Dinheiro recuperado na Operação Lava Jato cai 90%
Dinheiro recuperado na Operação Lava Jato cai 90%
Renato Costa - 3.dez.15/FramePhoto/Folhapress | ||
A delação do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco devolveu aos cofres públicos R$ 290 milhões |
Desde que foi deflagrada, em março de 2014, a operação já conseguiu R$ 11,5 bilhões, um recorde na história brasileira. Antes da Lava Jato, o órgão do governo responsável por essa área, o DRCI, tinha recuperado US$ 14,9 milhões entre 2005 e 2014, o equivalente a R$ 49 milhões hoje.
Recuperação de dinheiro desviado ou multas não seguem uma lógica linear. Mas uma queda de 90% não é obra do acaso, segundo os advogados Celso Vilardi e Sebastião Tojal, que atuaram em cinco acordos de leniência.
Vilardi diz que o governo do presidente Michel Temer (MDB), que é alvo da Lava Jato junto com alguns de seus principais ministros, enfraqueceu os acordos de leniência: propôs multas tão altas que quebrariam as empresas e obrigou-as a negociar com uma série de órgãos públicos, que competem entre si.
"Com o governo Temer, a empresa que fez acordo enfrenta mais dificuldade para sobreviver do que aquelas que não fizeram", afirma Vilardi. "O PMDB [atual MDB] passou uma mensagem muito clara: fechar acordo é uma fria para a empresa".
Um exemplo é a Andrade Gutierrez. A empresa fez um acordo em 2016 e pagou R$ 1 bilhão de multa, cifra só menor do que os valores pagos pela Odebrecht (R$ 3,8 bilhões) e Braskem (R$ 3,1 bilhões). A empresa reconheceu uma série de crimes e entregou provas que atingiram em cheio a cúpula do MDB do Rio.
No Brasil, além da Procuradoria, outros órgãos podem assinar leniência. Quando há fraudes em contratos públicos e licitações, a CGU (Controladoria-Geral da União) e o TCU (Tribunal de Contas da União) podem propor o acordo.
Em casos de cartel, crimes contra a ordem econômica e infrações contra as normas do mercado financeiro e de capitais, o Cade (Conselho de Defesa Econômica), o Banco Central e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) também podem negociar leniência.
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MAIORES MULTAS DE DELATORES |
Vilardi endossa as críticas da força-tarefa: "Só o Ministério Público tem poder para fazer acordo. O governo atual e o anterior e órgãos como o TCU [Tribunal de Contas da União] são suspeitos porque seus integrantes são investigados". O advogado diz que atualmente não recomenda a seus clientes que façam acordo.
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MAIORES MULTAS EM ACORDOS DE LENIÊNCIA |
Segundo ele, isso ocorreu porque as investigações atingiram o grupo que está no poder: "Eu não tenho dúvidas de que essa queda nas multas têm um viés político".
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MAIORES VALORES REPATRIADOS |
A Advocacia-Geral da União (AGU) disse, em nota, que ajuizou 6 ações com o objetivo de recuperar R$ 34,4 bilhões desviados em operações irregulares em contratos envolvendo a Petrobras, empresas e agentes públicos.
"Cabe ressaltar na atuação de combate à corrupção, além do uso das ações de improbidade administrativa, a parceria entre a AGU e o Ministério da Transparência e CGU, por meio dos acordos de leniência. Essa frente gerou a incontestabilidade de créditos em valores superiores a R$ 600 milhões".
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