O DIA EM QUE DODGE CHOROU- Dodge chora e diz que combate ao trabalho escravo é prioridade do MPF


Dodge chora e diz que combate ao trabalho escravo é prioridade do MPF

Procuradora-geral da República participou nesta terça de evento sobre trabalho escravo contemporâneo na sede da PGR. No discurso, lembrou de polêmica portaria do governo Temer.




Por Rosanne D'Agostino, TV Globo, Brasília

06/02/2018 15h31 Atualizado há menos de 1 minuto






Raquel Dodge se emociona ao defender combate ao trabalho escravo



A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou nesta terça-feira (6) que o combate ao trabalho escravo é uma prioridade do Ministério Público Federal.


Durante discurso na abertura de um evento sobre a escravidão contemporânea na sede da Procuradoria-Geral da República, Dodge chegou a se emocionar e chorou ao falar sobre o assunto.


A procuradora lembrou da polêmica portaria editada em 2017 pelo governo Michel Temer que tratava do trabalho escravo. Em outubro, o governo foi alvo de duras críticas ao estabelecer novas regras que tornaram mais difícil caracterizar o trabalho escravo.


Após a repercussão do caso, o governo recuou e tornou mais rigorosas as definições de jornada exaustiva e condição degradante do trabalhador, além de ter ampliado outros conceitos para a configuração desse tipo de mão de obra.


"Tem sido uma missão muito difícil, uma missão com retrocessos e avanços. Retrocessos semelhantes ao que tivemos ao final do ano com a edição de uma portaria que interferia no conceito de escravidão moderna", disse Dodge.


Segundo a procuradora-geral da República, há momentos em que aqueles que trabalham "em favor de pessoas muito invisíveis, vulneráveis" ficam "desconfiados" da "aptidão, habilidade e resistência em prosseguir nesse trabalho".


Dodge voltou a criticar as penas aplicadas a casos de trabalho escravo. Segundo a procuradora-geral, penas baixas levam a uma sensação de impunidade, pois muitas vezes a prisão é substituída por penas alternativas.


"A violência não cessou, a escravidão não diminuiu, testemunhas continuam sendo assassinadas e a justiça ainda está por ser feita. [...] O caminho é longo", disse a PGR.


Ao final do discurso, a procuradora se emocionou, chorou e foi aplaudida pelos presentes.


"Que este momento seja o momento de realmente reafirmarmos o nosso compromisso contra o trabalho escravo, contra a impunidade, em favor da educação das pessoas que se encontram numa situação de vulnerabilidade que as tornam presas da escravidão para que elas possam realmente romper esse ciclo de fragilidade e possam assumir a plena cidadania que lhes garante a Constituição do estado brasileiro. Esse é nosso dever, não fazemos nisso tudo mais do que nosso trabalho, mas temos sempre que fazê-lo com muito gosto, com muito empenho, com muito foco e com muita prioridade. Queria que soubessem que nesses próximos dois anos, não sei porque sempre me emociono, esta é uma prioridade", concluiu Dodge.

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