O Feliz Ano Velho de Dilma

O Feliz Ano Velho de Dilma

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A presidente Dilma Rousseff, participa de reunião com membros da Frente Brasil Popular, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), na manhã desta quinta-feira (17)
A presidente Dilma Rousseff: auto-congratulação pelo colapso(Evaristo Sá/AFP)
A presidente Dilma Rousseff desejou um Feliz Ano Novo aos brasileiros num artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, no qual afirma "estar convicta da capacidade do país de chegar ao fim de 2016 melhor do que indicam as previsões atuais". Mas qual a base para esse extemporâneo sentimento alentador? Dilma responde: "A principal característica das crises econômicas do Brasil, desde os anos 1950, é uma combinação entre crise externa e crise fiscal". É a velha ladainha repetida pela presidente e por seus satélites que consiste em responsabilizar o cenário externo ou seus adversários pelas próprias escolhas teimosas que deram errado. É fato que a autocrítica nunca foi uma virtude de Dilma. Mas, ao evocar o "contexto histórico" e apontar o dedo para os vizinhos, a presidente tenta disfarçar suas responsabilidades pelos desarranjos fiscais do Estado e pela equivocada "nova matriz econômica" - a jogada de marketing do petismo quando a onda era a favor para flexibilizar o tripé econômico (câmbio flutuante, superávit fiscal e meta de inflação). Sobre inflação, aliás, Dilma arrisca um prognóstico perigoso: "Ela cairá em 2016, como demonstram as expectativas dos próprios agentes econômicos". Em 2014, a então candidata à reeleição também assegurou que a inflação não voltaria a assombrar a vida dos brasileiros, como demonstravam as expectativas dos agentes econômicos. Deu errado.
Não é a única frase do artigo que traz à memória palavras ao vento dos tempos de campanha eleitoral: Dilma afirma que "o investimento direto estrangeiro demonstra confiança dos investidores", mas se esquece de dizer que as principais agências de classificação de risco rebaixaram a nota de crédito do Brasil no último trimestre. A petista se autocongratula por uma reforma administrativa, ainda que não tenha coragem de enxugar a máquina e cortar gastos para não desagradar políticos aliados.
A despeito da nau sem rumo da economia e dos inexplicáveis autoelogios em dias difíceis, o texto termina com uma frase honesta, mas que, infelizmente, jamais foi obedecida por quem mais deveria: o partido da presidente da República: "O Brasil é maior do que os interesses individuais e de grupos".(Silvio Navarro, de São Paulo)

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