Repressão a protesto aumenta isolamento de Richa no Paraná

Repressão a protesto aumenta isolamento de Richa no Paraná

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A repressão de policiais militares do Paraná a professores na quarta (29) contribuiu para minar a relação entre o governador Beto Richa (PSDB) e sua base de apoio na Assembleia Legislativa. Para alguns, o tucano está "isolado" e "encastelado".
Os deputados admitem que o episódio cobrará seu preço eleitoral. "Desgaste é pouco. Isso é um horror", disse o líder do governo na Assembleia, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), pouco depois do fim da votação do projeto governista de reforma na previdência, objeto dos protestos. "Foi uma batalha campal."
Para alguns, o tucano não soube lidar com as manifestações. "É um negócio de autista", diz um aliado. "Ele está encastelado, mal aconselhado, e não consegue enxergar que quem protesta também foi seu eleitor", conclui.
Richa tem atribuído a responsabilidade a inimigos políticos e "baderneiros" infiltrados entre os servidores. Em entrevista à Folha, falou em black blocs infiltrados na manifestação. Quem visita seu gabinete vê sobre sua mesa fotos de manifestantes que o criticam nas redes sociais.
"Veja, ele é da juventude socialista", diz o governador.
Entre os parlamentares, a queixa é de que Richa vê a Assembleia como "quintal" do Palácio Iguaçu: se um projeto foi enviado, a Casa deve aprovar. Os deputados se sentem desprestigiados, excluídos do debate pelo Executivo, e se ressentem de sofrer as consequências das medidas impopulares do tucano.
Em fevereiro, a Assembleia foi invadida por manifestantes que protestavam contra um pacote de ajuste fiscal do governo. Professores em greve fizeram vigília em frente às casas dos deputados no interior do Estado e enviaram dezenas de mensagens por celular pressionando-os a votar contra o pacote.
Embora Richa mantenha o apoio da maioria dos 54 deputados estaduais, a base do tucano encolheu desde 2014. Antes, os votos contrários a Richa em propostas caras ao Estado não ultrapassavam os 7 da bancada de oposição. Agora somaram 21.
Para alguns, Richa ainda é vítima de extremismos. "É uma época de desinformação, de gente que não vê o todo da questão. E há de fato uma politização de tudo isso", comenta Romanelli.
O sindicato dos professores é filiado à CUT, ligada ao PT. A senadora Gleisi Hoffmann (PT) e o senador Roberto Requião (PMDB), ambos da oposição no Estado, subiram no caminhão de som, na quarta, para protestar contra o bombardeio de bombas de gás e balas de borracha da PM.
O deputado federal Valdir Rossoni (PSDB-PR) disse já ter conversado com Richa sobre a queixa da base: "Os deputados não são exigentes. Muitos têm conversado comigo, eles pedem apenas melhor aproximação com o governo".
Segundo ele, Richa não pode articular "só na hora das votações difíceis". "O governo sempre tem que estar articulado com sua base. Uma boa base facilita o trabalho."
O líder da bancada tucana, Francisco Bührer, minimiza as queixas. Diz que o diálogo já teve falhas, mas melhorou.
AÉCIO
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), comentou pela primeira vez nesta sexta (1º) as cenas de violência em Curitiba, ação que deixou cerca de 180 feridos.
"Nós lamentamos profundamente o que aconteceu", disse o tucano, que evitou, porém, fazer comentários sobre a atuação de Beto Richa no episódio.
Aécio focou suas críticas sobre a fala da presidente Dilma Rousseff, que alfinetou Richa em vídeo publicado na internet. "Nada do que aconteceu em Curitiba, que nós lamentamos, deve ser objeto de ironia de quem quer que seja", afirmou Aécio.
No vídeo, Dilma diz que, em uma democracia, "temos que nos acostumar às vozes das ruas, aos pleitos dos trabalhadores, reconhecer como legítimas as reivindicações de todos segmentos sociais da população", sem "violência e sem repressão".
Colaborou GUSTAVO URIBE, DE SÃO PAULO
Editoria de Arte/Folhapress

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