Na crise, faça o Orçamento doméstico!

Na crise, faça o Orçamento doméstico!

 Crédito da imagem: UOL


Sabemos criticar o governo pelo não cumprimento do Orçamento Fiscal. Criticamos as pedaladas fiscais. Criticamos o governo pelo "rombo" das contas do governo. Criticamos o governo pelo "déficit primário". Estamos incentivando o Congresso Nacional o impeachment da Dilma. No entanto, não conseguimos equilibrar o orçamento doméstico. 

Hoje, vou enveredar no campo que não é da minha especialidade, a economia doméstica. Meu conhecimento é na macro-economia, especificamente, na área da política fiscal e monetária. No entanto, a demanda pelo instrumento da economia doméstica estão cada vez mais solicitada. Resolvi, então, fugindo de qualquer rigor científico ou técnico, adaptar as mesmas premissas da macro-economia para a micro-economia. 

Eu poderia montar uma planilha em Excel, de um planejamento do orçamento familiar, assim como faz o governo federal com o Lei Orçamentária Anual. Poderia fazer o planejamento separando em blocos, os itens das despesas de gastos da família, mas não vou fazê-la. Já entreguei planilha de orçamento familiar para pessoas mais próximas, mas o resultado não foi eficaz. As pessoas não tem noção do que seja um planejamento. Acham aquela planilha muito complicada ou melhor acham muito difícil fazer o controle do orçamento doméstico, de acordo como manda a regra contábil.

Já que ninguém quer fazer o planejamento orçamentário, vamos adotar uma fórmula muito simples. Vamos partir direto para execução orçamentária. 

Primeiro de tudo, compre um caderno, qualquer caderno, para anotar as despesas realizadas no mês. Ou abra uma planilha de Excel, onde possa lançar todas as despesas do mês, indiscriminadamente, na sequência da data em que foi feito o pagamento seja em forma de dinheiro, cartão de débito ou cartão de crédito. Nem precisa comprar livro ou ficha de conta corrente. 

Comece ainda este mês! Lance a despesa que foi feito ontem, dia 1º de janeiro, retroativamente. Faça lançamento em ordem cronológica dos gastos. No início, até pegar o jeito, anote apenas os ítens em globo para cada despesa realizada. Anotem por exemplo, os gastos em: supermercado; padaria; almoço em restaurante por quilo; gasolina; ônibus; loja de roupa; aluguel; impostos; condomínio; água; luz; mesada dos filhos; prestação do carro; prestação de eletrodomésticos; etc., etc.

No final do mês, junte os itens comuns e anote os gastos em cada um deles. Terá que fazer resumo do que gastou, em itens. Não esqueça de acrescentar um item que passa despercebido. Falo dos gastos que são surrupiados, sem que você perceba. Falo dos descontos dos empréstimos em geral (consignados ou não), que já vem descontado da folha. Anote também, diversos débitos que você autorizou o banco a realizar direto na conta corrente. Os gastos de cartões de créditos, não precisa anotar, porque ao fazer a compra você já anotou os itens das despesas. No entanto, veja a fatura do cartão de crédito os juros que você pagou em fazer pagamento mínimo e anote como despesas financeiras. 

Feito isto, você sabe exatamente o total dos gastos domésticos. Verifique se você não está gastando mais do que ganha. Se você estiver gastando mais do que ganha, debruce nos itens que você pode cortar para  o mês seguinte. Execução do orçamento doméstico é como Orçamento Fiscal do governo federal que tanto criticamos. Aliás, deveria ter Lei de Responsabilidade Fiscal no orçamento doméstico. Muita gente vai para o impeachment.

Verifique também, que alguns itens não são presentes em todos os meses do ano. Independente do que você ganha, destine um percentual da sua renda e deposite em caderneta de poupança no banco que você não tem conta corrente e cartão de débito ou cartão de crédito. Estabeleça você mesmo o mínimo de depósito, pode ser valor irrisório como R$ 100 para começar. Faça isto todos os meses. Mesmo depositando o mínimo por mês, no final do ano, você terá poupado R$ 1.200 mais os juros médios de R$ 36. Na esfera do governo federal se denomina "superávit fiscal". 

No próximo mês, você faz a mesma coisa. É um saco, mas você não pode desistir. Você deve persistir! Faça exatamente como foi feito no mês anterior. Você pode fazer aperfeiçoamento nos lançamentos dos gastos, de tal forma que você tenha visão exata da execução orçamentária doméstica. 

No terceiro mês, você faz os lançamentos na fórmula aperfeiçoada, que você mesmo fez, para poder entender melhor. Estes lançamentos dos gastos mensais, no final do terceiro mês, vai lhe dar noção mais exata em quais itens você pode interferir para poder fazer a economia para os meses que restam do ano. Você faz a função do ministro da Fazenda. Se você não consegue fazer isto, pare de criticar o ministro da Fazenda.

No final de doze meses, baseado na planilha de gastos, você pode enfim fazer o "plano orçamentário" para o próximo ano, discriminando em itens que você mesmo os criou. Tanto o "plano orçamentário" como "despesa orçamentária" terão que ser feitos, exatamente, como você mesmo possa interpretar e fazer o uso como como instrumento de planejamento da economia doméstica. Você já está entrando na área do ministro de Planejamento. 

Um dica extra. Para quem já possui "reserva" acima de R$ 5.000, aplique em Tesouro Direto, em qualquer banco de porte, como BB, CEF, Itaú ou Bradesco. Fale diretamente com o gerente do banco, para escolher o prazo de aplicação. Escolha um prazo entre 6 meses a um ano. Não coloque dinheiro em bancos com pouca credibilidade. Apesar de aplicações bem feitas, você pode perder dinheiro. 

Feito isto, você estará como gente grande. Você poderá estar apto a criticar o ministro de Planejamento e de Fazenda. 

Bom proveito e sucesso!

Ossami Sakamori

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