QUEM ROUBA DINHEIRO DA SAÚDE É ASSASSINO E DEVERIA SER TRATADO COMO TAL
O crime mais terrível contra a humanidade
CLEBER TOLEDO
Parece exagero o título desta coluna, mas não é. Desviar recursos da saúde não é só um crime contra o erário, mas atinge o ser humano em seu momento mais sensível, o da dor. É um absurdo imaginar que profissionais treinados para garantir vida, privilegiados com remuneração média muito acima dos seres mortais, ainda superfaturem seus serviços de forma tão covarde para impulsionar os ganhos.
Não se quer aqui fazer um pré-julgamento. A torcida é para que tudo não passe de um engano e que não seja verdade que médicos e empresas de saúde chegaram ao ponto de formar uma quadrilha para desviar pelo menos R$ 6 milhões do pobre contribuinte e do servidor vulnerável, que já vive sob a insegurança em torno de seu plano de saúde, que atende numa semana e é suspenso noutra, justamente por falta de recursos. Esses valores extremamente escassos estão sendo canalizados para uma máfia de branco? Insano sequer imaginar algo do tipo.
Se isso se confirmar, não cabe apenas um processo criminal e devida condenação, mas a sanção firme e exemplar do Conselho Regional de Medicina (CRM) contra profissionais que não têm a dignidade que exige uma atividade tão nobre e tão respeitada pela sociedade.
A Operação Marcapasso só confirma a tese de que a corrupção não é algo restrito à classe política. Parece óbvio dizer isso, mas não é. Vemos a sociedade se portar como se o tema lhe fosse algo estranho e distante, diante dos cabeludos escândalos que assistimos de forma intensa há pelo menos três anos. Na verdade, é um mal que tem raízes profundas no Brasil, disseminado por nossa cultura, que permeia todos os nossos valores.
Este é um momento de renovação da classe política, mas também de reflexão sobre que sociedade somos e que queremos ser. Afinal, a classe política é uma exceção num país que respira o oxigênio mais puro da terra, ou ela representa o que coletivamente somos? O político não veio de Marte, mas é filho de uma família terráquea, passou por uma igreja, uma escola, um clube, um ambiente de trabalho e, no transcurso dessas experiências, absorveu os valores que vivenciou e agora os exercita na vida pública. Assim, ele é corrupto sozinho ou nos representa (para usar um clichê moderninho)?
Reforço que espero que todas essas denúncias que assistimos horrorizados nessa terça-feira, 7, caiam por terra e que possamos acreditar que os profissionais citados sejam inocentes — alguns deles, inclusive, experimentaram as agruras de dirigir uma secretaria de saúde totalmente desprovida de recursos financeiros, materiais e humanos. É até inimaginável que representantes de uma classe de privilegiados desviem os parcos recursos daqueles cujas vidas estão em suas mãos.
CT, Palmas, 8 de novembro de 2017.
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