HISTÓRIA DO TOCANTINS- O DESBRAVADOR DO CERRADO-LIVRO DE ANTONIO GUIMARÃES

 O DESBRAVADOR DO CERRADO-LIVRO DE ANTONIO GUIMARÃES

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O DESBRAVADOR DO CERRADO 

O DESBRAVADOR DO CERRADO
O GOVERNADOR SIQUEIRA CAMPOS E SEUS “CULTOS” ASSESORES PODERIAM VALORIZAR O TRABALHO ULTURAL DE 13 ANOS DE PESQUISAS DO JORNALISTA Antonio Guimarães que não Visa lucro e sim reconhecimeno!
Qual o papel da aboleta fundação cultural com Kátia rocha em seu tercerio mandato,publicar riscos em quadros e dizer que é arte e gastar 22,3 milhões com porcarias em forma de arte?Qualé o salário de Katia Rocha para poteger tantos incompetentes?

Nome: José Wilson Siqueira Campos
Nascimento: 01.08.1928
Naturalidade: Crato- Ceará
Nacionalidade: Brasileira
Estado Civil: Casado
Profissão: Empresário Rural
Endereços: Palácio Araguaia -Praça dos Girassóis -Marco Central

Filhos de Dona Aureny Siqueira Campos
Regina(médica)
Stela(psicóloga)
Thelma(odontóloga)
Júnior(pequeno empresário)
Eduardo(professor)
Ulemá (funcionária pública federal)

ATUAÇÃO

10 de Julho de 1963

Originário do Ceará após residir 05 (cinco) anos no Rio de Janeiro – RJ e 18 (dezoito) anos em Campinas – SP, chega a Vila de Colinas de Goiás Município de Tupiratins -Go.

03 de Outubro de 1965
Eleito vereador, o mais votado, do novo município de Colinas de Goiás.

1º de Fevereiro de 1966
Eleito presidente da câmara dos vereadores, ao tomar posse, assume o compromisso de lutar pela criação do Estado do Tocantins.

03 de Outubro de 1970
É eleito Deputado Federal pelo Estado de Goiás

1º de Fevereiro de 1971

Toma posse como deputado Federal.

De 1971 a 1988

Permanece na câmara Federal, reelegendo-se quatro vezes para completar cinco sucessivos mandatos na câmara dos deputados, de onde sai para se candidatar a Governador do Estado do Tocantins: Fruto de sua grande luta.

29 de Novembro de 1972

Eleito e empossado presidente da comissão da Amazônia, apresenta projeto para redivisão territorial da Amazônia Legal, propondo a criação de 12 novas unidades da federação, inclusive do ESTADO DO TOCANTINS.

1977
Integra Comitiva parlamentar em visita a Inglaterra e outros países do Reino Unido.

27 de Junho de 1978
Apresenta à câmara dos deputados o projeto de Lei nº 187, de 1978,que cria o Estado do Tocantins. Projeto este feito ao lado do deputado estadual RAIMUNDO MARINHO, filho do saudoso deputado DARCY MARINHO.

1980
A convite de entidades internacionais, realiza viagem de observação, faz conferência na universidade de Taipei (TAIWAN) e visita Hong Kong e Japão.

1982
Representa o Brasil na Reunião Mundial da UPI, em Lagos Nigéria.

1983
Faz conferências para as guarnições militares nas fronteiras do Brasil com a Bolívia, Peru, Colômbia, Guiana e Venezuela sobre a criação do Estado do Tocantins e geopolítica brasileira.

13 de Dezembro de 1985
Inicia greve de fome pela criação do novo estado, só a interrompendo após 98 horas, mais de quatro dias de jejum, diante do apelo unânime do Diretório Nacional do PDS, que se compromete a lutar pela criação do Estado do Tocantins, e do presidente da República, que manda garantir a instalação da comissão de revisão Territorial, no ministério, que contaria com dois representantes do Deputado Siqueira Campos.

1986
Candidata-se a Assembléia Nacional Constituinte para lutar pela criação definitiva do Estado do Tocantins, obtendo histórica vitória.

Abril de 1987
É escolhido Relator da subcomissão dos estados da Assembléia Nacional Constituinte (O único Relator designado dentre os constituintes goianos).

29 de Junho de 1988
Após redigir, entrega ao presidente Ulisses Guimarães a fusão de emendas criando o Estado do Tocantins, que na mesma sessão da Assembléia Nacional Constituinte, é votado e aprovado.

23 de Setembro de 1988

O centro de informações e processamento de Dados do Senado Federal (Prodasen) registra: Além do presidente da constituinte e do 1º Secretário do senado, somente o deputado Siqueira Campos compareceu às 911 votações da Assembléia Nacional Constituinte.

05 DE Outubro de 1988

Participa da sessão solene de promulgação da nova constituição do Brasil, que trouxe em seu bojo, graças a Emenda Siqueira Campos, a criação do Estado do Tocantins.

15 de Novembro de 1988
“Estou Goiano, mas sou Tocantinense”
Siqueira Campos, o criador do Estado, é eleito primeiro governador do Tocantins. (Filiado ao PDC- Partido Democrata Cristão, depois filiou-se ao PPR,antigo PDS –Partido de ordem,progresso e respeito pela Nação Brasileira).Siqueira Campos homem de visão futurista e centrista,cristão e patriota,inteligentemente criou uma agremiação denominada UNIÃO DO TOCANTINS,escolhendo o que de melhor existia na sociedade,somando forças e qualidade,aglutinando líderes e pessoas bem preparadas para dar início ao grande projeto,agora real chamado Estado do Tocantins)A UNIÃO do Tocantins foi uma congregação de partidos que reunia: PFL,PPR,PSC,PTB,PR,PP e outros que comungavam o mesmo ideal e trabalhavam sob a luz do mesmo prisma ideológico.Foi algo extraordinário,pois trouxe progresso e desenvolvimento para o antigo corredor da miséria,norte de Goiás,hoje Estado do Tocantins,fruto do trabalho e determinação de SIQUEIRA CAMPOS,aceitemos ou não.Contra fatos não há argumentos.

1º de Janeiro de 1989
“Permitam-me também que com igual emoção,eu reverencie a memória de todos os que lutaram,especialmente,Joaquim Teotônio Segurado,Visconde de Taunay,Cardoso de Meneses,Osvaldo Aires da SILVA,Fabrício César Freire,nosso tão querido Juiz Feliciano Machado Braga, Lísias Rodrigues”.
Assume o governo do Estado do Tocantins afirmando que constituiria uma cidade moderna, singela, funcional para capital do Tocantins e organizaria em bases modernas, o Estado da Livre Iniciativa. Em apenas dois de mandato, implantou o Estado do Tocantins e todos os seus órgãos, instituições, serviços e programas.

20 de Maio de 1989

Esses são os deputados da primeira legislatura que somaram com SIQUEIRA CAMPOS na implantação do Estado do Tocantins:




Antônio Jorge Arlindo Almeida Baylon Pedreira Carlos Barcellos

Everaldo Barros Francisco Sales Gerival Aires Iron Marques

Izidório Oliveira João Renildo Joaquim Balduíno Jurandi Oliveira

Lindolfo Campelo Luiz Tolentino Machado Filho Mascarenhas 
de Moraes

Merval Pimenta Nezinho Alencar Paulino Bertoldo Pedro Braga

Raimundo Boi Raul Filho Uiatan Cavalcante Vicente Confessor



Jesus Torres Mundico Morais 


Instalada em 1º de janeiro de 1989, em Miracema do Tocantins, Capital provisória do Estado, a Assembléia Legislativa empossou os primeiros parlamentares eleitos e, em seguida, o governador do Tocantins. Esses deputados foram também os responsáveis pela elaboração da Constituição Estadual, promulgada em 5 de outubro de 1989, exatamente um ano após a data de criação do Estado.






O SONHO DE SIQUEIRA CAMPOS É REALIZADO.
“O homem que perdeu sua mãe aos 37 anos de idade de parto, por falta de assistência médica, não desistiu da vida e criou um Estado pujante e moderno.”
Ele afirmou: “Em momento algum me senti sozinho, DEUS e o povo humilde, sempre estiveram presentes na minha vida,especialmente desde aquele memorável 10 de julho de 1.963”.
A ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE- Foi uma fusão de emendas aprovadas pelo plenário da constituinte e incorporada como artigo 13, do ato das disposições constitucionais, da Constituição da República Federativa do Brasil.
Artigo 13- É criado o Estado do Tocantins, pelo desmembramento da área descrita neste artigo, dando-se sua instalação no quadragésimo dia após a eleição prevista no § 3º,mas não antes de 1º de Janeiro de 1989.
1. §1º O Estado do Tocantins integra a Região Norte, limita-se com o Estado de Goiás pelas divisas norte dos municípios de São Miguel do Araguaia, Porangatu, Formoso, Minaçu,Cavalcante, MonteAlegre de Goiás e Campos Belos,conservando a leste,norte e oeste as divisas atuais de Goiás com os estados da Bahia,Piauí,Maranhão,Pará e Mato Grosso.
2. § 2º O poder Executivo designará uma das cidades do Estado para sua capital provisória até a aprovação da sede definitiva do governo pela Assembléia Constituinte.
3. § 3º O Governador,o vice-governador,os senadores,os deputados Federais e ESTADUAIS SERÃO ELEITOS EM UM ÚNICO TURNO ATÉ SETENTA E CINCO DIAS APÓS A PROMULGAÇÃO
4. DA CONSTITUIÇÃO, MAS NÃO ANTES DE 15 DE NOVEMBRO DE 1.988,A CRITÉRIO DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL,OBEDECIDAS,ENTE OUTRAS,AS SEGUINTES NORMAS...(...)
5. ASSEMBLÉIA ESTADUAL CONSTITUINTE - Um ano após a promulgação da Carta Magna, a Assembléia Estadual CONSTITUINTE em Miracema,promulgaria a CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO TOCANTINS,cujo texto foi trabalhado pelos seguintes deputados constituintes que merecem todo nosso respeito e gratidão:
6. ANTONIO JORGE GODINHO (46 EMENDAS)
7. ARLINDO SILVÉRIO DE ALMEIDA (08 EMENDAS)
8. CARLOS ARCY GAMA (13 EMENDAS)
9. FRANCISCO DE ASSIS SALES (13 EMENDAS)
10. GERIVAL AIRES NEGRE (27 EMENDAS)
11. IROM MAQUES DA SILVA (37 EMENDAS)
12. ISIDÓRIO CORREI DE OLIVEIRA (74 EMENDAS)
13. JOÃO MASCARENHA DE MORAIS (248 EMENDAS)
14. JOÃO RENILFO DE QUEIROZ (101 EMENDAS)
15. JOAQUIM MACHADO FILHO (141 EMENDAS)
16. JOAQUIM DE SENA BALDUINO (28 EMENDAS)
17. JURANDI OLIVEIRA SOUZA (22 EMENDAS)
18. LINDOLFO CAMPELO LUZ (36 EMENDAS)
19. LUIZ TOLENTINO (44 EMENDAS)
20. MANOEL ALENCAR NETO (17 EMENDAS)
21. MANOEL DE JESUS TORRES (22 EMENDAS)
22. MERVAL PIMENTA (45 EMENDAS)
23. PASCHOAL BAYLON PEDREIRA (10 EMENDAS)
24. PAULINO BERTOLDO MARTINS (61 EMENDAS)
25. PEDRO BRAGA DA LUZ ( 201 EMENDAS)
26. RAIMUDO BOI (04 EMENDAS)
27. RAUL LUSTOZA DE JESUS FILHO ATUAL PREFEITO DE PALMAS RELATOR (01 EMENDA)
28. UIATÃ RIBEIRO CAVALCANTE (10 EMENDAS)
29. VICENTE FERREIRA CONFESSOR (06 EMENDAS
EIS O FRUTO DO TRABALHO E DEDICAÇÃO DE JOSÉ WILSON SIQUEIRA CAMPOS: ELE ,AO ELEGER-SE
E TAMBÉM AOS SEUS COMPANHEIROS DA UNIÃO DO TOCANTINS,ELES COMPUSERAM 2/3 DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DOS DEPUTADOS,A TOTALIDADE DA REPRESENTAÇÃO NO SENADO E 3/4 DA CÂMARA DOS DEPUTADOS FEDERAIS.
Coroando uma luta de quase três décadas, lança a pedra fundamental de Palmas.

1º de Fevereiro de 1990
Transferindo a capital para Palmas, instala a nova cidade, que construiu em sete meses.

15 de Março de 1991

Entrega o cargo ao sucessor Moisés Avelino, eleito pelo PMDB, que faz um governo desastroso e quase desvirtua o projeto original do estado.

1º de Maio de 1994

A União do Tocantins lança Siqueira Campos como seu candidato ao governo do Estado do Tocantins para as eleições de 03 de Outubro de 1994, após ampla convocação popular.

03 de Outubro de 1994
É eleito, no primeiro turno, Governador do Estado do Tocantins, com 58,73% da votação, elegendo-se com ele os seus dois senadores,6(seis) deputados federais, numa bancada de oito e 16 (dezesseis) deputados estaduais numa Assembléia Legislativa de 24 (vinte e quatro) representantes.
LEGISLATURA DE 1.994:




A realização do concurso público foi um dos pontos marcantes desta legislatura que culminou com a posse dos primeiros servidores efetivos em 1992. A Casa funcionava em uma sede provisória de madeira já na Capital definitiva, Palmas. A fim de oferecer mais conforto e abrigar os servidores que ainda trabalhavam em Miracema, foi construído um anexo. Neste período, também foi inaugurado o novo prédio.

Abrão Costa Alexandre Filho Antônio Jorge

Dolores Nunes Hider Alencar Udson Bandeira

Isidório Oliveira João Leite Marcelo Miranda Nezinho Alencar Osvaldo Mota

Otoniel Andrade Eudoro Pedroza Everaldo Barros Francisco Sales Helcio Santana

João Renildo Joaquim Balduíno Lindolfo Campelo Luiz Tolentino Pedro Braga

Raimundo Boi Raul Filho Sebastião Borba 


Baylon Pedreira Boanerges de Paula Condim Cavalcante Fabion Gomes Geraldo Vaz

Jair Paniago Jesus Torres Masolene Rocha 

Tadeu Gonçalves Uiatan Cavalcante João Oliveira 












1º de Janeiro de 1995

Toma posse do cargo de Governador do Estado do Tocantins para um mandato de 4(quatro anos), de 1º de Janeiro de 1995 a 1º de Janeiro de 1999.

02 de outubro de 1998
Reelege-se Governador do Estado do Tocantins com quase a totalidade dos votos, elegendo a totalidade dos deputados estaduais, todos os senadores e a maioria dos deputados federais, bem como 139 prefeitos em todos os municípios do Estado.
LEGISLATURA DE 1.998
Siqueira Campos,na totalidade das eleições vitoriosas,teve a maioria do parlamento apoiando sua administração,sendo ele o mentor de uma estrutura democrática disciplinada e legalista.Forjou líderes e como um Big-Bang causou a explosão do progresso em todo o Estado do Tocantins.De sua verve política nasceram prefeitos,vereadores,deputados estaduais,deputados federais e senadores.






Carlito Carvalho Cacildo Vasconcelos Carlos Braga Deusdet Barros Everaldo Barros

Fabion Gomes Geraldo Vaz 

Gismar Gomes Helcio Santana 
A mudança para a sede definitiva em 3 de outubro de 1995 desvendou uma nova época para o Legislativo, quando os deputados e servidores puderam desfrutar de mais conforto e de mais espaço para o atendimento do povo em geral,os verdadeiros donos da Casa. Outro fato importante foi a reformulação do Regimento Interno que, a partir de então, ficou mais condizente com as reais necessidades do Parlamento.
Híder Alencar João Renildo 

Joaquim Balduíno José Augusto 

Laurez Moreira Longuimar Barros Marcelo Miranda Nezinho Alencar 

Onofre Marques Osvaldo Mota Otoniel Andrade Raimundo Moreira 
Tadeu Gonçalves Valuar Bar ros 


Abrão Costa Aloísio Bolwerk Álvaro Cavalcante Fernando Suarte 

Luiz Tolentino Manoel Bueno Manoel Lima Ra 




Angelo Agnolin Cacildo Vasconcelos Carlos Gaguim Everaldo Barros Fabion Gomes

Geraldo Vaz Gismar Gomes Iderval Silva Igue do Vale Izidório Oliveira

Pela primeira vez, um deputado assumiu a presidência por dois biênios consecutivos. Após uma ampla reforma em todas as dependências do prédio, a Assembléia Tocantinense passou a contar com um espaço físico funcional e um plenário moderno, dispondo do auxílio do painel eletrônico. Os gabinetes e a sala da presidência ganharam nova mobília, adequando-se melhor às novas instalações da Casa.

João Oliveira João Renildo José Augusto Josi Nunes Juarez Giovanetti

Júlio Resplande Laurez Moreira Leide Pereira Manoel Bueno Marcelo Miranda

Nezinho Alencar Palmeri Bezerra Raimundo Moreira Vicentinho Alves 


Abrão Costa Fábio Martins Helcio Santana João da Farmácia 

Onofre Marques Osvaldo Mota Valuar Barros 





O DESBRAVADOR DO CERRADO
Escrito por Antonio Guimarães

1ª PARTE-

“ As vontades fracas traduzem-se em discursos; as vontades fortes em ações” (Gustave Le Bom, ontem e hoje).


“ A massa não é senão um rebanho de carneiros, enquanto não estiver organizada. Eu não sou contra ela. Nego somente que ela possa governar-se por si própria. Mas, quem a quiser dirigir, deve fazê-lo por meio de duas rédeas: “ O entusiasmo e o interesse”. O lado político e o lado místico, condicionam-se reciprocamente. O primeiro sem o segundo é árido; o segundo sem o primeiro se desvanece ao vento das bandeiras”.(MUSSOLINI a Emil Ludwing em colóquios com Mussoilini).


Há muito tempo, acalento o sonho de escrever este livro, narrando verdades cruciais sobre o sofrimento de um povo, e sobre as lutas apaixonadas, que culminaram com a emancipação política, física e geográfica, deste mesmo povo. Ambiciono aqui, tentar relatar um pouco dos sofrimentos, das lutas, das intrigas e perseguições, pelas quais os nossos líderes idealistas, e nossa gente, tiveram que passar. É apenas um relato de pesquisas, sem a guisa de biografia.
Lembro-me quando da eleição do presidente Figueiredo, quando o mesmo foi escolhido por voto indireto em 1978, pelo colégio eleitoral. As lideranças de direita manifestavam os seus votos publicamente, e dentre eles, estavam dois grandes defensores do sonho emancipacionista do povo do antigo norte de Goiás. Povo que vivia abandonado e explorado pelas oligarquias de Goiás. Os dois grandes líderes públicos que representavam a nossa gente sofrida naquele momento, eram: José Wilson Siqueira Campos, deputado Federal e Raimundo Gomes Marinho, deputado estadual, que ao votar solenemente falaram em alto e bom tom: João Batista de Oliveira Figueiredo pela criação do Estado do Tocantins!(como está registrado nos arquivos da Rede Globo que estava transmitindo ao vivo aquele acontecimento na época). Naquele momento, o grande idealista RAIMUNDO MARINHO, médico de deputado estadual, ostentava orgulhosamente a bandeira do desejado estado do Tocantins, e mostrava-a para as câmeras de TV que estavam registrando o evento.
Naquela época, eu tinha apenas doze anos de idade, mas tinha compreensão suficiente, para entender o significado daquele grande momento em que parecia haver uma grande mudança em nosso país, a começar pela criação do Estado do Estado do Tocantins. E só o fato de ver parlamentares que nos representavam, pedirem publicamente, com bravura e destemor, diante de autoridades do regime militar, a emancipação política ,geográfica e administrativa do nosso povo e de nossa região, já me enchia de orgulho. Principalmente por estar vendo que as nossas lideranças eram pessoas do nosso dia a dia, que caminhavam no meio do povo , e conheciam o seu anseio, e estavam fazendo história, a nova história.
Acostumado que era a ver meu pai, homem simples, mas, pioneiro de minha cidade, Tocantinópolis, a famosa Boa Vista do Padre João, receber políticos em nossa residência, na antiga Praça Duque de Caxias, ao lado da residência do combativo e polido deputado DARCY MARINHO, que era nosso vizinho e amigo. E meu pai era correligionário do ilustre deputado, bem como, eleitor e cabo eleitoral do destemido deputado federal SIQUEIRA CAMPOS, que inúmeras vezes visitou meu pai em tempos de campanha e em outros tempos. Menino como eu era, sempre ouvia debates políticos, participava de reuniões que meu destemido pai Custódio Guimarães comparecia e me levava. Então todas aquelas conversas ficavam gravadas em meu subconsciente ou consciente coletivo, como queiram, e não deixava de sonhar, e de questionar quanto ao futuro de nosso povo, os nortistas, como éramos chamados na capital goiana.
Então, depois de tantos acontecimentos, que se desenrolaram ao longo dos tempos, finalmente, nós estamos caminhando com os nossos próprios administradores(pés), e podemos decidir, quanto ao nosso destino, através da arma mais poderosa da democracia que é o voto. Porque antes, elegíamos governadores que ficavam a uma distância de 1.300 KM de nosso povo, de nossas cidades, e era impossível administrar um estado com uma extensão geográfica tão grande sem dar prioridade para quem estivesse mais perto, ou seja, a capital de Goiás e suas cidades circunvizinhas, eram mais prósperas e privilegiadas, e nossa região desprezada e jogada ao esquecimento, sendo lembrada somente em tempos eleitorais, ou seja de quatro em quatro anos, apenas em discursos e promessas.
É com muita honra e orgulho que escrevo este livro intitulado o DESBRAVADOR DO CERRADO, em homenagem ao homem que não mediu esforços para nos dar o mérito de sermos chamados de “povo do mais novo estado da federação”, do mais próspero estado da região Norte, da última capital planejada do século. Povo orgulhoso de seus líderes e de seu potencial, salvo raras exceções.
Este livro não tem a intenção de ser uma biografia, nem o é ,é apenas o reflexo do sentimento de nossa gente, visto por um ângulo histórico, e pelo sentimento de gratidão do Autodidata simples como o nosso povo, mas, forte como nossa terra.
Deixo claro que não pertenço a nenhum partido político, e que não detenho nenhum cargo político, ou qualquer que seja o privilégio de ordem político ou particular. Escrevo porque tento expressar nestes vocábulos, o sentimento de nossa gente comum, nossa gente humilde, e das pessoas sinceras que aqui viveram antes de sermos o tão sonhado Estado do Tocantins, a exemplo do comunista que foi torturado pelo exército quase até a morte, meu tio-avô Antonio Guimarães, que lutou na guerrilha do Araguaia.
Homenageio aqui as quebradeiras de coco babaçu, as lavadeiras de roupa da beira do rio, que trabalham às margens do caudaloso Tocantins, os lavradores e os pescadores, gente humilde, das quais nasceram homens valorosos, tais quais DARCI COELHO,JÚLIO RESPLANDE,PADRE JOSIMO TAVARES, JALES MARINHO, e tantos outros. E muitas figuras ilustres, que não lembramos aqui os seus nomes, mas, que dirigimos o nosso agradecimento a todas as pessoas sofridas ,dignas, que vieram de pais simples, e souberam valorizar o seu sofrimento, mantendo o brilho de suas virtudes, de seu caráter, de suas personalidades.
E para aqueles que não entendem a cabeça de um governante, que criou, liderou e lidera um estado tão promissor, cito aqui a frase sábia do grande presidente norte-americano, ABRAHAM LINCOOLN: “Quando o pastor rechaça o ,lobo, o rebanho chama o pastor de libertador, mas o lobo chama-o de tirano”.

POST SCRIPTUM: O ex-presidente ABRAHAM LINCOLN, foi assassinado em 14 de Abril de 1865 (sexta-feira santa).




QUINTA LEGISLATURA








Nesta legislatura, o destaque foi a harmonia entre os poderes e, principalmente, a democracia no Parlamento. A realização de novo concurso público, a informatização da Casa e a inauguração da Galeria de Ex-Presidentes são outros pontos marcantes do período. Foi também, nesta época, que o Parlamento Tocantinense foi considerado um dos mais enxutos do País. 
Angelo Agnolin Cacildo Vasconcelos

Carlos Gaguim César Halum

Eduardo do Dertins Eduardo Machado

Eli Borges Fábio Martins Fabion Gomes Iderval Silva João Oliveira

José Augusto José S antana Josi Nunes Júnior Co imbra L aurez Moreira

Palmeri Bezerra Paulo Sidnei Raimundo Moreira Sargento Aragão 

Solange Duailibe Valuar Barros Vicentinho Alves Walfredo Reis 


Everaldo Barros Geraldo Vaz Helcio Santana Izidório Oliveira José Salomão

Manoel Bueno Mano el Queiroz Osires Damaso Toinho Andrade 

































O DESBRAVADOR DO CERRADO –PARTE II



OS EX-PRESIDENTES DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO TOCANTINS





Raimundo Nonato Pires dos Santos

1ª legislatura
01/01/1989 - 31/01/1991
Abrão Costa

2ª legislatura
01/02/1993 - 31/01/1995
Luiz Tolentino

2ª legislatura
01/02/1991 - 31/01/1993
Cacildo Vasconcelos

3ª legislatura
01/02/1995 - 31/01/1997
Raimundo Moreira

3ª legislatura
01/02/1997 - 31/01/1999
Carlos Henrique Amorim
4ª legislatura
01/02/199 9 - 31/01/2001
Marcelo Miranda

4ª legislatura
01/02/2001 - 31/12/2002
Vicentinho Alves

César Halum

5ª legislatura
01/02/2005 - 31/01/2007
Carlos Henrique Gaguim

6ª legislatura
01/02/2 007 - 31/01/2009





A PROPULSÃO DE UMA HISTÓRIA


Quando o jovem Siqueira Campos se deu conta, já estava pondo em prática o antigo ideal que acalentava: Libertar a porção norte do estado do jugo oligárquico de Goiás.
A COPEL, uma cooperativa implantada no coração do cerrado, no município de Bandeirante (Colinas), era o início de um sonho de organizar toda uma sociedade nortense, que carecia de um líder empreendedor, capaz de reunir idéias e ao mesmo tempo colocá-las em prática, para o pleno desenvolvimento de um povo que guardava no peito um sonho libertário.
Ao seu lado estava o companheiro Rogério, o Big Rogério, também conhecido como Alemão, homem de visão futurística, fiel companheiro de todas as horas, que se sempre lhe dizia: ”Não se preocupe, eu sou seu amigo e irei cuidar para que seus projetos possam vingar, pois seus sonhos são públicos, e apesar de jovem, você pensa como um grande administrador, eu vou cuidar de você meu garoto de ouro”.
Siqueira Campos ficava fascinado ao ouvir palavras de incentivo tão calorosas e enaltecedoras, vindas de um amigo de luta, que acreditava no seu ideal cooperativista em plena ditadura militar dos anos sessenta(60), e pela primeira vez naqueles tempos difíceis esboçou um sorriso de vitória e de fé no futuro.
A COPEL era apenas o início de um trabalho que valorizava a mão-de-obra do povo daquela região e dava-lhes a idéia de organização e trabalho em comunidade. Era um misto de Madeireira e serraria, que explorava o potencial natural da região, sem prejudicar rios, riachos, matas e a natureza enfim.
O sonho cooperativista atraiu muitos amigos para Siqueira Campos, mas, também atraiu inimigos que não queriam ver o progresso e que eram oriundos das velhas oligarquias de Goiás, que não vale nem citar os nomes aqui, para não apagar o brilho desta obra.
E pela primeira vez o jovem líder Siqueira Campos tinha uma liderança e popularidade unânimes para levar a cabo o seu projeto pessoal que iria beneficiar milhões no futuro. Estava diante dele a possibilidade de uma grande oportunidade: Lutar pela emancipação daquele lugarejo e conquistar uma vaga merecida na câmara de vereadores de Colinas. Ele não queria apenas ser um simples vereador, ele desejava ser o presidente daquela casa de leis, apresentar seus projetos e daquele trampolim, lançar-se para o futuro, conquistando uma posição de nível nacional, na condição de deputado federal, e então, começar o grande empreendimento, que seria o resgate da história da porção norte de Goiás, fazendo valer o sonho e o desejo de um povo abandonado: A criação do Estado do Tocantins.
Siqueira encontrou muitos percalços em sua trajetória de homem público, e os primeiros testes de liderança surgiram quando seus opositores rejeitaram sua idéia de emancipação de Bandeirantes, porque emancipada seria controlada por leis, pagariam impostos e obedeceriam autoridades constituídas, o que naquela época não funcionava na região que era comandada pela lei do mais forte, do maior criador de gado e do maior latifundiário.
Mas, o povo estava do lado de Siqueira Campos como nos conta o senhor Marinho que é vereador de Bandeirantes, e que pela sua trajetória histórica, certamente será prefeito: “O Siqueira era duro, sincero e empreendedor, nunca fugia de suas responsabilidades, nem tinha medo de cara feia, não deixava intimidar-se e tinha claro, bem claro em sua mente o que queria para Bandeirante e para Colinas. Ele era uma espécie de referencial, era o novo chegando e anunciando um novo tempo, era o desafio que chegava através de um homem para aquela rica região”.
Se no Nordeste o0nde nasceu, nos grotões do Ceará, naqueles duros tempos de coronelismo de engenho e de barranco, Siqueira nunca se intimidou, mas, tomou para si todos os exemplos, todo o sofrimento passado serviu para formar sua forte personalidade e dar sustentáculo à sua tenacidade e ao seu grande desejo de vencer na vida. Foi quando no futuro, a preparação encontrou a oportunidade, ou seja o homem Siqueira Campos, experimentado, sofrido e calejado de tantos embates ideológicos, encontrou um porto seguro para solidificar o seu ideal, e formou sua base, ou sua estrutura no chão fértil de Colinas Goiás, hoje felizmente, Colinas Tocantins.
Siqueira acalentava um sonho, e todos os dias que amanheciam, o seu sonho se renovava, pois, em sua profunda introspecção, sempre olhava para dentro de si e reafirmava seus ideais, como se estivesse buscando uma estrada com um rumo definido, fundamentado na luta de seus ancestrais, e na forte determinação que herdou de seus pais e avós. O jovem líder nunca desistira de seus ideais, e tudo passava por sua cabeça com clareza e objetividade, como se fosse um script acontecendo no filme de sua vida. E não era delírio, nem febre de menino nordestino, era a apenas a materialização de seus sonhos acontecendo e tomando rumo histórico na nova história que se desenrolava, aglutinando velhas lideranças na liderança nova que surgia para reorganizar a luta e colher os louros da vitória tão merecida que viria como conseqüência dos sonhos altruístas de um desbravador.
Siqueira sempre fora um iluminado, e suas idéias em muito se assemelhavam ao sonho de Dom Bosco, que fez Juscelino criar Brasília que seria a capital ecumênica do século XX, e que reuniria todas as religiões sob o Cristo Redentor brasileiro, naqueles tempos de ventos novos que sopravam nos anos sessenta, que foram anos de transformação e de grandes inspirações na história da humanidade. E em quase trinta anos de luta, concretizou um desejo histórico de 189 anos de empreendimentos políticos pela emancipação de um povo aguerrido, de um povo caboclo, de um povo genuinamente brasileiro.
O anjo que inspirou Siqueira Campos e que lhe deu tanta disciplina pessoal, também mostrou-lhe o centro geodésico do Brasil, lhe mostrou a nova Jerusalém, a Jerusalém ocidental, a ecumênica capital Palmas, a luz do Estado do Tocantins, que em bom tupi guarani quer dizer bico do tucano.
Apenasmente os grandes líderes, sonhadores e visionários, têm capacidade plena e lúcida de olhar para uma floresta e enxergar uma árvore, e olhar para uma árvore e enxergar uma floresta, e isto Siqueira fez com maestria, pois, apenas por sua vontade tudo isso não teria acontecido. Ele foi o instrumento testado como a prata e o ouro, pelo destino, para aglutinar lideranças ao seu redor e delegar poderes para que um novo poder fosse constituído sob a batuta de um intelectual chamado ULISSES GUIMARÃES, o homem que tinha clarividência tal qual um SIQUEIRA CAMPOS, e entendia da urgência e da necessidade de engrandecer o interior do Brasil, provocando o desenvolvimento da região norte através da criação do Estado do Tocantins, em um momento decisivo da história do Brasil, que foi a promulgação da constituição de 1988:
“Em 6 de Agosto de 1.987 em discurso pronunciado em plenário da Câmara dos Deputados, SIQUEIRA disse o seguinte:
Sr. Presidente, senhores constituintes:
De início quero saudar com muita honra e alegria, aos sistemas do Comitê pró-criação do Estado do Tocantins e da Conorte- Comissão de Estudos dos problemas do Norte Goiano, aqui presentes, à frente dos quais estão destacadas personalidades goianas nascidas no Bico do Papagaio e no médio norte goiano, os senhores Juiz Federal DARCI MARTINS COELHO, presidente do comitê pró-criação do Estado do Tocantins, Dr. José Carlos Leitão, presidente da Conorte; Dr. Assis Brandão, presidente regional do PMDB, deputados estaduais Heli Dourado, Totó Cavalcante, Hagaús Araújo, Brito Miranda, João Cruz, Solon Amaral e Edmundo Galdino.Desembargador Júlio Resplande de Araújo, procurador Augusto Brito Filho, Dr. Francisco de Assis Oliveira Negri, secretária do desenvolvimento social, Maria das Dores Braga Nunes, ex-deputado estadual Raimundo Marinho, professor José Gonçalves Zuza, secretário adjunto do interior Israel Barreto Rocha, ex-deputado estadual Antonio Pereira da Silva, jornalista Wanderlan Gomes de Araújo, suplente de deputado estadual Jorge Fernandes de Souza, enfim, prefeitos, secretários de estado, juizes de direito, promotores de justiça, vereadores e líderes políticos e classistas, que vêm entregar solenemente ao presidente Ulisses Guimarães a emenda popular que propõe a criação do estado do Tocantins com mais de setenta mil assinaturas.
Aos bravos companheiros de luta pela liberdade do povo nortense, as nossas boas-vindas e a reiteração da certeza de que, com fé em Deus Todo-Poderoso, logo teremos a vitória da causa maior do povo nortense.
Sr. presidente, nobres colegas, vai longe o tempo que separa o dia de hoje daquela bela e ensolarada manhã de 1º de Fevereiro de 1.971, quando aqui cheguei, neste magnífico e augusto plenário, de tantas e de tão memoráveis lutas em favor do povo brasileiro, pela liberdade, pela paz e pela democracia, para prestar juramento e tomar posse do primeiro mandato de deputado federal, que me fora outorgado pelo generoso povo goiano.
Dizia eu, então deputado estreante:
“Venho com as retinas impregnadas e a alma enriquecida das imagens do universo físico e espiritual da minha gente, de suas terras, dos seus rios, de suas belas e incomparáveis paisagens. Venho do Bico do Papagaio, que o abandono e as injustiças tornaram violento; venho das margens do Tocantins, onde as lavadeiras batem as roupas dos ricos vendo as águas levarem as energias da mocidade, desgastada no repetido malhar nos batedouros;
Venho das margens do Araguaia, onde os pescadores, nas formulações dos seus sonhos, no renascer de suas esperanças, tostam a pele ao sol e olvidam as injustiças.
•Sr. Presidente(Arnaldo Faria de Sá, fazendo soar a campainha) –Nobre constituinte Siqueira Campos, permita-me interrompê-lo. Numa homenagem ao povo do Tocantins, passo a presidência da Mesa, por alguns instantes, ao constituinte José Freire.
•O senhor Siqueira Campos- Fico muito feliz com V. Excelência(palmas).É a homenagem que se presta ao meu povo, à minha gente, é a homenagem que se presta ao povo nortense de Goiás que está às vésperas da realização do seu mais acalentado sonho, o sonho da libertação, o sonho da criação do Estado do Tocantins. Parabéns meu amigo Arnaldo Faria de Sá, pelo gesto de V. Excelência, parabéns constituinte José Freire, pela posse como presidente desta sessão em que, profiro o meu discurso. Nele, como no que pronunciei ontem à noite digo das razões, porque pode e deve ser ouvido o Estado do Tocantins por esta Assembléia Nacional Constituinte.
•“Venho das margens do Araguaia, onde os pescadores, nas formulações dos seus sonhos, no renascer de suas esperanças tostam a pele ao sol e olvidam as injustiças; venho das desenvolvidas mas desarrumadas regiões das áreas planas do grande caminho integrador do país que o gigante Juscelino Kubtschek implantou; venho das regiões centrais, do oeste, de planícies imensas entrecortadas de lagos e de cursos perenes de água e da beleza selvagem do Javaés e da Ilha do Bananal; mas venho, também e sobretudo, das áreas Este e Sudeste do ambicioso Estado do Tocantins, isto é, venho das terras habitadas pelas gentes isoladas e sofridas da margem direita do rio Tocantins, isto é, venho das terras habitadas pelas gentes isoladas e sofridas da margem direita do Rio Tocantins e do nordeste goiano.
•O Sr. Arnaldo Faria de Sá – Permite V. Excelência u aparte?
•O Sr. Siqueira Campos- Eu concederei o aparte excepcionalmente a V. Excelência, pedindo aos demais, inclusive aos nobres amigos e colegas Davi Alves Silva que luta pela criação do Estado do Maranhão do Sul, e Antonio de Jesus que deixem os apartes para o fim, porque gostaria que todos, não somente eu, mas do presidente da República e dos líderes do PMDB- de que o Estado do Tocantins pode e deve ser criado pela Assembléia Nacional Constituinte.
•Ouço V. Excelência
•O Sr. Arnaldo Faria de Sá-
•Assomo a este microfone de aparte, simplesmente para prestar uma homenagem à luta obstinada pela criação do Estado do Tocantins. E também para prestar uma homenagem a V. Excelência por essa luta e ao constituinte José Freire que, neste momento, preside os trabalhos, quando se fala - tenho certeza. Do mais novo estado brasileiro, o Estado do Tocantins. Parabéns ao constituinte Siqueira Campos; parabéns ao constituinte José Freire e parabéns a todo o povo do norte de Goiás, que brevemente será o povo do Tocantins.
•O Sr. Siqueira Campos- Por muitas razões estamos de parabéns, mas, sobretudo, por sermos amigos de V. Excelência.
•Venho, pois, das contradições e dos contrastes: A miséria convivendo com a opulência; a pobreza avizinhada da riqueza. As imensas extensões de terras áridas, de vegetação retorcida, emendadas às terras férteis e úmidas de matas densas e levadas, próprias da Amazônia. A seca do Nordeste, estendida às quase barrancas do Tocantins; O selvagem e rico mundo amazônico que fascinara Humboldt envolvendo o Araguaia e a Belém –Brasília.
•Venho das tristezas e do sofrimento da prisão injusta; mas venho carregando, portador privilegiado, as esperanças, as alegrias e a determinação de um povo que nasceu para ser livre, ativo, próspero e generoso.
•Aqui cheguei com a determinação de cumprir, não os compromissos de campanha, que não os fiz, mas os compromissos nascidos sob a chama conscientizadora da prisão injusta, imposta pelas forças da opressão, de trazer para o debate nacional e para a decisão do poder Legislativo a proposta libertadora da criação do Estado do Tocantins .
•Diferente do que aconteceu por longos anos, quando era combatido, hostilizado e perseguido por lutar pela emancipação do norte-nordeste goiano, pela criação do Estado do Tocantins, hoje conto com o apoio e com a participação dos colegas de representação, dos diversos segmentos da comunidade do povo goiano, nesta luta que graças ao bom Deus, está vitoriosa.
•A prova disto senhor presidente e nobres colegas, é a presença nesta casa na bela e histórica tarde de hoje dos mais ilustres filhos de Goiás e da área do futuro Estado do Tocantins, à frente dos quais estão os dirigentes do comitê pró-criação do Estado do Tocantins e da Conorte – Comissão de Estudos do Norte Goiano.
•A ilustre comitiva vem trazendo a Emenda popular, apoio do povo nortense à criação do Estado do Tocantins.
•Os tempos duros e difíceis foram vencidos, graças ao bom Deus.
•Hoje temos a Conorte, quase decenária organizada para lutar pela causa libertária do povo nortense e o Comitê pró-criação do Estado do Tocantins, nascido, este ano, com a força do apelo telúrico aos eminentes homens da justiça, do jornalismo, do Ministério Público, do Magistério e de tantos outros setores de atividade humana.
•O governador do Estado de Goiás, Dr. Henrique Santillo, ao contrário de todos os seus antecessores, não somente é favorável à criação do Estado do Tocantins, mas luta ao nosso lado pela causa maior da altiva gente morena nortense.
•Ao contrário das formações anteriores, a Assembléia Legislativa de Goiás, além de unanimemente favorável à nova unidade da Federação é autora da sugestão de Norma Constitucional nº S.10151-6,que cria o Estado do Tocantins, aprovada juntamente com outras de igual objetivo, pela subcomissão dos estados, da qual sou relator.
•A luta foi dura mas compensadores os seus resultados, eis que hoje há consenso em Goiás de que a área da Amazônia Legal, além do paralelo de 13º, deve ter reconhecida sua autonomia para que o seu povo se liberte do guante da opressão, da pobreza e das demais condições geradas pelo abandono e pela injustiça.
•De fato, ao longo destes cento e setenta e oito anos de lutas pela autonomia da região amazônica de Goiás os seus filhos têm sido vítimas, em marchas e contramarchas, de jogadas ardilosas e de trapaças repugnantes.
•Comissões e grupo de trabalho, já se criaram às dezenas, constituinte Antonio de Jesus, ilustre subscritor da Emenda Popular e companheiro de luta pela criação do Estado do Tocantins, tendo eu sido envolvido, nesse tipo de coisa, por diversas vezes. E me deixeis envolver para evitar fossem criados pretextos impeditivos da consecução dos altos objetivos do povo nortense.
•Coordenador da comissão de estudos da Amazônia, duas vezes presidente da comissão de valorização econômica da Amazônia, presidente da comissão de Redivisão Territorial e política Demográfica, desde 1971, quando tomei posse na câmara dos deputados, venho arrastando imensas dificuldades, sempre tive, porém revigoradas as minhas forças e a capacidade de paciência e tolerância e a fé em Deus, por saber que um dia encontraria pessoas sinceras e leais, que iriam ajudar ao povo nortense de Goiás na conquista suprema da autonomia político-administrativa, com a criação do Estado do Tocantins.
•Em 1.974 eu, deputados João Ribeiro, Ely Dourado, Brito Miranda, Hagaús Araújo, Edmundo Galdino, Solon Amaral e nobres colegas, apresentei emenda criando o Estado do Tocantins, ao projeto de lei complementar que dispunha sobre a criação de estados e territórios e a fusão dos antigos estados da Guanabara e Rio de Janeiro, transformado na lei complementar nº 20/74 que todos conhecemos. A emenda foi rejeitada.
•No mesmo ano de 1974, apresentei o projeto de lei nº 3.443, que previa a realização do plebiscito a respeito da criação do Estado do Tocantins, aprovado em 1.977, pela câmara dos deputados e, no ano seguinte, arquivado pelo Senado Federal.
•Em 1.978 apresentei o projeto de lei complementar nº 187, que cria o Estado do Tocantins e dá outras providências, mas não chegou a ser apreciado por decurso de prazo.
•Após aguardar o envio de mensagem presidencial por diversos anos e ter chegado a conclusão de que o Palácio do Planalto não a enviaria, porque não desejava contrariar grupos oligárquicos de Goiás, apresentei o projeto de lei complementar nº 1/83, que a câmara dos deputados aprovou em Novembro do mesmo ano e o senado Federal em Dezembro de 1.985.
•Aprovado o projeto, começa a luta pela sua promulgação, já que a constituição em vigor diz, em seu artigo 44, que é competência exclusiva do Congresso Nacional:
•V- Aprovar a incorporação ou desmembramento de áreas de Estados ou Territórios.
•Inviabilizada a promulgação, por motivos que não me agrada relembrar, inicia-se a batalha pela sanção.
•Nela se atiram todos os que combatem as oligarquias goianas e as forças do negativismo que desejam manter oprimidos e dependentes os filhos do norte-nordeste goiano.
•Tancredo Neves é eleito presidente e por diversas vezes afirma que sancionará a lei criadora do novo estado, atendendo aos incontidos e irrefreáveis anseios do povo nortense de Goiás.
•A 6 de Março de 1.985, a imprensa registra o último compromisso de Tancredo Neves: “O projeto será sancionado e o novo estado terá os recursos indispensáveis `a sua instalação”.
•Chega o dia da posse, Tancredo adoece, assume José Sarney, amigo pessoal do autor do projeto, em defesa de quem este arriscará até sua integridade física.
•O então senador Henrique Santillo e muitos deputados federais de Goiás, em diversas ocasiões, falam a Sarney sobre a importância da criação do Estado do Tocantins para o povo goiano.
•Sarney, como sempre, ouve e nada diz.
•Santillo insiste e expõe ao presidente a conversa que tivera com Tancredo sobre a criação do Estado do Tocantins e relata a sua Excelência os termos dos compromissos do presidente agonizante.
•Sarney ouve, nada fala. Sempre que não que atender o seu interlocutor, o presidente, homem fidalgo, ouve em silêncio. Nada diz. Os que com ele conviveram, no congresso, na ARENA e no PDS ,sabem que ele é assim: falando, é cavaleiro da paz; em silêncio cavalariano da guerra.
•Vem o anúncio do veto e com ele a declaração do nosso presidente José Sarney, prestada aos repórteres dos grandes jornais brasileiros, durante o café da manhã no palácio Jaburu, a 1º de Abril de 1.985 e publicada por todos os jornais do dia seguinte: ”Este não é o momento de se pensar em divisão territorial do país - notem bem nobres companheiros, o que diz o presidente – porque no próximo ano a constituinte terá condições de discutir o assunto com maior profundidade.
•O veto, impropriamente aplicado fere o Congresso Nacional em sua independência, em sua soberania, mas cria um clima de solidariedade e apoio, como nunca visto dantes, à luta libertária do povo nortense.
•Antes mesmo da apreciação do veto pelo Congresso Nacional, dá entrada no Senado Federal o projeto de Lei complementar, que leva o nº 201, de 1.985,novamente a criação do Estado do Tocantins, subscrito pelo senador Benedito Ferreira e outros 57 senadores, dentre eles, o presidente daquela casa, outros membros da Mesa e líderes de todos os partidos políticos. O projeto fora redigido pelo autor, por mim e pelo Dr. José Queiroz Campos, companheiro devotado nesta luta libertária.
•Aprovado pelo Senado Federal, a proposta teve também, acolhimento unânime da câmara dos Deputados e, de novo, foi ao presidente José Sarney, que novamente, aplicou o veto indevido e impiedoso.
•Recomeça então, toda a luta, agora com a apresentação pelo Senador Amaral Peixoto, de um novo projeto de Lei Complementar, o de nº 13, de 1986, que aprovado pelo Senado Federal, se encontra na câmara dos Deputados.
•Sobre esse último projeto, quando da votação do respectivo requerimento de urgência, disse o líder Pimenta da Veiga – está nos anais - e ao lhe negar aprovação pela câmara dos Deputados: ”Entende o Executivo que matéria desta relevância deve ser estudada e refletida com sua tramitação ordinária, ou, preferencialmente através da Assembléia Nacional Constituinte”.
•Mesmo assim, o requerimento ganhou a votação, mas +por falta de quorum , não foi aprovado naquela histórica sessão de 2 de Dezembro de 1.986.
•Sob os aplausos da Nação, instava-se enfim, a Assembléia Nacional Constituinte, onde os temas – Criação dos Estados, extinção de territórios, desmembramento e fusão – podem e devem ser tratados, segundo o presidente José Sarney e os mais eminentes líderes da Aliança Democrática e da Oposição, os notáveis da Comissão Afonso Arinos e os Constituintes de 1.946.
•Indicado relator da subcomissão dos Estados pelo eminente líder Mário Covas e pelo senador Chagas Rodrigues, presidente daquela subcomissão, teve este constituinte a honra de obter o apoio dos seus eminentes pares, para sua tarefa de relator e para o seu parecer, acolhidos por unanimidade, à criação do Estado do Tocantins e demais disposições sobre os mais diversos temas.
•As reiteradas declarações do eminente relator da comissão da Organização do Estado, senador José Richa, quanto à pacífica criação do Estado do Tocantins, pela constituinte, tranqüilizam a todos os que lutam pela vitória da grande e apaixonante causa.
•Dias depois mais uma grande decepção: O anteprojeto do senador José Richa não contempla a criação do Estado do Tocantins e comete graves injustiças contra o anteprojeto da subcomissão dos Estados.
•Sem exasperar-me, busquei o diálogo e apresentei a Emenda nº1, assinada pelo nobre constituinte José Freire que, acolhida pelo nobre relator da Comissão de Organização do Estado, foi aprovada, por unanimidade, em histórica reunião final daquele órgão técnico.
•A injustiça foi reparada, pela firmeza e serenidade de nossa posição, através do diálogo constante.
•Mantendo-me vigilante, firme e sereno, em permanente diálogo com as mais importantes personalidades e dirigentes da Constituinte, pude assegurar a permanência do artigo que cria o Estado do Tocantins nas duas fases de anteprojetos da comissão de sistematização e levá-lo ao projeto de Constituinte que foi ao plenário.
•Sr. Presidente ,vou concluir e solicito a V. Excelência tenha um pouco de consideração, porque vieram de tão distantes plagas os nossos companheiros, que vêm ouvir este modesto discurso, que é um relato da nossa luta pela criação do Estado do Tocantins neste augusto plenário.
•Não será necessário dizer do quanto está sendo difícil manter o atual artigo 438, que cria o estado do Tocantins, tantas têm sido as investidas de pessoas que não conhecem a nossa luta, as nossas intenções e os nossos compromissos e que, sobretudo, não conhecem o nosso povo e a nossa região e que defendem os interesses das oligarquias e das forças colonialistas internas e externas.
•E é para refutar de vez, todos os frágeis argumentos que sustentam os inditosos adversários da autonomia do povo nortense e para provar porque o Estado do Tocantins pode e deve ser criado pela constituinte que passo a parte final deste pronunciamento, permitindo-me até mesmo ser repetitivo em muitos dos seus trechos.
•Sobre a alegada contradição existente entre os artigos que criam estados e o que cria uma comissão de Redivisão Territorial e sobre outras “razões” igualmente inconsistentes, e até mesmo pueris, permito-me levar aos meus eminentes pares e à opinião pública do meu país os meus esclarecimentos que julgo prestar.
•A comissão de Redivisão Territorial do país, prevista no artigo 4º das disposições t5ransitórias, foi aprovada na subcomissão dos Estados, por proposta minha, relator que era daquela subcomissão, constituindo-se no artigo 28 do seu anteprojeto, após os artigos 25,26 e 27 que prevêem a criação de Estados e a extinção de Territórios Federais, com a finalidade de estudar outras propostas, de novas unidades federais, e nunca, as relativas aos Estados criados pela subcomissão e confirmados pela comissão.
•A criação do Estado do Tocantins foi aprovada pela subcomissão dos Estados na forma de dez sugestões de Normas Constitucionais, quatro de iniciativa de Constituintes e seis de entidades das mais diversas áreas, inclusive a de nº S10151-6 da Assembléia Legislativa do Estado de Goiás, assinada e aprovada pelos seus 41 integrantes. 
•O relator da comissão da organização do Estado, senador José Richa, que inicialmente não Acolheu as propostas de criação do Estado de Tocantins, atendendo a diversos apelos, inclusive um que lhe foi dirigido em forma de Moção de Apoio, unanimemente aprovada a cinco do corrente , na Assembléia Legislativa e, outro, do Governador Henrique Santillo, do Estado de Goiás, incluiu em seu substitutivo do Anteprojeto, a criação do Estado do Tocantins, na forma do artigo 30, das disposições transitórias, excluído este Estado de apreciação pela comissão de Redivisão Territorial do país.
•Aos que alegam avolumadas despesas e que o pais não estaria em condições de arcar com esses dispêndios, afirmo que, para a instalação do novo Estado, a União não despenderá qualquer recurso, fixando-se essas despesas em valor equivalente a 640.000 OTN, ou seja CZ$ 241.702.400,00, devendo apenas, fazer adiantamento por antecipação de receita, correndo por conta do Governo do Estado do Tocantins as despesas de sua instalação.
•Por outro lado, a nova Carta Magna promoverá uma mais justa distribuição da renda tributária, passando os Estados de 14% a 22,5% através do FPE e os municípios, de 17% a 21.% do FPM.
•Não será demais lembrar que , após diversas tentativas, a partir de 1.971, a criação do Estado do Tocantins foi aprovada pelo Congresso Nacional, pela primeira vez, a 26-3-1.985.,já com o compromisso do saudoso presidente Tancredo Neves de sancionar o autógrafo de lei e destinar recursos para a instalação do novo Estado.
•A 6 de Abril de 1.985 o presidente José Sarney vetou o projeto de criação do Estado do Tocantins, mas, em cima do veto o Senado Federal, por unanimidade e em votação nominal, aprovou o segundo projeto, referendando, nas mesmas condições, pela câmara dos Deputados.
•A 10 de Dezembro de 1.985 o presidente José Sarney vetou o segundo projeto de criação do Estado do Tocantins.
•Antes da apreciação do veto, o Senado Federal aprovou, por unanimidade em votação nominal, o terceiro projeto no mesmo sentido, desta feita de autoria do senador Amaral Peixoto, que se encontra na câmara, já com parecer favorável da Comissão de constituição e Justiça.
•Em entrevista divulgada a 2 de Abril de 1.985, o presidente José Sarney, após anunciar o veto ao primeiro projeto de criação do Estado do Tocantins, remete a decisão à Assembléia Nacional Constituinte.
•Ao negar urgência para a votação do terceiro projeto de criação do Estado do Tocantins, o líder Pimenta da Veiga, remete a proposta de criação do Estado do Tocantins à Assembléia Nacional Constituinte.
•Mesmo com a manifestação do líder do PMDB, o plenário votou favoravelmente a urgência, que não foi aprovada por falta de quorum , muito comum nas sessões de fim de ano da câmara dos Deputados (2-12-86).
•São muitas as declarações de líderes do PMDB e PFL remetendo a criação do Estado do Tocantins à Constituinte.
•Não fui eu portanto, senhor presidente, eminente líderes da maioria e da Minoria, quem teve a idéia de fazer nascer o Estado do Tocantins nesta Assembléia Nacional Constituinte. Foi o presidente José Sarney e os eminentes líderes do PMDB.
•E eu não acredito que o tenham feito para livrarem-se, na ocasião em que o Congresso Nacional estava prestes a aprovar a criação do novo Estado, da situação que lhes pudesse ser incômoda. Não, o presidente José Sarney e os líderes do PMDB são homens sérios, dignos e respeitosos dos direitos, anseios e das decisões do povo.
•Portanto, parece-me que aqueles que argumentam não serem matéria constitucional as propostas de criação de Estados e preconizam a remessa do assunto, de volta ao Congresso Nacional, não estão se dando conta do quanto expõe o presidente da República, o PMDB e o PFL perante à opinião pública, como se fossem pessoas que brincam e trapaceiam com as aspirações e os direitos das populações que buscam, na autonomia de suas regiões, a forma de se libertarem da opressão, da pobreza, da fome e da miséria.
•Pelo que conheço de Sarney e dos líderes do PMDB e do PFL, posso afirmar que jamais fariam esse jogo sujo de remeter do Congresso, num condenável jogo de pingue-pongue com esta Constituinte e com a altiva gente que tenho a honra de representar.
•A presente solução tem precedente constitucional: As Disposições Transitórias da Carta Magna de 1.946, tratam da criação do Estado do Acre e da extinção dos territórios Federais do Iguaçu e Ponta Porã, e de um elenco de medidas que falam até de salários e profissões de servidores.
•O anteprojeto Constitucional da Comissão Afonso Arinos aprovou a criação de Estados(artigo 2º das disposições gerais e transitórias).
•A luta pela emancipação da região amazônica de Goiás iniciou-se a 9 de Março de 1.809, com a instalação da Comarca do Norte, criada por Dom João VI, que teve no Desembargador Joaquim Teotônio Segurado, através das famosas “Declarações”, rebelado-se contra os Capitães- Generais e proclamado a autonomia do Tocantins, constituindo-se no primeiro presidente da nova província, extinta pela força, anos após a independência.
•De norte a Sul de Goiás há consenso das populações e dos governantes pelo Estado do Tocantins, constituindo a sua criação o resgate de um claro e ostensivo compromisso de campanha de todos os partidos políticos, à frente PMDB,PFL,PDC,PTB,PDT,PT,PL,PC do B,PCB, PSB, e PSC.
•Neste momento, em que estamos construindo instituições democráticas fortes e sólidas, não seria correto deixarmos de fazer uma justa reparação moral, um desagravo, ao poder Legislativo, restaurando-lhe a independência e soberania, duramente atingidas por dois vetos presidenciais, cuja ilegalidade é patente dada a competência exclusiva do Congresso Nacional para criação de Estados e Territórios (Inciso V do Artigo 44, da Constituição Federal).
•Ainda mais quando verificamos haver, por parte do poder Legislativo, por duas vezes, reiteração de vontade, quanto `a criação do Estado do Tocantins.
•Sr. Presidente, Srs. Constituintes,
•Se não inserirmos alguns dispositivos auto - aplicáveis na nova Carta Magna, iremos frustrar as expectativas e as esperanças do povo.
•Dispositivos auto - aplicáveis sempre formaram o texto das Disposições Constitucionais Transitórias de todas as Constituições, constituindo elas um ato separado, independente da Constituinte que acompanha.
•A carta de 46 tratou da criação de Estado, da extinção de Territórios, sobre mandato do presidente, do Vice, dos deputados e senadores, da transferências da capital, intervenção nos estados, demarcação de suas linhas de fronteira, transferência de propriedades confiscadas, estabilidade de juizes e servidores de outros níveis, das composições das Assembléia Legislativas, da inscrição de candidatos a cargos eletivos, de inelegibilidade, discriminação de rendas, cobranças de impostos de exportação, exploração de minas e quedas d’água, concessões honoríficas, perdas de cargos por acumulação, gratificações aos funcionários das secretárias da câmara e do Senado, isenção de impostos sobre aquisição de moradia, anistia e desertores e insubmissos, aproveitamento do Rio São Francisco, direito de pleitear junto à justiça o reconhecimento de certos direitos, a conclusão, em dois anos, da rodovia Rio-Nordeste, a construção de um monumento a Rui Barbosa, a promoção a Marechal do General Mascarenhas de Moraes, a nomeação de comissão para opinar sobre a denominação do idioma nacional, etc.
•Ao deixar esta tribuna, Sr. Presidente, e nobres colegas, conduzo a certeza de que o povo nortense de Goiás será contemplado pela Assembléia Nacional Constituinte com o preenchimento do enorme vácuo de poder, entre Goiânia e Belém, que o desampara e prejudica; desço com a subida consciência de que este augusto plenário, onde iniciei nos primórdios dos anos setenta, a minha atividade parlamentar, votará, de forma livre e consciente, em desagravo ao Congresso Nacional, restaurando-lhe a autonomia, a soberania e a dignidade, duramente atingidas pelo veto presidencial; concluo meus nobres pares, certo de que o voto independente e decidido de todos, para nossa honra e nossa glória, criará o Estado do Tocantins, de tantos e tão belos sonhos acalentados por homens e mulheres de todas as idades que nasceram para ser livres, fortes e prósperos.
•Sr. Presidente, constituinte José Freire, meus nobres colegas, eminente presidente da Comissão de Sistematização e seu vice- presidente, senador Afonso Arinos e deputado Aluízio Campos , salve o eminente Estado do Tocantins, que espera contar com o apoio e com o voto de Vossas Excelências(palmas).


O SONHO DO VISIONÁRIO SIQUEIRA CAMPOS TORNA-SE REALIDADE.

A história do Tocantins não se restringe àquela que está escrita em páginas amarelecidas pelo tempo. Mais que isso, sua história está cravada fundo na saga de homens que lutaram bravamente até os seus últimos dias de vida, de homens que nasceram e se foram embalados pelo nobre sonho de um dia verem, definitivamente, concretizada a secular aspiração do Estado do Tocantins. Do século passado aos nossos dias, as marcas das lutas estão ai a dizer e a reforçar uma causa que se justifica sob todos os aspectos.
Lembramos aqui, de grandes idealistas da porção norte de Goiás, especificamente, de grandes homens que viveram em Boa Vista do Padre João, hoje Tocantinópolis: Raimundo Guimarães, Antonio Gonçalves Guimarães e o “velho” Epaminondas que trucidados, presos, torturados, humilhados, direitos negados., quando entraram nas fileiras comunistas, em plena época época da guerrilha do Araguaia, quando comandavam os pontos de apoio na Ilha do Tauyri, em Tocantinópolis. Homens simples que morreram com sequelas de torturas, e que tiveram suas vidas marcadas pela intolerância e violência da ditadura militar brasileira.
O “velho” Epaminondas morreu no cárcere dizendo a famosa frase: “Morre um homem , mas não more o ideal” .E o humilde Inácio pescador morreu como sonho de liberdade em sua cabeça, pois sempre que descia o Rio Tocantins em busca de sustento para sua família, ficava horas e horas em cima das famosas pedras do Braga em Tocantinópolis, meditando sobre os difíceis tempos de ditadura militar e as torturas que sofrera ao lado do seu amigo de lutas Antonio Gonçalves Guimarães, tudo em nome da liberdade, da independência que fervilhava em seu sangue.
Em tempos cronológicos invertidos lembramos também do padre João de Souza Lima, o grande líder de Boa Vista, que por diversas vezes liderou movimentos a favor da independência da porção norte de Goiás, chegando até mesmo a cogitar Boa Vista do Padre João como a capital do sonhado Estado do Tocantins. Quando em 1.862 a Câmara de Vereadores de Boa Vista do Padre João emite um manifesto ao povo da região, condenando o isolamento e o abandono do norte goiano e defendendo a autonomia da Comarca do Norte. E também o jornal O Tocantins editado em Boa Vista e precursor do Folha da Boa Vista, tendo como editor Felipe Cardoso Santa Cruz, defende os ideais regionalistas.(Felipe Cardoso era ancestral de Fernando Henrique Cardoso, o atual presidente brasileiro).
Entre a realidade e o sonho chamado Estado do Tocantins estão a pertinência, a perseverança, a teimosia e a determinação de um povo através de várias gerações. Foram necessários mais de cem anos de lutas, de argumentos, de justificativas e de boa vontade política, bem como de muito altruísmo. Governos entraram e saíram e entre uma frustração e outra, a semente do Tocantins permanecia germinando, insistindo em produzir o fruto maior, insistindo em se fazer o tão esperado resultado.
O começo de tudo já se vai longe, e nunca se perderá da memória da história, nem da lei da ancestralidade ou sincronicidade, mesmo que tenhamos uma curta memória nacional. Ao contrário do que apressados e desinformados possam imaginar, o Tocantins não nasceu nos casuismos dos gabinetes acarpetados ou de laboratoriais reuniões secretas. A sua história está intimamente ligada às naturais necessidades de redivisão territorial e à visão de homens que perceberam isso primeiramente, e do povo aclamando nas ruas, sofrendo nas roças, mulheres nas fontes lavando roupas e índios nas choças.
O movimento separatista remonta a mais de um século. O início é atribuído, primeiramente à insatisfação da população do Norte, com o governo oligárquico e os homens de Vila Boa. O motivo era um só: O fiscalismo colonial oprimia o norte e beneficiava diretamente o sul, com seus homens se transformando em burocratas ricos, graças às riquezas que os nortenses ou nortistas como nos chamam até hoje, produziam. Enquanto o sul se beneficiava pela proximidade com a administração, o norte se via entregue ao abandono, ao isolamento e à própria sorte, sem a s atenções do governo de Vila Boa de Goyaz que pouco se importava com o norte, inclusive com os ataques indígenas(pois os bandeirantes goianos atacavam os índios, roubavam e enganavam, iam embora depois da pilhagem, e os habitantes do norte ficavam em maus lençóis com os verdadeiros donos da terra).Para piorar a situação dos nortistas, a taxação que incidia sobre o gado exportado era cada vez mais pesada e os impostos iam quase que diretamente para os bolsos dos homens livres da capital escravista de Goyaz, que eram sustentados por eles.
Os motivos de uma revolta inicialmente surda aumentavam. A distância geográfica do Norte com o sul da capitania era muito grande e com isso os nortistas estavam mais ligados ao norte de Minas Gerais e ao oeste da Bahia, com quem se identificava através da predominância da pecuária, ao contrário do que ocorria com o sul, onde a agricultura era mais intensa. Para distanciar ainda mais, as suas ligações pelos rios eram com o Pará e Maranhão, e por quase um século o norte esteve vinculado às administrações diocesanas do Pará e do Pernambuco.
Tudo isso contribuía para que o desejo de separação fosse sendo sedimentado, a ponto de um apego quase cego ao ouvidor Joaquim Teotônio Segurado, uma espécie de primeiro porta-voz do sonho Tocantins, uma espécie de Darci Coelho, o homem das articulações jurídicas.

O COMEÇO

Depois da instalação do que se chamou de Governo autônomo do Tocantins, em 1.821, e que teve como capitais São João da Palma(Paranã),Cavalcante, Arraias e Natividade, a luta pela criação do novo Estado ganhou contornos e palcos diferentes. Saiu de um plano de rebelião, para entrar em outro onde as discussões chegaram à câmara dos Deputados. No dia 22 de Julho de 1.873, na câmara dos Deputados no Rio de Janeiro, o assunto entrava na pauta através do deputado João Cardoso de Menezes e Souza, que apresentou um projeto para desmembrar Goiás, anexando a parte Norte, que apresentava a cidade de Boa Vista do Tocantins, hoje Tocantinópolis, como o principal pólo de riqueza e progresso da região, e como principal centro de então da região à província do Pará.
Alfredo D’Escragnolle Taunay – O visconde de Taunay – deputado imperial por Goiás e pertencente ao partido conservador, posicionou-se contra e propôs que se criasse a província de Boa Vista do Tocantins, que seria, caso tivesse logrado êxito, o Estado do Tocantins,, sem anexação de parte desmembrada da província do Pará. O projeto do deputado Cardoso de Menezes que ganhou o nº 446 provocou acirrados debates e com a posição do visconde de Taunay, a votação foi adiada.
Cardoso de Menezes, então, se utilizou de um deputado pela província de Minas Gerais que tinha uma proposta de divisão da província de Goiás em duas – Uma ao sul e outra ao Norte, que teria como capital a cidade de Boa Vista. A idéia da separação e da criação do novo estado, contudo, só se tornou oficial pela primeira vez com a proposta de criação da província do Tocantins, feita pelo visconde de Taunay em 1.879. Depois disso – um ano depois – Fausto de Souza publica sua famosa carta-projeto de Redivisão Territorial do Brasil, onde figura o território do Tocantins, ao norte do paralelo 13, em Goiás. O sonho se desenhava e ganhava consistência e força.
Em 1.937, o professor Teixeira de Freitas iniciou estudos sobre a Redivisão do Brasil e em 1942, concluiu-os, recomendado a criação do Estado do Tocantins, bem como o Estado do Araguaia, sendo que o primeiro englobando terras de Goiás, Maranhão, Bahia e Pará, e o segundo, de Goiás, Pará e Mato Grosso. No ano seguinte o coronel aviador Lysias Rodrigues(que se tornou brigadeiro posteriormente)inscreveu seu nome na luta pelo Tocantins defendendo-o através de um vibrante discurso durante a solenidade de inauguração do campo de pouso de Porto Nacional.
Os anos foram passando e o ideal separatista não morria. Em 1.956, através de um Manifesto à Nação, elaborado pelo juiz de direito de Porto Nacional Feliciano Machado Braga e pelo professor Fabrício César Freire, e assinado por várias personalidades nortenses, surgiu um novo movimento. A data de 13 de Maio daquele ano ficou marcada pela divulgação do Manifesto, que desencadeou outras tantas manifestações em prol do Tocantins ao longo dos anos.
No início da década de 70 a luta prosseguiu e teve na Comissão Coordenadora de Estudos da Amazônia, criada pelo Diretório Nacional da Arena, atendendo a requerimento do deputado federal SIQUEIRA CAMPOS outro motivo de esperança. O mesmo SIQUEIRA CAMPOS apresenta em 1972 o projeto de Redivisão Territorial da Amazônia Legal, no bojo do qual está a criação do Território Federal do Tocantins, com o documento tendo sido aprovado por unanimidade. Alguns anos depois – Mais precisamente em 1.978 – Siqueira Campos se junta aos deputados Mário Cavalcante e Raimundo Marinho para a elaboração do projeto de lei complementar de nº 187/78, que novamente trazia o velho sonho do Tocantins. Sua apresentação se deu no 27 de junho de 1.978 
As tentativas não cessaram e três meses depois era aprovado pela câmara dos deputados o projeto de lei nº 3.443/77,igualmente de Siqueira Campos e que determinava a realização de plebiscito para a criação do Estado do Tocantins.

O BERÇO DO IDEAL

O ouvidor Joaquim Teotônio Segurado acabou funcionando como fator de consolidação do desejo separatista que mais tarde culminaria com a criação do Estado do Tocantins. Ele chegara a Goiás em 1.805, nomeado Ouvidor Geral da Capitania ,sendo transferido para a Ouvidoria do Norte em 1.809, quando a comarca foi criada, radicando-se na Vila de São joão da Palma (hoje a histórica cidade de Paranã), onde se casou e acabou se identificando com os interesses e problemas da região.
Dono de grande prestígio no Norte em razão da posição que ocupava, Segurado começou suas divergências com o sul quando, em Setembro daquele ano, tomou conhecimento de que um grupo de radicais havia tentado se desligar do governo colonial para instalar um governo local, o que não contava com a sua simpatia. Ante o insucesso da iniciativa e aprisão do capitão Cardoso, um proeminente eleitor do Norte que se viu trancafiado a mando do governador, o ouvidor Segurado decidiu não se submeter ao governo de Goiás e sua oligarquias.
Os futuros tocantinenses acabavam de ganhar um forte aliado em uma luta que na verdade estava apenas começando. Um mês depois do frustrado levante da capital Joaquim Teotônio Segurado se mudou para Cavalcante( por questões estratégicas),onde instalou um governo provisório e independente de Goiás, contando com total apoio popular. Isso o levou a criar a província, a abolir os pesados impostos e a conclamar que os arraiais elegessem seus deputados que se reuniriam em Cavalcante para darem forma ao governo e escolheriam uma nova capital.
A notícia chegou ao Capitão – General , que reuniu todas as autoridades no Quartel – General, propondo o envio de força militar ao Norte para sufocar a rebelião. Apesar de aplaudida e aceita a proposta não foi adiante em razão da posição contrária do Tenente – Coronel Alexandre José Leite Chaves de Melo, indicado como Sub- comandante da coluna, que convenceu a todos da ilegitimidade da decisão considerada ainda como criminosa. Enquanto se fazia uma consulta ao Regente, o governador dirigiu uma proclamação ao povo do Norte, pedindo fidelidade em troca de benefícios para a região.
Àquelas alturas, no entanto Segurado já enfrentava dissidências em seu “governo” e não tornou pública a proclamação e na tentativa de contornar a situação, mudou a capital para Arraias, como era de agrado da maioria dos representantes dos arraiais, o que teve efeito contrário ao esperado por Joaquim Teotônio Segurado, que ficou quase só, principalmente depois que o vigário Cavalcante fugiu para Goiás e denunciou nominalmente todos os envolvidos na rebelião. A crise no Norte estava, portanto, estabelecida, obrigando Segurado a se mandar para Lisboa, ficando em seu lugar o tenente – coronel Pio Pinto de Cerqueira, nome que não tinha condições para administrar aquela crise.
Mesmo assim Cerqueira transferiu a capital para Natividade, fato que desagregou ainda mais o grupo governante do norte, provocando uma ação fulminante do Tenente – Coronel Cerqueira: Elevou Natividade à categoria de Vila, transferindo para lá a Câmara de Palma com todos os seus arquivos. O ouvidor Febrônio José Vieira Sodré, que liderou os vereadores, foi destituído do cargo que passou a ser acumulado por Cerqueira que mandou prender os rebeldes. Em Goiás, depois da aguda crise do sul e com a recomposição da província do Norte passou a ser a grande preocupação do governo, que enviou o padre Gonzaga para promover a reunião das comarcas.
Junto com ele foi uma escolta comandada pelos tenentes – coronéis José Antonio Ramos Jubé e Alexandre José Leite Chaves de Melo. Poucos dias depois soube-se da independência e da aclamação de D. Pedro, em 1.,822, notícia que também chegara ao capitão Cardoso, em sua fazenda em Arraias. Nome forte para comandar o Norte, ele foi para Arraias e no primeiro dia de 1.823 promoveu uma solenidade de juramento de fidelidade ao imperador, mas logo foi preso por ordem do padre Gonzaga Fleury, por ter protestado contra a reunião das comarcas. Isso enfraqueceu qualquer movimento de levar adiante a causa separatista e em Abril daquele ano todos os núcleos rebeldes estavam desarmados em Cavalcante, Arraias , Palma e Natividade.
Isso porém, não cessou a revolta do Norte para com o governo e os homens de Goiás, que não cumpriram as promessas de um novo tempo para a região que hoje compreende o portentoso Estado do Tocantins, que abriga tantos filhos de Goiás, em cargos relevantes em sua administração.

O mesmo deputado Siqueira Campos voltou a apresentar outros projetos de criação do Estado do Tocantins, como o de 83, que igualmente tinham o mesmo destino: O veto presidencial. Em 85, porém, a luta se fortaleceu. Além dos parlamentares que defendiam a idéia – entre os quais: Maranhão Japiassú, José Freire, Raimundo Marinho(filho de Tocantinópolis, do saudoso deputado estadual Darci Marinho), Siqueira Campos, Benedito Ferreira, Totó Cavalcante e outros, várias entidades, dentre as principais a Conorte e o Comitê Pró – Criação do Estado do Tocantins ( criado e liderado pelo juiz federal Darci Coelho), começaram a se juntar a eles, todas de cunho popular e classista.
Em 1.985 o nortense aumentou as esperanças por duas vezes. Na primeira, quando Siqueira Campos voltou a insistir na aprovação do projeto que criaria o novo Estado, e o presidente José Sarney, que sempre foi indeciso e corporativista, além de bairrista ( defendendo o isolamento do norte de Goiás, para preservar seu poder no Maranhão),não correspondeu às expectativas do Norte goiano, vetando sob o argumento de que o projeto é inviável economicamente. Mas no mesmo ano o Senador Benedito Ferreira o “Boa Sorte”, voltou à carga e apresentou um novo projeto pró – Tocantins. As lideranças e povo nortense se mobilizaram, fizeram lobby, mas apesar da aprovação por parte da Câmara dos Deputados e do Senado, caiu novamente nas mãos do impiedoso e retrógrado Sarney, o vice pára-quedista que virou presidente, e o projeto de Lei Complementar nº 201 foi vetado.
O fato revoltou o povo do Norte e provocou situações inéditas como as greves de fome desencadeadas pelos deputados Siqueira Campos (no Congresso Nacional) e Totó Cavalcante (na Assembléia Legislativa de Goiás), que não se conformavam com a atitude do presidente e com destino do projeto 357/87 do senador Benedito Ferreira(complementado pelo projeto 201).
A cena se repetia: A cada alegria pela aprovação das matérias pró – Tocantins pela câmara dos Deputados e pelo Senado, logo vinha a tristeza pelos vetos do presidente José Sarney que não gostava dos nortenses. A saída, então, passou a ser a Assembléia Nacional Constituinte, onde o sonho chamado Tocantins também enfrentaria marchas e contramarchas até merecer a aprovação da Co0missão de Organização dos Estados, acatando o substitutivo apresentado pelo relator José Richa(PMDB - Paraná), que logo depois, estranhamente, omitiu de sua apreciação ou aprovação a criação do Estado do Tocantins.
Era um passo importante que se reforçaria no dia 11 de Julho de 1.987, quando o relator da Comissão de Sistematização, Bernardo Cabral, incluiu artigo criando o novo Estado no projeto de constituição que iria a plenário, derrubando emenda supressiva que havia sido apresentada por parlamentares contrários ao Tocantins. A aprovação em plenário implica na criação definitiva do novo Estado, uma vez que a Constituinte promulgada não passará pela sanção do presidente da República.
Assim, o artigo 438 do anteprojeto da comissão de Sistematização dispõe sobre o Tocantins, determinando que após resultado favorável de consulta popular, fica criado o Estado do Tocantins com o desmembramento dos municípios abaixo do paralelo 13, de Almas a Xambioá, pouco mais de sessenta municípios.
Depois dessa medida, o Tocantins fica agora na dependência do plenário que, confirmando o que está no ante – projeto da Constituição, tão logo esta seja promulgada, o Tribunal Regional Eleitoral de Goiás promoverá, dentro de 1809 dias, consulta popular nos municípios acima relacionados. O presidente da República nomeará um governador pro tempore que poderá legislar por decreto sobre todas as matérias de competência legislativa estadual até a instalação da Assembléia Legislativa. A primeira eleição para governador e Vice está prevista para 1.990. Enquanto isso, o poder Executivo Federal fixará um município como sede provisória do governo do Novo Estado.

A VOTAÇÃO

Quando apareceu, no último dia 15 de Novembro, no placar eletrônico da Comissão de Sistematização, em Brasília o final da votação que incluía a criação do Estado do Tocantins na nova Constituição Brasileira, o povo nortense via renovadas todas as suas esperanças em ver criado o novo Estado que há 178 anos vem sendo objeto de uma incansável luta e perseguição política pelas oligarquias de Goiás. Os 82 votos favoráveis (apenas cinco contra e cinco abstenções) mostraram que a iniciativa conta com o respaldo da grande maioria dos representantes do povo.
Siqueira Campos, autor do destaque à emenda que o Tocantins, surpreendeu ao dar co-autoria ao deputado José Freire (PMDB), que também estava inscrito para defender a proposta. Numa atitude de bom senso, eles preferiram dar a missão ao senador Wilson Martins (PMDB-MS) que foi o primeiro governador do Mato Grosso do Sul e o deputado Bonifácio de Andrada (PDS – MG). O relator Bernardo Cabral, da Comissão de Sistematização, elogiou a composição política de Siqueira e Freire, para ele “um exemplo à nação e a certeza de que o Tocantins começa sob o signo da união e da concórdia”. O deputado Aluízio Campos (PMDB – PB) entrou para a história do Tocantins por ter anunciado o resultado da votação, motivo de enorme alegria para todos nós nortenses.

3ª O DESBRAVADOR DO CERRADO

Escrito por Antonio Guimarães-

A revolução de 1930 foi uma das mais importantes, dentre todas as revoluções que aconteceram em nosso país. Pois estabeleceu padrões de comportamento, e produziu heróis para a nossa história, fomentando idéias e ressurgindo líderes pós-revolução.
Um dos grandes heróis da ousada revolução, um dos dezoito do forte, o mais corajoso e audacioso dos revolucionários, certamente foi o coronel SIQUEIRA CAMPOS, ancestral direto de José Wilson Siqueira Campos, o idealista do cerrado, o bandeirante de uma nova era.

Em l.964, quando ficou caracterizada a tendência do governo no sentido de ser levado o país à adoção de medidas de caráter esquerdista, contra as quais se pronunciava a grande maioria da nação. Chegando em Março daquele ano, a ponto de fomentar a indisciplina entre os subordinados da Marinha de Guerra e Sargentos das três forças armadas, o que determinou a imediata reação dos chefes militares de maior prestígio.
Implantada a revolução, a 31 de Março de 1964, apoiada pelos governadores dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Guanabara e Rio Grande do Sul, , tal movimento tornou-se vitorioso, com a ida do presidente João Goulart, do Rio de Janeiro para Brasília, e de Brasília para o Rio Grande do Sul, e finalmente para o Uruguai. Começava então o calvário da pátria amada, o nosso país passaria por vinte de atraso que se traduziria em cinqüenta, com o absurdo de perseguições políticas, censura à imprensa, torturas, e insatisfação geral de todos os brasileiros pensantes.
Nesta mesma época, desembarcava no coração do Brasil, no médio norte do então estado de Goiás, que se havia insurgido contra a famigerada revolução, que mudou drasticamente os rumos de nossa nação, o grande idealista e vítima da revolução, perseguido também pelo regime ditatorial, o desbravador do cerrado, o libertador de um povo, José Wilson Siqueira Campos.
O corajoso bandeirante, desembarcou com toda sua família no município de Bandeirante, pertencente à cidade de Colinas, naquela época, hoje emancipado, no atual governo do seu mais ilustre habitante. Naquela época, o saneamento básico, as condições gerais de saúde eram precaríssimas, estradas péssimas, e o surto de doenças como a malária eram grandes e muito perigoso, quadro mudado para melhor hoje.
Depois de ter sido professor ruralista no Rio de Janeiro, soldado da borracha na Amazônia e militante do comunismo brasileiro, o homem experimentado e sofrido, casa-se e ruma em direção ao coração do Brasil, acalentando um secretíssimo sonho e alimentando um forte afã libertacionário.
Ao chegar em Bandeirante de Colinas de Goiás, hoje Colinas do Tocantins, o mais novo Bandeirante, o idealista, o Autodidata nortense de gênio empreendedor, começa então a trabalhar na terra, faz um grande círculo de amizade com todos os trabalhadores e habitantes da região, e começa uma espécie de agrovila, ou cooperativa agrícola, associada com um complexo de serrarias, que muito beneficiou a comunidade local de Bandeirantes, despertando a consciência coletiva do povo.
O trabalho comunitário desenvolvido junto àquela comunidade, refletia a vocação política e a liderança latente que existiam dentro do pensamento de um líder emergente que trazia no coração o sonho libertacionário de uma região abandonada, de uma gente relegada ao cativeiro colonialista de Goiás e suas oligarquias.
O sofrimento daquele povo sem líderes altruístas, levou o grande bandeirante SIQUEIRA CAMPOS, a empreender uma luta política, rumo ao predestinado Estado do Tocantins.
O grande historiador ARNOLD TOYNBEE, nos diz que a história repete-se em ciclos, e que existe a lei do sincronismo, então nada acontece por acaso. Os acontecimentos coadunam-se para compor o universal, para interagir na sinergia cósmica, para atingir o todo, o objetivo direcionado pelo destino da história.
José Wilson Siqueira Campos, apenas carregou o fardo ideológico e histórico de Joaquim Teotônio Segurado, que apesar de ser português e leal à coroa, era um legítimo tocantinense. Transubstancializou um sonho, e para realizar tal sonho, galgou os caminhos possíveis e impossíveis, empreendeu todos os meios legais e humanos possíveis, chegando ao nível de quase exaustão física e mental, jogando o seu prestígio político de mais de vinte anos de vida pública, e chegando até mesmo a fazer jejum, coisa que só os grandes líderes da história fizeram e venceram, por uma causa pública.

“A palavra virtude em política é um contra-senso. Na política os defeitos são às vezes as únicas soluções.”(Napoleão).

Os grandes líderes nascem em tempos adversos, convivem com o humanamente impossível, e terminam por empreender a luta, que lhes dará a concretização dos seus sonhos. Um homem público, no verdadeiro sentido da palavra, não vive para si, não é um líder egoísta. As circunstâncias, sempre o obrigam a estar imbuído em causas públicas.
Passar trinta anos servindo à comunidade, é algo incomum, para quem não tem vocação pública, para quem não tem compromisso coma a história e com as causas populares.
José Wilson Siqueira Campos é um homem voltado para as causas públicas, há mais ou menos trinta anos, e galgou todos os caminhos difíceis possíveis, à base de sofrimento, de muito sacrifício e abnegação para chegar onde chegou.
Analisando os homens públicos brasileiros, a partir de suas origens, compreenderemos o porque de suas atitudes, a razão de suas ações nem sempre aceitas e entendidas pelas massas, que são movidas pela simples emoção e por sonhos individualistas, coisas lúdicas.
O positivismo, sempre influenciou a prática política latino-americana, pois, devido ao fracasso de nossa sociedade, ajustar-se aos modelos disponíveis, europeus ou norte-americanos, suscita o pensador, que após assimilar as correntes contemporâneas do pensamento europeu, sobretudo do francês, leva o possível líder a refletir sobre a sociedade, a situação do homem no meio social, e os problemas a respeito das possibilidades e defeitos do mundo que o cerca, mesclando considerações gerais, com inquietações nascidas das lutas políticas quotidianas.
O mundo sempre endeusou o modelo anglo-saxônico e americano, e teve uma admiração quase beata, colocando tais modelos como paradigmas a serem imitados, e daí a globalização “neo-liberal”.
A instabilidade política, o atraso social e econômico, bem como a incapacidade prática de encontrar soluções adequadas, levou o homem latino-americano , especialmente o intelectual, a repensar o seu papel na sociedade, levando-o também a estudar os aspectos sociais e sociológicos.
Augusto Comte, com sua fé na ordem e no progresso, converteu-se no mentor espiritual de um mundo cansado de guerras civis seguidas, e que desejava o repouso, uma vez transformadas as estruturas herdadas das colônias. O positivismo comtiano, mescla de cientificismo e de espírito religioso, de admiração pela ordem católica medieval e do progresso científico, deitou raízes na América latina, como em nenhuma outra parte do mundo, especialmente no Brasil e no México, com diferenças regionais e de cultura.
Por tudo isso, em nossa história, sempre tivemos uma realidade ávida de fatos e de acontecimentos, e sempre tivemos instabilidade política e social, dando margens para que o militarismo positivista, fincasse raízes e se impregnasse em nosso país.
Os líderes e a juventude revolucionária, mostraram-se indignados, diante da nossa subserviência aos americanos e ingleses, enfim, diante de nossa total submissão aos europeus, e daí surgiu uma mescla de lideranças que buscavam a resposta no marxismo-leninismo soviético dos anos 50 que emergia em todo o mundo, e logo depois, exemplando-se no perigo amarelo que vinha da China, e assustava o mundo ocidental capitalista. Mescla aquela, de neo-marxistas e parceiros e colaboradores dos generais, que reprimiam os movimentos de vanguarda popular que surgiram e foram frustrados. Principalmente no interior do Brasil, como aconteceu na Guerrilha do Araguaia.
Tais acontecimentos, mesmo sem sucesso no Brasil, deu um certo embasamento aos homens que dirigiriam o futuro de nossa nação, e especificamente o nosso estado.
O nosso líder atual, além de ter sido soldado da borracha, foi integrante ativo do partido comunista, e seguidor e admirador de Luiz Carlos Prestes, e toda a sua prática política, norteia-se na sua assimilação do socialismo brasileiro

O SOLDADO DA BORRACHA

Nascido em 28 em Crato, Ceará, na tórrida região nordeste, que através do sofrimento. Imposto aos seus filhos, forja líderes em áreas diversas, o filho das secas, vindo do íngreme sertão, filho da esperança de libertação, filho das caatingas nordestinas, celeiro de poetas e cantadores, de autodidatas e intelectuais, o jovem JOSÉ WILSON SIQUEIRA CAMPOS, nascera predestinado para a liberdade, para liderar, para libertar.
Em 1.942, no rebuliço do segundo grande conflito mundial, quando o Brasil se viu obrigado a participar ativamente da guerra, enviando tropas para a Itália, sendo representado pela Força Expedicionária Brasileira, liderada pelo bravo general João Batista Mascarenha de Morais, de acordo com o historiador Hélio Viana, a efervescência interna em nosso país era terrível, e muitos jovens foram convocados para ir para guerra.
A principal conseqüência da entrada do Brasil na segunda guerra, foi o colapso econômico, pelo qual o país passou, pois, tendo declarado guerra contra a Alemanha e Itália em 1.942, só em 1.944 entrou efetivamente no conflito, enviando tropas para a Itália em comando dos americanos. Nascia então a dependência e a exploração do Brasil em relação aos Estados Unidos, quando terminada a guerra, o alto índice de inflação ao qual a nação chegara, foi ainda mais facilitado, quando o ministro de guerra general Eurico Gaspar Dutra, tornou-se presidente da república, no período em que registrava-se a insatisfação geral pela continuidade da situação criada pelo golpe de estado de 1.937. Determinada a realização de eleições, surgiram as candidaturas do ex-ministro da guerra, general Eurico Dutra, e do revolucionário de 1.922,major brigadeiro da aeronáutica Eduardo Gomes, sustentadas pelos principais partidos existentes. Antes da data marcada para o pleito, agravando-se a situação do país, com a suspeita de que não seriam realizadas as eleições, resolveram as forças armadas, sob a influência do ex-ministro da guerra, general Gois Monteiro, depor Getúlio Vargas, o que se efetivou a 29 de Outubro de 1.945. De comum acordo resolveram os dois candidatos, adotando uma fórmula proposta na congregação da faculdade nacional de direito,pelo professor San Tiago Dantas, que o governo fosse entregue ao chefe do único poder constitucional ainda subsistente, o Judiciário. Assumiu a chefia do governo o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro José Linhares, que determinou a pronta realização das eleições já marcadas, não só para a presidência da república, como para uma nova Assembléia Nacional Constituinte. De acordo com o seu resultado, foi eleito para aquele cargo, o candidato do partido social democrático, general Eurico Gaspar Dutra, que4 dele tomou posse a 31 de Janeiro de 1.946, e governou até 1.951.Naquele período, os generais de guerra DWITE EISENHOWER presidente norte americano e Eurico Dutra, presidente brasileiro, uniram-se e começou a invasão norte-americana ao Brasil. Estabelecendo-se assim empresas norte. americanas no extremo-norte brasileiro, onde havia sido registrada a verdadeira corrida aos seringais da Amazônia, em anos anteriores, mas, a preciosa hévea, e a selva rica em madeiras nobres, despertaram o interesse dos americanos sobre a Amazônia brasileira, e levaram muitos brasileiros a trabalharem na extração de borracha e madeira, inclusive o jovem JOSÉ WILSON SIQUEIRA CAMPOS, denominado como muitos naquela época, soldado da borracha, lenda que se atribui ao período da segunda guerra mundial, em que os jovens eram convocados para ir servir como pracinhas da FEB, e os que não fossem por algum motivo, tinham de servir como soldados da borracha, para fornecer matéria-prima para os soldados norte. americanos, que usavam determinadas áreas do Brasil, como posto avançado de suas tropas.
Contam os mais antigos, a exemplo do Sr. Marinho, antigo morador de Bandeirante, que SIQUEIRA CAMPOS, com apenas dezoito anos de idade, embrenhou-se na selva amazônica, com seu espírito aventureiro, muita saúde e coragem, e um grande sonho em sua mente. Semelhante a muitos outros jovens de sua época, e de todas as épocas, o futuro criador do Estado do Tocantins, deixou seu torrão natal, seus pais e amigos, e foi em busca da realização dos seus sonhos. Ele sabia evidentemente, das dificuldades pelas quais passaria, pois tinha um caráter quase lapidado, quase moldado por completo, como é característico em jovens oriundos das plagas nordestinas, onde o canto da Coan, lembra sofrimento e dor, e chamamento à luta, ao trabalho e sacrifício.
O jovem que estava na idade em que se desperta o amor, na idade romântica de todo ser humano, abandona os seus anseios mais íntimos e parte para uma árdua missão, parte para o desconhecido solo amazônico em busca da realização de seu elã vital, a essência da liberdade, despertada através do sacrifício.
A crise financeira que todo o país passava com a conseqüência da guerra, era algo terrível para os estados do sul, que diria para a região nordeste da época, berço do coronelismo e do atraso e fábrica de secas. Especialmente quando o Brasil começou a se americanizar, exportando matéria prima a preço de banana, e importando produtos fabricados por americanos e consequentemente importando inflação.
Com a proibição da imigração de italianos, japoneses e alemães, no período pós-guerra, era lógico que o fenômeno da migração e do êxodo rural aumentaria, e que convulsões sociais iriam eclodir, iriam aos poucos surgindo, e surgindo, e suscitando líderes, que ainda se encontravam no anonimato, mas, estavam absorvendo toda uma bagagem política, vivendo os acontecimentos de crucial importância em suas épocas. E isto o fez Siqueira Campos, de maneira muito sábia e despretensiosa.
A solidão e o trabalho duro na Amazônia, deram ao jovem idealista um caráter de ferro e uma personalidade sólida, bem como aumentaram seus conhecimentos e lhe deram uma paciência de Jó. Em suma, todo o sacrifício empreendido, colocaram-no no caminho da sabedoria política. Nordestino de origem e nascimento. Mente ágil, versátil por natureza, comunicativo e prestativo, soube absorver toda uma gama de conhecimentos práticos e diversos, tal qual uma seringueira absorve toda a seiva da vida através de suas raízes, de seu caule. Tal qual o líder HO CHI MIM, que dobrava-se para não romper, até vencer.
Durante as longas horas de trabalho, o grande líder do povo tocantinense, meditava e disciplinava-se a cada instante, evitando comportamentos irregulares, bebidas alcoólicas e diversões exageradas. Com este nível de comportamento quase sacerdotal, acumulava algumas economias e acima de tudo, muito conhecimento e mérito. Não esquecia em nenhum momento de seus pobres pais que deixara tão distante, e sempre que podia, dividia suas economias com os seus familiares, e tentava transmitir-lhes a importância do sentimento público e das causas nobres, transmitia-lhes tudo isto com o seu exemplo pessoal no seu dia a dia.

Capítulo II

Quando a revolução começou sua marcha pelo Brasil, a coluna Prestes lutou contra tropas bem aparelhadas com recursos técnicos e militares constantemente renovados, na esperança que surgissem outros focos revolucionários, que na verdade se limitaram a pequenos levantes armados. Aquela esperança explica a marcha que dura mais de dois anos, marcada de sacrifícios e altruísmo poucas vezes visto na história e que funciona como catalisadora de um entusiasmo antigovernamental. Prova-se a viabilidade da luta contra o governo;mas os grupos dissidentes, com exceção daquele do Rio Grande do Sul, não reagem :a pequena burguesia foi apenas espectadora;o operariado não encarou o movimento como seu.
A Coluna Prestes fez sua proclamação em 19 de Outubro de 1.925, numa região que sempre teve vocação para a revolução, no norte do antigo estado de Goiás, na que sempre lutou para ser o Estado do Tocantins, que teve líderes como padre João de Sousa Lima, que foi protagonista de três revoluções no extremo-norte goiano, e inspirou o povo a lutar por uma causa libertária, na Antiga Boa Vista, hoje Tocantinópolis - Tocantins.
No futuro, a nossa região tocantínea abrigaria um grande líder do passado comunista brasileiro, descendente do grande herói Coronel Siqueira Campos . ,Um homem que soube assimilar todos os acontecimentos políticos e históricos de sua época, e de poucas épocas anteriores, e soube transformar todo um processo de lutas e perseguições, na realização de um sonho: “A criação do Estado do Tocantins”. Este grande homem é José Wilson 
Siqueira campos, o desbravador do Cerrado, o líder inconteste de uma gente de índole revolucionária, que buscava sua independência do jugo hostil das oligarquias de Goiás.
O movimento encabeçado pelo coronel Luiz Carlos Prestes, influenciou muitas gerações e mudou comportamentos. A coluna Prestes ficou profundamente arraigada na mente de futuros líderes do nosso país, especialmente na mente de SIQUEIRA CAMPOS, que sempre teve o sonho comunista de sociedade igualitária.
Transcrevemos aqui o texto da proclamação da COLUNA PRESTES, emPorto Nacional (Antigo estado de Goiás, hoje berço de cultura do Tocantins).
PROCLAMAÇÃO EM PORTO NACIONAL-
Concidadãos:
Depois de 15 meses de luta encarniçada- marcados, dia a dia, por todas as angústias que assombram o cenário triste de uma guerra civil –temos hoje ao chegar ao coração do Brasil, às margens do portentoso Tocantins ,o feliz ensejo de, mais uma vez reafirmar à nossa pátria que a cruzada patriótica, iniciada aos 5 de julho na capital gloriosa de São Paulo e engrossada, mais tarde, pelos bravos filhos da terra gaúcha, ainda não expirou e nem expirará, esmagada pelas baionetas da tirania.
Apesar dessa longa peregrinação de sacrifícios, anima-nos ainda, a mesma fé inabalável dos primeiros dias de jornada, ali cercada na certeza de que a maioria do povo brasileiro, comungando conosco os ideais da revolução, anseia porque o Brasil se reintegre nos princípios liberais, consagrados pela nossa constituição -Hoje espezinhada por um sindicato de políticos sem escrúpulos, que se apoderaram dos destinos do país para malbaratar a sua fortuna, ensangüentar o seu território e vilipendiar o melhor de suas tradições....
E o povo pode ficar certo de que os soldados revolucionários não enrolarão a bandeira da liberdade enquanto se não modificar esse ambiente de despotismo e intolerância que asfixia, num delírio de opressão, os melhores anseios da consciência nacional!
Povo Brasileiro!
Bem sabemos que o país sofre, sofre o povo com o cortejo de violência que fatalmente acompanha a guerra.
É mister porém, que a todo transe, se reintegre, o Brasil na finalidade de seus destinos- ainda que novos mártires tenham de juntar o seu sangue ao dos que já souberam dar a vida pela liberdade de sua pátria.
Recuar, neste momento, seria abjurar o ideal por que tantos companheiros queridos fizeram um supremo sacrifício e após essa abjuração, entregar, talvez a vida e a liberdade de todos ao despotismo absoluto dos que nenhuma honra
Têm feito ao cristianismo da cultura brasileira e às tradições de generosidade de nossa raça.
Ninguém veja, entretanto, nisso, um desejo de fazer a guerra por um capricho de intransigência ou de ambição.
Pelo contrário, queremos a paz e não é senão por ela que, há mais de 15 meses, nos batemos.
Queremos, porém uma paz sem opróbrios, cimentada na justiça que seja, em suma, capaz de restituir ao país a tranqüilidade de que tanto necessita.
Repelimos sim, a paz sombria e trágica que encobre o vilipêndio das senzalas. A esta- se a fatalidade do destino no-la tiver de apresentar, como um último trago de fel a sorver, preferimos, sem indecisões, à suprema angústia do esmagamento. 
Porto Nacional,19 de Outubro de 1.925
General Miguel Costa
Coronel Luiz Carlos Prestes
Coronel Juarez Távora


RESUMO DA LUTA DO GRANDE EMPREENDEDOR (de acordo com pesquisas da revista Conorte- Fundada por nortenses com o objetivo de divulgar a idéia da criação do Estado do Tocantins)

10 de Julho de 1963-Originário do Ceará, após residir por cinco anos no Rio de Janeiro e 18 anos em Campinas- SP chegou à Vila de Colinas de Goiás, município de Tupiratins- GO, onde começou sua luta, ao lado de sua família, sentindo na pele o sofrimento e o abandono de um povo esquecido, Siqueira Campos., o visionário do norte, vem decidido a começar uma grande batalha no norte de Goiás, organizando cooperativas, montando serrarias, e explorando o potencial natural da região semi-selvagem da época, que atraía muitos aventureiros e exploradores de toda natureza, que aqui chegavam, ficavam ricos e iam embora. Mas, Siqueira Campos chegou com sua família, fixou residência e começou a por em prática seu grande projeto de libertação de um povo, e de criação futura de um estado que não saía de sua mente dia e noite, devido à sua religiosidade, disciplina e determinação, e devido ao famoso sonho de Dom Bosco.
No município de Bandeirante, Siqueira montou e estruturou um grande complexo de marcenaria, serraria e exportadora de madeira ao lado do velho Alemão., um grande amigo seu de lutas e alegrias na vida. O velho Alemão era um grande amigo da família, pois, costumava levar o jovem Eduardo Siqueira para passarinhar no mato e pegar pequenos animais como entretenimento.
Depois de muita luta e trabalho árduo, Siqueira Campos sofreu muitas perseguições por parte de pessoas autoritárias e do próprio regime da época que também era autoritário. Resolveu então por aclamação do povo que sempre teve muita confiança em seu líder natural, ingressar na difícil vida pública, consagrando-se vereador em 03 de Outubro de 1965, sendo o mais votado do município de Colinas de Goiás.
A 1º de Fevereiro de 1.966 SIQUEIRA CAMPOS é eleito presidente da Câmara de Vereadores, e ao tomar posse, assume profeticamente o compromisso de lutar pela criação do Estado do Tocantins. E depois de prestar ótimos serviços para a comunidade de Colinas, parte para uma missão mais árdua, com o objetivo de empreender uma luta pela separação da porção norte de Goiás, e criação futura do Estado do Tocantins, une-se ao legendário e lutador deputado Darcy Marinho de Tocantinópolis, antiga Boa Vista do Padre João, este descarrega os votos da boa gente do Bico do Papagaio no jovem candidato a deputado federal Siqueira Campos que é eleito em 03 de Outubro de 1.970 deputado federal pelo estado de Goiás. Tomando posse a 1º de Fevereiro de 1.971, onde permanece reelegendo-se quatro vezes para completar cinco sucessivos mandatos na câmara dos deputados, de onde sai para se candidatar a governador do recém-criado estado do Tocantins.
Durante o seu mandato de deputado federal, une-se ao médico e idealista Dr. Raimundo Marinho, filho do grande líder Darcy Marinho, e empreende uma verdadeira luta pela criação do Estado do Tocantins, sendo que Raimundo Marinho já havia até mesmo criado a bandeira do futuro estado e apresentou-a às câmeras de TV, quando da votação indireta de Figueredo para presidente da república no fim dos anos setenta.
Em 29 de Novembro de 1.972 José Wilson Siqueira Campos é eleito e empossado presidente da comissão das Amazônia, e apresenta projeto para redivisão territorial da Amazônia, legal, propondo a criação de 12 novas unidades da federação, inclusive do Estado do Tocantins.
Em 1.977 SIQUEIRA CAMPOS integra a comitiva parlamentar em visita à Inglaterra e outros países do Reino Unido. Escolhido por sua versatilidade e entendimento das questões brasileiras
Em 27 de Junho de 1.978 apresenta à câmara dos deputados o projeto de lei nº 187, que cria o Estado do Tocantins. Mas, o mesmo é reprovado, especialmente devido ao boicote feito por parlamentares de Goiás, a velha oligarquia.
Em 1.980, a convite de entidades internacionais, realiza viagem de observação e faz conferência na Universidade Católica de Taipei (TAIWAN)e visita Hong Kong e Japão.
Em 1.982 representa o Brasil na reunião Mundial da UPI, em Lagos Nigéria. Em 1.983 SIQUEIRA CAMPOS faz conferências para as guarnições nas fronteiras do Brasil com a Bolívia, Peru, Colômbia, Guiana e Venezuela, sobre a criação do Estado do Tocantins e geopolítica brasileira.

13 de Dezembro de 1.985

Depois de grande mobilização popular liderada pelos filhos ilustres da porção norte de Goiás, hoje estado Estado do Tocantins, a exemplo de Darci Martins Coelho, que criou o comitê pró-criação do estado do Tocantins, em Goiânia-Goiás- conseguindo colher mais de 100.00 (cem mil assinaturas) pela divisão do estado de Goiás e criação do Estado do Tocantins, consolidando mais de um século de lutas, desde Joaquim Teotônio Segurado e da luta empreendedora dos criadores da CONORTE, entre eles Jales Marinho, e finalmente SIQUEIRA CAMPOS representando o supra-sumo de toda uma história, o resumo final de uma batalha e o líder emergente, faz greve de fome pela criação do Estado do Tocantins, interrompendo somente após 98 horas, mais de quatro dias de jejum, diante do apelo unânime do Diretório nacional do PDS, que se compromete a lutar pela criação do Estado do Tocantins e do presidente da república, que manda garantir a instalação da comissão de revisão territorial, no ministério do interior que contaria com dois representantes do deputado SIQUEIRA CAMPOS.

1986- Candidata-se à Assembléia nacional Constituinte, para lutar pela criação definitiva do Estado do Tocantins, obtendo histórica vitória. Sendo impedida a criação depois do veto do então presidente José Sarney.
Abril de 1987-É escolhido relator da subcomissão dos estados da Assembléia Nacional Constituinte(o único relator designado entre os constituintes goianos).
28 de Junho de 1988.
Após redigir, entrega ao presidente Ulisses Guimarães a fusão de emendas criando o Estado do Tocantins, que na mesma sessão da Assembléia Nacional Constituinte é votado e aprovado.

23 de Setembro de 1988.
O centro de informações e processamento de dados do Senado Federal (Prodasen) registra: “Além do presidente da Constituinte Ulisses Guimarães e do 1º secretário do Senado, somente o deputado SIQUEIRA CAMPOS compareceu às 911 votações da Assembléia Nacional Constituinte.

5 de Outubro de 1.988- SIQUEIRA CAMPOS participa da sessão solene de promulgação da nova constituição do Brasil, que trouxe em seu bojo, graças à emenda SIQUEIRA CAMPOS a criação do Estado do Tocantins. Consolidando assim o sonho secular de um povo espoliado e sofrido, o sonho de libertação da escravidão de Goiás e de suas podres oligarquias políticas do atraso e desrespeito.

15 de Novembro de 1988

SIQUEIRA CAMPOS, o criador do Estado do Tocantins, é eleito primeiro governador , meritoriamente, consubstanciando assim toda a história de uma luta por independência em todos os níveis. É a nova abolição da escravatura no final do século XX.

1º DE janeiro de 1989.
Assume o governo do Estado do Tocantins afirmando que constituiria uma cidade moderna, singela e funcional, para capital do Tocantins e organizaria em bases modernas o Estado da livre Iniciativa e da Justiça Social. Em apenas dois anos implantou o Estado do Tocantins e todos os seus órgãos, instituições, serviços e programas. Começando verdadeiramente a independência de um povo relegado ao ostracismo e abandono, que teria de participar ativamente com muito trabalho e desprendimento ideológico da construção do novo estado. Mas, as forças dividiram-se, e pessoas oportunistas confundiram a mente das massas, mas, o estado é sólido.

20 de Maio de 1.989

Coroando uma luta de quase três décadas, lança a pedra fundamental de Palmas.
1º de Fevereiro de 1.990.
Transferindo a capital para Palmas, instala a nova cidade, que construiu em sete meses. Confirmando a sua vocação empreendedora e sua capacidade visionária, fez a última cidade planejada do século XX.
15 de MARÇO DE 1.991-
Entrega o cargo ao seu sucessor Moisés Avelino, que não seguiu o cronograma deixado por SIQUEIRA CAMPOS. Ao fim do mandato de Avelino, o FISCO está um caos, e o senhor Nelito, delegado fiscal de Tocantinópolis é preso em Luziânia –Go (assim nasceu a empresa CONSTRUINDO), depois de ter dilapidado o patrimônio financeiro do Estado, quando delegado do Fisco em Tocantinópolis.

“Os Sonhos precedem a realidade, e os grandes empreendimentos nascem dos sonhos dos homens disciplinados”.

Em 1.808, com a vinda de Dom João VI e sua família real ao Brasil, começa o povoamento da várias províncias, e em 1.809, o monarca português, cria a comarca do norte, em 18 de Março, sendo o ouvidor-geral o desembargador português Joaquim Teotônio Segurado,(que merecia uma estátua na praça dos Girassóis).
Com a vinda de tão ilustre líder para a terra tupiniquim, chega também o progresso, com a criação do Banco do Brasil, e a fundação de várias escolas, desenvolvimento da arte e da imprensa. Em 1.815 é criado o Jornal O TOCANTINS ( uma alusão e o início de uma luta em favor da criação do Estado do Tocantins), editado em Boa Vista do Padre João, hoje Tocantinópolis, por Felipe Cardoso Santa Cruz, que defendia os ideais regionalistas e emancipacionistas. Em 1.821, Joaquim Teotônio Segurado, declara autônoma a provìncia do norte, e estabelece a sede do governo provisório, em 14 de Setembro na cidade de Cavalcante. Em 17 de Setembro distribui manifesto ao povo nortense, conclamando-o a mobilizar-se em defesa da independência da província do jugo despótico do governo provincial de Goiás.
Co a reação do governo de Goiás, Teotônio Segurado, transfere a sede do governo provisório para Natividade, fugindo às represálias impostas pela província de Goiás.
O movimento separatista liderado por segurado é sufocado pelo padre Luiz Gonzaga de Camargo Fleury, que chefiou a missão legalista por delegação da junta de governo provisório, presidida pelo coronel Álvaro José Xavier.
Em 1.862, a câmara de vereadores de Boa Vista do padre João, hoje Tocantinópolis do Bonifácio, emite um manifesto ao povo da região, condenando o isolamento e o abandono do norte goiano e defendendo a autonomia da comarca do norte. O manifesto do povo de Boa Vista, mostra a vocação dos boavistenses, para estar à frente, na vanguarda dos movimentos revolucionários, que objetivam progresso e independência. Tais exemplos de civismo e amor às causas públicas, e á liberdade, suscitaria líderes a exemplo de DARCI COELHO, que teria papel crucial na criação do Estado do Tocantins.

Historiadores como Varhagem e Hélio Viana, afirmam que até o patriarca da independência José Bonifácio de Andrada, manifestou-se por diversas vezes favorável à redivisão territorial de Goiás.
Em 1.956 o juiz de Porto Nacional Feliciano Machado Braga, deflagrou a maior campanha da região em defesa da criação do Estado do Tocantins(bem que ele merece uma grande estátua em em homenagem ao seu feito, à sua memória, na praça dos Girassóis),que reuniu diversas lideranças políticas e autoridades de Goiás, para debater a questão divisionista. Durante o encontro foi elaborado um manifesto distribuído em todo o país, ao governo de Goiás, à presidência da república e ao congresso nacional, defendendo a divisão de Goiás. Mas, as oligarquias, as famílias hegemônicas de Goiás mais uma vez atravancaram o progresso da porção norte do estado, pois ainda não havia um líder carismático que empunhasse a bandeira da libertação até o fim da jornada. O nosso povo carecia da liderança do criador do Tocantins, SIQUEIRA CAMPOS.
Na década de 70 o deputado Raimundo Marinho, médico primeiro prefeito de Araguaína, filho de Tocantinópolis e do saudoso deputado Darci Marinho, representante do norte de Goiás, na câmara dos deputados, e o deputado Federal Siqueira Campos, assumem a bandeira da criação do Estado do Tocantins, sendo que a 1ª flâmula com as cores do estado, foi criada pelo tocantinopolino, Dr. Raimundo Marinho, o pai dos pobres no Bico do Papagaio, pois, fazia consultas e dava remédios gratuitamente para todo o povo carente, e cumpria o juramento de Hipócrates, colocando a vida humana acima do lucro.
Em 1.981 foi criada em Brasília a CONORTE- Comissão de Estudo dos Problemas do Norte Goiano, com o intuito de congregar os nortenses em torno do ideal emancipacionista, cujo primeiro presidente foi o grande intelectual JOSÉ LEITE MAIA.
Em 1.987, foi criado em Goiânia, por DARCI MARTINS COELHO, o Comitê pró-criação do Estado do Tocantins, que também foi presidido por seu fundador, que é filho de Tocantinópolis. Este comitê foi de fundamental importância para a criação e implantação do Estado do Tocantins, pois, foi feita a coleta de milhares de assinaturas em defesa da emenda popular a ser encaminhada a Assembléia Nacional Constituinte propondo a criação do Estado. Foram colhidas mais de cem mil assinaturas, provando que uma andorinha só não faz verão, e que a criação e implantação não foi apenas o sonho e a luta de um só homem, mas, a soma da força de vontade, da determinação e do trabalho de milhares de pais e mães de família,liderados por SIQUEIRA CAMPOS.
Aprovada em 12 de Junho, pela comissão de organização do estado, a criação do Tocantins e de mais seis outras unidades federativas. Em 30 de Setembro, em consonância com os ideais do grande idealizado SIQUEIRA CAMPOS, houve vigília cívica em favor da criação do Estado do Tocantins, nos municípios de Araguaína, Porto Nacional e Gurupí, com a queima do pau-brasil.
Depois de um doloroso processo político, exigindo até mesmo um jejum público do bravo e inteligente deputado federal SIQUEIRA CAMPOS, depois de ter feito toda uma aglutinação política e social em torno da grande luta separatista do Tocantins. O homem que repetiu o feito de Juscelino Kubtschek a nível regional, finalmente viu mais de um século de história e de lutas ser concluído satisfatoriamente, fazendo justiça, quando a Assembléia Nacional Constituinte aprovou definitivamente a criação do Estado do Tocantins, com a promulgação da nova carta magna, em 05 de Outubro de 1.988.
Dia 06 de Outubro o tribunal superior eleitoral confirmou as primeiras eleições gerais do Tocantins, para governador, senador(três vagas)deputado federal(oito vagas) deputado estadual(vinte e quatro vagas), e para prefeitos e vereadores. O deputado Siqueira Campos com o slogan “Quem criou merece”, vence as eleições, em 15 de Novembro para governador do Estado do Tocantins. O presidente José Sarney, que antes tinha vetado a criação do estado, escolheu em 7 de Dezembro, Miracema do Norte para capital provisória do novo estado devido sua posição geográfica ser estratégica. Os moradores d município saem às ruas para festejar a escolha.
Em 1.989 é instalado em 1º de Janeiro, o primeiro governo do Estado do Tocantins, com a posse do governador SIQUEIRA CAMPOS(PDC) e dos deputados estaduais, para um mandato de dois anos.
O juiz federal DARCI COELHO é eleito vice-governador, servindo como o fator de equilíbrio do novo estado.

CAPÍTULO III
SIQUEIRA CAMPOS: O jovem líder do povo, perseguido e preso injustamente.

No rebuliço do golpe militar de 64, o jovem empresário e pai de família SIQUEIRA CAMPOS, lidera toda uma comunidade de proletariados do norte de Goiás, ao desenvolver projetos e realizar trabalhos de extração de madeiras, agricultura e agrovilas, formadas numa espécie de cooperativas que reuniam todo o povo do “Bandeirante” e regiões circunvizinhas, e num trabalho sério, feito com capacidade e determinação, unindo pequenos proprietários de terra e fazendo um trabalho em comum para o progresso de um povo. SIQUEIRA CAMPOS logo é observado e perseguido por pessoas de extrema-direita que temiam o seu carisma e sua vocação natural para liderar pessoas e portanto, ficavam temerosos de perder o seu grande latifúndio,pois estavam realmente assustados com a capacidade de liderança e amizade de SIQUEIRA CAMPOS na região de Colinas. Como nos conta um dos primeiros moradores e vereador de Bandeirante o “seu” Marinho: ”É... o SIQUEIRA nos impressionava e nos transmitia muita esperança, pois, sempre foi um homem dado com o povo, paciente e muito prestativo”.
Na época quem comandava todo o estado de Goiás eram os remanescentes de Pedro Ludovico, que igual a todos os governantes de Goiás, somente olhavam para o norte e extremo-norte goiano visando arrecadar impostos e tributar cada vez mais a nossa gente com encargos pesados e muito desprezo pelo modus vivendi. Visitando-nos, apenas de quatro em quatro anos, ou seja, em época de eleições.
Sem ter cometido nenhum delito, SIQUEIRA CAMPOS é acusado de coisas absurdas, é preso e levado para um quartel, por ordem de um juiz inescrupuloso e tendencioso, pois, estava a serviço das velhas oligarquias de Goiás, e queria mostrar serviço para crescer em sua carreira jurídica.
SIQUEIRA sofreu mal tratos e foi injustiçado por tiranos da lei que se tornaram algozes dos defensores dos fracos, usando como escudo posições privilegiadas, forjando processos e imputando crimes onde não existiam. SIQUEIRA naquela época foi relegado ao ostracismo, mas, mesmo dentro da prisão, não perdeu o equilíbrio e tampouco o ideal que carregava em seu espírito havia longas datas, e começou a conquistar amigos dentro da própria prisão. E aqueles que o trataram bem jamais foram esquecidos por sua memória generosa e perene. Até mesmo velhos soldados que não sabiam ler nem escrever, foram beneficiados como gratidão, num futuro não muito longe, pelo líder que escreveu sua própria história com lutas e lágrimas de um vencedor.
O VELHO SOLDADO QUE FOI PROMOVIDO A CORONEL- A GRATIDÃO DE UM ANTIGO ENCARCERADO.

Aquele triste tempo de cárcere, foi muito duro e penoso para um homem que em seu íntimo era um arauto da liberdade, era disciplinado e empreendedor. E privá-lo de modo injusto e perseguidor, de sua própria liberdade, era a maior de todas as injustiças que poderia ser feita com um idealista prático e operante, não meramente um sonhador- ,mas, um bandeirante dos tempos modernos,um verdadeiro desbravador, que se embrenhara nas matas no sentido literal da palavra, embrenhara-se no seio do Brasil, e em sua história, em busca de um sonho altruísta, de um ideal público, que foi conquistado passo a passo, mão a mão, sol a sol, com trabalho, inteligência e honra.
O espaço naquele cubículo de prisão era muito pequeno, e a privacidade não existia, o alimento era raro, quando não, pão e água, e as ameaças e intimidações à sua integridade física bem como o terrorismo psicológico, eram aterradores. Poucas horas de sono, e a triste e solitária passagem das horas. Prenderam um homem, mas, suas idéias eram livres, absolutamente livres e públicas, ninguém jamas conseguiria prender um sonho bem fundamentado, alicerçado no autodomínio e na disciplina corporal e mental, características de grandes líderes.
Todos os dias, furtivamente, o velho soldado, analfabeto de pai e mãe e muito pobre, que entrara na milícia por ato de bravura, tendo como nota maior em seu currículo, a orelha arrancada de um criminoso perigoso, trazia às escondidas o melhor do seu alimento para aquele preso nobre que conquistava a todos com seu jeito de ser, sua paciência, fala mansa e ótimo comportamento.
O velho soldado arriscava sua farda, seu mísero soldo, e também sua liberdade ao ajudar um preso, que fora preso por injustiça, por perseguição política, por ódio ao seu trabalho junto à comunidade que liderava, simplesmente por seu comportamento socialista e cristão.
Não sabia aquele velho soldado, que vinte anos depois ele seria promovido, mesmo depois de aposentado para o cargo de coronel, pelo preso que ajudara
E que se tornara o 1º governador do Estado do Tocantins. Hoje o velho coronel ainda mora no Tocantins.
DESDE CEDO A LUTA PELA EMANCIPAÇÃO-
No pequeno e longínquo município de Bandeirante, lugar de difícil acesso na época, embrenhado de matagais virgens e com péssimas estradas, lá estava José Wilson Siqueira Campos, o novo Bandeirante, pacífico e idealista, trabalhando e desenvolvendo uma região esquecida pelos governantes de Goiás.
Quando chegou àquele lugar, o jovem SIQUEIRA CAMPOS, também enfrentou adversidades duríssimas, pois, naquele rincão perdido e esquecido de Goiás, já havia grileiros sulistas e toda espécie de bandoleiros goianos, e também a escória. E o trabalho do jovem empresário rural despertou a inveja dos que se julgavam grandes e donos daquela região. Pois, o trabalho abnegado que empreendia com toda sua família naquele vasto labirinto de terras e pessoas, simplesmente conseguia aglutinar os bons ao seu lado ,despertando o ciúme daqueles que se sentiam enfraquecidos com a nova liderança.
Conta-nos o velho Marinho, o primeiro farmacêutico de Bandeirante,que o senhor SIQUEIRA CAMPOS, lutou logo de início pela independência de Bandeirante , fazendo esforços no sentido de centralizar a sede política daquela região no município de Bandeirante, que reunia algumas lideranças expressivas, bem como alguns fazendeiros e madeireiros que forjavam o progresso.Mas um certo fazendeiro da região tornou-se adversário do nordestino empreendedor que queria apenas o melhor para aquela gente trabalhadora. Os inimigos do progresso também estavam lá.
As forças convergiram para Colinas, que apenas estava nascendo e já colhia os frutos de Bandeirante e do empenho de SIQUEIRA CAMPOS em desenvolver aquela região, desenvolvendo também o seu trabalho de empresário rural, mas com um sonho guardado no coração.
O velho paulista não se contentando, tornou-se adversário do líder emergente, que tinha idéias novas e ideais nobres, e perturbava assim as velhas raposas da região, que queriam apenas fazer fortuna em detrimento dos pobres.
Depois de árduas lutas no campo, de muito trabalho e sucesso, e também de muita perseguição, SIQUEIRA reuniu o seu povo e falou: “Hoje entrarei para a vida pública”.

A VISÃO FUTURÍSTICA DE UM GRANDE LÍDER
“O ESTUÁRIO DA VONTADE POPULAR”
Totalmente subdesenvolvida, a região norte sempre foi tratada pelos políticos e pelo poder central como um importante curral eleitoral , decorrência do abandono em que viveu, mal alimentada, apenas com esparsas e medíocres preocupações de ordem administrativa, seguidas geralmente de muitas promessas eleitorais. E isolada de qualquer meio de comunicação até há pouco tempo, era encarada como um peso morto, sem nenhuma representação política de expressão, lembrada só em ocasião eleitoral pelos aventureiros políticos que se davam muito bem. E a prática da compra de voto de voto aqui era comum, como até hoje fazem alguns políticos sem escrúpulos, simplesmente pelo poder e para o poder, em todos os níveis.Por isso mesmo o norte nunca teve presença marcante na formação do secretariado dos governos estaduais das oligarquias corruptas de Goiás.
Em 1.908 a revista “Leitura para Todos” do Rio de Janeiro,publicava em seu conteúdo político, os dados do censo: ”Imagine-se que deserto não devem ser aqueles 700 mil e tantos quilômetros quadrados -de- Goiás- povoados por 250.000 habitantes. Todo o norte é despovoado. Basta saber-se que sendo mais de mil contos a receita do estado, o norte concorre apenas com quarenta tantos contos(8).
O 1º censo realizado com coerência em nosso país, foi o de 1.920, e deu para Goiás 515.919 habitantes, confirmando o despovoamento do norte de Goiás com uma densidade populacional inferior a 0,3 habitantes por quilômetro quadrado.
Em 1.910 um padre dominicano escrevia sobre o roteiro da desobriga para ir da cidade de Porto ao Jalapão e Serra do Carmo.” Há duas estradas., A primeira mais perto é pelo Carmo Serra do Carmo e Mansidão. Esta só é praticável no tempo da seca por causa da falta de morador desde o Carmo até Mansidão ou Mata Verde, só há moradores de cinco em cinco léguas. A segunda passa pela fazenda do senhor Joaquim Pereira, denominada Adobos, que vai sair no baixão da Cruz”.
O líder visionário além de se embrenhar nas matas de Bandeirante, também embrenhou-se no Jalapão e Serra do Carmo em pleno século XX e ainda estava um caos e abandonada toda aquela região, que também teve seu primeiro pólo de desenvolvimento dado por SIQUEIRA CAMPOS, antes mesmo da criação do Estado do Tocantins, pois, lá também ele se radicou, e teve inspiração de construir Palmas, a capital do terceiro milênio na região de Canelas. Consolidando-se como o estuário de séculos de luta pela emancipação de uma terra e seu povo sofrido.

O ESTADO DO TOCANTINS
“Esta Terra tem dono, tem ordem, tem desenvolvimento, o povo organizado e pacífico é o seu verdadeiro dono”.

O Estado do Tocantins foi o resultado do trabalho incessante do maior dos nortenses, que representou indistintamente todos os nortenses: SIQUEIRA CAMPOS-
Os líderes, aqueles que mais se sobressaíram na centenária jornada separatista, foram apenas a foz que liberta o curso d’água, foram a vontade da unanimidade popular.
O estado desejado por todos, é o resultado da aglutinação político-social-religiosa, empreendida por um homem incansável, que conseguiu transformar em realidade a corrente positiva da história, atraindo assim empresários, operários, políticos, estudantes, donas -de –casa, intelectuais, profissionais liberais e todas as forças produtivas. O estado nascido do sonho e de lutas inimagináveis, emerge portanto, com uma participação coletiva jamais vista na história de Goiás, em todo o seu apogeu, no mais alto grau de desenvolvimento de suas oligarquias sectárias. Pois, aqui o interesse público foi colocado acima de quaisquer interesses pessoais ou familiares,ou político-partidários.
De acordo com a visão e trabalho do grande idealizador e desbravador deste rincão, o estado livre, mesmo quando de sua fase transitória de organização ,implantação e ordenação administrativa, devem sobressair-se os mais capazes, os mais determinados e empreendedores. Os que aqui deram seu sangue, seu suor e lágrimas, os que realmente amam este pedaço do Brasil, não os aventureiros modernos, os sanguessuga políticos profissionais ou os analfabetos políticos.
Nas mãos de SIQUEIRA CAMPOS, os reais valores do norte goiano não são omitidos nem desprezados, e jamais serão esquecidos, pois, o nosso estado não cometerá os mesmos erros que cometeu Goiás. Os seus mesmos vícios que suas lideranças combateram e denunciaram por mais cem anos, derrubando preconceitos e ditaduras sangrentas, com o ideal de paz e progresso.

Oriundo das plagas nordestinas, região assolada pelas secas e desmandos de coronéis que usavam chapéus de abas largas e contrastando com o calor de 40º graus, calçavam botas de couro e usavam esporas nos calcanhares e no lombo do povo e chicote na mão, representando o poder. O jovem e pobre José Wilson Siqueira Campos, era desses meninos curiosos, intrépidos e prestativo, como nos conta sua professora primária que ainda vive em Ouricuri Ceará:” Desde cedo ele acalentava o sonho de todo nordestino: Terras para plantar, um lugar ao sol para viver, e poder um dia aliviar o sofrimento dos velhos pais que tanto lutavam pela sobrevivência, e também poder ajudar seus irmãos, que eram muitos, porém dignos e honrados, todos vivendo da lida com a terra.
O jovem SIQUEIRA CAMPOS à duras penas, entre o trabalho e a escola, não esquecendo suas devoções, pois era muito religioso desde pequeno, conseguiu em sua época uma proeza que poucos meninos conseguiam: vencer nos estudos secundários e partir para o sul, na realidade ele partiu cedo para o Rio de Janeiro, com muito sonho na cabeça e uma forte determinação de vencer, aquela determinação que só os grandes iluminados hierofantes têm: A determinação de vencer-se e tornar-se público, arrastando multidões após si.
Menino de hábitos simples, não era muito dado à festas e bebidas, era muito trabalhador e sagaz, profundamente sensível e inteligente. Pois, absorveu o melhor que pode absorver naquele tempo de mudanças políticas radicais em todo o país, tempos de mudanças na capital do país Rio de Janeiro, onde participou de movimentos políticos e engendrou no caminho do socialismo .Logo depois, com muito esforço conseguiu uma vaga na educação ,indo lecionar na escola rural carioca, onde além de ensinar o ofício das letras para a comunidade rural, também ensinava aquela gente a lidar com a terra além de tentar desenvolver-lhe o seu senso crítico em relação à vida política e social de nosso país. Pois, entendia e sentia na pele a posição dos professores em nossa nação, e prometeu para si mesmo, que um dia lideraria um estado onde a educação seria prioridade e haveria democracia.
Depois de longos anos de serviços prestados para a comunidade rural do Rio de Janeiro como educador, partiu para São Paulo, onde viveu por mais de vinte anos, e casou-se com uma dama que lhe daria muita força para alcançar seus objetivos. 




A COMPOSIÇÃO DE FORÇAS E O JUSTO RETORNO DA HISTÓRIA CONSOLIDADA.

O Estado do Tocantins contou com uma verdadeira frente para a sua criação, envolvendo o povo, entidades criadas especificamente e políticos. Do ouvidor Joaquim Teotônio Segurado ao Comitê PRÓ – CRIAÇÃO DO Estado do Tocantins, do brigadeiro – do- ar Lysias Rodrigues ao deputado Siqueira Campos, do visconde de Taunay à Conorte(Comissão de Estudos de Problemas Norte – Goianos), do deputado João Cardoso de Menezes e Souza ao empresário João da Rocha Ribeiro Dias.
Ao lado das manifestações populares que se verificaram em várias cidades, com destaque para Tocantinópolis, que fez vigília Cívica, tendo à frente o então seminarista católico Antonio Guimarães, sempre com o objetivo de sensibilizar as autoridades para a necessidade de criação do Estado do Tocantins, algumas entidades foram nascendo ao longo dos anos, a exemplo da Frente Nortense , a Conorte, e a mais recente – Comitê pró Criação do Estado do Tocantins, que desencadeou uma campanha acirrada e fortíssima em todos os municípios da região que compreende o novo estado, a saber, nos sessenta municípios, mobilizando as suas populações ,juntando e organizando as forças que desaguaram em Brasília e culminaram com a vitória de 15 de Novembro de 1.987.
A peregrinação foi grande e cansativa, de cidade em cidade, o comitê ia levando a bandeira do Tocantins, conclamando os nortenses a engrossarem as fileiras de uma luta que tinha como objetivo a transformação de um sonho secular em uma nova realidade buscada há mais de 170 anos. Durante esse período, muita coisa aconteceu. De rebeliões a tentativas de acordos, de prisões à frustração provocada pelos vetos presidenciais e até as greves de fome dos deputados Siqueira Campos e Totó Cavalcante funcionaram como alertas para a questão divisionista.
Os debates realizados pelo comitê Pró Criação do Tocantins serviram para consolidar o desejo geral de se ver o novo Estado e para discutir assuntos até então não analisados com maior profundidade, como a viabilização econômica, a ,localização da capital e as formas de luta para que os resultados fossem positivos. No dia 13 de Abril de 1987, realizou-se em Goiânia e em todos os municípios das regiões norte e nordeste de Goiás, o Dia do Tocantins”, que teve como principal objetivo intensificar a campanha de coletas de assinaturas pela criação do novo Estado.
Quando o juiz federal Darci Coelho, presidente do comitê pró - Tocantins abriu as solenidades, no auditório da Federação DA Agricultura do Estado de Goiás E Distrito Federal (FAEG), em Goiânia, era dado mais um importante passo nessa campanha. Na oportunidade, ele ressaltou que o dia do Tocantins “estava sendo repetido em todos os municípios do norte e do nordeste de Goiás com a finalidade de coletar subsídios para a redação das disposições transitórias da nova Constituição da República, no que se refere à criação do novo Estado.”
Ao final, mais de 80 mil assinaturas foram colhidas e entregues junto com o texto da justificativa da emenda que cria o Tocantins, ao presidente da Constituinte Ulisses Guimarães. Antes, houve uma exaustiva discussão na Assembléia Legislativa, em Goiânia, onde parlamentares, prefeitos políticos e o povo trataram de assuntos relacionados com o. Tocantins, a exemplo da estratégia que seria adotada a partir de Então.
Era a continuidade de iniciativa como o 1º Congresso de Estudo dos problemas do Norte Goiano, realizado em Abril de 1.982, no centro de convenções em Brasília, com as presenças dos representantes da Conorte, prefeitos, vereadores, autoridades, o empresário Jaime Câmara (que proferiu palestra sobre os meios de comunicação no norte), entre outros.
Outro reforço foi a campanha que o publicitário José Carlos Moura Leitão lançou em favor da implantação do Tocantins, tendo como Quartel – General as dependências do Grupo Brasileiro e Propaganda, em Brasília, de onde se dava a mobilização pelo novo Estado. Cartazes, adesivos, bandeirolas e faixas com dizeres alusivos à criação do Tocantins foram confeccionados. Entre as frases, estão algumas como Goiano de direito., Tocantinense de Coração. O Estado em que a gente nasce, Tocantins (dentro de um coração).É o que nasce no coração; Estou Goiano, mas sou Tocantinense, entre outras.
Se cada vitória dos defensores do Estado do Tocantins era saudada com muita festa, muito entusiasmo, a empolgação tomou conta de todo o Norte de Goiás no dia 15 de Novembro, quando a Comissão de Sistematização da Assembléia Nacional Constituinte respaldou, através do voto, o sonho pela emancipação e criação do novo estado. De Gurupí, passando por Araguaina e indo até Tocantinópolis e Bico do Papagaio, o povo saiu às ruas, extravasando seu contentamento. Afinal, o direito de gerir seu próprio destino era reconhecido pelos constituintes e mesmo sabendo que o Estado ainda dependia de confirmação em plenário, naquela hora o Tocantins já era realidade.


TEXTO FINAL DA CRIAÇÃO DO ESTADO DO TOCANTINS


Íntegra da emenda aprovada na comissão de sistematização:
“Artigo 6º - Dentro de cento e vinte dias, o Tribunal Regional Eleitoral de Goiás realizará plebiscito na área descrita no parágrafo 1º, resultando o pronunciamento favorável na criação do Estado do Tocantins e sua instalação até quarenta e cinco dias depois.
§ 1º - O estado do Tocantins limita-se com o Estado de Goiás pelas divisas norte dos municípios de São Miguel do Araguaia, Porangatu, Formoso, Minaçu, Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Campos Belos, conservando, a leste, norte e oeste, as divisas atuais do Estado de Goiás, com a Bahia, Piauí, Maranhão, Pará e Mato Grosso.
§ 2º - O poder Executivo designará uma das cidades do Estado para sua capital provisória até a aprovação da sede definitiva do Governo pela Assembléia Constituinte.
§3 3º - O presidente da República nomeará, até trinta dias após o resultado favorável do plebiscito, o governado tempore, resultando sua posse, perante o ministro da justiça, na instalação do novo Estado.
§ 5º - A Assembléia Constituinte, os oito deputados federais e os três senadores do Estado do Tocantins serão eleitos a 15 de Novembro de 1.988.
§ 6º - Aplicam-se à criação e instalação do Estado do Tocantins, no que couber, as normas legais disciplinadoras da divisão do Estado de Mato Grosso.


CONORTE-COMISSÃO DE ESTUDOS DOS PROBLEMAS DO NORTE GOIANO-(AJUDOU A CRIAR O ESTADO DO TOCANTINS).

COMO QUEREMOS O ESTADO DO TOCANTINS-PRINCÍPIOS BÁSICOS DE UMA NOVA CONCEPÇÃO ADMINISTRATIVA-

1. Instalar nova forma de administração com a realidade do povo tocantinense, fundada na honestidade e justiça, austeridade e eficiência, espírito público e participação consubstanciada nos conselhos comunitários, municipal e consultivo Estadual.
2. Sustentar a prevalência dos princípios consagrados na Declaração Universal dos Direitos do Homem: “A vontade do povo será a base da autoridade do Governo”.
3. Priorizar a Educação como fator imprescindível na promoção do ser humano;
4. Apoiar a iniciativa privada na razão de sua prioridade e função social;
5. Associar o crescimento econômico à melhoria da qualidade de vida do povo, horozontalizando os investimentos.
6. Implantar programas socialmente desejáveis, economicamente viáveis e ecologicamente prudentes, propiciando o aproveitamento dos recursos humanos e materiais existentes;
7. Ensejar a fixação produtiva do homem através da implantação de programas regionais e de política municipal de habitação, voltados para os pequenos e médios produtores rurais, bem como para populações marginais do meio urbano;
8. Resguardar as reservas indígenas com sua cultura e tradições;
9. Preservar a Ilha do Bananal, declarando-a patrimônio cultural e ecológico do Estado do Tocantins, do Brasil e do mundo.
10. Encurtar, sobretudo, distâncias sociais, além das geográficas;

QUEREMOS UM GOVERNO:

1. Comprometido, fundamentalmente, com as aspirações do povo tocantinense, isento de bairrismo e interesses pessoais:
2. Que componha um quadro administrativo, restrito ao necessário, com base na capacidade aferida mediante concurso público, superando a prática injusta de contratações mediante conchavos políticos e interesses familiares;
3. Que distribua os recursos de forma a proporcionar o desenvolvimento equilibrado da micro – regiões, mediante sistema integrado Estado – Município;
4. Que estimule e apoie a criação de associações de classe e sistemas cooperativos;
5. Que instale a capital provisória com aproveitamento da estrutura de cidade já existente e geograficamente eqüidistante;
6. Que resulte da união entre as diversas correntes comprometidas com a história do Tocantins.

A CONORTE, na vanguarda desses princípios, entende que os destinos do povo tocantinense sejam confiados àqueles que consagraram suas mais caras energias à realização do ideal de criação do Estado do Tocantins.
A CONORTE, entende ainda ser imperioso notar-se que há tocantinenses de convicção e tocantinenses de conveniência, sendo, pois, fundamental identificar aqueles que servem à causa do Tocantins e aqueles que dela estão a se servir 
O GOVERNADOR SIQUEIRA CAMPOS, AO LONGO DOS TEMPOS ADMINISTROU O ESTADO DO TOCANTINS COM ÉTICA, HONESTIDADE E SPÍRITO PÚBLICO, COMO PROVAM AS OBRAS E AS INSTIUIÇÕES POR ELE INSTALADAS AO LONGO DOS QUATORZE ANOS DE CRIAÇÃO DO MESMO.(05.10.1988), ARTIGO 13 DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS.


A FRONTEIRA DO 3º MILÊNIO-


Siqueira Campos sempre foi místico, e tem um profundo senso de religiosidade e fé, além de muita disciplina dual de mente e corpo. Isso foi fundamental para que ele herdasse espiritualmente o legado histórico de 180 anos de luta e sofrimentos, culminando na criação do Estado do Tocantins.
Mas, o sonho ainda não terminara, ou concluir. Ainda faltava algo ao tão ardentemente desejado sonho público de libertação de um povo: Construir um centro político – administrativo no centro geodésico do Brasil, e centro geográfico do Estado.
A escolha da capital do Tocantins coube ao presidente da República, finalmente a nova decisão sobre a escolha é confirmada para 15 horas do dia 7. De Dezembro de 1.988. O Governador eleito do Estado do Tocantins, Siqueira Campos, se dirige ao palácio do planalto por volta das 14.30 h, subindo ao gabinete presidencial. De repente os dirigentes da Conorte são convidados para uma reunião no Ministério do Exército, às 16 horas. Os membros da entidade estranharam o horário – uma hora após a que estava marcada para divulgação do nome da capital. O informante da Conorte pede para esquecer o horário de divulgação e reafirma o convite para 16 horas. Acompanhado do prefeito de Porto Nacional, os dirigentes comparecem à reunião, onde discutem a viabilidade de cada município.
Finalmente às 18h 30, após quatro horas de espera no Palácio do Planalto, o governador Siqueira Campos deixa o gabinete presidencial e ele mesmo anuncia à imprensa e aos presentes: "A capital é Miracema do Norte”. Numa demonstração evidente de que houvera uma decisão, considerando o centro geográfico, de certo, salomônica, prevalecendo a tese da capital no centro geográfico, nada mais justo.
O famoso sonho de Dom Bosco persegui Siqueira Campos, o último dos visionários da política brasileira, ele sonhava com uma nova fronteira agrícola, política, espiritual, e centro de irradiação de progresso. É tão somente verdadeiro tudo isso, que Palmas é uma capital genuinamente ecumênica, e o florescimento de religiões diversas, com destaque para o Cristianismo, é evidente, pois, na história das civilizações, onde preponderou religiões monoteístas, prevaleceu também a prosperidade e a evolução.
Antes mesmo de serem divulgados, oficialmente, os resultados eleitorais, o idealizador e criador do Estado do Tocantins, de posse do mapa do Estado e de estudos outros de várias regiões, relacionados com os aspectos sociais, políticos, econômicos, geográficos e hidrográficos, passou a fazer freqüentes visitas aos gabinetes de Brasília, fazendo-o com o propósito de obter com mais celeridade a decisão de exclusiva competência de s. Excelência o presidente da República.
Afastada, desde logo a hipótese da escolha das cidades como Araguaina, que protestou por não ser escolhida, Gurupí ou Porto Nacional, em face de pareceres contrários da área de segurança, decorridos cerca de 10 dias de indecisão, deixou o presidente Sarney a decisão quanto à escolha da capital provisória a critério do já então Governador Eleito do Tocantins, José Wilson Siqueira Campos.
E isso ocorreu pela manhã de 7 de Dezembro de 1.988, quando Siqueira Campos entrou em contato com o deputado Raimundo Boi a quem revelou a intenção de escolher Miracema como capital provisória, desde que o mês mo deputado e o prefeito eleito de Miracema, Sebastião Borba, concordassem em que aquela cidade se tornasse a capital provisória, até 15 de Setembro de 1.989.
Esclareceu, Outrossim, Siqueira Campos ser sua intenção fazer construir uma cidade planejada para ser a capital definitiva do Estado do Tocantins, no centro geográfico.
Obtida a aprovação para sua proposta, disse então, Siqueira Campos ao deputado Raimundo Boi: ”Não diga mais nada para quem quer que seja. Providencie a obtenção de cinqüenta casas e alguns prédios para a instalação do Governo, senão também de funcionários e aguarde a notícia de tal decisão pelos jornais e emissoras de televisão, à noite.
Assim que anunciada foi a decisão e instalado o Governo em 10 de Janeiro de 1,989,iniciou Siqueira Campos os trabalhos imprescindíveis, ficando estes sob a sua orientação, com a coordenação dos técnicos do Grupo 4, quanto à escolha do local adequado.
No início da tarde de 15 de Janeiro de 1989, Siqueira Campos acompanhado de Dona Aureny, dos arquitetos Luiz Fernando Cruvinel Teixeira e walfredo Antunes de Oliveira, da secretária Delsita Ferrari e do comandante Sebastião Cordeiro, sobrevoou a área do quadrilátero de 90X90 KM ou 8.100 km quadrados, que marcara desde Dezembro de 1988, com o objetivo de escolher o sítio para localização da nova capital.
De volta, já definira que a área mais apropriada era a que se situava a este do povoado Canela, perto da Serra do Carmo. Só faltava visitá-la por terra para confirmar ou não a escolha.
Em 29 de Janeiro de 1.989, Siqueira Campos, acompanhado de Dona Aureny e da família, de auxiliares, das secretárias Lucy e Delsita, dos deputados estaduais, deputados federais, do vice-governador Darci Coelho e dos senadores, prefeitos e líderes políticos, saiu de ônibus de Miracema e seguiu rumo a Canela, onde realizou uma reunião com a participação de moradores, ficando definitivamente escolhida a área de Canela, entre o futuro lago e a Serra do Carmo para construção da nova capital, ou a área do Mangue, a esquerda do rio Tocantins.
Naquele dia Siqueira Campos sobrevoou novamente, de helicóptero, a área que viria a abrigar Palmas.
Com a belíssima paisagem, o visionário lembrou-se das inspirações do sonho de Dom Bosco, e do feito do presidente Juscelino, o criador de Brasília. A vista aérea da Fazenda Suçuapara era algo de extraordinário, e ficou na mente iluminada de Siqueira Campos, que formou caravanas com Dona Aureny, Luiz Cazajeiras e Dona Lúcia Cazajeiras, as secretárias Lucy e Delsita, e os filhos de Lucy, para visitar por terra toda a região da área à margem direita do Tocantins e, especialmente, as fazendas Suçuapara e Triângulo.
Após visitar muitas áreas das fazendas dos catarinense, Siqueira Campos encontrou o que procurava: A pequena Colina ao centro da majestosa planície da terra de montes e vales, da nova Jerusalém do Ocidente, na planície das Fazendas Suçuapara e Triângulo.
Imediatamente decidiu ser aquele o local onde mandaria construir o Palácio Araguaia, centralizando –o na Praça dos Girassóis, na confluência das Avenidas Joaquim Teotônio Segurado e Juscelino Kubtschek de Oliveira.
Siqueira Campos e membros de sua comitiva permaneceram na sede da fazenda Suçuapara, de Paulo Guimarães e Dona Maria das Graças.
Voltando a Miracema com a decisão, Siqueira escolheu o nome Palmas e desencadeou os entendimentos que levariam a Assembléia Estadual Constituinte a aprovar a escolha da área e a denominação Palmas para a nova capital.
Definida a área de Canela, ficaram satisfeitos, plenamente, os requisitos de espaço, modernidade e desenvolvimento sócio - econômico a irradiar-se do centro das decisões político - administrativas para todo o Estado. A área, a seguir foi declarada de utilidade pública para efeito de desapropriação, pela Lei nº 09, de 23 de Janeiro de 1.989.Assim, a área foi delineada em forma de quadrilátero medindo inicialmente, 8.100 km quadrados, cobrindo parte dos municípios de Porto Nacional, Taquarussu do Porto,posteriormente acrescido para 9.180 km quadrados, em virtude da lei nº 157189 de 30 de Janeiro de 1.989, para melhor instalação do plano Diretor do projeto urbanístico de implantação da capital definitiva do Estado.
O quadrilátero da capital é o centro geográfico do Estado, apresentando condições viáveis para captação e abastecimento de água para a população. Seu solo, bom para agricultura, apresenta aspectos paisagísticos de rara beleza, marcados de um lado pelos contrafortes da Serra do Carmo e Lajeado e, por outro, pelo rio Tocantins, que formou o grande lago da represa da Hidrelétrica do Lajeado.
O governo e prefeitura simplificaram o sistema de endereçamento da capital. A cidade foi dividida pelas avenidas Juscelino kubitschec (JK) e Teotônio Segurado (Eixão), em setores Norte e Sul e em quatro zonas, através de cores: Vermelho para o Noroeste, amarelo para Nordeste, Azul para Sudoeste e verde para Sudeste.
O amarelo simboliza o nascer do sol, e o vermelho o crepúsculo. O Azul a água, para as quadras que margeiam a região dos lagos, e o verde reverenciando as serras e matas. Da capital ecológica.

O HISTÓRICO MUNICÍPIO DE TAQUARUSSU

A Pequenina cidade de Taquarussu encrava entre as serras e a mata verde, e cercada de lindas cachoeiras, há muito resiste ao tempo e aos acontecimentos históricos, e também faz parte da história da capital Palmas. Taquarussu, no passado, sempre foi referência para viandantes e tocadores de boiada que viajavam a cavalo nos tempos idos ,quando éramos parte de Goiás.
Localizado no centro geográfico do Estado, povoado de Taquarussu, em virtude da lei Estadual nº 10.419 de 1º de Janeiro de 1.988, foi elevado à hierarquia de município autônomo com o mesmo topônimo, desmembrado do município de Porto Nacional. Depois vieram as eleições de 16 de Abril do ano seguinte, quando saíram vitorioso os senhores Fenelon Barbosa Sales e João Alves de Oliveira, respectivamente prefeito e vice-prefeito. Os mesmos, juntamente com a câmara de vereadores instalaram o município com suas posses a 1º de Junho de 1.989 sob a jurisdição da Comarca de Porto Nacional
No dia 20 de Dezembro de 1.989, a Assembléia Legislativa aprovou projeto nº 01 de 19/12/89, de Emenda à Constituição que modificou a redação do artigo 3º do Ato das Disposições Transitórias e determinou a mudança da capital para Palmas no dia 01/01/90, em sessão solene da ASSEMBLÉIA Legislativa e demais poderes constituídos do Estado, em presença das autoridades estaduais e municipais. 
Nem a concessão da liminar no Supremo Tribunal Federal(STF), solicitada pela OAB, secção do Tocantins e que tentava impedir a mudança da Capital de Miracema do Tocantins para o novo local, nos termos da Constituição Estadual artigo 12 do Ato das disposições Transitórias, conseguiu impedir o avanço de Palmas.
Nesta época, os trabalhos de construção da nova capital já estavam em ritmo acelerados e nada perturbou o seu andamento.
Assim, no dia 28 de Dezembro de 1.989, o Governador Siqueira Campos convocou uma reunião com o prefeito de Taquarussu do porto e com os vereadores, objetivando a votação de um projeto de lei municipal para transferir a sede do município de Taquarussu para Palmas e retomando Taquarussu à condição de distrito de Palmas, conservando o mesmo topônimo e evidentemente, elevando Palmas à dignidade de Município Autônomo.
A lei municipal nº 28 de 28/12/89, autoriza o chefe do poder Executivo Municipal a transferir a sede do Município para Palmas, no dia 1º de Janeiro de 1.990.
Por sua vez, o chefe do Executivo Estadual, concomitantemente, por força do decreto nº 01/90 de 12 de Janeiro de 1990, instala a sede do governo na cidade de Palmas nos termos do artigo 32 do ato das disposições constitucionais transitórias, modificado pelo artigo 12 da Emenda Constitucional nº 01189, de 19 de Dezembro de 1.989.
Estes fatos ocorreram solenemente como estavam previstos, a 12 de Janeiro de 1990 às 09:00 horas, quando foram instalados os poderes Legislativo e Executivo do Município de Palmas e nesta mesma sessão, sob a proteção de Deus, foram instalados, também, os três poderes do Estado do Tocantins, na cidade de Palmas, sede do município do mesmo nome e capital definitiva do Estado do Tocantins.
Na manhã de 20 de Maio de 1.989, às 6:45, no local onde o governador Siqueira Campos mandara erguer uma grande cruz de pau- brasil, como símbolo da fé cristã, sua excelência o Sr. Bispo de Porto Nacional Dom Celso PEREIRA DE Almeida, em altar carinhosamente preparado, celebrou a 1ª missa e benção de Palmas, coadjuvado pelos padres Juraci Cavalcante, Rui Cavalcante e Monsenhor Jacinto Sardinha.
Após o culto ecumênico, chegou de helicóptero o General Rubem Bayma Denis, chefe do Gabinete Militar da Presidência da República, representando o então presidente José Sarney. Ao som do Hino Nacional foram hasteadas pela 1ª vez em terras palmenses as bandeiras do Brasil, pelo General Bayma Denis,do Tocantins pelo Governador Siqueira Campos, e a bandeira de Palmas foi hasteada historicamente pela primeira vez pelo Deputado Federal Eduardo Siqueira Campos.
Também foi celebrado um grande culto ecumênico presidido pelo pastor Sebastião de Andrade, então presidente do Ministério SETA –ASSEMBLÉIA DE DEUS.


“PESSOAS OPRIMIDAS NÃO PODEM PERMANECER OPRIMIDAS PARA SEMPRE”. (Martin Luther King).

O JEJUM-

A história das civilizações em seus ciclos repetitivos prova-nos com todas as evidências que a lei da sincronicidade, ou lei de causa e efeito, sempre prevalece.
Os grandes líderes humanos, principalmente os conscientes, os pacíficos e idealistas, sempre venceram grandes batalhas individuais e coletivas, usando uma arma poderosa contra as vicissitudes e os ardis dos relacionamentos humanos: A auto disciplina e o jejum.
Fazendo uma breve analogia, sem querer comparar os méritos de um ou outro líder de maior ou menor importância, citarei aqui alguns exemplos de homens contemporâneos que venceram grandes embates através da persistência, da paciência, do diálogo e do jejum.
Ghandi o líder pacifista, o Mahatma, ou alma bondosa, conquistou a independência da Índia, com muito amor, orações públicas, diálogo e muito jejum, a ponto de ter posto sua vida física em risco, jejuando até chegar a extenuação plena de suas forças físicas e condoer toda uma nação continental que estava sob o chicote opressor da Inglaterra.
Ghandi criou um novo país, e ainda p0or cima deu plena liberdade para que também nascesse o Paquistão, que era um sonho antigo dos seus filhos oprimidos. Ghandi fez nascer no coração de cada indiano a nova esperança, fez vingar o sonho tão ardentemente desejado por milhões de seres humanos que lutavam por liberdade de poder administrar o seu próprio país, e dirigir o seu destino, com suas crenças, sua cultura, suas leis e seu livre arbítrio.
Ghandi deu sua vida em praça pública, ao estar fazendo suas orações matinais pela unidade de sua nação como agradecimento a Deus por ter permitido tamanha façanha para um homem tão pequenino e negro.
O Mahatma nada pediu para si ,pois, abandonou os costumes anglo-saxãos e voltou a viver como um simples hindu, trabalhando como tecelão, vivendo numa casta muito pobre, cuidando de sua família, e de seu corpo físico e espiritual. Ele fez nascer um novo país, e nada pediu para si, nada quis de bem material, de poder, de armas, de títulos ou nobreza: Eis o maior exemplo de altruísmo, humildade, sabedoria, autocontrole e amor que um estadista deixou em pleno século XX para toda a humanidade, doando-se a si mesmo em prol da coletividade.
Martin Luther King, o negro americano que lutou pelos direitos civis da raça negra norte americana, pelo direito de igualdade e pela convivência pacífica entre brancos e negros, também usou a técnicas do jejum para alcançar a iluminação, a sabedoria e a humildade. E em sua grande religiosidade mostrou ao mundo inteiro seu amor, sua fé e sua determinação na busca da conquista de um ideal público: O direito de viver, de ser feliz, de ir e vir, sem ser molestado, maltratado, torturado ou morto. E ele conseguiu grandes conquistas para a humanidade praticando ao pé da letra suas palavras: I HAVE A DREAM: Eu tenho um sonho, tenho ainda um sonho... que, sobre as colinas vermelhas da Geórgia, os filhos dos antigos escravos e os filhos dos escravizadores possam sentar-se juntos à mesa da fraternidade...Tenho um sonho onde as crianças negras possam dar as mãos às crianças brancas e andar juntas como irmãos e irmãs, eu tenho ainda um sonho... Com esta fé eu volto para o sul. Com esta fé, arrancaremos da montanha da angústia um pedaço de esperança. Com esta fé poderemos trabalhar juntos, orar juntos, ir juntos à prisão, certos de que um dia seremos livres”.

“Os líderes místicos, não são apenas mitos, fundamentados na filosofia do totemismo, os líderes místicos, são homens iluminados para conduzir as massas, disciplinando-as, e mostrando o caminho a seguir”.(Antonio Guimarães).

Siqueira Campos, quando se viu acuado, perseguido e intimidado pelos ardis políticos daqueles filhos das oligarquias arcaicas e obsoletas, quando viu seu orgulho ferido, ao ver a tristeza no rosto de tantos filhos e filhas morenas do Tocantins, causada pelos vetos presidenciais de José Sarney, o vice que se viu presidente da noite para o dia, devido à fatalidade do destino do cativante Tancredo Neves; não se abalou, não entregou os pontos, não se ressentiu, não deixou suas faculdades mentais e suas forças físicas fraquejarem diante de tamanho golpe da insensibilidade política e da falta de visão de futuro do líder da nação que estava saindo dos porões da ditadura militar que, assassinou o progresso e violentou a pátria, manchando o nosso verde de sangue vermelho dos inocentes filhos da esperança que lutaram por independência e liberdade de expressão em todos os níveis, buscando nos raios fúlgidos da esperança as margens plácidas da organização social e política de uma nação, cujo berço esplêndido estava ardendo em chamas de intolerância e truculência militar.
Siqueira Campos um grande patriota, homem varonil, filho da resistência nordestina, lançou mão de um grande trunfo espiritual e foi ouvido pelos grandes hierofantes sagrados do universo. Ele jejuou a pão e água, ou biscoito, ele preferiu ver abalada sua integridade física, que ver a integridade moral de um Estado abalada, de uma não abalada por ver o Congresso Nacional desrespeitado em sua soberania.
Durante todo aquele período de jejum e abstenção, a nação inteira surpreendeu-se com aquele homem simples, vindo das plagas do norte, vindo da beira dos rios Tocantins e Araguaia, onde as mulheres morenas, peles tostadas pelo sol ganham seu sustento lavando as roupas do ricos nas tábuas da fontes dos afluentes do soberano Tocantins, e também em suas próprias águas.
Houve uma conjunção espiritual, houve um frenesi político e uma reviravolta metafísica, e as forças se coadunaram, aglutinaram-se, e a fé aliada á determinação de um homem público de grande visão, trouxe-nos a realização de um sonho de mais de 180 anos, e explodindo em lágrimas de alegria Siqueira Campos exclamou: ”Conseguimos! Graças a Deus e aos colegas constituintes, nós conseguimos criar o Estado do Tocantins! Nós conseguimos senhor Presidente!”( em 27 de Julho de 1.988 – Assembléia Nacional Constituinte, Brasília – DF).

“Eu Venho das tristezas e do sofrimento da prisão injusta; mas venho carregando, portador privilegiado, as esperanças, as alegrias e a determinação de um povo que nasceu para ser livre, ativo, próspero e generoso”(Siqueira Campos em trecho de seu discurso na Assembléia Nacional Constituinte a 6 de Agosto de 1.987)


Escrito por Antonio Carlos Fernandes Guimarães-
Jornalista e poeta – Diretor e fundador do Jornal Folha da Boa Vista de Tocantinópolis – jornal este que foi usado pelo Governador Siqueira Campos, quando da primeira visita do presidente Fernando Henrique Cardoso ao Estado do Tocantins em 1.996, para saudá-lo, referindo-se a Felipe Cardoso Santa Cruz, fundador do jornal o Tocantins de Boa Vista do Tocantins, hoje Tocantinópolis. Havia uma matéria de Antonio Guimarães, contando a história do capitão Felipe Cardoso Santa Cruz, que passou por Boa Vista em 1.815, e era ancestral de Fernando Henrique Cardoso.

BIBLIOGRAFIA-º

PALACIN PADRE – Coronelismo no Extremo Norte de Goiás – 1.990.
CORREIA , ALDENORA – BOA VISTA DO PADRE JOÃO 1.977
VIANNA, HÉLIO – HISTÓRIA DO BRASIL VOLUME II – 1.967
JORNAL DO TOCANTINS -, 1987 – PÁGINAS 04 E 05.
ARQUIVO DO JORNAL FOLHA DA BOA VISTA DE TOCANTINÓPOLIS.
REVISTA DA CONORTE – DEZEMBRO DE 1.989 – ANO 9 Nº 02 PÁGINA 20 E 21.

ANTONIO GUIMARÃES É FORMADO EM FILOSOFIA E TEOLOGIA PELA ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DA UNIFICAÇÃO-FUNDADA PELO REVERENDO DR. SUNG MYANG MOON- DA CORÉIA DO SUL.
CURSO INTERNO E INTENSIVO DE FILOSOFIA E TEOLOGIA MOONISTA- EX-SEMINARISTA CATÓLICO DO SEMINÁRIO MENOR LEÃO XIII-DE TOCANTINÓPOLIS-TO.
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS-
AUTOR DE 200 POEMAS SOBRE PALMAS-
AUTOR DE 120 POEMAS PARA MARIA MÃE DE JESUS
AUTOR DO LIVRO NÃO PUBLICADO PORQUE VIVO – DE ONTOLOGIA.
SOBRINHO NETO DO GUERRILHEIRO COMUNISTA DAS MARGENS DO ARAGUAIA ANTONIO GONÇALVES GUIMARÃES- E EX- ALUNO DO PADRE JOSIMO TAVARES DE MORAES.

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