MP acusa Lula de tentar barrar a Lava Jato
MP acusa Lula de tentar barrar a Lava Jato
Agora é oficial, o ex-presidente está a um passo de se tornar réu em um processo que poderá levá-lo à prisão. E, desta vez, o caso não está no Supremo Tribunal Federal
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofreu mais uma derrota na Justiça. Depois da decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), de devolver ao juiz Sérgio Moro as investigações relativas à reforma do sítio em Atibaia (SP) e à relação do petista com a ocultação da propriedade de um tríplex no Guarujá (SP), a Procuradoria da República no Distrito Federal reiterou, na quinta-feira 21, a denúncia feita pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao STF, contra o petista por participar da tentativa de compra do silêncio do ex-diretor da área internacional Petrobras Nestor Cerveró.
Isso significa que agora Lula é oficialmente acusado de tentar interferir nas investigações da Lava Jato. Se a acusação for aceita pela Justiça, Lula se tornará réu em processo cuja punição é a pena de prisão. A denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tramitava no Supremo Tribunal Federal devido ao foro privilegiado de um dos envolvidos na trama, o então senador e ex-líder do PT Delcídio do Amaral. Mas o processo acabou mudando de instância assim que Delcídio foi cassado. Além de Lula, o procurador Ivan Cláudio Marx denunciou Delcídio, o empresário José Carlos Bumlai, seu filho, Maurício Bumlai, o banqueiro André Esteves, o advogado Edson Ribeiro e o ex-assessor de Delcídio, Diogo Rodrigues.
A base da acusação é a delação premiada e os documentos apresentados pelo ex-senador aos procuradores da Lava Jato e revelados com exclusividade por ISTOÉ. Em seu parecer, o procurador afirma que Lula “impediu e ou embaraçou investigação criminal que envolve organização criminosa, ocupando papel central, determinando e dirigindo a atividade criminosa praticada por Delcídio do Amaral, André Esteves, Edson Ribeiro, Diogo Rodrigues, José Carlos Bumlai, e Maurício Bumlai”. Na prática, o ex-presidente tentou atrapalhar a Operação Lava Jato.
Operação aloprada
O esquema de compra do silêncio de Nestor Cerveró, que estava preso em Curitiba por envolvimento no Petrolão, foi confirmado por uma gravação feita pelo filho do ex-diretor da área internacional da Petrobras. Ele gravou a conversa de uma reunião que teve com o ex-senador em que eram oferecidos R$ 50 mil juntamente com um plano de fuga para que o pai dele não assinasse o acordo de delação premiada. Lula e os demais envolvidos poderão agora se tornar réus no processo caso o juiz nomeado para presidir as investigações acate o pedido do Ministério Público Federal.
A trama malsucedida teve ainda um efeito contrário. Em vez de calar o principal alvo dela, encorajou Cerveró a contar tudo o que sabia sobre o Petrolão. Ele afirmou que a presidente afastada Dilma Rousseff mentiu sobre a compra superfaturada pela Petrobras da refinaria de Pasadena do grupo belga Astra em 2006. Em um trecho do depoimento ao qual ISTOÉ teve acesso, Nestor Cerveró diz que tratou pessoalmente da compra da refinaria americana com Dilma Rousseff.
O negócio trouxe um prejuízo de cerca de R$ 1,8 bilhão à estatal. Além desse processo que poderá levá-lo para trás das grades, o ex-presidente Lula teme os próximos passos do juiz Sérgio Moro, que retomou os casos do sítio reformado por empreiteiras em Atibaia e do tríplex mobiliado pela OAS no Guarujá. Na semana passada, mais uma vez os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciaram que tentarão tirar os processos do comando de Moro. No meio jurídico comenta-se tratar-se de uma tese inglória.
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