Retrospectiva 2016: O ano em que um populista chegou à Casa Branca

Retrospectiva 2016: O ano em que um populista chegou à Casa Branca

Donald Trump surpreendeu o mundo ao ser eleito presidente dos Estados Unidos. Sua administração tem o potencial de bagunçar a ordem internacional

TERESA PEROSA
30/12/2016 - 08h00 - Atualizado 30/12/2016 10h09
Donald Trump (Foto: Doug Mills/The New York Times)
Quando Donald J. Trump desceu as escadas rolantes da dourada Trump Tower em Nova York ao som de “Rockin’ in the free world” na manhã de 16 de junho de 2015 para anunciar sua candidatura à Presidência dos Estados Unidos, ninguém poderia imaginar a trajetória sem precedentes que o levaria ao cargo de líder da nação mais poderosa do mundo. Naquela manhã, a candidatura do ex-apresentador de reality show na TV e bilionário do setor imobiliário foi recebida como uma piada de mau gosto. Dezessete meses depois, Trump conquistou a Casa Branca depois de vencer, contra a maioria dos prognósticos, a adversária democrata Hillary Clinton.
No meio do caminho, Trump passou como um trator por seus oponentes nas primárias do Partido Republicano e foi o protagonista de um dos ciclos eleitorais mais rasteiros da história americana. O candidato republicano levou a cabo uma campanha populista de bordões de fácil digestão em que prometeu soluções mágicas para problemas difíceis. Com esse discurso, porém, capturou a frustração de eleitores brancos de classe média com as consequências econômicas da globalização e a raiva com o establisment político encarnado, à perfeição, por Hillary. O fenômeno não é isolado: o Brexit e a onda de populistas que engolfa a Europa mostram a vulnerabilidade de democracias maduras diante da emergência dos novos demagogos.
Mexicanos com seus parentes na fronteira do México com os Estados Unidos (Foto: REUTERS/Jorge Duenes)
O que isso significa
A eleição de Trump abriu uma era de incertezas. Até agora, os sinais emitidos pelo presidente eleito não contribuíram para diluí-las. Apesar de sua total inexperiência em governo, Trump continua a exalar a autoconfiança típica dos homens que se consideram providenciais. Pouco depois do início da transição de governo, ele se disse “muito inteligente” para ler todos os dias os relatórios diários dos serviços de inteligência, que considera “repetitivos”. Envolveu a família na transição de governo, apesar do evidente conflito de interesses entre seus negócios, que ficarão a cargo dos filhos, e o exercício da Presidência. Usa o Twitter para criticar a mídia, adversários e emitir comunicados, como se fosse ainda candidato.
>> Os arautos dos tempos atuais

Suas nomeações para o alto escalão de governo, em boa parte, são incógnitas ou promoverão um retrocesso em políticas seguidas pelo governo de Barack Obama. Seu estrategista-chefe será Stephen Bannon, um dos expoentes da alt-right, a extrema-direita que recicla velhos discursos de viés nacionalista, xenófobo, racista e sexista, mas aparece com roupagem jovem e descolada, por ter emergido de blogs e fóruns na internet. Para comandar a Agência de Proteção Ambiental (EPA), Trump escolheu um jurista próximo da indústria de combustível fóssil, sinal de vários passos atrás na política de incentivo a energias não poluentes promovida por Obama.
Na arena internacional, se colocar em prática tudo o que disse na campanha, Trump ameaça bagunçar a ordem internacional estabelecida com o fim da Guerra Fria. Sem ainda nem ter chegado ao Salão Oval, já promove o maior acirramento das relações entre os Estados Unidos e a China desde que os países retomaram o diálogo, na década de 1970. Ao mesmo tempo, Trump ensaia uma aproximação com a Rússia. Escolheu para secretário de Estado o diretor da maior empresa de petróleo do mundo, Rex Tillerson, que desfruta boas relações com o presidente russo, Vladimir Putin.
A Presidência Trump só começará a se desenhar concretamente a partir de 20 de janeiro, com sua posse. Mas os efeitos lamentáveis de sua eleição já se manifestam no dia a dia da sociedade americana. Num reflexo do poder do discurso xenófobo, do “eles” contra “nós”, desde sua vitória em 8 de novembro, 1.094 incidentes de crimes de ódio  foram registrados pela Southern Poverty Law Center, organização de direitos humanos. Entre eles,  há um número relevante de crimes de racismo ou xenofobia contra imigrantes.
A esperança é que as sólidas instituições americanas contenham os impulsos mais radicais do presidente eleito. Mas todas as surpresas já protagonizadas por Trump são uma razão a sugerir mais cautela que otimismo.
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