A batalha do TSE
A batalha do TSE
A mais recente etapa da Operação Lava Jato, que prendeu o marqueteiro João Santana e foi batizada como Acarajé, é a que mais estragos pode causar à presidente Dilma Rousseff. Embora tenha conseguido minimizar o risco de impeachment, ela ainda não superou a segunda ameaça a seu mandato, que passa pelo Tribunal Superior Eleitoral.
No TSE, sob o comando do ministro Gilmar Mendes, adversário declarado do Partido dos Trabalhadores, serão julgadas as ações movidas pelo PSDB que pedem a impugnação do seu mandato. Embora as contas já tenham sido aprovadas, os tucanos querem que seja ouvido no processo o lobista Zwi Skornicki.
É justamente aí que mora o perigo. Ex-diretor da Odebrecht e lobista do estaleiro Kepper Fels, Zwi transferiu US$ 4,5 milhões para a Shellbill, uma empresa offshore não declarada à Receita Federal do casal João e Mônica Santana. Deste valor, US$ 1,5 milhão foram repassados num período que coincide com a eleição presidencial brasileira.
Os donos da Pólis Propaganda alegam que estes valores, assim como outros US$ 3 milhões transferidos pela Odebrecht à Shellbill, dizem respeito ao caixa dois de campanhas no exterior, em países como Venezuela, El Salvador e Angola, onde a Odebrecht também possui fortes interesses empresariais. Assim, seriam doações de campanha feitas pela empreiteira a outros candidatos – e não à da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, que é objeto da ação no TSE.
Quando tiver a oportunidade de se defender, João Santana poderá abrir as movimentações financeiras da Shellbill e demonstrar se elas, efetivamente, estavam relacionadas com campanhas internacionais que ele, de fato, realizou. O PT, por sua vez, alega que pagou R$ 100 milhões declarados ao marqueteiro. Portanto, não faria sentido colocar em risco a campanha presidencial por um caixa dois de US$ 1,5 milhão.
O risco, para Dilma e Temer, é a situação de Zwi Skornicki. Acostumado a uma vida de luxo, com direito a passeios de iate, ele foi levado para Curitiba. Todos os outros suspeitos identificados como "operadores" saíram rapidamente da prisão após acordos de delação premiada. Não será surpresa, portanto, se uma delação de Zwi, verdadeira ou não, vier a eclodir em meio à batalha do TSE.
Comentários
Postar um comentário
TODOS OS COMENTÁRIOS SÃO BEM VINDOS.MAS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DE QUEM OS ESCREVE!