Com prisão de amigos do presidente, PF chega bem perto de Temer José Yunes, coronel Lima, ex-ministro Wagner Rossi e mais duas pessoas estão na mira de inquérito que apura a MP dos Portos
Com prisão de amigos do presidente, PF chega bem perto de Temer
José Yunes, coronel Lima, ex-ministro Wagner Rossi e mais duas pessoas estão na mira de inquérito que apura a MP dos Portos
Por Da redação
access_time29 mar 2018, 10h44 - Publicado em 29 mar 2018, 10h31
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Os amigos do presidente Michel Temer, Coronel Lima, o ex-assessor José Yunes e o ex-ministro Wagner Rossi são presos na manhã desta quinta-feira (29) (Jefferson Coppola - Lailson Santos/VEJA.com - Elza Fiúza/Agência Brasil)
A Polícia Federal prendeu cinco pessoas investigadas no inquérito que apura irregularidades em decreto do presidente Michel Temer (MDB) sobre o setor portuário. Três delas são ligadas a Temer: o advogado José Yunes, o coronel João Batista Lima Filho e o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi (MDB). Foram presos ainda empresário Antônio Celso Grecco, dono da Rodrimar, e Milton Ortolan, auxiliar de Rossi. As ordens de prisão são temporárias.
As detenções foram autorizadas pelo ministro Luis Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, a pedido da Procuradoria-Geral da República. Barroso é relator do inquérito que apura a Medida Provisória 595, conhecida como MP dos Portos, que mais tarde deu origem ao decreto 9.048. Temer é suspeito do recebimento de propina em troca de benefícios a empresas do setor portuário, como a Rodrimar.
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José Yunes é amigo de Temer há mais de 50 anos. O empresário foi assessor do emedebista na Presidência – e pediu demissão do cargo após a revelação do conteúdo da delação premiada do ex-executivo da Odebrecht Claudio Melo Filho. Ele também foi citado na delação do doleiro Lúcio Funaro, que afirmou que Yunes era um dos responsáveis por administrar propinas entregues ao presidente.
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O coronel João Baptista Lima Filho, amigo do presidente há mais de três décadas, pode ter sido utilizado como laranja para receber dinheiro sujo em nome de Temer. Mensagens encontradas no celular do coronel, às quais VEJA teve acesso, mostram como o coronel exerceu — em pelo menos um caso — o papel de intermediário entre o presidente e um dos maiores grupos empresariais da área portuária. Revelam que Lima, sem ser funcionário público nem mesmo assessor de Temer, abriu as portas do governo a interesses privados e fez questão de informar o presidente do serviço prestado. O diálogo não traz o desfecho da história, mas o grupo empresarial ajudado pelo coronel teve sua demanda atendida por um apadrinhado de Temer no governo. Coisa na casa do bilhão de reais.
A Rodrimar, empresa de Antonio Celso Grecco, opera áreas do porto de Santos que está no centro das investigações. O ex-diretor de relações institucionais do grupo J&F Ricardo Saud disse, em delação, que o ex-assessor de Temer Rodrigo Rocha Loures mantinha uma parceria com a Rodrimar. A Rodrimar foi uma das empresas beneficiadas pelo decreto dos portos, que ampliou o prazo das concessões das empresas do setor de 25 para 35 anos, prorrogáveis por até setenta anos. A parceria entre Loures e a Rodrimar seria tão sólida que, segundo o próprio Saud, Loures chegou a indicar um diretor da empresa para receber, em nome dele, propina da J&F.
Wagner Rossi, outro nome ligado a Temer, foi presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o porto de Santos. Ele é pai de Baleia Rossi (MDB).
Temer, Yunes, coronel Lima e Antônio Celso Grecco tiveram seus sigilos bancários quebrados por Barroso, no início do mês.
(Com Estadão Conteúdo e Reuters)
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