Os seguidores degenerados de Marx


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Os seguidores degenerados de Marx

A cegueira ideológica por trás dos ataques da Fundação Perseu Abramo ao ajuste fiscal

16/10/2015 - 19h26 - Atualizado 16/10/2015 19h26
(Opinião publicada na edição de ÉPOCA em 5 de outubro.)
A necessidade de um ajuste fiscal se deve, sobretudo, a uma questão de aritmética. É preciso cortar gastos porque as despesas públicas vêm crescendo acima da renda nacional desde 1991. Por muitos anos, essa conta crescente veio sendo financiada pelo aumento da carga tributária e por um comportamento excepcional da arrecadação federal, em grande parte relacionado ao boom das commodities exportadas pelo Brasil, que, agora, acabou. Em seu primeiro mandato, a presidente Dilma Rousseff não conteve os gastos. Ao contrário, seu governo os ampliou numa tentativa desastrada, batizada pomposamente de “nova matriz macroeconômica”, de estimular o crescimento. A dívida pública cresceu e agora entrou numa trajetória explosiva porque o plano de ajuste do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ainda não foi implementado. Neste ano, a dívida pública poderá chegar a 70% do Produto Interno Bruto (PIB). Se ela chegar a 80% do PIB, o Tesouro Nacional, por risco de insolvência, não encontrará mais a quem vender seus papéis e o governo federal não conseguirá mais se financiar.
 
O pensador alemão Karl Marx (Foto: DeAgostini/Getty Images)
É preciso interromper essa espiral, com um plano de ajuste estrutural nos gastos públicos, sem o qual essa aritmética se tornará insolúvel. É uma questão de bom-senso – não importa se você é de direita ou é de esquerda, se defende mais ou menos políticas industriais, se é liberal ou se é desenvolvimentista (leia o artigo do economista Nelson Marconi). Os economistas da Fundação Perseu Abramo, centro de estudos ligado ao PT, que divulgaram, na semana passada, um documento em que atacam o ajuste fiscal, parecem não ter nenhum apego à realidade dos números. No documento, eles preferem fazer uma leitura ideológica, sectária e primária do ajuste fiscal. Para os “especialistas” da Perseu Abramo, o ajuste fiscal se limita à “defesa dos interesses dos grandes bancos e fundos de investimentos”.  “Eles querem capturar o Estado e submetê-lo a seu controle, privatizar bens públicos, apropriar-se da receita pública, baratear o custo da força de trabalho e fazer regredir o sistema de proteção social”, diz o documento.

Para a Perseu Abramo, tudo parece se resumir a uma confrontação entre a “burguesia rentista” e os “trabalhadores”, segundo uma leitura distorcida da lógica da luta de classes, concebida por Karl Marx no século XIX. Como diz o ex-ministro Delfim Netto, com seu humor corrosivo, há duas grandes vítimas na história do pensamento econômico. Uma é o economista britânico John Maynard Keynes. A outra é Marx, um dos primeiros economistas a perceber as vantagens da concorrência proporcionadas pelo capitalismo (leia o artigo de Marcos Lisboa). Cada um, a seu tempo, prestou contribuição para a evolução do pensamento mundial. Hoje, diz Delfim, são vítimas de seus seguidores degenerados, que cometem, em nome deles, as maiores barbaridades. 

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