Polícia desvenda esquema comandado por Frederik Barbieri, preso nos EUA e considerado o maior contrabandista de fuzis para o Brasil
Polícia desvenda esquema comandado por Frederik Barbieri, preso nos EUA e considerado o maior contrabandista de fuzis para o Brasil

TIRO CERTO Apreensão de 60 fuzis no aeroporto do Galeão em junho do ano passado levou à descoberta de organização criminosa (Crédito: Silvia Izquierdo)
Vicente Vilardaga02.03.18 - 18h00 - Atualizado em 03.03.18 - 11h21
Com base na Flórida, Frederik Barbieri, de 46 anos, controlava, pelo menos desde 2007, uma vigorosa rota de contrabando de

“Acreditamos que com essa prisão a organização criminosa foi desmantelada”, afirma o delegado Fabrício Oliveira, titular do Desarme. “Diversas pessoas foram identificadas e presas — e se acabou um esquema sofisticado de envio de fuzis dos Estados Unidos para o Brasil.”

Potencialmente, Barbieri contrabandeou pelo menos mil armas entre maio de 2013 e junho de 2017, mas o número total pode chegar a 3 mil. A estimativa é feita pela polícia com base na quantidade de equipamentos que ele exportou para o País em quatro anos. Usando os serviços de duas transportadoras, a NB Enterprises e a Alpha Internacional, ele trouxe em aviões para o Brasil cerca de 800 motores elétricos, aquecedores de água e unidades de ar condicionado. A polícia considera que cada um desses equipamentos servia basicamente para esconder fuzis. Sócios das transportadoras declararam desconhecer a presença de armas na carga. Na última quinta-feira, o juiz Patrick White, da Corte Federal em Miami, estabeleceu uma fiança de US$ 1,5 milhão (R$ 4,8 milhões) para Barbieri, que foi indiciado por contrabando. Para responder ao processo em liberdade, ele precisa pagar 15% desse total, US$ 225 mil, e dar garantias de pagamento do restante do valor. Além disso, deverá comprovar a origem lícita do dinheiro da fiança, não se ausentar do estado da Flórida e usar tornozeleira eletrônica.

“Barbieri era o maior traficante de fuzis do Brasil, talvez de toda a América Latina” Fabrício Oliveira, delegado do Desarme
Rogério 157
Apesar de responder no Brasil a dois processos por tráfico internacional de armas, nas varas federais da Bahia e do Rio de Janeiro, Barbieri não será extraditado por ser cidadão americano. O Ministério Público da Bahia move uma ação por tráfico internacional de armas e descaminho contra o Barbieri por causa de uma apreensão de armas pela Receita Federal em Salvador, em 2010. Barbieri abastecia as três organizações criminosas do Rio — Comando Vermelho (CV), Amigos dos Amigos (ADA) e Terceiro Comando — indistintamente, sem uma relação especial com qualquer uma delas. Seu negócio era altamente lucrativo. Os fuzis eram adquiridos legalmente nos Estados Unidos por preços entre US$ 700 e US$ 1 mil, chegavando ao mercado brasileiro com a numeração raspada a um custo vinte vezes maior.

Na investigação, a polícia brasileira contou com a colaboração de um ex-assistente de Barbieri, que fez acordo de delação premiada. Ele informou ter recebido uma oferta de emprego nos EUA em 2015 e pensou que participaria de um esquema de contrabando de equipamentos eletrônicos. Certo dia, porém, viu 20 fuzis AK-47 num depósito e concluiu que o negócio do chefe era outro. “Ele olhou para mim e disse: eu sou o senhor das armas”, lembra o delator. O filho de Barbieri, João Filipe, foi acusado de envolvimento com a quadrilha e preso no Brasil no ano passado em um condomínio de luxo na cidade de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. As investigações na Flórida indicaram que antes de ser preso o traficante preparava uma nova remessa de 52 fuzis para o Brasil.
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