5 pontos para entender a crise na Venezuela Pobreza, violência e instabilidades políticas assolam o país. Governo e oposição se digladiam enquanto a população sofre com a escassez de itens essenciais Por Gabriela Ruic


5 pontos para entender a crise na Venezuela
Pobreza, violência e instabilidades políticas assolam o país. Governo e oposição se digladiam enquanto a população sofre com a escassez de itens essenciais
Por Gabriela Ruic
access_time13 maio 2017, 07h00more_horiz


Protestos na Venezuela (Carlos Eduardo Ramirez/Reuters)

São Paulo – A cada semana, as crises política, econômica e humanitária que a Venezuela enfrenta parecem se agravar. No último mês, a população tomou as ruas em protestos contra e a favor da presidência de Nicolas Maduro. Os confrontos são frequentes e, até o momento, 39 pessoas morreram em decorrência da violência nas demonstrações e dezenas foram presas.

Essas turbulências, no entanto, parecem longe do fim. Se por um lado Maduropermanece firme na sua posição de presidente, atribuindo as crises às tentativas de golpe de Estado por potências internacionais, a oposição promete que os protestos não irão parar enquanto novas eleições não forem convocadas.
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No capítulo mais recente da situação na Venezuela, civis agora correm o risco de serem julgados em tribunais militares, enquanto Maduro tenta levar a cabo a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, com o objetivo de eleger membros para reformar a constituição. (Veja o que se sabe sobre essa convocação)

Os próximos desdobramentos são, por ora, imprevisíveis, mas EXAME.com reuniu abaixo alguns dos acontecimentos mais relevantes do país nos últimos meses para montar um panorama da Venezuela dos dias de hoje.
Ascensão de Maduro

Em 2013, o mundo observou os desdobramentos da morte de Hugo Chávez, que assumiu a presidência da Venezuela em 1999. Maduro era seu vice-presidente, assumiu a liderança do país interinamente e convocou eleições.

Ele foi eleito para o posto em 15 de abril de 2013, num pleito apertado e cujo resultado foi contestado por Henrique Capriles, candidato derrotado e um dos líderes da oposição. Na época, a aprovação do seu jovem governo era robusta: 64% dos venezuelanos eram favoráveis de sua gestão.
Crise econômica e humanitária

Embora o bom índice de aprovação popular no início de seu mandato, Maduro herdou uma economia em frangalhos e uma das principais razões para isso é a queda no preço dos barris de petróleo, principal produto de exportação da Venezuela e cujas receitas financiavam programas e serviços sociais.

Essa queda contribuiu para uma retração de 30% no PIB do país e uma inflação projetada na casa dos 1.660% para 2017. Como resultado da crise, uma nova, de caráter humanitário, surgiu para assolar a população, que há meses sofre com a escassez de itens essenciais como remédios e alimentos.

Era uma questão de tempo até que os problemas econômicos impactassem os índices de pobreza, que hoje atinge 70% das famílias venezuelanas, e a popularidade de Maduro, que está em 8,7%. A violência também estourou, levando a capital Caracas ao topo do ranking das cidades mais violentas do planeta.
Eleições legislativas de 2015

A crise econômica se agrava e a aprovação do governo começa a cair. A resposta da população aparece então no resultado das eleições legislativas, vencidas pela oposição, que vira maioria parlamentar pela primeira vez desde 1999. A coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUC) assume 112 cadeiras, contra 51 do Partido Socialista Unido da Venezuela de Maduro.

A pressão sobre Maduro cresce e, em 2016, a oposição dá início a um movimento para a convocação de novas eleições. Pelas leis do país, é possível abreviar o mandato da presidência a partir de um referendo popular que, por sua vez, depende da coleta de 20% de assinaturas do padrão eleitoral, que equivale a cerca de 4 milhões, para ser realizado.

O processo de realização dessa consulta foi, no entanto, suspenso pela autoridade eleitoral venezuelana sob a justificativa de que o processo estava irregular. Sem essa possibilidade, a oposição passou então a pleitear a antecipação das eleições.
O papel da Suprema Corte

Acusada pela oposição de ser pró-Maduro, a Suprema Corte barrou diversas a votação de legislações, amargando ainda mais a relação entre governo e oposição. A situação se agravou em 2017, quando a corte retirou a imunidade dos parlamentares e tentou assumir as funções da casa, após acusar seus membros de estarem em desacato com uma decisão.

O episódio, no entanto, foi revertido dias depois, após recomendação do próprio Maduro e foi amplamente criticado pela comunidade internacional, que até então vinha se mantendo distante das turbulências internas no país.
Protestos

Desde a confusão entre Suprema Corte e Parlamento, a oposição intensificou seus esforços perante a população, que vem tomando as ruas de diferentes cidades em toda a Venezuela. Muitos grupos, contudo, se manifestam a favor de Maduro.

A resposta da força policial aos protestos vem sendo dura. Até o momento, 39 pessoas morreram e tantas outras ficaram feridas em razão da violência. Dezenas foram presas, entre elas, 64 militares. Agora, Maduro ameaça julgar opositores em cortes marciais. Os próximos capítulos são incertos.

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