Propinas de R$ 82 milhões e 15 relógios de luxo enterraram o que era o “Plano B” do PT ao Palácio d o Planalto
Propinas de R$ 82 milhões e 15 relógios de luxo enterraram o que era o “Plano B” do PT ao Palácio d
o Planalto

O EX-IMPOLUTO Ex-ministro de Lula, Jaques Wagner é a mais nova liderança petista a mergulhar no mar de lama da corrupção (Crédito: Yasuyoshi Chiba)
André Vargas02.03.18 - 18h00
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Colocou a mãe no meio
A PF chegou ao ex-governador por caminhos diferentes. De um lado vieram delações de executivos e funcionários da Odebrecht, de outro, pistas, documentos e informações obtidas em outra operação na sede da OAS. Um cruzamento de dados apontou que dos R$ 684 milhões gastos para reconstruir a Fonte Nova, R$ 450 milhões (65%) foram objeto de superfaturamento. A delegada encarregada da operação, Luciana Matutino Caires, afirmou que os R$ 82 milhões destinados a Wagner vieram de desvios das duas empreiteiras para a campanha política de 2014. Essa bolada equivale a 12% do valor total da obra. Nem todos os caminhos que o dinheiro percorreu para chegar ao petista estão claros. Todavia, a PF acredita que pelo menos um pagamento de R$ 500 mil em espécie foi feito na casa da mãe de Wagner, no Rio de Janeiro. Ou seja, para se locupletar o petista colocou até a mãe no meio: “Existe a informação de que os doleiros em Salvador não tiveram capacidade de entregar tal quantia, e, por isso, fizeram o pagamento no Rio, na casa da mãe de Wagner”, afirmou o superintendente da PF na Bahia, Daniel Justo Madruga. O resto do dinheiro teria passado aos poucos pelas mãos de Dauster e Daltro ou na forma de doações de campanha. Um pagamento de R$ 3,5 milhões veio na forma de doação eleitoral da Cervejaria Itaipava, empresa que atuaria como “laranja” da Odebrecht no esquema.
De acordo com a PF, o superfaturamento na obra seria uma forma do então governador da Bahia quitar uma dívida de R$ 390 milhões da Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia (Cerb) com a Odebrecht. O acerto da negociata teria passado pelo crivo de Marcelo Odebrecht, então presidente da empreiteira e hoje cumprindo pena por envolvimento em corrupção na Petrobras.
Além de documentos, computadores, celulares e arquivos físicos e digitais, os agentes federais apreenderam também uma coleção de 15 relógios de luxo em posse do ex-governador. Os relógios seriam para presentear aliados e amigos. O ex-executivo da Odebrecht Claudio Melo Filho informou em sua delação que presenteou o petista com um relógio de R$ 20 mil em seu aniversário. O valor da coleção será periciado. Em ato de apoio ao político organizado pelo PT e aliados ainda na noite de segunda 26, Wagner alegou que se tratariam de réplicas. “Como eu fui algumas vezes à China, eu comprei alguns relógios de réplica”. Ninguém acreditou. Na melhor das hipóteses, trata-se de uma esperta compra de produtos pirata.
O petista baiano não está sozinho nessa. Ele é o sétimo governador investigado por receber propinas envolvendo obras de arenas utilizadas na Copa. Antes dele foram citados em outras investigações Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Agnelo Queiroz (PT-DF), José Roberto Arruda (PR-DF), Omar Aziz (PSD-AM) e Sinval Barbosa (PMDB-MT). Em Salvador, deputados da oposição se articulam para requerer a abertura de uma CPI. Com todas as lideranças do PT abatidas pela corrupção, o partido terá que discutir agora a possibilidade de um “plano C” para a chapa presidencial. “C” de corrupção.
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