ESTADO CORRUPTO,BRITO MIRANDA CHEFE E MÉDICOS BANDIDOS-POLICIA FEDERAL DESBARATA QUADRILHA NA SAÚDE DO TOCANTINS

PF desmonta esquema: médicos do TO fraudaram PlanSaúde e levaram equipamentos do HGP

Onze médicos do Tocantins que atuavam na rede pública e privada tiveram prisão temporária decretada por receber pagamentos indevidos de produtos superfaturados

Delegados da PF detalharam esquema T1 Notícias
A Polícia Federal decretou a prisão temporária de 13 pessoas no Tocantins na manhã desta terça-feira, 7, que estão envolvidos no esquema criminoso relacionado à compra superfaturada de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME’s). Conforme decisão da Justiça Federal os médicos investigados são: Ibsen Trindade; Henrique Barsanulfo Furtado, ex-secretário de saúde do Tocantins em 2002; Andrés Gustavo Sánchez Esteva, Charlston Cabral Rodrigues, Juan Fernando Terrones Cáceres, Antônio Fagundes da Costa Júnior, Carlos Alberto Figueiredo Novo, Fábio D'ayala Valva, Fernando Motta, Genildo Ferreira Nunes, Leandro Richa Valim, Marco Aurelio Vilela Borges de Lima, Silvio Alves da Silva. Segundo o delegado regional da PF todos os médicos deverão passar pelo procedimento padrão antes de serem levados para a CPP de Palmas, além de terem suas contas e bens bloqueados.

A PF determinou ainda a condução coercitiva de Luiz Teixeira, ex-secretário de Saúde de Palmas, Alessandro Da Costa Ribeiro, Alexandre Vidal Canaparro Nogueira, Antonio Gonçalves Bezerra, Antonio, Roberto Portugal De Alvarenga, Carlos Alberto Cortes, Carlos Antonio Fonseca, Conceição De Maria Silva Soares (Vulgo Cíntia), Ciro Souza Chaves, Daniel Eugenio Dos Santos, Daniela Cavasini Mota Lustri Almeida, Eb Miranda Ara, Erinaldo De Sousa Do Nascimento, Fernando Antonio De Santana Junior, Francisco Geraldo De Oliveira, François Torres Nigro, George Araújo Brandão De Sá, Gilmar Braz Da Rocha, Glaucia Da Silva Carvalho, Irany De Oliveira E Silva, João Paulo Bernado, Joel Alves Pereira, José Cláudio Santos De Moraes, José Edson Xavier, Juscelino Gomes Divino Junior, Kurt Kaninski, Luiz Alberto Cruvinel Guimaraes, Patrícia Martininani, Paulo César Pinheiro Gomes, Rafael Ricardo Lustri Almeida, Ramiro Chagas Moraes Boldini, Raphael Iassuda De Oliveira, Renato Michael Pereira Da Silva, Simone Basques Da Cunha Melo, Tadeu Paulo Gomes e Vasco Da Silva Areias.

Os delegados federais Arcelino Vieira e Júlio Fujiki afirmaram durante entrevista coletiva à imprensa na manhã desta terça, na sede da Polícia Federal em Palmas, que a investigação retroagiu oito anos e iniciou a partir de uma delação premiada de empresários. Até o momento foi apurado o valor de R$ 6 milhões em pagamentos indevidos.

Fraude no Plansaúde e SUS

Ainda durante a coletiva, o superintendente da PF, Arcelino Vieira explicou que os médicos recebiam alguns valores por parte das empresas fornecedoras dos produtos que eram superfaturados. “O produto, que custava um valor, era cobrado do plano de saúde um valor de 60% a mais do valor real e a diferença entre o valor que a empresa pagava era dividido entre empresa e o médico. Os médicos direcionavam algumas licitações de produtos que só eram fornecidos por determinadas empresas. Com isso, a Secretaria de Saúde, com o recurso do SUS, era obrigada a comprar aqueles equipamentos e produtos daquelas empresas. As empresas, por outro lado pagavam uma porcentagem para os médicos para que vendessem os seus produtos”, detalhou.

O outro foco da investigação foram fraudes também no Plansaúde. “O plano de saúde pagava um valor acima do valor de mercado, de forma que o consultório que usava o produto recebia um valor a mais e o valor era rateado entre o médico e a empresa e o plano era obrigado a pagar o valor superfaturado. As investigações vão continuar até para que a gente consiga calcular o valor total da lesão ao dinheiro do SUS e do Plansaúde”, acrescentou o superintendente.

Retirada de equipamentos do HGP

De acordo com Arcelino Vieira, durante a investigação ainda foi descoberto que houve a retirada de vários equipamentos caros do Hospital Geral de Palmas (HGP) para serem utilizados em clínicas da rede privada. “Esse fato apareceu de forma adjacente na nossa investigação e nós vamos apurar se houve prejuízo para a rede pública na utilização desses equipamentos”, detalhou. O superintendente acrescentou ainda que será apurada a participação de servidores públicos da licitação e não especificou quais equipamentos foram retirados e nem para quais clínicas foram levados.

Brito Miranda presta depoimento

Entre os 41 mandados de condução coercitiva sendo executados em 10 estados do Brasil, um deles é direcionado ao pai do governador Marcelo Miranda, José Edimar Brito Miranda, que foi à PF para prestar depoimento. “Uma boa parte da investigação ainda está sendo apurada e a participação de Brito Miranda é uma delas”, resumiu o representante da PF. 

CRM lamenta envolvimento de médicos

Em nota encaminhada ao T1 Notícias o Conselho Regional de Medicina do Tocantins disse que “ainda não foi informado oficialmente da investigação da Polícia Federal que envolve empresas e médicos. A entidade lamenta que o nome de profissionais estejam envolvidos, e caso seja constatada ilegalidade o Conselho espera que a justiça cumpra seu papel”.

Estado se pronuncia

A Secretaria de Estado da Comunicação Social informou, também por meio de nota, que a respeito da Operação Marcapasso, apura possíveis fraudes em licitações nos últimos oito anos e que os órgãos da administração estadual estão colaborando com a investigação. Sobre o envolvimento de médicos e outros servidores públicos no esquema, a Secretaria da Comunicação esclareceu que vai esperar o fim das investigações para tomar as providências em relação àqueles que, por ventura, tiverem a participação comprovada.

Valores bloqueados pela PF 

Genildo Ferreira Nunes R$ 965 mil
Carlos Alberto Figueiredo Novo R$ 681 mil e R$ 701 mil
Ibsen Trindade R4 520 mil
 Andrés Gustavo Sánchez Esteva R$ 523 mil
Fábio D'ayala Valva R$ 409 mil
Marco Aurelio Vilela Borges de Lima R$ 311 mil
Silvio Alves da Silva R$ 129 mil
Leandro Richa Valim R$ 73 mil
Fernando Motta R$ 72 mil
Juan Fernando Terrones Cáceres R$ 61 mil
Antônio Fagundes da Costa Júnior R$ 53 mil
Charlston Cabral Rodrigues R$ 37 mil

Nota dos médicos Silvio Alves da Silva e Antônio Fagundes

Em nota enviada ao T1 nesta tarde, os médicos Silvio Alves da Silva e Antônio Fagundes da Costa Junior negam qualquer participação no esquema sob investigação da Polícia Federal e prestaram todos os esclarecimentos necessários em depoimento ao delegado responsável pelo caso.

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