‘Charlie Hebdo’ fez capa satírica sobre o STF e caso Lula? Capa do semanário satírico francês alvo de ataques islamistas em 2015 que circula na internet mostra Lula apalpando nádegas da Justiça
‘Charlie Hebdo’ fez capa satírica sobre o STF e caso Lula?
Capa do semanário satírico francês alvo de ataques islamistas em 2015 que circula na internet mostra Lula apalpando nádegas da Justiça
Por Solly Boussidan, Julia Braun
access_time23 mar 2018, 20h46 - Publicado em 23 mar 2018, 18h19
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Falsa capa do jornal 'Charlie Hebdo' circula pelas redes sociais, onde satiriza o julgamento do Habeas Corpus do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (Reprodução/Facebook)
Apenas um dia após o Supremo Tribunal Federal suspender o julgamento do pedido de habeas corpus preventivo de Lula, em sessão na qual a corte também decidiu por deferir liminar que impede a prisão do ex-presidente até o fim da análise do tema –postergada até 4 de abril–, uma suposta capa do jornal satírico Charlie Hebdo, em que Lula aparece apalpando as nádegas de uma mulher trajada como a estátua da Justiça, começou a circular nas redes sociais.
A charge acompanha a manchete “Confirmé: Le Suprême Brésilienne c’est une merde” [sic], querendo dizer algo como “Confirmado: O Supremo brasileiro é uma merda”. A capa, contudo, é falsa e já foi compartilhada e usada anteriormente em outros momentos da trajetória política do ex-presidente.
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Pior: o título em francês está gramática e semanticamente errado na língua de Victor Hugo. “Le Suprême”, que supostamente quer dizer “O Supremo”, de Supremo Tribunal Federal, não faz o menor sentido em francês. No masculino, como aparece na “capa”, quer dizer um corte de carne de aves — que inclui o peito, a coxa e a sobrecoxa. Como tribunal, deveria possivelmente ser “La Cour Suprême”, ou “A Corte Suprema”, no feminino.
Além da questão do sentido, o adjetivo “brasileiro” está no feminino em francês (o masculino seria “brésilien”), fazendo com que a primeira parte, na realidade, diga algo como “O Supremo Brasileira” [sic]. O “c’est” com o significado de “é”, apesar de usado coloquialmente, também está errado aqui, pois quer dizer “ele (ou ela) é”. Como a frase já inclui o sujeito, não é necessário o uso do pronome. Ao fim, para quem fala francês, a própria manchete mal escrita já é um grande indicativo de que se trata de uma notícia falsa: “Confirmado: O Supremo Brasileira ela é uma merda”.
A imagem da capa foi montada a partir de uma capa legítima do Charlie Hebdo, publicada em 19 de setembro de 2012. A edição original trazia uma sátira com o profeta Maomé e exatamente as mesma chamadas que aparecem no topo da capa falsa de Lula.
Capa usada como base da falsa capa que satiriza o julgamento do Habeas Corpus do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva
Capa usada como base da falsa capa que satiriza o julgamento do Habeas Corpus do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva (Charlie Hebdo/Reprodução)
A charge que aparece na capa compartilhada nas redes sociais nas últimas horas é uma adaptação de outro desenho, publicado em julho de 2015, no Peru, em que o personagem satirizado é o ex-presidente do país Alan Garcia.
Capa do periódico peruano El Otorongo
Capa do periódico peruano El Otorongo (//Reprodução)
A capa falsa do jornal satírico francês já foi compartilhada em outros momentos, principalmente no Twitter, onde os usuários utilizam a imagem desde 2015.
A edição adulterada apareceu nas redes rociais, por exemplo, em março de 2016, quando o ex-presidente Lula foi nomeado Ministro da Casa Civil pela então presidente Dilma Rousseff.
Imbroglio Jurídico
Na quinta-feira, o STF deferiu uma liminar que impede a prisão do ex-presidente até o fim do julgamento sobre seu pedido de habeas corpus preventivo. A sessão em que o tema era discutido foi postergada até 4 de abril –após o recesso de Páscoa– para, nas palavras da presidente do tribunal, a ministra Cármen Lúcia, em entrevista à rádio Jovem Pan nesta sexta-feira, resguardar “o limite físico” dos ministros do tribunal, que julgavam o caso havia pouco mais de três horas.
A decisão do Supremo despertou uma série de críticas de analistas e eleitores nas redes sociais de que há tratamento especial para Lula na Justiça brasileira. Cármen Lúcia negou as acusações e afirmou que a continuidade na próxima sessão garante um julgamento “justo, sereno, tranquilo, como tem de ser”.
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