Amigos de Temer presos na quinta-feira são alvos de denúncia apresentada há dez dias por procuradores da República


Amigos de Temer presos na quinta-feira são alvos de denúncia apresentada há dez dias por procuradores da República

Procuradoria da República no DF incluiu José Yunes e João Baptista Lima Filho em denúncia contra políticos do MDB por organização criminosa. Se Justiça aceitar a denúncia, eles se tornarão réus.




Por Camila Bomfim, TV Globo, Brasília

31/03/2018 11h07 Atualizado há 4 horas




José Yunes (esq.) e João Baptista Lima Filho (Foto: Paulo Giandália/Estadão Conteúdo/Arquivo e Reprodução/TV Globo)



Os dois amigos do presidente Michel Temer presos na quinta-feira (29) pela Polícia Federal na Operação Skala, o advogado José Yunes, ex-assessor da Presidência, e o coronel aposentado da Polícia Militar de São Paulo João Baptista Lima Filho, foram denunciados à Justiça Federal no último dia 21 pela Procuradoria da República no Distrito Federal.


Por meio de um aditamento, eles e o operador financeiro Lúcio Funaro, delator da Operação Lava Jato, foram incluídos na denúncia do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, que acusa de formação de organização criminosa políticos do MDB. No mesmo aditamento, foram incluídas na denúncia outras duas pessoas, cujos nomes a TV Globo buscava apurar até a última atualização desta reportagem.


Se a denúncia for aceita pelo juiz Marcus Vinicius Reis, da 12ª Vara da Justiça Federal em Brasília, Yunes e Lima Filho se tornarão réus. No caso de Funaro, a denúncia só terá efeito se ele for condenado a menos de 30 anos de prisão nos processos aos quais responde – esse é o tempo limite de prisão previsto no acordo de delação que firmou com o Ministério Público.


A defesa de Yunes disse que tomou conhecimento da acusação pela imprensa e repetiu que ele sempre pautou a atuação profissional pela correção e pela ética. O advogado do de João Baptista Lima Filho informou que só vai se manifestar quando tiver acesso a todo conteúdo do processo. A defesa de Lúcio Funaro afirmou que ele segue colaborando com a Justiça.


A informação sobre a inclusão de Yunes e Lima Filho na denúncia foi antecipada na edição deste sábado (31) do jornal "O Globo".


Segundo os procuradores, o aditamento inclui "novos e robustos elementos probatórios" obtidos a partir de documentos coletados na Operação Patmos, da Polícia Federal, realizada em maio do ano passado.


Nessa operação, um dos alvos de busca e apreensão foi a empresa Rodrimar, onde a Polícia Federal fez novas buscas na quinta-feira, durante a Operação Skala, um desdobramento da Patmos, cujo objetivo foi coletar provas para o inquérito que investiga se, em troca de propina, o presidente Michel Temer editou um decreto a fim de favorecer empresas portuárias, em especial a Rodrimar. Temer nega. A empresa diz que nunca pagou propina a nenhum agente público. Na Operação Skala, Yunes e Lima Filho foram presos temporariamente (por cinco dias).



Os denunciados por Janot por formação de organização criminosa, no caso apelidado de "quadrilhão do MDB" são os o presidente Michel Temer; os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria Geral da Presidência); o ex-ministro Geddel Vieira Lima; os ex-deputados Eduardo Cunha, Henrique Alves e Rodrigo Rocha Loures; o empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, e o executivo do J&F Ricardo Saud.


Nos casos de Temer, Padilha e Moreira Franco, que têm foro privilegiado devido à condição de presidente e ministros, o caso foi para o STF, mas o processo está suspenso porque a Câmara dos Deputados não deu autorização para tivesse continuidade. Os casos dos demais denunciados, que não têm foro, tramitam na primeira instância da Justiça Federal.


De acordo com a Procuradoria Geral da República, os denunciados formaram um núcleo político para cometer crimes contra empresas e órgãos públicos. Todos negam as acusações.

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