Corrupção, impunidade e insegurança ‘são reais ameaças à democracia', diz o comandante do Exército Presidente Michel Temer participa da solenidade em comemoração ao dia do Exército



Corrupção, impunidade e insegurança ‘são reais ameaças à democracia', diz o comandante do Exército
Presidente Michel Temer participa da solenidade em comemoração ao dia do Exército






POR KARLA GAMBA
19/04/2018 11:29 / atualizado 19/04/2018 14:52
O presidente Michel Temer e o comandante do Exércio, general Villâs Boas, durante comemoração do Dia do Exército - Marcos Corrêa/Presidência


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BRASÍLIA — Em uma mensagem em comemoração ao dia do Exército, celebrado nesta quinta-feira, o comandante da instituição, general Eduardo Villas Bôas, disse que o Exército não pode ficar indiferente “às reais ameaças à nossa democracia". Ele citou a corrupção, a impunidade e a insegurança na mensagem lida ao lado do presidente Michel Temer. Villas Bôas convocou a unidade "para que não retardem o desenvolvimento e prejudiquem a estabilidade". A cerimônia em comemoração ao aconteceu no Quartel General, em Brasília.


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— Não podemos ficar indiferentes aos mais de 60 mil homicídios por ano; à banalização da corrupção; à impunidade; à insegurança ligada ao crescimento do crime organizado; e à ideologização dos problemas nacionais. São essas às reais ameaças à nossa democracia e contra as quais precisamos nos unir efetivamente, para que não retardem o desenvolvimento e prejudiquem a estabilidade — disse a mensagem, lida pelo cerimonial do evento e assinada pelo general Villas Bôas.

Faltando pouco menos de seis meses para as eleições, o general falou ainda que caberia à população "definir, de forma livre, legítima, transparente e incontestável, a vontade nacional":

— O momento requer equilíbrio, conciliação, respeito, ponderação e muito trabalho. Nas eleições que se aproximam, caberá à população definir, de forma livre, legítima, transparente e incontestável, a vontade nacional. Definido o resultado da disputa, unamo-nos como Nação. Será esse o caminho para agregar valores, engrandecer a cidadania e comprometer os governantes com as aspirações legítimas de seu povo. O Exército acredita nesse postulado — concluiu a mensagem.


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Texto do general Villas Bôas lido no Dia do Exército - Reprodução Exército

Ao final da cerimônia, o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pré-candidato à presidência da República, que participava do evento, disse que "assinava embaixo" ao discurso do comandante do Exército:



— Só está faltando eu assinar embaixo as ordens do dia dele - referindo à mensagem do general - Recebo com muita satisfação, nós somos brasileiros, cidadãos, e temos que participar da vida política, mesmo que seja de forma discreta. Quando fala (o general Villas Bôas), ele fala com toda certeza em nome de todos os seus subordinados — disse Bolsonaro.



Frequentador assíduo da cerimônia, que acontece anualmente no dia do Exército, o deputado e pré-candidato à presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL-RJ), foi cercado por estudantes de um colégio militar de Brasília, no final da cerimônia. O pré-candidato atendeu posou para fotos e selfies com muitos presentes e foi chamado de "presidente" diversas vezes.

POLÊMICA

No início do mês, o general Villas Bôas protagonizou uma polêmica envolvendo uma publicação no Twitter às vesperas do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva. No texto, o militar afirmava que o Exército "julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade".

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Na época, o ministro interino da Defesa, general Joaquim Silva e Luna, afirmou ao GLOBO que as publicaçõs do comandante do Exército foram no sentido contrário ao uso da força e que a população "pode ficar tranquila" em relação ao teor do que foi dito.

Durante o julgamento de Lula no Supremo Tribunal Federal, o ministro Celso de Mello abriu seu voto pregando respeito aos princípios democrático e fazendo, sem citar nomes, às declarações feitas ontem pelo comandante do Exército. Em seguida, senadores, historiadores, organizações internacionais e outras entidades se manifestaram contrários a declaração do general Villas Bôas.

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