18 perguntas para Meirelles

18 perguntas para Meirelles

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de 72 anos, opina sobre as diferenças entre trabalhar para os governos Lula e Temer e tergiversa sobre seu futuro eleitoral

DANIELA PINHEIRO
26/03/2018 - 08h01 - Atualizado 26/03/2018 08h01
Meirelles vê vantagens e desvantagens em ser um candidato rico (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
1. Qual foi a maior besteira que o senhor já ouviu sobre a economia brasileira?
A besteira de que não existem problemas fiscais, que existe um grande superávit da Previdência Social e que, em resumo, sobram recursos e o governo pode gastar à vontade.

2. É difícil defender um governo que tem 6% de aprovação?
Não, eu acho que o importante é a realidade, e a realidade é que as reformas estão sendo feitas, o país está sendo modernizado e, principalmente, está saindo da maior recessão da história e crescendo. Portanto, é muito fácil quando os fatos são favoráveis. E se basear em fatos concretos e números positivos, minha experiência diz que sempre é mais fácil e viável.
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3. Onde o senhor quer ver o presidente Michel Temer no dia 1o de janeiro de 2019?
Existem duas hipóteses. Caso eu decida ser candidato, na minha posse. Caso eu decida não ser candidato e ele decida ser candidato, na posse dele.

4. Onde o senhor gostaria de ver o ex-presidente Lula no dia 1o de janeiro de 2019?
(Silêncio) Quero vê-lo confraternizando com os amigos, porque nesse caso seria de minha preferência o dia em que nós estaremos tomando posse e ele estaria celebrando com os amigos pelo fato de o país continuar na democracia. E, apesar da derrota do PT, ter tido um desempenho bom.

5. O senhor se googla? Pesquisa o próprio nome na internet para ver o que estão falando de sua pessoa?
Não.

6. Qual é a maior debilidade da elite brasileira?
Eu acho que poderia haver maior engajamento nos assuntos que mais interessam o país, mesmo que tragam prejuízos de curto prazo a setores específicos.
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7. Por exemplo?
Determinados subsídios que são prejudiciais e criam tetos fiscais que prejudicam a economia e prejudicam a todos. Evidentemente, eu acho que esses setores poderiam, por exemplo, em um cenário ideal, entender que existe um grande benefício para o país e para eles próprios caso a economia cresça. Para isso, é necessário controlar o déficit, o que significa que não é possível dar tanto subsídio.

8. Por que não se devem taxar grandes fortunas?
Nós estamos propondo a taxação dos fundos de investimento, que é exatamente onde as grandes fortunas são aplicadas. Nós estamos fazendo a taxação diretamente na aplicação dos recursos, que é a maneira mais eficaz de efetuar essa tributação, segundo toda a experiência que já avaliei no mundo inteiro.

9. O que falta ao povo brasileiro?
Eu acho que o povo brasileiro é um povo sábio, é um povo lutador. Seria muita pretensão de qualquer um definir o que está faltando ao povo. Evidentemente, do ponto de vista das escolhas ou da posição de cada um. Agora, é claro que precisamos, sim, criar empregos e eliminar o desemprego. Isso, sim, falta à população: mais emprego, mais renda e mais garantia de crescimento do padrão de vida de cada um.

10. Se o senhor for candidato e lhe negarem a Presidência da República, continua na vida política fazendo o quê?
Não tenho essa avaliação no momento, porque, caso decida ser candidato, minha expectativa seria, evidentemente, ganhar a eleição. Não estou tratando agora de outra alternativa a não ser a alternativa de não sair candidato.
11. Um candidato rico tem mais chance que um candidato pobre?
Eu não acredito que isso faça grande diferença, não. Existem vantagens e desvantagens. O importante é a mensagem ao eleitor, a preferência e estar sintonizado com o que o país quer naquele momento.

12. Qual é a vantagem e qual a desvantagem de ser um candidato rico?
Olha, como eu disse, não há grande diferença, porque o candidato que não tenha recursos próprios pode perfeitamente arrecadar, e até ter mais recursos disponíveis para a campanha. Então, o que eu quero dizer é o seguinte: não há diferença substancial do ponto de vista eleitoral, em minha opinião.

13. O que o senhor responde quando falam que virou evangélico apenas para entrar na política?
Em primeiro lugar, é uma informação equivocada, porque eu não virei evangélico. Eu concluí, e muitos evangélicos também, que nós temos valores similares de ética, de trabalho duro, de compromisso com a honestidade e com a integridade. Portanto, baseado nesses valores comuns, eu tenho me identificado e trabalhado com os evangélicos. Portanto, é equivocada a informação de que me converti a alguma coisa. Esses valores eu sempre tive em minha vida toda.

14. Qual será seu problema na campanha?
Em primeiro lugar, eu não decidi ainda que vou entrar na campanha. A segunda questão vai ser articular muito bem exatamente qual é a mensagem que melhor expressa exatamente tudo aquilo que eu penso.

15. Se o senhor for candidato, quem vai ficar em seu lugar?
Não tive ainda essa conversa definitiva. Não sei, portanto, qual seria a escolha do presidente.

16. Qual é a grande diferença entre ter trabalhado para um governo petista e, agora, para o governo atual?
São trabalhos muito diferentes. Eu, como presidente do Banco Central, tinha um acordo de completa independência com o então presidente Lula. Agora, como ministro da Fazenda, sou parte do governo do presidente Temer. São trabalhos muito diferentes e, portanto, não são comparações diretas, na medida que um era o trabalho no Banco Central, essencialmente técnico. Agora, é um trabalho que tem ajuste fiscal, reformas discutidas com o Congresso. São trabalhos de características muito diferentes.

17. Qual foi a pessoa mais chata que o senhor conheceu recentemente?
Aí já tem uma competição dura. (Risos)

18. O senhor será candidato?
Tomarei essa decisão até o dia 7 de abril.

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