Hackers acessavam dados de vítimas enviando e-mails com vírus em nome de instituições, diz delegado
Hackers acessavam dados de vítimas enviando e-mails com vírus em nome de instituições, diz delegado
Operação da Polícia Federal prendeu seis pessoas suspeitas de participar de quadrilha. Duas são consideradas foragidas. Elas teriam desviado R$ 10 milhões de contas bancárias.
Por G1 Tocantins
21/03/2018 12h02 Atualizado há menos de 1 minuto
Polícia Federal prende hackers que agiam em três estados (Foto: Mazim Aguiar/TV Anhanguera)
A quadrilha presa durante a operação "Código Reverso", da Polícia Federal, mandava e-mails com vírus em nome de instituições financeiras para ter acesso a computadores de correntistas. A informação é do chefe da delegacia de Repressão a Crimes Fazendários, Luiz Felipe da Silva. Ele explicou que as vítimas acessavam os e-mails e, desta forma, permitiam que o grupo tivesse acesso a informações, como dados bancários. A operação foi realizada nesta quarta-feira (21) e prendeu seis pessoas. Duas estão foragidas. Elas são suspeitas de desviar R$ 10 milhões de contas bancárias.
"O nível de especialização deles é muito alto. Eles têm programas que enviam e-mails para milhares de pessoas, aqueles spans que contêm um link. A pessoa acha que está acessando, por exemplo, o site do banco dela. A vítima é induzida a erro e sem saber está baixando um artifício malicioso que vai permitir o mecanismo da fraude", explicou o delegado.
Segundo as investigações, ao acessar os links um vírus era baixado para os aparelhos. Quando a pessoa entrava na conta bancária, a quadrilha colocava uma tela falsa idêntica à do banco para a vítima pensar que estava acessando o sistema verdadeiro.
Enquanto isso, o grupo entrava na conta para desviar dinheiro, fazer compras e clonar cartões. Dessa forma, a fraude é feita utilizando o próprio computador e endereço de IP da vítima, que aparece como o responsável pelo crime.
A polícia está investigando se a quadrilha usou também e-mails em nome da Polícia Federal. O delegado disse que há casos em que criminosos usam desse mecanismo. "Foi identificado pela investigação que um dos instrumentos usados por esse tipo de criminoso é e-mails envolvendo instituições públicas, inclusive a Polícia Federal, o Ministério Público. A gente sabe de casos nesse sentido. Eles podem usar vários artifícios, como uma falsa intimação, denúncia, suposta multa".
A operação é realizada no Tocantins e em outros três estados: Pernambuco, São Paulo e Goiás. Mais de 100 policiais federais cumpriram 43 mandados nos quatro estados, sendo sete de prisões preventivas, um de prisão temporária, 11 de intimações e 24 de busca e apreensão.
William Marciel Silva foi preso na operação da Polícia Federal (Foto: TV Anhanguera/Reprodução)
Um dos presos é William Marciel Silva de Freitas. Ele foi capturado na casa dele, na quadra 507 Sul em Palmas. As investigações apontam que ele movimentou mais de R$ 2,1 milhões numa conta bancária do Banco do Brasil, num período de seis meses. Numa outra conta bancária do Bradesco, foram movimentados R$ 5,2 milhões, em oito meses. O que chamou a atenção da polícia é que ele teria informado, em um cadastro bancário, que era vendedor e tinha uma renda de R$ 941.
O advogado dele, Carlos Gomes de Matos, disse que está tomando conhecimento do processo para depois se posicionar.
O delegado informou que ele entrava em contato com empresários e os convenciam a fazer parte das fraudes. "Havia o contato desses investigados com empresários e eles ofereciam serviço. Por exemplo, a empresa tinha um imposto a ser pago. Era gerado documento para pagar. Os criminosos, em posse do documento, utilizavam a conta bancária das vítimas para fazer esse pagamento. Então, quem pagava aqueles valores era a vítima. O empresário repassava como serviço metade do valor que ele deveria pagar", comenta o delegado.
Freitas tambam seria responsável por repartir o dinheiro com outros membros da quadrilha. O delegado informou que o pagamento era direcionado para um dos investigados em Goiânia (GO), que também era programador.
"Pelo grau de especialização, pelo tipo de empresa com a qual ele movimentava da área de informática, a gente identificou a função como se fosse um programador do esquema criminoso".
A quadrilha mantinha contato e trocava informações com criminosos cibernéticos de países da Europa.
Polícia Federal realiza operçação contra hackers no Tocantins e em mais três estados (Foto: Cassiano Rolim/TV Anhanguera)
Entenda
Conforme a PF, a quadrilha realizava pagamentos, transferências e compras pela internet, burlando os mecanismos de segurança dos bancos, e gerando prejuízos de R$ 10 milhões só nos últimos nove meses.
Os membros da organização, segundo a polícia, têm alto padrão de vida e se utilizam de diversas empresas de fachada para movimentar e ocultar os valores desviados, investindo grande parte em moedas virtuais como a bitcoin, para fazer lavagem de dinheiro.
A Justiça determinou a indisponibilidade de bens e o bloqueio das contas bancárias dos investigados e também de moedas virtuais.
Conforme a PF, foram intimadas pessoas com participação nas fraudes, inclusive empresários que teriam procurado criminosos para obter vantagem competitiva no mercado e receber descontos de cerca de 50% para quitar impostos, pagar contas e fazer contas, através de pagamentos feitos pela quadrilha.
Mandados
Em Palmas, foi preso William Marciel. Outro suspeito está foragido. Foram cumpridos ainda seis mandados de busca e apreensão e quatro de intimações. Em Silvanópolis, no sul do estado, foram um mandado de intimação e dois de busca e apreensão.
Em Goiás, a operação foi realizada em Porangatu, onde foram cumpridos quatro mandados de intimação e quatro de busca e apreensão. E em Goiânia, foram três mandados de prisão preventiva, quatro de busca e apreensão e um de prisão temporária. Uma dos investigados em Goiânia também é considerado foragido.
Em São Paulo, foram dois mandado de prisão preventiva, seis de busca e apreensão e um de intimação.
Em Pernambuco, a ação da polícia se estendeu ao município de Caruaru, onde foram cumpridos um mandado de intimação e outro de busca e apreensão. Além da cidade de Toritama, onde foi cumprido um mandado de busca e apreensão.
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