Bruno Covas: como o próximo prefeito de São Paulo mudou de cara e corpo Dezoito quilos mais magro e adepto da onda fitness, ele se prepara para assumir a prefeitura de São Paulo

Bruno Covas, vice-prefeito de São Paulo, na versão magrinho, careca e sem vergonha de sair sem camisa. A vida agora é sem açúcar e gordura, com muitas castanhas, nozes, exercícios físicos e corrida  (Foto: Marcos Alves/Agência O Globo)
Um homem magro, de 1,84 metro de altura, entrou sozinho no Café Girondino, restaurante italiano de ar vintage e turístico no centro de São Paulo. Ele segurava um guarda-chuva envolto num plástico de forma a não espalhar água pelo local e estava levemente ofegante. Eram 4 horas da tarde de uma tarde chuvosa. Cruzara a pé os 550 metros que separam seu escritório do restaurante. Nenhum dos clientes ou funcionários o reconheceu.

O sujeito em questão é o próximo prefeito de São Paulo, que deve tomar posse em 7 de abril, quando o atual dono da cadeira, João Doria, abandonar o cargo para disputar o governo do estado, passado um ano e três meses de gestão.
Bruno Covas pede apenas um café, que agora ele toma sem açúcar, um dos tantos vícios que abandonou quando decidiu entrar na linha. A transformação física do futuro prefeito salta aos olhos. Em quatro meses, ele perdeu 18 quilos, as bochechas pesadas e o aspecto pálido e cansado. Covas jura que a mudança se materializou sem cirurgia ou remédios. “Só passei muita fome”, atestou.
Gordinho desde a infância, o tucano vivia à base de Coca-cola e porcarias. Em 2016, com quase 100 quilos, passou mal durante uma viagem a Marrakesh. Diagnosticado com cálculo renal, voltou ao Brasil apavorado. Fez uma cirurgia para tirar as pedras e resolveu fechar a boca sob o comando de Thiago Volpi, dono de uma clínica de nutrição próxima ao Parque do Ibirapuera onde ricos e famosos fazem fila para enxugar a silhueta a R$ 1.180 por consulta.
“Eu não paguei”, disse, rindo. “Ele (Volpi) para mim era o Batatinha, amigo de escola. Ele me procurou um dia e disse que a cota de contribuição dele para a cidade seria dar a todos um vice-prefeito com mais saúde. Eu estava à beira de um infarto sem ter chegado aos 40 anos. Colesterol alto, gordura no fígado... Tive uma crise renal dois meses antes de tomar posse. Estava todo errado.”
Hoje uma combinação de castanhas, nozes e amêndoas e uma fatia de queijo meia cura estão sempre na marmita que leva à prefeitura. É numa academia dos Jardins que ele malha cinco vezes por semana entre 6 e 7 horas da manhã. Antes, toma um coquetel de chá verde, limão, própolis e glutamina. A substância, queridinha do mundo fitness, ajuda no ganho de massa muscular. Ele também toma shake de whey protein.
A segunda etapa da mudança visual não tardou. Em uma viagem de folga à Croácia em agosto passado, assumiu a calvície, raspou a cabeça e deixou a barba crescer. De lá postou em rede social foto numa praia. Careca, de óculos escuros e sem camisa. “Tá fazendo um book aí, prefeito?”, provocou um seguidor no Instagram. “Você tá show de bola”, comentou uma fã. “Eu pegava”, escreveu outra. O ar de badalação não pegou bem na prefeitura.
O casamento de dez anos com a economista Karen Ichiba de Oliveira terminou em 2014. Covas está solteiro. Assim como Doria, não usa terno. Estava de jeans, camisa branca e sapatênis na conversa com ÉPOCA. Usava pulseiras de couro no punho direito.
Covas na versão antiga, com 18 quilos a mais, bochechas cheias, barriguinha mole e cabelo. Uma crise renal o fez perceber que estava “todo errado”  (Foto: Bruno Poletti/ Folhapress)
Aos 37 anos, o tucano será o chefe do Executivo mais jovem que São Paulo já teve desde a redemocratização. Prestes a assumir um orçamento de R$ 56 bilhões, o maior que o PSDB terá em mãos nas eleições deste ano, está menos tímido e treinado a usar respostas prontas quando questionado sobre temas espinhosos. Ainda fala baixo, mas deixou para trás o acanhamento do início da carreira como deputado estadual à sombra de um dos maiores expoentes do PSDB, o ex-governador Mario Covas, seu avô.
A velha guarda do partido coloca em dúvida a capacidade de Covas de lidar com os desafios da metrópole mais rica do país. Não foram poucos os que se referiram a ele como “moleque” em conversas com ÉPOCA.
Orgulho de Covas, a transformação física alimenta o fogo amigo. O novo estilo de vida, que não renega o tripé dieta, academia e viagens, é sempre mencionado pelos que atestam que ele está numa outra “pegada”.
“Se não me sentisse preparado, não teria me apresentado para as prévias lá em 2012”, ele se defendeu, lembrando a disputa em que abriu mão para o veterano José Serra.
Covas nasceu em Santos, litoral paulista, mas mudou-se para São Paulo quando adolescente para continuar os estudos e acabou na casa do avô, então governador. Formou-se em Direito e economia, chegou a fazer estágio em dois escritórios de advocacia, trabalhou na área tributária após formado e deu aulas de Direito em Santos. Aos 26 anos, elegeu-se deputado estadual. Em 2010, foi reeleito como o mais votado no estado e, em 2014, chegou à Câmara dos Deputados. Escalado pelo governador Geraldo Alckmin para a Secretaria do Meio Ambiente, ficou pouco em Brasília.
Foi como secretário que, em uma entrevista, disse ter recebido proposta de propinas de prefeitos em troca de emendas que beneficiassem as respectivas cidades. A declaração deflagrou um escândalo. Um deputado chegou a dizer que parlamentares recebiam entre 25% e 30% do valor das verbas liberadas. Covas recuou dias depois. Disse que se referia a um exemplo hipotético quando concedeu a entrevista. O caso foi abafado.
Covas remodelado ao lado do prefeito João Doria (à dir.). O assédio aumentou com a nova forma física. “O que embeleza mesmo é o poder, não é?”, disse, rindo (Foto: Agatha Gameiro/Framephoto/Folhapress)
No dia da conversa com ÉPOCA, a prefeitura estava havia dois dias sob uma enxurrada de críticas. Doria, numa canetada, resolvera estender a ex-prefeitos o tipo de segurança policial que existe hoje para quem está no cargo, medida que o beneficiaria diretamente. A repercussão negativa faria o próprio Doria recuar dois dias depois. Covas não quis comentar.
Nos 13 meses em que estiveram juntos na prefeitura, Doria e Covas viveram momentos de sintonia e tensão. O vice esteve ao lado do prefeito quando este se vestiu de gari para varrer as ruas de São Paulo e cimentou calçadas na periferia em um projeto que sofreu críticas, batizado de Cidade Linda. O “choque de gestão” prometido na campanha empolgou nos primeiros meses de mandato, mas pesquisas atestam que hoje já não tem a simpatia majoritária da população.
Com pouco mais de dez meses de gestão, Doria tirou da tutela de Covas a Secretaria de Subprefeituras, cargo que acumulava com o de vice e que funciona como uma espécie de zeladoria da cidade, e o realocou em uma nova pasta, a da Casa Civil.
Com dez meses de governo, o prefeito removeu Covas de sua
secretaria mais importante. Hoje, o vice busca apoio para a candidatura de Doria a governador
Hoje, Covas fala com prefeitos diariamente, costurando apoio para a campanha de Doria ao governo do estado. O futuro prefeito de São Paulo gosta de falar de sua relação e proximidade com Mario Covas, embora amigos ponderem que o governador não era de estimular a participação da família na política. Bruno Covas estimula.
É com orgulho que fala do filho, Tomás, de 12 anos. Numa viagem a Brasília, levou o garoto à Câmara numa reunião da bancada do PSDB no auge do debate sobre o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Instado a fazer uma saudação, o menino perguntou, diante da bancada: “Quando vocês vão derrubar a Dilma?”. Foi ovacionado, segundo o pai. Covas também conta que o filho é seu maior defensor quando o tema são os clichês da política. Quando colegas tentaram provocar Tomás dizendo que todos os políticos são ladrões, o garoto os perseguiu com uma vassoura.
O vice se recusa a falar sobre como será a vida pós-vice. Questionado se está preparado para o primeiro petardo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que nos últimos tempos tem deixado colegas e adversários irados ao dizer com poucos filtros o que pensa, brincou: “Fernando Henrique é nosso ombudsman. Ele diz o que pensa e ninguém pode demiti-lo”.
Bruno negou que a busca pelos 81 quilos teve a ver com política. Mas, perguntado se o assédio de eleitoras havia aumentado agora que é um homem magro, lembrou que perdeu peso exatamente na chegada à prefeitura. “E o que embeleza mesmo é o poder, não é?”, encerrou, numa gargalhada.

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