Aécio em nova entrevista, diz que vai combater a “corrupção” do PT em Minas
Aécio em nova entrevista, diz que vai combater a “corrupção” do PT em Minas
Em nova entrevista ao jornal Estado de Minas, Aécio afirma que ainda é preciso “encerrar o ciclo do PT”… em Minas, onde ele será candidato.
O senador Aécio Neves (PSDB) está de volta ao jogo político em Minas Gerais e começa, em fevereiro, a se dedicar a reuniões e visitas a pelo menos 10 regiões do estado em busca de reconstruir seu campo político para lançar uma candidatura ao governo.
Como candidato ao Palácio Tiradentes ou ao Senado, o tucano afirma que sua principal missão nas eleições de 2018 será vencer o governador Fernando Pimentel (PT) nas urnas. Vindo de duas derrotas no estado, o tucano aposta na comparação da atual gestão com os 12 anos em que o governo estadual foi comandado por seu grupo para defender a mudança.
Em entrevista ao Estado de Minas, Aécio não poupou críticas a Pimentel. “A situação de Minas é das mais caóticas hoje do Brasil”, disse. Ele também prometeu responder aos mineiros, por onde for, sobre as acusações que enfrenta na Operação Lava-Jato. “Vou enfrentar isso com altivez, olhando nos olhos dos mineiros de forma muito clara”.
Aécio também disse que o cenário da disputa presidencial está indefinido e que, apesar de o ex-presidente Lula (PT) e o deputado Jair Bolsonaro (PSC) estarem à frente nas pesquisas, há espaço para uma candidatura de centro, que poderá ser ocupado pelo PSDB. O tucano afirmou que o partido precisa se apressar e que o governador Geraldo Alckmin, que assumiu o comando da legenda, deve fortalecer seu discurso e andar pelo país.
O tucano também falou sobre a prisão da irmã e disse ter errado ao aceitar que o empresário da JBS, Joesley Batista, lhe fizesse um empréstimo de R$ 2 milhões entregues em uma mala de dinheiro. Ele, no entanto, negou qualquer crime e afirmou não contar em nenhuma hipótese com uma condenação.
O sr. disse que vai concorrer ao governo ou ao Senado em Minas, mas o PSDB e o senhor vêm de duas derrotas no estado. Como espera reverter esse quadro?
São eleições distintas. Perdemos a eleição municipal, tivemos um grande candidato, mas existia um sentimento em torno de algo novo, que o prefeito Alexandre Kalil (PHS) de alguma forma absorveu, e venceu as eleições. Em relação ao governo, vínhamos vencendo há três eleições e política é cíclica. Perdemos a última eleição e acho que isso está possibilitando aquilo que não existia antes: uma comparação, a possibilidade de um contraponto em relação ao que foi feito no nosso governo e o que está sendo feito no dele: o aparelhamento da máquina pública, desorganização absoluta do estado, o sucateamento das superintendências regionais em todas as áreas. Perder e ganhar faz parte do jogo, mas acho que temos muita solidez para mostrar aos mineiros o que é uma administração eficiente, qualificada, necessária para Minas voltar a ter aqueles indicadores que tivemos no nosso tempo. Recebo manifestações de policiais militares e civis de muita saudades do que era no nosso tempo, quando nossos compromissos eram honrados. Agora, há um esforço hercúleo dessas entidades de servidores não mais para ter um reajuste acima da inflação, como dávamos no nosso tempo, mas para um direito básico, como receber em dia o salário ou ter o 13º antes das festas de Natal. Não obstante isso, temos atuado no Congresso de forma muito firme em defesa de Minas.
O senador Anastasia tem dito que não é candidato. Tirando ele e o senhor, o PSDB não tem nome de peso para apresentar ao governo. Sem um dos dois, o PSDB tem como lançar cabeça de chapa?
Temos que trabalhar com outras alternativas do nosso campo político. Não é necessário que o candidato seja do PSDB, até porque, quando nós construímos nossa obra em Minas, foi com apoio de muitos partidos. Se o candidato for de um desses partidos, nesse campo, que resgate os valores da eficiência, dos resultados da nossa administração, poderá ter nosso apoio e de outras forças políticas. Vamos fazer uma série de reuniões, já temos um encontro pré-agendado para os primeiros dias de fevereiro com o Anastasia, o ex-deputado Dinis Pinheiro (PP) e o Rodrigo Pacheco (PMDB) para tratar da construção desse processo de decisão transparente e harmonioso. Acima das postulações individuais, por mais legítimas que sejam, está nossa responsabilidade de encerrar esse ciclo do governo do PT. Meu papel é construir essa convergência em torno do nome que tenha as melhores condições de vencer, seja do PSDB ou dos partidos aliados.
m entrevista ao EM, o ex-deputado Dinis Pinheiro, perguntado se queria seu apoio, disse que o mineiro quer mudança e que o senhor estaria mais preocupado com sua defesa no STF. Esse grupo não se desestruturou?
É natural que novas lideranças estejam surgindo. Era uma utopia achar que indefinidamente esse grupo se construiria em torno de uma figura. Estou absolutamente seguro e sereno em relação à minha defesa contra esses ataques torpes dos quais tenho sido vítima. Mas o que percebo, tanto no deputado Dinis, que esteve aqui hoje, quanto nos outros aliados desses partidos, é uma disposição de colocar o interesse de Minas e a derrocada do governo do PT acima das postulações pessoais. Para isso, vamos estar todos absolutamente juntos, não tenho dúvida alguma.
Pimentel e Marcio Lacerda provavelmente vão concorrer. Como será para o senhor, que esteve aliado aos dois na eleição de 2008, tê-los como adversários?
Mantenho uma relação civilizada com ambos, mas obviamente sou oposição ao que o governo Pimentel representa hoje. O prefeito Marcio Lacerda, que foi meu secretário, gostaria também, se possível, de vê-lo dentro dessa construção, mas não posso tirar de ninguém o direito legítimo de postular – e a informação que tenho recebido é que ele tem uma candidatura já colocada de forma mais definitiva. Mas não podemos fechar as portas a alguém da qualidade dele e que tenha essa contribuição importante no nosso período de governo.
Como o sr. está avaliando administração do prefeito Alexandre Kalil? Espera apoio dele na eleição?
A situação das prefeituras hoje não é fácil no Brasil inteiro. O custeio aumentou muito, as receitas vêm diminuindo, e vejo que ele vem fazendo um esforço para, ao seu estilo, enfrentar os problemas de BH. Respeito a administração, sempre me coloquei à disposição em Brasília, naquilo que pudermos ajudar a obter recursos, serei sempre parceiro de BH. Mas, até porque não o apoiei na campanha, não posso cobrar dele apoio. O que pretendo é, independentemente de qualquer posição dele na campanha eleitoral, continuar ajudando BH.
O anúncio da candidatura do senhor ao governo ou ao Senado teve reações negativas nas redes sociais. Como o senhor espera mudar isso?
Todos nós, homens públicos, temos que estar prontos para responder a quaisquer acusações que nos façam. Existe esse episódio específico (da delação de Joesley Batista), que quero andar por Minas e responder a ele, quando essa questão for levantada. Se cometi um erro – e admito que cometi, primeiro em um linguajar que não me é próprio em uma conversa privada, e segundo em um momento de dificuldades, porque depois de ter sido duas vezes governador de Minas e presidente da Câmara, não tinha recursos para pagar custos advocatícios da minha defesa – foi aceitar o empréstimo de alguém que se dizia meu amigo. Vou enfrentar isso com altivez, olhando nos olhos dos mineiros de forma muito clara. Porque, além de mim, os mineiros conhecem minha trajetória, sabem os governos que fizemos e da minha conduta. Por outro lado, recebo manifestações de apoio por onde ando. Em Brasília, estive essa semana com algumas dezenas de prefeitos pedindo que eu volte a Minas e estou organizando uma agenda de viagem a pelo menos 10 regiões do estado agora no começo do ano para conversar, ouvir meus companheiros e dizer que temos todas as condições de encerrar esse ciclo perverso do governo do PT.
O governo Pimentel atribui o enfrentamento da maior crise financeira do estado, com salários atrasados, sem condição de pagar o 13º, à herança do PSDB. Como o senhor rebate?
Isso é incompatível com os números, com a realidade de Minas. Eu próprio assumi o governo do estado em 2003 sem recursos para pagar folha salarial e acabei com 3 mil cargos comissionados na primeira semana. O governo do PT criou 2 mil. Eu priorizei os programas para os quais tínhamos recursos, eles pulverizam os recursos em programas que não chegam onde as pessoas estão. Isentei de ICMS mais de 250 produtos e o que ele fez foi aumentar o ICMS de inúmeros produtos. Acabei com impostos estaduais para residências que consumiam até 90 kw de energia/mês e o PT acabou com essa isenção. Mas os jetons da Cemig aumentaram em mais de 100% nesse período. É uma ausência de prioridades. Transferir responsabilidade é muito cômodo mas isso não podemos aceitar. O que houve aqui foi um descontrole absoluto. A situação de Minas é das mais caóticas hoje do Brasil.
O senhor espera ter o presidente Michel Temer no seu palanque?
Acho que o presidente Michel Temer não vai participar de palanques. E (a pergunta) é até uma oportunidade para repor algo que acho essencial para a compreensão do papel do PSDB em todo esse processo, porque dentro do próprio partido existem incompreensões. Vejo alguns gritando pela impopularidade do presidente e fora Temer; não temos nada com isso. Tinha um Brasil que não caminhava. Demos um apoio a essa agenda de reformas e nunca deixamos de dizer que o PSDB tem um projeto nacional. Agora é o momento de o PSDB defender seu projeto nacional sem se envergonhar de ter participado de um processo de esforço para retomada da economia. O PSDB ajudou na construção desse novo ambiente econômico, mas acho que um governo do PSDB, do ponto de vista nacional, é que pode alavancar essa retomada do crescimento de forma muito mais vigorosa que temos hoje.
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Leia a entrevista completa no Estadão
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