Em caso de ataque da Coreia do Norte aos EUA, Brasil não corre risco, diz especialista Estudioso de armas nucleares afirma que partículas perigosas não chegariam à América do Sul, ainda que radioatividade possa ser detectada. Região só estará ao alcance de mísseis se norte-coreanos desenvolverem projéteis lançados a partir de submarinos.
Em caso de ataque da Coreia do Norte aos EUA, Brasil não corre risco, diz especialista
Estudioso de armas nucleares afirma que partículas perigosas não chegariam à América do Sul, ainda que radioatividade possa ser detectada. Região só estará ao alcance de mísseis se norte-coreanos desenvolverem projéteis lançados a partir de submarinos.
Por G1
30/11/2017 20h15 Atualizado 30/11/2017 21h46
Imprensa norte-coreana divulgou fotografias do novo míssil balístico intercontinental, o Hwasong-15 (Foto: KCNA via KNS/AFP )
Ainda que a Coreia do Norte cumpra com suas ameaças e lance um ataque nuclear sobre os Estados Unidos, o Brasil não deve temer, já que praticamente não há chances de os efeitos serem refletidos aqui.
Considerando o tipo de armas testadas pelo governo norte-coreano, não há potencial de contaminação em um local tão distante quanto a América do Sul, explica ao G1 Alex Wellerstein, historiador de ciências, especializado em armas nucleares e segredos nucleares e professor de Estudos de Ciências e Tecnologia no Stevens Institute of Technology, em Nova Jersey. Ele é também o criador do site Missilemap, que avalia a trajetória e alcance de mísseis.
“Mesmo com uma arma dez vezes mais potente do que as que eles testaram, as partículas perigosas se espalhariam apenas uns 370 km na direção do vento. As de maior risco ficariam restritas a uma área muito menor. Então, pode-se dizer que a América do Sul provavelmente não está dentro de nenhum risco imediato e direto de uma arma nuclear norte-coreana”, afirma.
Considerando o Hwasong-15, testado esta semana, o alcance máximo das partículas seria bem menor, de aproximadamente 100 km, de acordo com velocidade do vento, direção e outras variáveis.
Wellerstein diz ainda que pode até haver níveis detectáveis de radioatividade na América do Sul, mas estes seriam muito baixos e não constituiriam um importante risco para a saúde pública. Para ele, as maiores preocupações caso um míssil norte-coreano chegue aos EUA seriam em relação aos efeitos políticos, sociais e econômicos que afetariam o mundo todo.
Ele também alude a um cenário no qual várias armas nucleares sejam detonadas, o que poderia gerar quantidades significativas de fuligem e fumaça suficientes para alterar o clima do planeta e prejudicar colheitas. “Mas isso não é muito provável em qualquer projeção com a Coreia do Norte, não acredito nisso”, tranquiliza. “Ou, ainda, se detonações nucleares suficientes para criar esse problema fossem realizadas, já estaríamos em um mundo muito diferente de qualquer forma”, reflete.
Mapa mostra alcance dos mísseis norte-coreanos (Foto: Arte/G1)
Alcance
A América do Sul é ainda o único continente que não está ao alcance de nenhum míssil norte-coreano. O limite atingido pelo Hwansong-15, o mais avançado deles, é estimado em 13 mil km, e especialistas avaliam que carregado com uma ogiva nuclear – e consequentemente mais pesado – essa distância seja reduzida.
“A Coreia do Norte está literalmente do outro lado da Terra (antípodas) da Argentina, então ele (o míssil) precisaria de um alcance enorme para chegar tão longe a partir de uma base terrestre. Eventualmente, porém, se eles desenvolverem um míssil lançado de um submarino (no que parece que estão trabalhando), então qualquer lugar seria vulnerável”, ressalta Wellerstein.
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