Início » Direitos Humanos » Cunha sabota união PT- PSDB sobre maioridade penal Cunha sabota união PT- PSDB sobre maioridade penal
Cunha sabota união PT- PSDB sobre maioridade penal
Presidente da Câmara procura tucanos e anuncia votação da proposta para o próximo dia 30. Comissão aprecia relatório com idade-limite passível de punição fixada em 16 anos, para qualquer crime. Sessão é realizada sob protestos de estudantes
Depois de PT e PSDB sinalizaram acordo para derrubar a proposta de redução de maioridade penal emCURSO na Câmara, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), saiu a campo para convencer tucanos a não unir forças com os petistas contra o texto por ele patrocinado, cujo relatório foi entregue nesta quarta-feira (10) à comissão especial. Relatado pelo deputado Laerte Bessa (PR-DF), o texto defende que o limite mínimo da idade penal seja 16 anos, para todos os crimes, mas com algumas ressalvas. Um pedido de vista deve adiar a votação do colegiado para a próxima quarta-feira (17).
Cunha articulou hoje (quarta, 10), em café da manhã com lideranças da oposição, uma alternativa à proposição inicialmente definida na comissão especial, com enquadramento irrestrito de crimes passíveis de punição para maiores de 16 anos. No recuo, o cacique do PMDB passou a apoiar, como forma de seduzir a bancada do PSDB, a proposta apresentada pelo senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), com redução de maioridade penal apenas para crimes tipificados como hediondos.
O presidente da Câmara também deixou de lado a ideia de referendo popular sobre o tema nas eleições de 2016. A sugestão consta do relatório de Bessa também por patrocínio de Cunha, e implicaria no adiamento da vigência de qualquer decisão do Congresso para depois do pleito. Assim, caso vingue o acordo com o PSDB, a deliberação dos parlamentares entraria imediatamente em vigor.
A movimentação de Cunha com os tucanos tem também o propósito de valorizar a proposição alternativa apresentada pelo governador de São Geraldo Alckmin (PSDB) – o período de internação de menores infratores (três anos de reclusão em centro de reeducação, nos termos da legislação vigente) seria fixado em oito anos. Na última segunda-feira (8), o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, vocalizou a aproximação do Planalto com o PSDB em torno da questão e manifestou simpatia à proposta de Alckmin. Edinho disse que o governo está disposto a dialogar com o governador e outros líderes que queiram apresentar proposta alternativa.
Novo adiamento
A questão tramita na Câmara na forma de proposta de emenda à Constituição (PEC 171/1993), que precisa de dois turnos de votação na Câmara e no Senado, e apoio de ao menos 30 parlamentares nas duas Casas. Antes anunciada para a próxima semana, a votação da matéria em plenário foi transferida para o próximo dia 30. Segundo Cunha, não importa que tipo de conteúdo será produzido pelo colegiado que aprecia, na Câmara, a questão da maioridade penal.
“O que vai sair da comissão não é problema meu. O que sair eu levo à votação. E, mesmo na votação, poderá ter sempre modificação”, sentenciou o deputado, elogiando o debate. “Qualquer outra proposta de lei ordinária ou de mudança, que também será muito bem-vinda, será votada em seguida. Primeiro, nós vamos votar a PEC. Então, essa história que vai buscar um consenso em cima de lei ordinária, ela pode existir no conteúdo da lei ordinária, mas não vai mudar a ideia de votar a PEC.”
Além de reduzir a idade de punibilidade criminal de 18 para 16 anos, com previsão de referendo em 2016, o texto de Bessa define que maiores de 16 anos devem cumprir pena separadamente dos adultos, e sob regime de internato com objetivo educacional e de ressocialização. Na justificativa, Bessa considera que atual legislação é branda e causou a falência das políticas sociais referentes à prevenção do crime.
O deputado alega ainda questões como a maior capacidade de compreensão dos adolescentes de 16 e 17 anos acerca da ilicitude de suas ações; os índices endêmicos de criminalidade, protagonizados por menores nessa faixa etária; o anseio da população em relação à redução da maioridade e ao enrijecimento da lei; e a convicção de que a PEC não fere cláusula pétrea da Constituição ou tratados internacionais referentes aos direitos humanos dos menores.
Comentários
Postar um comentário
TODOS OS COMENTÁRIOS SÃO BEM VINDOS.MAS SÃO DE INTEIRA RESPONSABILIDADE DE QUEM OS ESCREVE!