"Bolsonaro defende senso comum; Flávio Rocha tem fundamento", diz Kim Kataguiri

"Bolsonaro defende senso comum; Flávio Rocha tem fundamento", diz Kim Kataguiri

Líder do Movimento Brasil Livre explica como se deu a aproximação com o dono da Riachuelo. Segundo ele, o nome do empresário precisa entrar nas pesquisas para se tornar competitivo na disputa presidencial

LUÍS LIMA
22/03/2018 - 20h01 - Atualizado 22/03/2018 21h26
O ativista Kim Kataguiri, um dos líderes do Movimento Brasil Livre (MBL), tem ocupado grande parte do seu tempo na articulação de sua candidatura como deputado federal pelo DEM de São Paulo. Em paralelo, dedicou parte de sua agenda, na semana passada, para escrever um artigo ao jornal Folha de S. Paulo, em que lança Flávio Rocha, dono da Riachuelo, como candidato do movimento na disputa presidencial de 2018. “Tenho orgulho de afirmar: Flávio Rocha, único presidenciável que conjuga o combate ao politicamente correto com responsabilidade fiscal e propostas sérias para a segurança pública, é o candidato do Movimento Brasil Livre à Presidência da República”, escreveu. Flávio, em resposta à ÉPOCA, agradeceu o apoio. "O apoio do MBL ao meu nome é sólido, consistente e muito claro. É um dos maiores movimentos políticos do país, e ele se une a outras forças que têm me estimulado na direção de uma candidatura.”

O flerte dos dois remonta a setembro de 2015. Foi após se posicionar a favor do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, que o empresário chamou a atenção do MBL. “Quem fez o primeiro contato foi o Renan Santos, coordenador nacional do MBL, por telefone”, conta Kataguiri. No segundo semestre do ano passado, a relação foi azeitada por Gabriel Kanner Rocha, sobrinho de Flávio, que se aproximou do MBL, sobretudo de Renan.

Na opinião de Kataguiri, Rocha é o único candidato viável que compartilha dos mesmos valores do MBL. Também aposta que a viabilidade da candidatura ocorrerá a partir do momento que o nome do empresário começar a aparecer nas pesquisas eleitorais, o que, segundo ÉPOCA apurou, deve começar a acontecer muito em breve. À agência Reuters, nesta quarta-feira (21), Rocha confirmou que se candidatará e que conversa com seis partidos para definir sua filiação, que tem prazo limite de 7 de abril para acontecer. Entre esses partidos, estão PRB, PP, PTB e MDB.
Na conversa com ÉPOCA, o ativista afirmou que são os temas voltados aos costumes que despertarão paixões na corrida eleitoral de 2018. Nesse sentido, Rocha e MBL também concordam. Sobre a diferença entre Rocha e o pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL-RJ), Kataguiri disse que o militar defende o senso comum, enquanto o empresário tem fundamento em suas convicções. "O Bolsonaro defende mais o senso comum do que valores conservadores. Ele não os conhece, não sabe o que é o princípio da prudência, não fundamenta aquilo que ele defende." Confira a entrevista.
ÉPOCA - Como se deu a aproximação entre o MBL e o Flávio Rocha?
Kim Kataguiri - Quem fez o primeiro contato foi o Renan Santos, coordenador nacional do MBL, por telefone, depois que o Flávio se posicionou a favor do impeachment, em setembro de 2015, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Ele foi o primeiro grande empresário a assumir essa posição publicamente. Na conversa, Renan propôs uma parcerias, para fazer vídeos, repercutir declarações dele etc.
ÉPOCA - Mas quando e como a relação se fortaleceu a ponto de virar uma apoio formal a uma candidatura à Presidência?
Kataguiri - Quando, exatamente, não sei. Mas foi depois que conhecemos o Gabriel Rocha, sobrinho dele, que a gente se aproximou mais, no segundo semestre do ano passado. O Renan fez amizade com ele, e aí, através do Gabriel, soubemos que ele queria se empenhar mais na política, que estava cansado de ser “empresário-moita”, de não aparecer, não dar a cara a tapa. E aí aconteceu essa aproximação.
ÉPOCA - Quem, dentro do MBL, tem contribuído mais ativamente para viabilizar uma candidatura de Rocha?
Kataguiri - O Renan tem se empenhado mais. No meu caso é mais uma esperança do que uma briga. O cenário de candidatos está muito ruim. Dos grandes e viáveis, não temos nenhum que, de fato, seja alinhado com o MBL, nem o Alckmin, nem o Bolsonaro, nem Ciro, nem Marina. E o que estaria mais alinhado não é viável, que é o Amoêdo, do Novo. E que falta ele entrar em brigas, que o Flávio está disposto a fazer. O Amoêdo fica mais restrito na economia. O Flávio seria um alento. Ao mesmo tempo que ele tem esses valores, ele junta experiência  empresarial, tem um nome, história. Já foi deputado, tem experiência política. E, a meu ver, se tornar-se viável, pode inclusive aglutinar partidos da base do governo, que hoje são os mais relevantes em termos de tempo de TV e fundo partidário, que ainda estão confusos, não se posicionaram.
ÉPOCA - O que falta para o Rocha se tornar viável?
Kataguiri - Acho que ele precisa começar a aparecer nas pesquisas. Começando a aparecer, os partidos começam a se interessar, e aí ele entra no debate presidenciável mesmo.

ÉPOCA - De que forma o MBL contribuiu e contribui para o Brasil 200?
Kataguiri - Foi mais no sentido de catalisar a ideia do movimento. A ideia de buscar os empresários e de ter um lugar para o que setor produtivo tivesse uma voz política é mais do Flávio. Mas acho que o MBL tem um papel importante em catalisar a iniciativa. Por isso que tanto a página [do Brasil 200 no Facebook], como as citações do movimento da imprensa cresceram tão rapidamente. Temos ajudado nesse sentido.
Kim Kataguiri, líder do Movimento Brasil Livre, na avenida Paulista, neste domingo (16) (Foto: Bruno Ferrari/ÉPOCA)

ÉPOCA - Compactua com a avaliação do Flávio de que são os temas ligados aos costumes que decidirão as eleições presidenciais em 2018?
Kataguiri - A parte dos costumes é fundamental porque é o que desperta paixões. Ninguém fica se matando pra discutir a taxa de juros, por mais importante que seja para o mercado financeiro. A população em si não tem discussões apaixonadas sobre isso. Agora, sobre aborto, feminismo e cotas, as pessoas têm convicções. Mesmo antes de ler algo sobre o assunto, as pessoas já têm uma opinião. É algo que mobiliza bastante e faz com que a divergência política aflore. E é uma das razões pela qual o Bolsonaro cresceu tanto, mesmo sem ter uma estrutura política por trás.

ÉPOCA - Por falar em Bolsonaro, qual a principal diferença entre Rocha e ele?
Kataguiri - O Bolsonaro defende mais o senso comum do que valores conservadores. Ele não os conhece, não sabe o que é o princípio da prudência, não fundamenta aquilo que ele defende. É mais o senso comum, de o que parece ser de preferência da maioria da população. Mas ele não sabe o porquê do que ele defende, e o Flávio sabe.
ÉPOCA - Em que medida você acredita que o aspecto religioso do Flávio, fiel da Sara Nossa Terra, o inspira a defender os costumes conservadores?
Kataguiri 
- Tem uma relação, não é algo que não tenha absolutamente nada a ver. A espiritualidade para algumas pessoas é algo que as faz dar valor à vida. Mas a defesa do Flávio, nessa frente dos costumes, é mais fundamentada no que ele leu, nos autores de esquerda, tipo Adorno e Marcuse, da escola de Frankfurt. E vê neles mais estratégia política, de como chegar ao poder, do que uma discussão de conteúdo em si. Essa bagagem teórica eu acho que fundamenta mais do que a religião no caso do Flávio.

ÉPOCA - Se o Flávio não se candidatar, de que forma o Brasil 200 pode influenciar as eleições?
Kataguiri 
- Certamente influenciará, porque é um movimento que junta vários nomes de peso, pessoas relevantes, e que têm um posicionamento aberto e uma agenda clara. Isso com certeza tem uma importância eleitoral. Se o Flávio não se candidatar, e outro  candidato adotar esses valores, certamente ele terá um apoio de peso, inclusive o nosso, até porque os valores, do MBL e do Brasil 200 são os mesmos.

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