Carlos Heitor Cony morre aos 91 anos Jornalista e escritor estava internado no Rio; causa da morte foi falência de órgãos. Autor do premiado 'Quase memória', ele era considerado um dos maiores escritores brasileiros vivos.


Carlos Heitor Cony morre aos 91 anos

Jornalista e escritor estava internado no Rio; causa da morte foi falência de órgãos. Autor do premiado 'Quase memória', ele era considerado um dos maiores escritores brasileiros vivos.




Por G1

06/01/2018 11h21 Atualizado há menos de 1 minuto





























Carlos Heitor Cony morreu após complicações decorrentes de uma cirurgia no intestino



O jornalista e escritor Carlos Heitor Cony morreu, por volta das 23h desta sexta-feira (5), aos 91 anos. Ele estava internado desde 26 de dezembro no Hospital Samaritano, no Rio. Em 1º de janeiro, foi submetido a uma cirurgia no intestino e teve complicações. A causa da morte foi falência de órgãos.


Com uma longa carreira de jornalista, iniciada ainda nos anos 1950, e atuação nos principais jornais e revistas do país ao longo das últimas décadas, Cony era considerado um dos maiores escritores brasileiros vivos. Ganhou diversos prêmios e, desde 2000, era membro da Academia Brasileira de Letras (ABL).



FOTOS: Carlos Heitor Cony
REPERCUSSÃO: amigos e personalidades lamentam




É autor de 17 romances, como "O ventre" (1958), "A verdade de cada dia", "Tijolo de segurança" e "Pilatos" (1973), uma de suas obras-primas. Depois deste último, passou mais de 20 anos sem publicar nenhum outro romance, quando lançou "Quase memória" (1995). A obra, que vendeu mais 400 mil exemplares, rendeu o Prêmio Jabuti.


Cony também escreveu coletâneas de crônicas, volumes de contos, ensaios biográficos, obras infantojuvenis, adaptações e criou novelas para a TV. Foi comentarista de rádio, função que exerceu até o fim da vida, na CBN.


Certa vez, perguntado sobre o que gostaria de ver escrito em sua lápide quando morresse, respondeu: "Meu epitáfio seria: 'Aqui não jaz Carlos Heitor Cony. Porque, realmente, aquele que for para debaixo da terra não vai ter nada comigo do que sou hoje e do que eu represento'".




Perfil de Carlos Heitor Cony





Carlos Heitor Cony veste o fardão de membro da Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro. Ao fundo, sua mulher, Bia (Beatriz Lajta) segura o chapéu. Foto de maio de 2000 (Foto: Antônio Gaudério/Folhapress/Arquivo)



Carlos Heitor Cony nasceu no Rio em 14 de março de 1926. Era filho do jornalista Ernesto Cony Filho e de Julieta Moraes Cony. Dizia que, até os cinco anos de idade, foi mudo e não falou uma única palavra:



"Tive problema de fala durante muitos anos, até os 15 anos, e me refugiei na escrita. Porque eu falava tudo errado e zombavam de mim. E, quando eu escrevia, não zombavam de mim, porque eu escrevia certo. Então, eu notei que escrever, para mim, era um destino – não era uma vocação. E, até certo ponto, cumpri esse destino".




Mais velho, cursou humanidades e filosofia no Seminário de São José. Começou a carreira de jornalista escrevendo para o rádio e, em 1952, assumiu o cargo de redator do "Jornal do Brasil" – e entre 1958 e 1960 colaborou no "Suplemento Dominical" do mesmo veículo, escrevendo contos, ensaios e fazendo traduções.




























Conheça a trajetória de Carlos Heitor Cony



Seu primeiro romance foi "O ventre" (1958), que havia sido escrito em 1955, quando o autor tinha 29 anos, para um concurso promovido pela ABL.




Depois, vieram "A verdade de cada dia" e "Tijolo de segurança", com os quais ganhou, por duas vezes consecutivas, o prêmio Manuel Antônio de Almeida.



Já em 1961, entrou para o "Correio da Manhã", nas funções de redator, cronista, editorialista e editor.



Em 1964, após o Golpe Militar, chegou a ser preso em diversas ocasiões e se exilou na Europa e em Cuba. Escreveu, em primeira pessoa, "JK – Memorial do Exílio", memórias do ex-presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976).




Mais tarde, trabalhou por mais de 30 anos na revista "Manchete" e foi diretor de "Fatos & Fotos", "Desfile" e "Ele Ela".



Carlos Heitor Cony, em retrato de 1964 (Foto: Folhapress/Arquivo)


Em paralelo à carreira jornalística, Cony lançou romances marcantes, como "Pilatos", originalmente publicado em 1973. Uma de suas obras-primas, o livro fazia uma sátira da situação política e social do Brasil sob a ditudura.



O protagonista de "Pilatos" é um mendigo que, após um acidente, tem o pênis decepado. O personagem vaga pelas ruas do Rio carregando o membro dentro de um pote de vidro.




Sobre "Pilatos", Cony certa vez declarou ser seu livro favorito e acrescentou: "É a minha visão do mundo, e acho que vou morrer com ela”.



Passaria, então, mais de duas décadas sem lançar qualquer romance, retornando apenas com o premiado "Quase memória" (1995), inpirado nas memórias do pai e que rendeu o Jabuti, uma das mais tradicionais distinções literárias do Brasil.





Ele também levou o Jabuti pelo romance seguinte, "O piano e a orquestra" (1996).



"Ninguém quer morrer sofrendo, chorando e gritando. Eu, pelo menos, não. Quero morrer numa boa", diz Carlos Heitor Cony (Foto: Divulgação)


Entre 1985 e 1990, Cony dirigiu o setor de teledramaturgia da Manchete, tendo sido criador das novelas "Marquesa de Santos", "Dona Beija" e "Kananga do Japão".


Em 1993, substituiu Otto Lara Resende como cronista diário da "Folha de S.Paulo". Também entrou para o conselho editorial do mesmo jornal.



Em 1998, foi condecorado pelo governo francês no Salão do Livro de Paris com a disitinção L'Odre des Arts et des Lettres. Em 23 de março de 2000, foi eleito para a cadeira número 3 da ABL.




Carlos Heitor Cony foi casado por 40 anos com Beatriz Latja. Ele tinha duas filhas, Regina e Verônica, de outro casamento, e um filho, André, de uma terceira relação.




Veja, abaixo, prêmios recebidos por Carlos Heitor Cony:





Duas vezes o Prêmio Manucel Antônio de Almeida, pelos romances "A verdade de cada dia", em 1957, e "Tijolo de segurança", em 1958;
Prêmio Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto da obra, em 1996;
Prêmio Jabuti em 1996, pelo romance "Quase memória";
Prêmio Jabuti em 1997, pelo romance "O piano e a orquestra";
Prêmio Jabuti em 2000, pelo romance "Romance sem palavras";
Em 1998, foi condecorado pelo governo francês no Salão do Livro de Paris com a disitinção L'Odre des Arts et des Lettres;
Grande Prêmio da Cidade do Rio de Janeiro, em 2014, atribuído pela Academia Carioca de Letras.






O escritor Carlos Heitor Cony em sua sala no prédio da Manchete, no Rio de Janeiro, em março de 2000 (Foto: Alexandre Campbell/Folhapress/Arquivo)



O escritor Carlos Heitor Cony recebe, pela terceira vez, o prêmio Jabuti na categoria romance, durante a 6ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, em abril de 2000. O prêmio foi referente ao livro 'Romance sem palavras' (Foto: Evelson de Freitas/Folhapress/Arquivo)



O escritor Carlos Heitor Cony posa em frente à Lagoa Rodrigo de Freitas, com o Corcovado ao fundo, no Rio de Janeiro, em maio de 2000 (Foto: Antônio Gaudério/Folhapress/Arquivo)




Carlos Heitor Cony segura uma revista sobre sua obra durante entrevista no Rio em janeiro de 2002 (Foto: Antônio Gaudério/Folhapress/Arquivo)



O escritor Carlos Heitor Cony recebe o Prêmio Machado de Assis, concedido pela ABL (Academia Brasileira de Letras) pelo conjunto de sua obra, tendo a seu lado o presidente da instituição, Antonio Houaiss. Foto de julho de 1996 (Foto: Patrícia Santos/Folhapress/Arquivo)



Carlos Heitor Cony durante entrega do Prêmio Nacional Nestlé de Literatura, na Academia Brasileira de Letras, em junho de 1997. Ele foi então agraciado pelo romance 'O piano e a orquestra' (Foto: Dadá Cardoso/Folhapress/Arquivo)

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