'Último ditador da Europa' se candidata à reeleição

Agencia EFE
08/08/2015 16h56 - Atualizado em 08/08/2015 16h56

'Último ditador da Europa' se candidata à reeleição

Aleksandr Lukashenko é presidente de Belarus desde 1994.
País tenta manter equilíbrio nas relações com a Rússia e o resto da Europa.

Da EFE
Alexander Lukashenko governa Belarus desde 1994 (Foto: AFP)Alexander Lukashenko governa Belarus desde 1994 (Foto: AFP)
O presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, considerado o "último ditador" da Europa pelos Estados Unidos e a União Europeia, apresentou sua candidatura à reeleição, aproveitando o aparente degelo nas relações com o Ocidente.
Lukashenko, no poder desde 1994, não tem rivais na arena política. Por isso, sua vitória nas eleições presidenciais do dia 11 de outubro é considerada como certa, apesar de a economia do país, a única a não ser regida pelas leis de mercado no continente, estar em seu pior momento desde a independência.
"Os opositores estão afastados demais do povo. Eles mesmos não acreditam em vitória. Inclusive, os que querem me enfrentar pensam: 'Lukashenko ganhará de todas as formas'", disse o presidente nesta semana, em plena campanha eleitoral.
Desde a explosão da crise na Ucrânia, Lukashenko conseguiu manter um equilíbrio aparentemente impossível entre os dois lados em conflito, o governo ucraniano e os rebeldes, e seus principais aliados, o Ocidente e a Rússia, respectivamente.
O líder bielorrusso nunca apoiou a anexação russa da península da Crimeia, da mesma forma que também não reconheceu, na época, a independência das regiões separatistas georgianas da Ossétia do Sul e da Abkházia.
Lukashenko também ficou prudentemente à margem do conflito do leste da Ucrânia, mantendo sempre abertos os canais políticos e comerciais com Kiev, se reunindo várias vezes no período com o presidente do país vizinho, Petro Poroshenko.
Além disso, presidiu em Minsk duas negociações de paz, em setembro de 2014 e fevereiro de 2015, entre ucranianos e separatistas pró-Rússia, reuniões que contaram com a presença dos líderes da Rússia, Alemanha e França.
No plano comercial, apesar de depender do fornecimento energético e dos créditos russos, não hesitou em criticar a Rússia por tentar obrigar Belarus e o Cazaquistão, assim como os demais membros da União Aduaneira, a também aderirem o embargo aos produtos perecíveis ocidentais.
Belarus acabou servindo como ponto de passagem para o contrabando de produtos ocidentais, muitas vezes processados e etiquetados no país, o que por pouco não provocou problemas com a Rússia.
Por tudo isso, como uma espécie de "recompensa" às reuniões de Minsk, a UE decidiu excluir na semana passada 24 bielorrussos de sua lista de sancionados. No entanto, prorrogou as demais punições até o final de outubro, ou seja, depois das eleições presidenciais.
Para a UE, nem todos os presos políticos do país foram melhorados e não houve melhorias substanciais dos direitos humanos em relação às eleições presidenciais de 2010.
Na época, os europeus também apostaram pela "realpolitik" em relação a Lukashenko, mas o pleito provocou violentos distúrbios, a prisão de mais de 600 manifestantes e a condenação de vários candidatos à presidência.
Alguns analistas e os opositores de Lukashenko alertam que o atual degelo entre Belarus e a UE é uma "ilusão", criada para contribuir com a "desesperada ânsia" do Ocidente de isolar a Rússia.
"A UE é muito ingênua. Nada mudou em Belarus. Lukashenko nem é um democrata nem é um mediador do conflito ucraniano", garantiu à Agência Efe Stanislav Shushkevich, primeiro chefe de Estado bielorrusso (1991-1994).
Para Shushkevich, Lukashenko é um "escravo" do presidente da Rússia, Vladimir Putin, que o chama de "governador de Belarus", e só permanecerá no poder o tempo que Moscou desejar.
Por considerar as eleições como uma farsa, Shushkevich não será candidato. Porém, não boicotará a votação, já que isso está proibido por lei.
Por outro lado, o comunista Sergei Gaidukevich, um do que enfrentará Lukashenko no pleito, acredita que a atual campanha é a mais democrática da história de Belarus, já que a oposição tem acesso à televisão e, pela primeira vez, pôde realizar atos eleitorais nas ruas.
"Por isso, sou contra o boicote das eleições. Boicotar é muito cômodo. O difícil é convencer os bielorrussos, quando um terço dos eleitores são aposentados (2,5 milhões) que não acessam à internet. Não podemos transformar a política em dissidências", comentou.
Gaidukevich agradeceu que Lukashenko tenha defendido a independência do país ao expressar respeito pela soberania da Ucrânia, negar as sanções da Rússia e oferecer Minsk como sede para as negociações de paz.
"Lukashenko fez com o que o Ocidente o olhasse com outros lados. Os bielorrussos querem viver com todos, seja do leste ou do oeste. Não queremos escolher aliados, queremos viver", afirmou Gaidukevich, descrito pela oposição como uma marionete do líder do país.

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