PAPA PROTEGE PEDÓFILOS DO CHILE E DE TODA A IGREJA PEDÓFILA CATÓLICA






MUNDO


“Foi sem querer”, diz papa Francisco aos chilenos

Pontífice pede perdão às vítimas de abusos sexuais no Chile, depois de ter exigido “provas” aos denunciantes
ARIEL PALACIOS
04/02/2018 - 10h01 - Atualizado 04/02/2018 10h01
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Os papas não recuam voluntariamente. Pelo menos, não o fazem em público. Não estão acostumados a pedir perdão de forma explícita por suas medidas ou atitudes. Mas, na contramão de boa parte de seus 263 antecessores, o argentino Jorge Bergoglio, o papa Francisco, pediu desculpas no dia 22 de janeiro por ter exigido “provas” às vítimas dos abusos sexuais protagonizados nos anos 1980 e 1990 pelo padre Fernando Karadima e pelo encobrimento realizado pelo bispo de Osorno, Juan Barros. O papa se retratou a bordo do avião que o levava a Roma depois de uma visita ao Chile e ao Peru. “Devo pedir desculpas porque a palavra ‘prova’ feriu muitos abusados. Foi sem querer.”

Além da declaração pública, o papa deu uma guinada em sua postura de não levar em conta essas denúncias e determinou o envio a Santiago do Chile do “007” do Vaticano, o cardeal canadense-maltês Charles Scicluna, que terá a missão de ouvir as vítimas e investigar os casos.
FAMA DE IMPLACÁVEL
“007” do Vaticano, o cardeal canadense-maltês Charles Scicluna terá a missão de ouvir as vítimas e investigar os casos (Foto: Andreas Solaro/Afp)


Scicluna foi promotor de justiça da Congregação para a Doutrina da Fé e em 2012 transformou-se no principal investigador dos escândalos de corrupção e pedofilia envolvendo os Legionários de Cristo, organização religiosa de direita, fundada no México, que antes de Francisco já havia sido alvo de uma intervenção do papa Bento XVI. Scicluna – que tem fama de “cão farejador” para descobrir pistas – também investigou os abusos sexuais do cardeal escocês Keith O’Brien. O enviado do Vaticano também é conhecido por “tolerância zero” com pedófilos e pela grande credibilidade que possui entre as vítimas dos clérigos abusadores.

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Os principais protagonistas do escândalo chileno são o padre Fernando Karadima e o bispo Juan Barros. Karadima foi um influente sacerdote nas elites de Santiago desde os anos 1960. Em 1973 colaborou com o golpe militar realizado em 1973 pelo general Augusto Pinochet. Nos anos 1980 abusou sexualmente de menores. As primeiras denúncias contra ele surgiram em 2004 e cresceram em 2010. Seu antigo discípulo, Juan Barros, bispo de Osorno, tentou encobrir os abusos realizados por seu amigo – as vítimas afirmam que Barros estava presente na hora em que Karadima realizava os atos de pedofilia. Barros, por seu lado, teve fortes vínculos com a família de Pinochet e em 2006 oficiou a missa fúnebre do ex-ditador.

Em 2011, ainda no pontificado de Bento XVI, a Santa Sé considerou que Karadima era culpado das acusações de abusos sexuais violentos a menores, por hebefilia (interesse sexual por adolescentes) e por abuso de poder eclesiástico. No entanto, a pena foi leve: a Igreja sentenciou Karadima a uma vida de oração e penitência, além da proibição perpétua de exercício público do ministério, dentro do convento de freiras Servas de Jesus, em pleno centro de Santiago. Na Justiça civil, Karadima salvou-se de uma condenação, já que os episódios denunciados haviam prescrito.

Mas, Juan Barros, que havia encobertado boa parte dos abusos de Karadima, em vez de também ser punido, foi promovido a bispo de Osorno. Barros conta com um protetor poderoso, o cardeal Francisco Errázuriz, arcebispo emérito de Santiago, que por seu lado é velho amigo do papa Francisco. Em 2015 o pontífice já havia feito uma enfática defesa do bispo de Osorno, afirmando que as pessoas que acusavam o bispo chileno eram “tontas” e que haviam sido enganadas por “zurdos” (gíria argentina para “esquerdistas”).

O escândalo da pedofilia no âmbito clerical chileno é amplo. Ele também envolve como abusadores quatro bispos, 66 sacerdotes, um diácono, dois consagrados, seis irmãos maristas e uma freira. A revelação dos crimes e a forma como a Igreja lidou com os casos corroeram a imagem da organização e da própria religião. Pesquisas feitas pelo instituto Latinobarómetro, do Chile, mostram que a proporção de pessoas que se dizem católicas no país caiu de 73% a 44% nos últimos dez anos. Foi uma queda maior do que a registrada nos outros países da América Latina. Além disso, só 36% dos chilenos dizem confiar na Igreja Católica. A média na região, que inclui o Brasil, é de 65%.

O papa deixou evidente que para a Igreja os principais suspeitos são as vítimas"

LEILA GUERREIRO, ESCRITORA E JORNALISTA ARGENTINA

O ensaísta chileno Ariel Dorfman, professor na Universidade de Duke, Estados Unidos, afirmou em um artigo publicado no The New York Times antes do desembarque do pontífice em Santiago que o papa “poderia ajudar a exorcizar os fantasmas e aliviar as feridas do Chile. Ou ele pretende deixar o país sem ter sido verdadeiro à mensagem liberadora de Jesus?”.

Ao chegar ao Chile, o papa declarou: “Não posso deixar de manifestar a dor e a vergonha perante o dano irreparável causado a menores de idade por parte de representantes da Igreja”. No entanto, não anunciou o afastamento do bispo Barros – que depois participou, ao lado do papa, da missa dada no Parque O’Higgings. Na ocasião, na Nunciatura na capital chilena, Francisco recebeu de forma privada um grupo de vítimas dos abusos. Não recebeu em público, porém, Juan Carlos Cruz, José Murillo e James Hamilton, as mais famosas vítimas chilenas dos abusos.

E, dias depois, durante sua visita à cidade de Iquique, perante as perguntas da imprensa sobre os casos de pedofilia, declarou, visivelmente irritado, que “o dia em que me tragam uma prova contra o bispo Barros, aí verei. Não há uma única prova contra (ele). Tudo é calúnia. Fica claro?”.

As declarações do pontífice geraram uma onda de indignação em diversos setores religiosos e laicos em todo o planeta. A compatriota de Francisco, a escritora e jornalista Leila Guerriero, afirmou que “não houve novidade” no comportamento do Vaticano sobre o assunto. “O papa deixou evidente que para a Igreja os principais suspeitos são as vítimas, aqueles que são questionados por não terem feito as denúncias na época, e aos quais se pedem mais e mais provas”, afirmou Leila.

Para quem defende as vítimas dos abusos, o pedido de desculpas papal ainda não é o suficiente. Segundo o ex-padre mexicano Alberto Athié, “não basta pedir perdão se não ouve as vítimas”. A jornalista argentina Elisabetta Piqué, autora da biografia Francisco, vida e revolução, diz que assessores do papa não lhe entregaram as cartas enviadas pelas vítimas. Ela indica que a guinada do pontífice demonstraria que desde o início de seu papado ele se autodefiniu como “pecador” e “falível” e que é humano e sabe se corrigir. Mas Elisabetta afirma que, por outro lado, o caso deixa clara a existência de manobras questionáveis, não somente da hierarquia eclesiástica chilena, mas também daqueles que deveriam ser seus colaboradores no Vaticano, que filtraram as informações e não o ajudaram.

Nesta quase meia década de pontificado, Francisco já foi classificado de “comunista” por setores da direita, ao mesmo tempo que grupos de esquerda o acusaram de “fascista”. Na recente visita ao Chile, grupos de esquerda de mapuches, a maior etnia indígena chilena, incendiaram capelas católicas na véspera da chegada do papa, condenando sua presença no país por pertencer “à imperialista Igreja Católica”. Seu comportamento inicial sobre o caso dos abusos sexuais lhe valeu críticas de grupos feministas. Mas, dias depois, no Peru, quando condenou a devastação de matas amazônicas e a obsessão pelo lucro nas atividades de mineração, o papa foi chamado de “marxista” por parte de grupos neoliberais.
PUNIÇÃO
O padre Fernando Karadima foi condenado pelo Vaticano a uma vida de oração pelos abusos. Na Justiça comum, os crimes prescreveram (Foto: Vladimir Rodas/Afp)

Fortunato Mallimaci, pesquisador do Conselho de Ciência e Tecnologia (Conicet), professor da Universidade de Buenos Aires e especialista em sociedade e religião, afirmou que é difícil tentar encaixar o papa Francisco dentro do leque ideológico. “Seria como tentar classificar o catolicismo... é muito social ao mesmo tempo que mantém fortes concepções doutrinárias”, afirma. Para Mallimaci, é um erro comum achar que um sacerdote comprometido com os pobres não poderia estar vinculado ao mesmo tempo ao lado doutrinário, onde as posturas são intocáveis, especialmente no que concerne à mulher. “As pessoas esquecem que Francisco santificou João Paulo II, um ultraconservador”, diz. Segundo Mallimaci, Francisco não defende a Teologia da Libertação, que prega processos libertadores dos pobres. “O papa não prega a organização dos pobres em grupos autônomos para que transformem as estruturas. Ele defende uma maior presença da Igreja ao lado dos pobres, o que é outra coisa”, afirma.
PRÊMIO
Juan Barros, que encobriu boa parte das denúncias dentro da Igreja foi promovido a bispo de Osorno (Foto: Alessandro Bianchi/Reuters)

Os próprios argentinos têm dificuldade para decifrar o papa. Desde que em março de 2013 o cardeal portenho Jorge Bergoglio foi entronizado como papa Francisco, ele nunca mais voltou a sua terra natal, a Argentina. A lenda urbana nas redes sociais afirma que o papa não visita a Argentina por rusgas com o presidente Macri. No entanto, o papa tampouco visitou Buenos Aires na época na qual a presidente era Cristina Kirchner. Com ironia, um integrante do clero argentino comentou que: “Primeiro, nenhum papa está obrigado a retornar a seu país de origem, já que o papa deixa de ser de um país e passa a ser o líder espiritual dos católicos de todo o mundo. Segundo, os argentinos conviveram com Francisco quando era padre, bispo e cardeal durante 44 anos de sacerdócio e não davam bola para seu trabalho. Terceiro, nem Jesus voltou a sua cidade natal, Belém”. Quanto a sua relação com a Argentina, o papa nunca pediu desculpas.

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