Oposição sul-coreana fica furiosa com visita de ‘criminoso do Norte’


Oposição sul-coreana fica furiosa com visita de ‘criminoso do Norte’


(2007) O general norte-coreano Kim Yong Chol (c) cruza a fronteira que divide as Coreias em Panmunjom para negociar - POOL/AFP/Arquivos


AFP23.02.18 - 10h39




Parlamentares da oposição protestaram nesta sexta-feira (23) diante da Presidência da Coreia do Sul contra a visita ao país do general norte-coreano Kim Yong-chol, acusado de ser um criminoso de guerra.

Kim Yong-chol lidera a delegação norte-coreana que comparecerá no domingo à cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang.

O evento permitiu uma distensão entre as Coreias após dois anos de grande tensão na península.


A cerimônia de encerramento também contará com a presença da filha mais velha do presidente americano, Ivanka Trump, que desembarcou nesta sexta-feira na Coreia do Sul. Assim como na cerimônia de abertura, os representantes americanos e norte-coreanos não devem se reunir.

Quase 70 parlamentares do Partido da Liberdade da Coreia protestaram diante da Casa Azul, sede da Presidência, para exigir que o presidente Moon Jae-in não autorize a entrada da delegação norte-coreana.





“Kim Yong-chol é um criminoso de guerra diabólico que atacou o Sul. Merece ser enforcado na rua”, afirmou em um comunicado o líder da bancada parlamentar do Partido da Liberdade, Kim Sung-tae.


“Não podemos admitir que um criminoso de guerra tão atroz, que deve ser cortado em pedaços, seja convidado para a cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos”, completa o texto.

O porta-voz do Ministério sul-coreano da Unificação, Baek Tae-hyun, afirmou que a visita do general norte-coreano é “uma oportunidade para melhorar as relações intercoreanas”.

Kim Yong-chol é responsável pelas relações entre as Coreias no partido único que governa a Coreia do Norte.


Os sul-coreanos suspeitam de que ele tenha dado a ordem para torpedear a corveta sul-coreana Cheonan em 2010, uma ação que matou 46 marinheiros.

O Ministério sul-coreano da Defesa também relacionou seu nome aos disparos de 170 obuses e foguetes contra a ilha de Yeonpyeong em 2010, que deixaram quatro mortos, incluindo dois civis.

Depois de dois anos de tensão, provocada pelos programas nucleares e balístico de Pyongyang, assim como pelas ameaças e insultos entre o presidente americano Donald Trump e o dirigente norte-coreano, Kim Jong-un, os Jogos de Inverno possibilitaram a atividade diplomática em uma das regiões mais difíceis do mundo.

Para a cerimônia de abertura, o líder norte-coreano enviou sua irmã Kim Yo-jong, que ficou a poucos metros do vice-presidente americano, Mike Pence.

As delegações não se encontraram, mas Kim Yo-jong aproveitou a viagem histórica para convidar o presidente sul-coreano para uma reunião em Pyongyang.

Kim Yo-jong foi a primeira pessoa da dinastia que governa o Norte a ir ao Sul após várias décadas.

Pence visitou um memorial em homenagem às vítimas da corveta Cheonan e condenou as violações dos direitos humanos no Norte.

O general Kim Yong-chol não é alvo das sanções da ONU contra autoridades norte-coreanas, mas sofre medidas de retaliação decididas pelo Sul, que incluem o congelamento de ativos.

“Ao enviar Kim Yong-chol, o Norte insulta o Sul e as vítimas del Cheonan”, afirmou um editorial do jornal “Chosun Ilbo”.

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