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Morre Billy Graham, o guru dos presidentes americanos, aos 99 anos
Conhecido como “metralhadora de Deus”, o pastor evangélico foi um dos líderes religiosos mais importantes do mundo






POR O GLOBO
21/02/2018 12:57 / atualizado 21/02/2018 17:22
Billy Graham foi um dos primeiros a levar a religião para a televisão - ROBERT PADGETT / REUTERS


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MONTREAT, Estados Unidos — O influente pastor evangélico William Franklin Graham Jr., conhecido como Billy Graham, morreu na manhã desta quarta-feira aos 99 anos, informou a família à imprensa local. Ele era apontado como o mais importante pregador do mundo, sendo conselheiro espiritual de vários presidentes americanos e espalhando o evangelho desde a pequena cidade de Montreat, na Carolina do Norte, onde vivia, à comunista Coreia do Norte.

— Ele provavelmente foi o líder religioso dominante de sua era — comentou William Martin, autor de uma biografia sobre o pastor, à Reuters. — Não mais que um ou dois Papas, talvez apenas uma ou duas pessoas, chegaram perto do que ele alcançou.


De acordo com a Associação Evangelista Billy Graham, o pastor foi o pregador com maior audiência de todos os tempos, com público presencial de 77 milhões de pessoas em suas missas, além de 215 milhões de fiéis que acompanharam o seu programa “Cruzadas por Cristo” pela televisão. Sua popularidade entre o público americano teve repercussões políticas.

Graham teve seus primeiros encontros com presidentes americanos com o democrata Harry Truman, que governou entre 1945 e 1953. O pastor jogou golfe com Gerald Ford e mergulhou na piscina da Casa Branca com Lyndon Johnson, tirou férias com George H. W. Bush e passou a noite na Casa Branca no primeiro dia do mandato de Richard Nixon.

George W. Bush creditou a Graham sua redescoberta da fé e, em 2010, quando as viagens se tornaram difíceis por motivos de saúde, Barack Obama viajou para a Carolina do Norte para se encontrar com o pastor. Os laços próximos com a Casa Branca traziam benefícios mútuos: Graham ganhou a reputação de pastor dos presidentes, enquanto os políticos se aproveitavam do potencial eleitoral religioso.


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Billy Graham com o ex-presidente dos EUA, Barack Obama - HANDOUT / REUTERS

— Suas vidas pessoais eram difíceis — disse o democrata Graham em entrevista à revista “Time”, em 2007. — Mas eu amava a todos. Admirava todos. Eu sabia que eles carregavam responsabilidades além de qualquer coisa que eu poderia saber ou compreender.

Em rara viagem para fora de sua cidade natal nos últimos anos, Graham celebrou seu 95º aniversário em novembro de 2013, num hotel em Asheville, na Carolina do Norte. Entre os cerca de 800 convidados presentes estavam a política republicana Sarah Palin e o então magnata Donald Trump, atual ocupante da Casa Branca.
Billy Graham, ao fundo, com três ex-presidentes americanos: George H.W. Bush, Jimmy Carter e Bill Clinton - Robert Padgett / REUTERS

Mas apesar de sua proximidade com o poder, Graham nunca se candidatou a um cargo político. O seu envolvimento em questões políticas, aliás, foi concentrado na primeira metade de sua longa carreira, quando expressava publicamente seus ideais anticomunistas. Mesmo assim, foi o primeiro entre proeminentes religiosos a superar a Cortina de Ferro, com viagens para União Soviética, China, Coreia do Norte e Alemanha Oriental. Na época, foi criticado por liberais, que o acusaram de dar credibilidade a governos totalitários, e por conservadores, que o criticaram por ir a países descrentes em Deus. Para Graham, as visitas eram apenas oportunidades para ganhar almas para Jesus Cristo.

Na segunda metade da carreira, Graham preferiu se abster do debate político, se concentrando em alcançar o máximo de pessoas. Mas em 2012, retornou à vida política declarando apoio a uma emenda estadual para proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo na Carolina do Norte. No mesmo ano, apoiou o republicano Mitt Romney, candidato derrotado à presidência.

E foi na política que o pastor se envolveu na maior polêmica da carreira. Próximo de Nixon, Graham chegou a ser convidado a ocupar qualquer cargo no governo, incluindo a Embaixada de Israel. Mas em 1994, um assessor de Nixon revelou em livro declarações antissemitas do pastor, que foram confirmadas por áudios divulgados pela Casa Branca em 2002. Graham é ouvido se referindo aos judeus como pornógrafos e concordando com Nixon de que a imprensa americana era dominada por judeus liberais que estavam destruindo os EUA. Com longo histórico de apoio a Israel, Graham se desculpou e disse não se lembrar da conversa.
Billy Graham ao lado do então presidente americano, Richard Nixon - AP

Nascido em 7 de novembro de 1918 numa família presbiteriana, ganhou o apelido de Billy Frank durante a infância numa fazenda perto de Charlotte. Na adolescência, era mais ocupado com o beisebol e com garotas, até se sentir tocado por Deus após ouvir uma missa. Depois de frequentar o Colégio Bob Jones, terminou numa escola bíblica na Flórida, onde pregou sua primeira missa. Foi ordenado em 1939 por uma igreja na Convenção Batista do Sul. Conquistou uma bolsa de estudos para a Wheaton College, perto de Chicago, onde conheceu Ruth Bell, com quem se casou em 1943.


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Diferente de outros religiosos que criam bases numa igreja, Graham pegou a estrada e pregava em tendas que montava para os cultos. A virada em sua carreira aconteceu em 1949, em Los Angeles. Uma missão planejada para três semanas foi estendida para oito por causa das multidões que atraiu. O sucesso foi atribuído ao magnata da mídia William Randolph Hearst, que gostava do estilo do pastor e usou seus jornais para impulsioná-lo.

Foi por causa do estilo carismático e pela capacidade de falar rapidamente que Graham ganhou o apelido de “metralhadora de Deus”. A fama conquistada nas tendas se espalhou pelo país com os veículos de comunicação de massa. Por mais de 50 anos ele manteve o programa dominical “A hora da decisão”, transmitido em inúmeras rádios em todo o mundo. E o pastor também foi um dos pioneiros a levar a religião para a televisão. Primeiro, começou um programa, que foi encerrado em 1951, e em 1957 começou a transmitir suas missas ao vivo a partir do Madison Square Garden, em Nova York.

Graham encerrou oficialmente sua carreira religiosa em junho de 2005, passando o controle do seu ministério para o filho William Franklin Graham III. Além de sofrer de Parkinson, os problemas de saúde dos últimos anos incluíram uma fratura no quadril, câncer de próstata e o implante de um dreno no cérebro para controlar o excesso de fluído. Ele foi hospitalizado em 2011, 2012 e 2013 por problemas respiratórios. Ruth, a esposa de Graham, morreu em junho de 2007. O casal teve dois filhos e três filhas.



Leia mais: https://oglobo.globo.com/sociedade/religiao/morre-billy-graham-guru-dos-presidentes-americanos-aos-99-anos-22418237#ixzz5Aj8kw7zf
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