CORRUPÇÃO NA SAÚDE DO TOCANTINS-Mesmo com recursos disponíveis, obras do Hospital de Gurupi serão paralisadas

Mesmo com recursos disponíveis, obras do Hospital de Gurupi serão paralisadas

 
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Construtora só retomará atividades após Estado pagar correção contratual de preços e Caixa Econômica Federal aprovar os termos aditivos no projeto
Da Redação

O diretor da Construtora Centro Norte Ltda (Coceno), José Henrique Dahdah, informou ao CT nesta sexta-feira, 8, que as obras do Hospital Geral de Gurupi (HGG) serão totalmente paralisadas no início de agosto. O anúncio ocorre menos de três meses após a visita do governador Marcelo Miranda (PMDB) no local determinando celeridade na construção. Ao contrário do que o chefe do Executivo previa, o ritmo foi desacelerado e mais de 100 funcionários já foram demitidos. O motivo, conforme explica o empresário, é a falta de pagamento do reajuste de preços, além da demora na aprovação de termos aditivos.
Foto: Pedro Barbosa/Governo do Tocantins
Marcelo Miranda, ao lado do diretor da Coceno, José Henrique Dahdah, durante vistoria em março no canteiro de obras
“Essa obra dá um lucro líquido de 7% a 8%. O reajustamento do contrato passou a dar 22%, quer dizer, todo o mês na verdade estou tirando dinheiro do bolso para pagar a obra. Eu estava com uma estrutura lá pra faturar mais de 1 milhão de reais e eu estava faturando menos da metade”, alegou José Henrique.

O investimento previsto para a primeira etapa do HGG, pela qual a Coceno é responsável, era de R$ 27,854 milhões. Sendo que R$ 25 milhões foram disponibilizados pelo Orçamento Geral da União (OGU/2011) desde 2013, fruto de emenda parlamentar da senadora Kátia Abreu (PMDB). O restante do recurso é proveniente de contrapartida do Estado, pago mensalmente, de acordo com os valores apresentados pelas medições da empreiteira.

O problema, conforme ressaltou o diretor, não é a contrapartida do Estado. “A contrapartida vem com atraso, mas está vindo”, afirmou. O que está inviabilizando a continuação dos trabalhos da empresa é o reajuste anual, que deveria ser pago pelo governo. “A legislação prevê que a partir de um ano você pode fazer a correção monetária dos preços. Então, a cada doze meses a gente atualiza”, pontuou o dirigente. Entretanto, a construtora está no terceiro ano de contrato e ainda não recebeu nenhum repasse do governo referente a essa correção. A dívida já se acumula em cerca de R$ 1,2 milhão.

Além das questões financeiras, conforme aponta o dirigente da Coceno, problemas no projeto estão atrasando o andamento das atividades. “Começamos a identificar uma série de problemas técnicos no projeto, muita coisa estava travando o meu desenvolvimento, daí solicitamos aditivos", disse destacando que desde abril de 2015 a empresa solicita ao Estado os aditivos de serviços, "que são necessários em função da planilha está inconsistente em relação a realidade da obra”; mas ainda não foi atendida.

Previsões
A primeira etapa do HGG, que iniciou em abril de 2014, deveria ter sido concluída em abril deste ano, e se a obra não fosse descontinuada poderia ser entregue em março de 2017. José Henrique conta que 135 funcionários chegaram a trabalhar na construção do hospital, mas até agosto ficarão apenas sete servidores para vigilância, administração e manutenção do canteiro de obras. “Eu já estava desacelerando há algum tempo, não estava comprando mais materiais. Agora, lá só tem alguns pedreiros e um eletricista que já estão de aviso prévio, usando o restante do material que já tinham sido adquiridos”, ressaltou. Com a paralisação, não há previsão de quando o projeto será finalizado.

Melhorias na obra
Do valor orçado no projeto original, R$13,197 milhões (47,38%) já foram executados, ou seja, ainda há saldo de R$ 14,657 milhões para serem investidos na implantação dessa primeira fase do HGG, além dos rendimentos dos recursos que podem ser revertidos para melhorias no projeto.

José Henrique lembrou que a Secretaria da Infraestrutura, Habitação e Serviços Públicos deve apresentar na próxima semana à Caixa Econômica Federal projetos de adequações da obra que serão custeadas com os proventos  dos recursos disponibilizados pelo OGU. De acordo com o dirigente, em três anos, os R$ 27,854 milhões já renderam mais de R$ 2,5 milhões.

“Nessa primeira etapa não estava contemplada a rede de distribuição de gases. Só que gases medicinais é algo que se o hospital não tiver ele não vai funcionar. Então, ficou definido numa reunião para a secretaria apresentar o projeto da rede de gases, levar para Caixa [Econômica Federal] e ela aprovar a utilização dos rendimentos para essa e muitas outras melhorias”, exemplificou.

Foto: CT
José Henrique: "Na verdade estou tirando dinheiro do bolso para pagar a obra"
Retomada das obras
Para retomar os trabalhos, a construtora exige o pagamento da correção contratual, bem como a aprovação dos aditivos. “Eu só retomo a obra depois que a Caixa aprovar as alterações dos projetos e todos os aditivos e saber de onde vão sair os recursos, depois que pagar os reajustamentos e assumir o compromisso de pagar as medições mensais, para eu ter fôlego financeiro”, justificou o dirigente.

Outro Lado
Em nota ao CT, o governo do Estado do Tocantins, por meio da Secretaria da Infraestrutura, Habitação e Serviços Públicos (Seinf), informou que a Construtora Coceno deu entrada no dia 7 de julho deste ano, com a solicitação de um aditivo de prazo de mais um ano para a entrega da obra. A pasta afirma que o aditivo de prazo foi aceito.

Quanto às solicitações de reajustamento do valor do projeto, o governo informou que estão sendo encaminhados pela Secretaria da Infraestrutura à Caixa Econômica Federal. “As tratativas com a Caixa estão bem adiantadas e toda a documentação está programada para ser protocolada naquela instituição na próxima semana”, diz a nota.

A pasta não se manifestou sobre os débitos referentes aos reajustes de preços anuais.

Estrutura
O Hospital Regional de Gurupi terá capacidade para atender todos os municípios do sul do Estado (microrregiões Sul e Rio Formoso), totalizando 27 municípios e uma população de 240 mil habitantes. Ele terá, ainda, 200 leitos de internação, 40 leitos de UTI, sendo 10 leitos de UTI pediátrico e 30 leitos adultos, centro cirúrgico com sete salas, pronto socorro ampliado, e ambulatório com “hospital dia” para realização de pequenos procedimentos que necessitam de curtos períodos de internação. O hospital está sendo construído em três etapas em uma área de 97.803,47 metros quadrados, próximo ao Campus I do Centro Universitário Unirg.

Confira a íntegra da nota do governo do Estado:

“Nota de Esclarecimento

O Governo do Estado do Tocantins, por meio da Secretaria da Infraestrutura, Habitação e Serviços Públicos (Seinf), esclarece que:

A Construtora Coceno deu entrada na data de 07/07/2016, com solicitação de um Aditivo de Prazo de mais UM ANO para a entrega da obra, junto a esta Secretaria;

O Aditivo de Prazo está sendo aceito pela Secretaria da Infraestrutura;

Quanto às solicitações de Reajustamento do Valor do Projeto estão sendo encaminhados pela Secretaria da Infraestrutura à Caixa Econômica, instituição financiadora da obra;

As tratativas com a Caixa estão bem adiantadas e toda a documentação está programada para ser protocolada naquela instituição na próxima semana;

Os reajustes são Aditivos de Valores referentes às alterações/adequações no projeto da construção da ETE – Estação de Tratamento de Esgoto; do S.P.D.A – Sistema de Proteção de Descarga Atmosférica (pára-raios), da Sub-Estação de Energia Elétrica e da Rede de Gases Medicinais.”
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