT, a versão sindicalista da esquerda que não tinha os ranços do antigo PCB, é um partido muito mais próximo do fascismo do que do socialismo aventado por alguns de seus defensores.

Apesar de “fascista” ser o xingamento preferido dos petistas aos não-petistas, seu modelo de poder e Estado é assustadoramente próximo ao de Mussolini, Franco, Salazar – e mesmo ao de um presidente militar brasileiro nada fascista como Dutra.

O fascismo é um sistema político em que, apesar do famoso moto de Mussolini, “Tutto nello Stato, niente al di fuori dello Stato, nulla contro lo Stato”, estatiza menos do que o socialismo (este sim, o Estado total). Os planos econômicos são dirigidos como o PAC. Como define John T. Flynn no clássico As We Go Marching, os gastos são realizados com infinitos empréstimos e dinheiro jorrando de impressão de moeda em Bancos Centrais, causando inflação.

Empresas são “privadas”, mas controladas por sindicatos e vastos “direitos trabalhistas”, e acabam não tendo como negociar, senão com o próprio Estado com seus projetos faraônicos. Grandes empresas do projeto nacional ganham subsídios e trabalham em esquema de cartel com o governo (hoje, diríamos, em escambo de propinas por contratos).

Ao invés de expropriar a burguesia, ela é agraciada e mesmo comprada com previdência social estatal, educação e saúde gratuitas e muita propaganda estatal. A censura é obtida quando fascistas chegam ao poder, mas antes disso já fazem um vigoroso, repetitivo, fanático e monotemático trabalho de desinformação, que logo se torna a visão oficial assim que se chega ao poder. Ou seja, com financiamento para que, mesmo antes de censurar (ou “regular os meios de comunicação”), possa-se prevalecer uma narrativa oficial, com termos a serem repetidos roboticamente, cheios de -ismos, abstrações, sujeitos coletivos e indefinições, mas forte apelo sentimental de mobilização.

Comparar tal cenário ao Brasil do PT não é tão difícil. Não à toa, o presidente com quem Lula mais gostava de se comparar era o grande fascista brasileiro, o ditador assassino Getúlio Vargas.

O fascismo, portanto, é diferente do socialismo por ser, curiosamente, menor e mais fraco. Menos estatal, mesmo com a divisa de Mussolini. O maior estudioso dos partidos políticos, o sociólogo Robert Michels, começou sua carreira como socialista e, após estudar a oligarquização das decisões dentro da estrutura partidária da esquerda, preferiu se filiar ao fascismo por considerá-lo mais democrático.

Grandes pensadores sobre o fenômeno fascista, como Erik von Kuehnelt-Leddihn, Eric Voegelin, Umberto Eco, John T. Flynn, Friedrich Hayek, Victor Klemperer, Jen Pierre-Faye e tantos outros, sempre deram destaque óbvio ao caráter mais ostensivamente assustador do fascismo: seu militarismo exacerbado, que transcendeu o horror da Primeira Guerra em amalgamar civis e militares, com marchas desabridas pelas ruas das cidades e que acabou por gerar uma guerra ainda mais mortífera do que a Grande Guerra.

De fato, parece ponto pacífico que este elemento é quase oposto no PT, que tanto horror tem de militares, inclusive dos mais dóceis: nunca houve ostensiva propaganda ideológica anti-polícia quanto nos governos petistas. Entretanto, tal aparente contradição, mais uma vez, é apenas uma confusão com termos.

O movimento fascista sempre foi paramilitar, e não militar. Forças militares são conservadoras, como os militares italianos ainda defendiam o apagado reinado de Vítor Emanuel III. Não foi dali que surgiu o fascismo, e sim de um movimento sindical, operário, curiosamente democrático, populista e trabalhista que planejava controlar as grandes corporações através de um Estado forte e centralizador, distinto dos federalismos e poderes tipicamente regionais da Europa.

Por conta disso, teve no nacionalismo um outro traço marcante: não por defesa de sua nação sobre outras (Mussolini e Hitler se entendiam muito bem), mas por desejar a construção de um poder nacional central que surpassasse os cantões, estados federados e outras formas de divisão de poder originais de países como Alemanha e Itália.

Sendo nacionalista (reconstrutor de nações) e tendo forças conservadoras (“retrógradas”, “reacionárias”, “obscurantistas”, “atrasadas” etc) contra seus intentos, fascistas precisaram criar uma força paramilitar contra as Forças Armadas oficiais. Deserdados e toda sorte de aventureiros, jovens idealistas e arruaceiros foram arregimentados para a Falange espanhola, a Juventude Hitlerista ou os Camisas Negras de Mussolini. Todas paramilitares, nenhuma parte das Forças Armadas oficiais.

Com a glorificação de um líder, funcionavam como uma gigantesca massa viva que permitia que líderes nem sempre tão representativos entre o povo pudessem exibir um poder maior do que possuiriam, já que a mobilização de seus exércitos em desfiles urbanos era muito mais suicida do que ofensiva: sem o treinamento militar adequado, significavam muito mais obediência fanática e disposição a morrer como escudo humano do que propriamente um poder de invadir um país ou vencer uma guerra.

Era a Falange, a Juventude Hitlerista, os Camisas Negras que cercavam seus líderes para que as forças policiais não pudessem aplicar a lei sobre seus megalomaníacos, ilegais e psicóticos projetos de poder. Qualquer “agressão” aos jovens e “inocentes” militantes fascistas seria encarada como uma brutalidade ditatorial das forças policiais conservadoras de então, e sem precisar ganhar eleições, propor leis ou ganhar debates, os fascistas logo obtinham um poder imenso e inspiravam um sentimento de serem pobres idealistas injustiçados por conservadores elitistas.

O próprio hino nazista, a Canção de Horst-Wessel (Horst-Wessel-Lied), descreve os nazistas em termos vitimistas, marchando sob chumbo de reacionários:

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