Raúl Castro deixará a presidência de Cuba em abril de 2018
Raúl Castro deixará a presidência de Cuba em abril de 2018
Titular do cargo desde 2008 após um período de dois anos, Raúl Castro, de 86 anos, já anunciou que não disputará um novo mandato e dará lugar a um líder da nova geração
postado em 22/12/2017 08:23
Havana, Cuba - A Assembleia Nacional cubana votou nesta quinta-feira (21/12) uma modificação no programa das eleições gerais na ilha, adiando a nomeação do sucessor do presidente Raúl Castro para abril de 2018, anunciaram meios de comunicação estatais.
A votação por parte da Assembleia Geral do Conselho de Estado, responsável por eleger o presidente, que inicialmente estava prevista para o final de fevereiro, foi fixada para 19 de abril. Esta mudança de data acontece após o adiamento das eleições locais deste ano, a primeira etapa das eleições gerais de 2017-2018, após a passagem em setembro do furacão Irma, que arrasou grande parte da ilha
Seguindo a proposta do Conselho de Estado, a Assembleia Nacional ampliou a legislatura atual em dois meses na abertura de sua sessão semestral iniciada nesta quinta-feira que ocorre a portas fechadas.
Depois das eleições locais de novembro e dezembro devem ser organizadas, em uma data que ainda não foi marcada, a eleição de cerca de 600 deputados da Assembleia Nacional, que por sua vez votará o Conselho de Estado, encarregado de nomear o novo presidente.
Titular do cargo desde 2008 após um período de dois anos, Raúl Castro, de 86 anos, já anunciou que não disputará um novo mandato e dará lugar a um líder da nova geração.
Sua partida encerrará seis décadas de poder dos irmãos Castro na maior ilha do Caribe, embora espera-se que Raúl continue a liderar o poderoso Partido Comunista Cubano (PCC) até o próximo congresso da organização, previsto para 2021, quando o presidente terá 90 anos de idade.
Seu primeiro vice-presidente e número dois no governo, Miguel Diaz Canel, de 57 anos, é apontado como possível sucessor. Se for nomeado, este engenheiro nascido após a revolução enfrentará a difícil tarefa de estabelecer sua autoridade, consolidando as conquistas da revolução e continuando a indispensável transição econômica esboçada por Raúl Castro.
Ao encerrar a sessão do Parlamento cubano, o presidente acusou o governo do presidente americano, Donald Trump, de fabricar "pretextos" para levar a um nível "sério e irracional" a deterioração das relações bilaterais estabelecidas em 2015.
"Neste retrocesso, os Estados Unidos recorrem novamente à fabricação artificial de pretextos que justifiquem o regresso a políticas fracassadas e universalmente rejeitadas" contra Cuba, disse Castro.
Durante "2017 fomos testemunhas de uma séria e irracional deterioração das relações entre Estados Unidos e Cuba", marcada pelo "recrudescimento do bloqueio (embargo), o regresso da retórica agressiva e a arbitrária aplicação de medidas injustificadas, que afetam sensivelmente os vínculos entre os povos e as famílias".
Em razão da crise provocada por supostos "ataques acústicos" contra diplomatas americanos em Havana, deflagrada em agosto, Washington e Havana atravessam o mais delicado momento desde que restabeleceram suas relações diplomáticas, após meio século de ruptura.
Castro reafirmou que "Cuba não teve ou tem qualquer responsabilidade" nestes incidentes, e que os "resultados das investigações cubanas e americanas até agora não encontraram a mínima evidência das causas e da origem dos problemas de saúde descritos".
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