Nossa opinião: mais respeito pela reforma política O sistema político não deveria ser discutido sob a égide dos interesses momentâneos dos parlamentares, que geram propostas esdrúxulas


Deputados discutem a reforma política na Câmara (Foto: ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO)



Ao longo de décadas, o termo reforma política remetia o imaginário a uma mudança tão complexa que justificava a letargia com a qual era tratado. Nos últimos dias, no entanto, descobriu-se que era simples quebrar a barreira. Bastava colocar os políticos em uma situação desconfortável, como a gerada pela Operação Lava Jato, para fazer o processo caminhar. Sem dinheiro das doações privadas e desesperados para se manter no poder com foro privilegiado, deputados e senadores correram a buscar mudanças numa velocidade jamais vista. Porém, entre as propostas às quais dedicam mais tempo e energia, figuram poucos avanços institucionais.

>> Temer diz compreender a demora para a aprovação da reforma política

A semana passada foi um espetáculo de oportunismo a céu aberto, no qual era flagrante a preocupação de todos em resolver as dificuldades que atingem a corporação política. Os deputados perceberam que havia resistências à escolha do sistema de votação chamado de “distritão”, pelo qual apenas os mais votados são eleitos – diferentemente do sistema proporcional em vigor, no qual os votos contam para candidatos e partidos. Por isso, a imaginação dos legisladores correu solta. Surgiu um tal “semidistritão”, pelo qual os mais bem votados seriam eleitos, mas o voto também contaria para os partidos. Tal ornitorrinco legislativo não faz sentido algum do ponto de vista institucional; serve apenas para facilitar a aprovação no plenário. Se o distritão só é usado em quatro países, o semidistritão seria um macunaíma político. A mensagem ficou clara: esqueça o eleitor, vamos resolver nossa vida.

>> O distritão melhora a política?

A desaprovação popular fez alguns deputados recuar momentaneamente na ideia de um fundo de R$ 3,6 bilhões em dinheiro público para financiar suas campanhas. É nesse ponto que reside seu verdadeiro interesse na tal “reforma”. Começaram a pensar até em reinstituir as doações de empresas, proibidas pelo Supremo Tribunal Federal em 2015. Esses titubeios mostram que alguns deputados testam a céu aberto formas de facilitar suas eleições em 2018. Não buscam aprimorar o sistema, que seria possível com mudanças como implantação de uma cláusula de barreira e o fim das coligações em eleições proporcionais. Parece que boa parte do Congresso não compreendeu que seus eleitores gostam dos avanços civilizatórios protagonizados pela Lava Jato, que quer mais ética e transparência na política. Não é mais admissível que políticos usem suas posições para ajeitar as coisas em benefício próprio. A reforma política exige mais dignidade e respeito pelo país.

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