O CRIME ORGANIZADO DÁ O SEU RECADO-Marielle Franco: a quem interessava seu assassinato? Vereadora de 38 anos, executada com quatro tiros na cabeça, é a primeira vítima política da barbárie do Rio de Janeiro


Marielle Franco: a quem interessava seu assassinato?
Vereadora de 38 anos, executada com quatro tiros na cabeça, é a primeira vítima política da barbárie do Rio de Janeiro
Por Fernando Molica e Luisa Bustamante
access_time15 mar 2018, 22h21 - Publicado em 15 mar 2018, 21h52
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A vereadora Marielle Franco (PSOL), morta a tiros no centro do Rio na noite de quarta-feira: a quem interessa a sua morte? (Márcia Foletto/Agência o Globo)

Rio de Janeiro, quinta-feira, 15 de março. Sob um sol de quase 40 graus, uma multidão se reuniu nas escadarias do Palácio Pedro Ernesto, onde fica a Câmara Municipal, para homenagear Marielle Franco, a vereadora de 38 anos executada com quatro tiros na cabeça na noite anterior. Marielle era novíssima na política: eleita pelo PSOL em 2016, com 46 500 votos (a quinta maior votação), entrava no segundo ano de mandato. Voz vibrante a favor das mulheres, dos negros, dos homossexuais e dos favelados — categorias em que se encaixava pessoalmente —, tinha intensa atuação dentro e fora da Câmara. A morte brutal a agigantou ao adicionar um componente político ao inaceitável caldeirão de violência que engolfa o Rio: os disparos abateram uma pessoa eleita pelos cariocas para representá-los. Exato um mês depois de instalada, a intervenção federal nas polícias fluminenses, que imaginava ter tempo para agir, vê-se encostada na parede. “A ação federal foi desafiada pelo assassinato de Marielle”, diz a cientista social Silvia Ramos, especialista em segurança pública.

Como no Brasil politicamente polarizado tudo é visto pela lente da deformação ideológica, já apareceram críticas à enorme repercussão do crime, creditando-a ao perfil de Marielle: mulher, negra, lésbica, esquerdista. Nada mais equivocado. Seu assassinato é um símbolo dramático porque se trata de uma execução contra uma voz pública, que detinha um mandato popular. Sua morte traz à memória a carnificina de uma Medellín dos anos 90, em que o crime chegava perigosamente perto de controlar o Estado, ameaçar autoridades e abalar as instituições da Colômbia. Fosse a vítima um homem, branco, heterossexual e direitista, a gravidade não seria um milímetro menor. Por tudo isso, o presidente Michel Temer tocou no ponto nevrálgico: é um atentado à democracia.

Por que, afinal, Marielle foi executada a tiros? Quem tinha interesse em sua morte?

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