Cenário sem Lula na disputa presidencial altera táticas de pré-candidatos Ausência do petista deixa corrida para o Planalto mais indefinida e aumenta a pulverização de postulantes



Cenário sem Lula na disputa presidencial altera táticas de pré-candidatos
Ausência do petista deixa corrida para o Planalto mais indefinida e aumenta a pulverização de postulantes
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Igor Gadelha, Leonencio Nossa, Constança Rezenda, Marianna Holanda e Ricardo Galhardo, O Estado de S.Paulo

31 Janeiro 2018 | 22h13


O ex-ministro Ciro Gomes, do PDT, vai intensificar as negociações para uma aliança com o PSB; o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) decidiu aumentar o ritmo de entrevistas a veículos de comunicação; depois de anunciar que não concorreria ao Planalto, o apresentador e empresário Luciano Huck (sem partido) voltou a figurar como possível presidenciável na disputa de outubro. Os fatos políticos descritos mostram que a expectativa de uma eleição sem a presença de Luiz Inácio Lula da Silva já mexe com o quadro eleitoral e com a estratégia de pré-candidatos ao Planalto.

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Se por um lado a possível ausência do ex-presidente contribui para deixar o cenário ainda mais indefinido, ela também aumenta a possibilidade de pulverização das candidaturas à Presidência. Líder nas intenções de voto, o petista tende a ficar impedido de disputar mais um mandato no Planalto por causa da condenação em segunda instância no caso do triplex de Guarujá (SP). Com a decisão colegiada da 8.ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), Lula poderá ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa.



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Esse processo, contudo, só deverá ser concluído em setembro e o PT afirma que vai insistir com o nome de Lula até o fim.

Ontem foi divulgada a primeira pesquisa após a decisão do TRF-4. O Datafolha mostrou que o petista ainda mantém a dianteira, com até 37% das intenções de voto. Sem Lula, Bolsonaro (atingindo até 20 pontos porcentuais) lidera os cenários do primeiro turno e quatro nomes aparecem em segundo lugar – Marina Silva (Rede), Ciro, Geraldo Alckmin (PSDB) e Huck.


Os tucanos Alckmin e Doria em um evento em São Paulo Foto: Gilberto Marques/A2MG

A pré-candidata da Rede e o presidenciável do PDT são os que mais se beneficiariam da migração de votos do petista. Esta situação deixa Marina em situação de melindre. Ao mesmo tempo em que procura arregimentar o eleitorado lulista, a ex-ministra do Meio Ambiente no governo do petista manteve uma postura de distância do ex-chefe no processo do TRF-4. A Rede chegou a divulgar nota que concluía que “todos são iguais perante a lei”.

Para aliados, Marina terá de modular o discurso para atrair parcela dos simpatizantes de Lula. Procurada ontem, a Rede informou que a ex-ministra não iria dar entrevista.

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No caso de Ciro, o foco no momento é o PSB, legenda com a sétima maior bancada na Câmara, com 32 deputados, e com influência em Estados do Nordeste, entre eles, Pernambuco e Paraíba, onde possui governadores, e do Sudeste, como São Paulo e Minas Gerais.

Além de buscar alianças, Ciro deve intensificar viagens pelo Brasil. A ideia é aproveitar lançamentos de pré-candidaturas do partido a cargos majoritários para rodar o País.

Ele também já definiu o perfil de candidato a vice que vai procurar. “Queremos alguém com bom relacionamento com o empresariado do Sul-Sudeste. Procuramos um José Alencar”, disse o novo líder do PDT na Câmara, deputado André Figueiredo (CE), em referência ao vice-presidente da República – morto em 2011 – durante os dois governos Lula.

No caso do PSB, a estratégia de Ciro é trazer o partido para sua órbita por meio dos integrantes da legenda em Pernambuco, considerada a ala mais lulista e cuja posição tem peso nas decisões nacionais da sigla.

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O PSB também se movimenta entre a candidatura própria – uma ala trabalha para filiar o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa – e numa articulação pró-Alckmin do vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB).

Nesta quarta-feira, o tucano voltou a minimizar o resultado das pesquisas neste momento. “O voto vai ser decidido lá na frente, a população tem mostrado maturidade quando as decisões são tomadas mais próximas do período eleitoral. A tarefa é ir para o segundo turno”, afirmou Alckmin, que fez elogios a Huck. “Ele tem realmente espírito público, vocação, pode servir como candidato e pode servir como não sendo candidato”, disse. “Se ele vai ser candidato ou não, cabe a ele avaliar.”

Cobiçado pelo PPS, o apresentador da TV Globo voltou ao espectro da eleição presidencial. Para o deputado federal Roberto Freire, presidente da legenda, a presença de Huck no levantamento do Datafolha representa “um fato novo, que voltou à tona”. “Vamos ver como é que isso vai prosseguir. Vai depender muito dele.”

Bolsonaro avalia que uma eventual ausência de Lula da corrida presidencial pode favorecê-lo. “O Lula saindo quem vai ser mais beneficiado numa pesquisa isenta vai ser eu. É o meu sentimento. Nesse debate quem é que pode chamar quem de ladrão? Acho que só eu”, disse ao Estado.

Mais conhecido pelo trabalho político nas redes sociais, o presidenciável agendou para a próxima semana pelo menos dez conversas com radialistas de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Estados do Sul. Ele ainda deverá ter rápidas participações em programas de rádio do Nordeste e do Centro-Oeste.

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Com uma postura crítica a jornais, revistas e TVs dos grandes centros, o deputado se desdobra para atender pedidos de conversas com profissionais do interior dos Estados e de cidades das regiões metropolitanas.

O resultado do Datafolha reforça a estratégia petista de insistir com o nome de Lula até o fim. O aumento recorde de votos brancos e nulos sem a presença de Lula, constatado pelo instituto, deu base para petistas dizerem que a exclusão do ex-presidente pode deslegitimar a eleição.

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