SEXO E PEDOFILIA NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE PALMAS-Revoltados, pais denunciam que projeto simulou sexo para alunos de 12 a 14 anos de Palmas Caso foi levado ao Conselho Tutelar; presidente da Fundação Municipal de Juventude, Nahylton Alen, diz que assunto que gerou a polêmica teria partido de pergunta de estudante e não da psicóloga


Revoltados, pais denunciam que projeto simulou sexo para alunos de 12 a 14 anos de Palmas
Caso foi levado ao Conselho Tutelar; presidente da Fundação Municipal de Juventude, Nahylton Alen, diz que assunto que gerou a polêmica teria partido de pergunta de estudante e não da psicóloga
WENDY ALMEIDA, DA REDAÇÃO
Foto: Divulgação

Palestra polêmica, que levou pais ao Conselho Tutelar e à Câmara de Palmas, ocorreu na Escola de Tempo Integral Anísio Spínola Teixeira
O conteúdo de uma palestra sobre sexualidade ministrada na Escola de Tempo Integral Anísio Spínola Teixeira, no setor Bertaville, em Palmas, revoltou pais e professores, e gerou muita polêmica nas redes sociais. O fato teria ocorrido na terça-feira, 14, e foi denunciado ao Conselho Tutelar.



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inRead invented by Teads“Uma professora me ligou chorando dizendo que os palestrantes chamaram crianças de 12 a 14 anos à frente, colocaram camisinha no dedo delas e simularam sexo oral. Pegaram um gel lubrificante e passaram ensinando como se fazia sexo anal. Eu fui investigar nos grupos de WhatsApp e os pais confirmaram”, relatou o presidente da Associação dos Moradores do Setor Bertaville, Cézar Cruz, que também é policial militar.

O representante de bairro disse que chegou a conversar com o presidente da Fundação Municipal de Juventude, Nahylton Alen, e ele negou que a palestra tenha sido ministrada dessa forma. “Quando eu peguei a minha filha de 12 anos na escola, ela confirmou o que aconteceu. Ela estava lá e participou sem minha autorização. Eu acredito que foi o cúmulo do absurdo isso que fizeram”, criticou Cruz, ao acrescentar que já solicitou a transferência da filha para outra unidade de ensino.

Segundo ele, não é a primeira vez que acontece "essas coisas". "Eu tenho ata de atos de pedofilia que ocorreram lá dentro, relato de caso de estrupo e tudo fica abafado”, criticou o presidente da associação de moradores, acrescentando que a situação da merenda da também estaria irregular. “A verba que vem do governo federal está sendo desviada para outros fins”, denunciou.

De acordo com o líder comunitário, representantes da prefeitura informaram que a palestra já havia sido ministrada em outras escolas e não houve reclamação. “Mas será que os pais ficaram sabendo?”, questionou Cruz. “As crianças não contam essas coisas para os pais e ainda mais sobre sexo. Muito raro, só quando chega numa situação crítica.”

Alguns pais foram ao Conselho Tutelar denunciar o caso, que será encaminhado ao Ministério Público para que haja uma investigação. O presidente disse que também vai fazer um Boletim de Ocorrência na Delegacia da Infância e da Juventude.

Outro lado
Em entrevista ao CT, o presidente da Fundação Municipal de Juventude, Nahylton Alen, afirmou que vai apurar os fatos, mas adiantou que as informações que causaram revolta nos pais não fazem parte do conteúdo abordado na palestra.

O assunto que gerou a polêmica, segundo o presidente, teria partido de uma pergunta de um aluno. “Depois das palestras os alunos recebem um papel pelo qual podem perguntar aquilo que têm vontade de saber. Inclusive, é nessa hora que a gente consegue identificar os casos [de abuso sexual]. A gente tem aqui nos papeis escritos pelos alunos, por exemplo, ‘estou sendo violentada em casa, o que fazer? A quem procurar?’ E nessa escola parece que teve uma pergunta de um aluno a respeito de sexo anal. Mas não partiu da psicóloga”, justificou.

Segundo o representante da Prefeitura de Palmas, a palestra faz parte de um projeto que passou por sete escolas trabalhando três temas: sexualidade (que aborda abuso sexual), suicídio (que aborda automutilação), bem como prevenção das drogas. Segundo ele, a ETI Anísio Spindola Teixeira foi a última unidade de ensino a receber o projeto. “Em nenhuma das escolas que o projeto rodou a gente teve nenhum tipo de problema”, alegou.

“O que causa estranheza é que não foi a primeira edição desse projeto, não foi a primeira palestra. A gente tem todo material das outras escolas, falando sobre a metodologia da palestra, resguardada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. Então, ninguém é doido, nem irresponsável ao ponto de fazer aquilo”, afirmou Alen. “A gente entende os pais. Você como pai e mãe recebe esse tipo de informação, você se revolta de fato. Mas nós passamos a manhã atendendo os pais, prestando esclarecimentos.”

Por fim, o gestor afirmou que está à disposição para demais explicações e ressaltou que os profissionais que ministraram as palestras são “altamente capacitados”.

Na Câmara
O caso, que gerou muita polêmica nas redes sociais, também teve repercussão na Câmara. O presidente da Associação de Moradores do Setor Bertaville, Cézar Cruz e mães de alunos se reuniram nesta manhã de quinta-feira, 16, com parlamentares relatando o ocorrido. O vereador Milton Neris (PP) conversou com o CT sobre o assunto e se mostrou indignado.

“Achamos absurdo, um conteúdo impróprio para crianças. Eu também tenho filho de 12 anos e ele brinca de carrinho ainda. Então, esses conteúdos, essas experiências, não são apropriadas para discutir com crianças dessa idade. Se há uma intenção da prefeitura de levar informação aos jovens que já começam a entrar numa vida sexual ativa, é preciso escolher o público e não assim deliberadamente”, criticou o parlamentar.

Para Neris, temáticas que “extrapolam” o conteúdo pedagógico definido no Plano Municipal de Educação, por meio de lei, precisa da participação da família dos alunos. “Nós não podemos de forma alguma deixar isso atacar a moral de nossas famílias. Eu tenho filhos, independente de ser vereador. Se fosse com meus filhos, eu estaria na mesma posição que os pais estão tendo de denunciar e de exigir respostas”, frisou.

Neris rebateu ainda o posicionamento do presidente da Fundação de Juventude. Segundo o vereador, como Alen não estava presente no momento da palestra, ele não teria elementos para afirmar que o assunto não foi abordado. “Quem está dizendo que ocorreu são os pais dos alunos que estavam presentes. No mínimo, algo de estranho aconteceu”, apontou.

Contudo, o pepista ponderou afirmando que não está acusando o secretário e disse que é necessário averiguar os fatos. De acordo com ele, os vereadores solicitaram ao presidente da Casa a realização de uma sessão extraordinária na Comissão de Políticas Públicas para que todos envolvidos, pais, associação, diretora e prefeitura, possam se manifestar e discutir o caso. Neris disse que representantes da Promotoria e do Juizado da Infância e do Adolescente também serão convidados.

“Se for constatado que aconteceu isso mesmo, que o prefeito possa punir porque não se pode admitir nas nossas escolas nada que vem desvirtuar o pensamento da família, aquilo que é a questão moral da família”, defendeu o parlamentar.

A sessão extraordinária deve ocorrer até quarta-feira, 22.

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