Saiba quais são os principais conflitos que alimentam a crise de refugiados na Europa

Saiba quais são os principais conflitos que alimentam a crise de refugiados na Europa

Entenda por que sírios, afegãos, eritreus, somalis e nigerianos arriscam a vida para tentar encontrar refúgio na Europa
Conflitos agravam crise na Europa
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A Europa enfrenta atualmente uma grave crise de refugiados e migrantes. Desde o início de 2015, mais de 300 mil pessoas tentaram chegar ao continente por meio de travessias perigosas no Mediterrâneo. O fluxo intenso de pessoas está relacionado à situação de conflitos armados e de perseguição existente em vários países, principalmente na Ásia e na África.
Segundo cálculo da Organização das Nações Unidas divulgado em julho, cerca de 62% dos que tentam chegar à Europa são considerados refugiados, ou seja, têm chances de receber asilo por fugir de perseguição, conflito ou guerra. Os demais são classificados como migrantes, o que significa que viajam em busca de melhores condições e não correm risco de vida em seu país de origem.
A situação na Europa parece ser apenas uma das peças que compõem o crítico quadro mundial de refúgio. Segundo o Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), atualmente cerca de 60 milhões de pessoas em todo mundo se encontram deslocadas devido a conflitos armados e perseguição de diferentes tipos. Desse total, 19,5 milhões buscam asilo em outros países e por isso são reconhecidos como refugiados.
Confira abaixo a situação nos principais países de origem dos refugiados e migrantes que tentaram chegar à Europa pelo Mediterrâneo entre janeiro e junho de 2015.
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1º - Síria

31.jan.2014/Associated Press
Palestinos fazem fila para receber comida no campo de refugiados de Yarmouk, em Damasco (Síria), que foi atacado pela facção Estado Islâmico neste ano
Palestinos fazem fila para receber comida no campo de refugiados de Yarmouk, em Damasco (Síria), que foi atacado pela facção Estado Islâmico neste ano
A Síria mergulhou em uma violenta guerra civil em março de 2011, no contexto do levante popular conhecido como Primavera Árabe, após setores da população pegarem em armas para tentar derrubar o ditador Bashar al-Assad.
Desde então, o controle sobre o território do país está fragmentado entre forças leais a Assad e grupos insurgentes, como o Exército Livre da Síria e a frente al-Nusra, ligada à Al-Qaeda. O conflito abriu o caminho para que grupos radicais ganhassem força. É o caso da facção Estado Islâmico, que proclamou um califado na região em agosto de 2014e hoje controla mais de 50% da Síria.
Os quatro anos de guerra civil dilaceraram o tecido social desse país árabe e desataram a principal crise de refugiados desde a Segunda Guerra. Mais da metade dos cerca de 20 milhões de habitantes do país foi forçada a deixar suas casas.
Cerca de 7,6 milhões fugiram para outras partes da Síria, enquanto 4 milhões para outros países, principalmente os vizinhos Turquia, Líbano e Jordânia. Uma pequena parte desses refugiados busca asilo em países ricos da Europa, especialmente a Alemanha e a Suécia.
Segundo o Acnur, cerca de 34% das pessoas que tentaram entrar irregularmente na Europa pelo Mediterrâneo neste ano eram sírios.

2º - Afeganistão

Shah Marai - 7.ago.2015/AFP
Policiais afegãos vigiam mercado onde atentado a bomba com caminhão deixou sete mortos e mais de cem feridos
Policiais afegãos vigiam mercado onde atentado a bomba com caminhão deixou sete mortos e mais de cem feridos
Abatido por diferentes conflitos desde o fim dos anos 1970, o Afeganistão se manteve no posto de principal origem de refugiados no mundo até o início da guerra na Síria.
A diáspora afegã formou-se em quatro principais ondas: durante a invasão soviética (1978 a 1989), na guerra civil (1992 a 1996), sob o regime fundamentalista do Taleban (1996-2001) e desde o início da intervenção militar liderada pelos Estados Unidos após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
Atualmente, há 710 mil afegãos deslocados internamente e mais de 2,5 milhões de afegãos refugiados em outros países, sendo que 95% deles vivem nos vizinhos Paquistão e Irã. Desde 2002, mais de 3,8 milhões de pessoas refugiadas no Paquistão retornaram para o Afeganistão.
Nos últimos anos, o Taleban vem intensificando sua insurgência no Afeganistão para tentar recuperar a influência que tinha até ser deposto. Temendo a violência e a instabilidade política no país, muitos afegãos buscam asilo na Europa.
Cerca de 12% das pessoas que atravessaram o Mediterrâneo irregularmente rumo à Europa neste ano tinham nacionalidade afegã.

3º - Eritreia

Boris Grdanoski - 2.jul.2000/Associated Press
Soldados da Eritreia ajudam família a erguer tenda em campo de refugiados em Afabet, devido a ofensiva da Etiópia
Soldados da Eritreia ajudam família a erguer tenda em campo de refugiados em Afabet, devido a ofensiva da Etiópia
A Eritreia é governada pelo ditador Isaias Afworki desde sua independência em relação à Etiópia, em 1993. O país é considerado por muitos como a "Coreia do Norte africana", dados os seus altos índices de repressão.
Segundo o Acnur, muitas pessoas têm fugido da Eritreia devido à intensificação do recrutamento para o serviço militar, que é obrigatório e não tem duração previamente definida.
Atualmente, há mais de 216 mil refugiados da Eritreia nos vizinhos Etiópia e Sudão. Dada a precária qualidade de vida verificada nos campos de refugiados desses países, muitos eritreus têm buscado asilo em outras localidades, incluindo a Europa.
Cerca de 12% das pessoas que tentaram entrar irregularmente na Europa pelo Mediterrâneo neste ano eram eritreus.

4º - Somália

Tony Karumba - 31.jul.2011/AFP
Campo de refugiados de Dadaab, no Quênia, que acolhe cidadãos somalis que fogem da seca e da violência em seu país
Campo de refugiados de Dadaab, no Quênia, que acolhe cidadãos somalis que fogem da seca e da violência em seu país
A Somália enfrenta um violento conflito desde a queda do ditador Siad Barre, em 1991, fazendo com que muitas pessoas tenham sido forçadas a deixar suas casas. A situação é agravada por secas esporádicas, que comprometem a segurança alimentar do país.
Em meio à instabilidade política, ganhou espaço na Somália a milícia radical islâmica Al-Shabaab, filiada à Al-Qaeda. Por vários anos, o grupo proibiu a presença de ajuda estrangeira em áreas do centro e do sul do país, dificultando a entrega de ajuda humanitária para populações em situação de risco.
Segundo o Acnur, há cerca de 1,1 milhão de pessoas deslocadas internamente na Somália e mais de 1 milhão de somalis refugiados em outros países, principalmente nos vizinhos Quênia, Etiópia e Iêmen.
Por volta de 5% das pessoas que atravessaram o Mediterrâneo tentando entrar na Europa neste ano tinham nacionalidade somali.

5º - Nigéria

Emmanuel Arewa - 5.mai.2015/AFP
Meninas resgatadas do Boko Haram pelo Exército da Nigéria esperam para receber roupas em campo de refugiados no país
Meninas resgatadas do Boko Haram pelo Exército da Nigéria esperam para receber roupas em campo de refugiados no país
A Nigéria busca fortalecer seu regime democrático, instaurado em 1999, mas enfrenta desafios como uma crise energética e uma onda de violência sectária.
Atualmente, o governo lida com a insurgência do grupo radical Boko Haram, que controla grandes porções de território no norte do país. Recentemente, o grupo declarou lealdade ao Estado Islâmico.
Confrontos violentos entre as forças de segurança e os insurgentes forçaram 1,3 milhão de nigerianos a fugir para outras partes do país, além de cerca de 150 mil pessoas que se refugiaram principalmente nos vizinhos Chade, Níger e Camarões.
Os nigerianos correspondem a cerca de 5% dos refugiados e migrantes que tentaram chegar à Europa pelo Mediterrâneo neste ano.
Crise Migratória - Conheça as principais rotas usadas pelos estrangeiros na Europa

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