General que defendeu intervenção militar no Brasil diz que operação no Rio é ‘meia-sola’ Antônio Hamilton de Mourão defendeu o afastamento do governador do RJ: 'já que há o desgaste, vamos nos desgastar por inteiro'
General que defendeu intervenção militar no Brasil diz que operação no Rio é ‘meia-sola’
Antônio Hamilton de Mourão defendeu o afastamento do governador do RJ: 'já que há o desgaste, vamos nos desgastar por inteiro'
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Tânia Monteiro, O Estado de S.Paulo
28 Fevereiro 2018 | 15h39
BRASÍLIA - Em entrevista à imprensa após cerimônia que formalizou a sua ida para a reserva, o general Antônio Hamilton de Mourão fez críticas à intervenção no Rio de Janeiro e à classe política. "O general Braga Netto (interventor no Rio) não tem poder político, é um cachorro acuado e não vai conseguir resolver dessa forma", disse Mourão, que ficou conhecido por, entre outras polêmicas, defender intervenção militar no País. "É uma intervenção meia-sola", emendou ele, acrescentando que todos, inclusive o governador do Estado, deveriam ser afastados. "Se é intervenção, é intervenção. Já que há o desgaste, vamos nos desgastar por inteiro."
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Questionado se achava que a intervenção não daria certo, ele respondeu: "Poderemos até reorganizar a Segurança Pública, que é a tarefa principal. O Rio de Janeiro é o Estado do crime organizado. Tem o colarinho branco e o ladrão de celular, e os dois níveis estão representados".
General Antônio Hamilton Martins Mourão, em 2006 Foto: Beto Barata/Estadão
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O general Mourão disse ainda que não será candidato a cargo eleitoral, apenas à presidência do Clube Militar. No entanto, prometeu ajuda ao deputado Jair Bolsonaro, que é pré-candidato ao Planalto, em ações de planejamento. "Se tiver que subir no palanque, eu subo", prometeu.
Mourão justificou que não pretende se candidatar, alegando que o "quadro político-partidário é fragmentado". "Não sou melhor do que ninguém, mas falta substância aos partidos. O único capital que tenho é o moral. E a estrutura hoje mostra a fragilidade do regime que vivemos".
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Ele prosseguiu dizendo que a moral e a virtude foram "enxovalhadas". "As pessoas entram na política não para servir, mas para se servir. Esse é o recado. Se não mudar, esse País não tem futuro."
Para o general Mourão, a mudança tem de vir pelo voto da população que precisa saber escolher os seus representantes. Ele disse também que o "Judiciário precisa fazer o papel dele e expurgar da vida pública pessoas que não têm condições de dela participar", acrescentando que esse entendimento inclui também o presidente Michel Temer. "Inclui o presidente da República, sim", disse ao ser questionado.
No seu discurso de despedida, Mourão também elogiou o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, responsável pelo DOI-Codi entre 1970 e 1974 e reconhecido pela Justiça brasileira como torturador. "É herói", classificou.
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Regras claras
Presente à cerimônia de despedida de Mourão, o comandante do Exército, Villas Bôas, defendeu regras de engajamento claras da tropa durante as ações de intervenção no Rio de Janeiro. "São fundamentais", dizendo que cabe aos órgãos da Justiça e do Ministério Público darem respaldo a essas ações. "O Exército é uma instituição democrática, que tem um histórico de preocupação de Direitos Humanos, sem que haja qualquer tipo abuso em relação à população", destacou.
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