Justiça libera nove investigados e mantém dois médicos presos na operação Marcapasso


Justiça libera nove investigados e mantém dois médicos presos na operação Marcapasso

Eles deixaram a Casa de Prisão Provisória de Palmas até a noite desta quarta-feira (8) após pagarem fiança.




Por G1 Tocantins






Oito presos que foram liberados estavam na Casa de Prisão Provisória de Palmas (Foto: Jesana de Jesus/ G1)



Nove pessoas que foram presas durante a operação Marcapasso da Polícia Federal pagaram fiança e saíram da prisão até a noite desta quarta-feira (8). Deste total, oito estavam presos na Casa de Prisão Provisória de Palmas e um foi preso em Brasília. Continuam na CPP da capital, apenas os médicos Ibsen Suetônio Trindade e Andrés Gustavo Sánchez Esteva, que são os supostos chefes do esquema de corrupção de fraude a licitações.


Os presos foram liberados depois de audiências de custódia realizadas pela Justiça Federal. Para isso, eles tiveram que pagar uma fiança e se comprometer a cumprir algumas medidas, como a proibição de se ausentar do trabalho e de tirar férias pelos próximos seis meses.




Veja quem foi liberado:





Antonio Fagundes - pagou fiança de 10 salários mínimos (equivalente a R$ 9.370)
Silvio Alves da Silva - pagou fiança de 10 salários mínimos (equivalente a R$ 9.370)
Henrique Barsanulfo Furtado - pagou fiança de 10 salários mínimo (equivalente a R$ 9.370)
Carlos Alberto - pagou fiança de 40 salários mínimos (equivalente a R$ 37.480)
Fábio D'Ayala Valva - pagou fiança de 15 salários mínimos (equivalente a R$ 14.055)
Marco Aurelio Vilela Borges - pagou fiança de 15 salários mínimos (equivalente a R$ 14.055)
Genilson Ferreira - pagou fiança de 100 salários mínimos (equivalente a R$ 93,7 mil)
Rafael Yassuda - pagou fiança de 3 salários mínimos (equivalente a R$ 2.811)
Leandro Richa Valim (preso em Brasília) -pagou fiança de 10 salários mínimos (equivalente a R$ 9.370)




Quanto a Fernando Mota, que não foi encontrado pela Polícia Federal porque estaria no exterior, deverá ter o caso analisado pela Justiça Federal posteriormente. Até o momento ele não se apresentou.


O G1 divulgou as gravações telefônicas feitas com autorização da Justiça que mostram médicos decidindo fazer um procedimento supostamente sem necessidade. Em uma das conversas a que a TV Anhanguera tece acesso, Ibsen Trindade e Andrés Sanches decidem fazer um cateterismo apenas porque o paciente 'tem muito dinheiro'.



Ibsen Trindade: Nós estamos há nove anos trabalhando de graça aqui nós dois ó. Mas chega, nós atendemos milionários pelo SUS [...] dá uma cozinhada ele aí... Vamos fazer a galinha dar os ovinhos que tem que dar


Andrés Sanches: Tá bom



Operação Marcapasso investiga esquema de corrupção envolvendo médicos do Tocantins (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)


Para o juiz federal que autorizou as prisões da operação, o diálogo é chocante porque revela que os dois médicos tratam a vida humana como irrelevante e priorizam os negócios. Os dois são sócios da empresa Intervecenter e seriam os principais responsáveis por um esquema de corrupção envolvendo procedimentos pagos pelo SUS e por planos de saúde.


Durante as investigações, os donos da empresa Cardiomed, fornecedora do governo, contaram em uma delação que pagaram mensalmente a vários médicos propinas de até R$ 100 mil. Apenas Ibsen Trindade, que foi chefe de cardiologia do Hospital Geral de Palmas, teria recebido R$ 2.259.864,04.


Conforme o inquérito, ele e os sócios usavam a empresa para receber os pagamentos ilegais. Por outro lado, o advogado deles disse que a prisão é desnecessária. "Os únicos dois cardiologistas que fazem o cateterismo e a hemodinâmica estão recolhidos em uma prisão temporária que tem uma fundamentação à margem da lei", argumentou o advogado Hélio Miranda.



A Secretaria de Saúde do Estado afirmou vai aguardar o fim das investigações para tomar as providências em relação àqueles que tenham participação comprovada. O Cardiocenter informou que não está envolvido nas supostas fraudes que estão sendo apuradas.




Entenda




A operação Marcapasso foi deflagrada nesta terça-feira (6) para investigar um esquema de corrupção que fraudava licitações no Tocantins. Segundo a polícia, o objetivo era a aquisição de órtese, prótese e materiais especiais de alto custo para o sistema de saúde. A operação foi realizada em nove estados e no Distrito Federal.


A Justiça Federal determinou o bloqueio de mais de R$ 7,2 milhões em bens dos suspeitos. Esta é a soma do dinheiro que eles teriam recebido indevidamente, sendo que R$ 4,5 milhões se referem às propinas supostamente recebidas por médicos.


Ao todo, 11 médicos cardiologistas e um representante comercial tiveram mandados de prisão expedidos, sendo que 10 foram cumpridos. Eles foram levados para a Casa de Prisão Provisória de Palmas nesta terça-feira (7). Oito tiveram as prisões revogadas após audiência de custódia, sendo que apenas Ibsen Trindade e Andres Sanches continuam preso.


As investigações da operação Marcapasso começaram depois que os sócios da empresa Cardiomed foram presos em flagrante por terem fornecido à Secretaria Estadual de Saúde produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais que estavam com prazos de validade de esterilização vencidos.


O esquema de corrupção foi verificado tanto em licitações do Sistema Único de Saúde (SUS), feitas pela Secretaria Estadual da Saúde, quanto nos pagamentos realizados pelo PlanSaúde, que é o plano de saúde do servidor público estadual.


No caso do SUS, a PF diz que o estado usava o dinheiro público para comprar os produtos a um preço elevado. Neste caso, foi verificado um superfaturamento de cerca de 30%.


"No caso da licitação, havia um acordo com as empresas. Determinadas empresas forneceriam determinados produtos e elas apresentavam a especificação detalhada do produto, de modo que na licitação somente elas poderiam ganhar aquele item. Se houvesse alguma empresa que apresentasse um preço menor, ela seria desclassificada pelo parecer do médico porque ela não preencheria os detalhes dos requisitos estabelecidos na descrição do objeto no edital", explicou o delegado Regional de Combate ao Crime Organizado, Julio Mitsuo Fujiki.

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