O uso dos hormônios da tireoide para emagrecer, uma moda perigosa
Claudia Cardoso, 43 anos, gerente de marketing, passou de 63 para 58 quilos, em doze meses. Os remédios provocaram em Claudia taquicardia e tremores nas mãos: “Não me arriscaria mais” (Jefferson Coppola/VEJA)
Um perigosíssimo hábito tem crescido entre as mulheres: o uso de hormônios da tireoide como recurso dietético. Não se sabe exatamente quantas estão adotando a prática no Brasil. VEJA consultou 18 médicos de São Paulo e do Rio de Janeiro, e todos, sem exceção, confirmaram a tendência. A princípio, a ideia faz todo sentido. A tireoide, uma das glândulas mais importantes do corpo humano, está localizada na parte anterior do pescoço, logo abaixo do popular gogó. Uma de suas funções primordiais é fabricar dois hormônios, o T3 e o T4, que também participam da regulação do metabolismo. Uma das vias é incitar o sistema nervoso a estimular a fabricação de substâncias como noradrenalina e adrenalina, compostos que aumentam o consumo de oxigênio celular em todo o organismo. Isso faz com que as células gastem energia. O desequilíbrio da função tireoidiana causa doenças. O hipotireoidismo, por exemplo, se configura pela produção desses hormônios abaixo do normal e requer o consumo de doses extras na forma sintética dos hormônios T3 e T4. A ingestão em excesso dessas substâncias, ou seja, por pessoas saudáveis que não precisariam tomar hormônio, emagrece porque ativa a queima de energia. Calcula-se que o T3 e o T4 aumentem em 40% o metabolismo basal, aquele necessário para o organismo manter as funções básicas, como os batimentos cardíacos, a temperatura do corpo, o consumo de oxigênio e o funcionamento dos rins. Há relatos de usuárias que perderam cinco quilos, em média, ao longo de um ano. No entanto, nestas mulheres saudáveis, o emagrecimento carrega um pacote nocivo. Um dos principais efeitos ruins das doses extras é o impacto no coração, órgão sensível a ação hormonal. Os hormônios aceleram o funcionamento cardíaco. Pode haver arritmia e insuficiência cardíaca.
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