Munição usada no assassinato de Marielle pertencia à Polícia Federal

Munição usada no assassinato de Marielle pertencia à Polícia Federal

por Redação — publicado 16/03/2018 14h32, última modificação 16/03/2018 17h19
De acordo com a perícia realizada pela Divisão de Homicídios da Polícia Civil, armamento era original
Reprodução/TV Globo
Carro de Marielle
Direção dos tiros reforça a hipótese de ataque premeditado
A munição utilizada pelos responsáveis pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e de seu motorista Anderson Pedro Gomes na noite da última quarta-feira 14 pertenciam a lotes vendidos para a Polícia Federal de Brasília em 2006. A pistola de calibre 9mm é um dos armamentos utilizados pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, mas ainda não há indícios da participação de PMs no crime. 
A confirmação foi feita pela perícia da Divisão de Homicídios e indica que o lote da munição UZZ-18 é original, ou seja, ela não foi recarregada. A informação foi confirmada pela Polícia Civil, que em parceria com a Polícia Federal vai realizar uma ação de rastreamento. O que se sabe até agora é que os lotes de munições foram vendidos pela empresa CBC no dia 29 de dezembro de 2006 com as notas fiscais número 220-821 e 220-822.
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Balas do mesmo lote foram usadas em uma chacina registrada na grande São Paulo em 2015, quando 23 pessoas foram mortas por um grupo de extermínio entre as cidades de Osasco e Barueri. O grupo tinha policiais militares paulistas entre seus integrantes.
A Polícia Civil segue com o caso, porém, uma conversa entre ministro de Segurança Raul Jungmann e o interventor Braga Netto resultou no pedido de auxílio da Polícia Federal nas investigações. A ajuda foi negada por Rivado Barbosa, chefe da corporação. De acordo com ele, a "corporação tem total condições de resolver o caso". 
Barbosa não descarta a possibilidade de uma execução. Não ocorreu roubo no local, o que fortalece a hipótese. “Uma das possibilidades em análise sim é de execução e nenhuma possibilidade será descartada. Foi um crime bárbaro que não vai ficar impune”, afirma.
Em nota, o PSOL afirmou que a vereadora não sofria ameaças. Em um de seus poucos pronunciamentos, Marcelo Freixo, deputado estadual do Rio de Janeiro e amigo pessoal de Marielle, disse que a ação tem "características nítidas" de execução. Ao lado de Freixo, ela participou ativamente da CPI da milícias como assessora, o que voltou a atenção para estes grupos.   
O assassinato ocorreu logo após ter feito uma denúncia por meio de seu perfil no Facebook para criticar a atuação do 41º Batalhão de Acari. "O 41° batalhão da PM é conhecido como Batalhão da morte. Chega de esculachar a população! Chega de matarem nossos jovens!", escreveu. Na postagem ela ainda fala sobre dois jovens que foram mortos e jogados em uma vala, e atribuiu à intervenção federal o aumento da violência. 
O velório ocorreu em forma de ato político na manhã desta quinta-feira 15, na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro. Na noite do mesmo dia, milhares foram às ruas cobrar respostas sobre a morte da parlamentar, e se unir em um momento de tristeza e indignação. 

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