Quem foi 'Fidelito', filho de Fidel Castro que se suicidou em Cuba
Quem foi 'Fidelito', filho de Fidel Castro que se suicidou em Cuba
Direito de imagemAFPImage captionMorto aos 68 anos, filho mais velho de Fidel teve uma trajetória profissional dedicada à ciência
Na academia, vários livros e inúmeros artigos publicados sobre ciência e educação. No governo de Cuba, passagens por cargos de liderança nem sempre bem-sucedidas.
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Mas na ilha, Fidel Castro Díaz-Balart, o "Fidelito", filho mais velho do ex-líder cubano, Fidel Castro, está sendo lembrado pelo governo como um homem que "obteve relevantes reconhecimentos nacionais e internacionais". E entre seus admiradores, como alguém que "foi do povo", dono de "uma modéstia impressionante", além de "um grande trabalhador da ciência", responsável por ajudar Cuba no desenvolvimento das ciências físicas e nucleares e da nanotecnologia.
"Fidelito" (algo como "Fidelzinho" em português) cometeu suicídio nesta quinta em Havana, segundo divulgaram os meios de comunicação oficiais do governo, hoje liderado por seu tio, Raúl Castro. Vice-presidente da Academia de Ciências e de assessor científico do Conselho de Estado, ele estaria em tratamento devido a um quadro de depressão.
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A divulgação de sua morte nos meios de comunicação oficiais de Cuba gerou surpresa na ilha, onde a imprensa normalmente não detalha causas de mortes, principalmente em casos de suicídio - um ato que o governo considera desonroso.
A informação foi divulgada pela televisão estatal e pelo site oficial Cubadebate. De acordo com o material veiculado, Fidelito "vinha sendo atendido há vários meses por uma equipe médica, devido a um quadro de depressão profunda".
Como parte do seu tratamento, ele teria ficado internado por algum tempo, mas depois seguiu para o acompanhamento ambulatorial.Direito de imagemAFPImage captionFidel Castro e o filho, Fidelito: divulgação de notícia sobre o suicídio na imprensa oficial causou surpresa
Mas quem foi Fidelito?
Físico nuclear graduado pelo Instituto Superior de Ciência e Tecnologias Nucleares da antiga União Soviética, ele carregava em seu currículo uma forte atuação acadêmica. Por mais de uma década, foi enviado como representante de delegações científicas e educacionais do governo de Cuba a vários países.
No governo, chegou a ocupar cargos de liderança nessa área, mas nem sempre foi bem sucedido.
Uma das atividades que assumiu durante a gestão do pai foi o desenvolvimento da Central Nuclear Juragua, um projeto para levar energia atômica à ilha que acabou suspenso após o colapso da União Soviética.
Fidelito liderou o programa nuclear entre 1980 e 1992. Nesse período, era secretário executivo da Comissão de Energia Atômica de Cuba, mas acabou destituído. Segundo o próprio pai, por "ineficiência".
Ele se manteve então em relativo anonimato até 1999, quando foi nomeado assessor do Ministério da Indústria Básica.Direito de imagemREUTERSImage captionSelfie com a socialite americana Paris Hilton em Havana ganhou destaque na mídia internacional em 2015
A imprensa oficial cubana havia citado Fidelito pela última vez em outubro do ano passado, quando noticiou que ele havia viajado para participar, no Japão, de um fórum de ciência e de reuniões com executivos da Nikon e da Shimadzu, fabricante de equipamentos científicos nas áreas analítica, médica e de biotecnologia.
Uma de suas últimas aparições a ganhar a atenção da mídia internacional ocorreu durante visita da socialite americana Paris Hilton e da modelo e atriz britânica Naomi Campbell a Havana, em 2015. Ele e Paris fizeram uma selfie juntos no Festival Internacional de Havana.
Um ano depois, em dezembro de 2016, voltou a ser visto - desta vez no enterro do pai, morto aos 90 anos.Direito de imagemAFPImage captionUma de suas aparições públicas foi no enterro do pai, em 2016
Família
Fidel Castro Díaz-Balart era o mais velho dos nove filhos do ex-presidente de Cuba, e o único de seu primeiro casamento.
A mãe, Mirta Díaz-Balart, era integrante de uma das famílias mais ricas da ilha. Após se separar de Fidel - com quem ficou casada de 1948 a 1955 - ela emigrou para os Estados Unidos e posteriormente se exilou na Espanha.
O tio, Rafael Díaz Balart, que integrou o governo do ditador Fulgêncio Batista (destituído do poder em meio à revolução liderada por Castro, em 1959) era crítico de Fidel. Mas não só ele: a família materna de Fidelito se tornou figura proeminente na comunidade anti-Fidel na Flórida. Um primo, Mario Díaz-Balart, é deputado nos EUA, por exemplo.
Castro Díaz-Balart era atualmente casado com María Victoria Barreiro e pai de três filhos, Fidel Antonio, Mirta María e José Raúl - frutos de seu primeiro casamento, com a russa Olga Sminova.
Detalhes sobre o funeral não haviam sido divulgados até a publicação desta reportagem.
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