No Senado, Jacques Silva dinheiro do Igeprev foi transferido de bancos sólidos para fundos que não mostram liquidez

No Senado, Jacques Silva DIZ QUE dinheiro do Igeprev foi transferido de bancos sólidos para fundos que não mostram liquidez-POR QUE NÃO PRENDEM LÚCIO MASCARENHAS?

Presidente do órgão de previdência dos servidores diz ter encontrado, ao assumir, "uma desorganização total"
Da Redação
A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal promoveu na quinta-feira, 7, audiência pública para debater os fundos de pensão. Entre os participantes do evento, esteve o presidente do Instituto de Gestão Previdenciária do Tocantins (Igeprev), Jacques Silva, que narrou sobre a situação do órgão, que tem confirmados prejuízos de R$ 263 milhões, referentes a investimentos em fundos que deram prejuízo.

Jacques Silva destacou na reunião que assumiu o Igeprev em janeiro de 2015 com falta de repasses de contribuições pelo governo anterior - desde agosto de 2014 - e com o Certificado de Regularização Previdenciária (CRP) expirado, causado pelo desenquadramento de fundos. "O que encontramos foi uma desorganização total. Aplicações em fundos sem nenhum critério”, disse.

O presidente narrou ainda que aplicações em bancos soberanos – Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú – foram retiradas e passadas e para aplicações em fundos que não mostram liquidez. O gestor explica que os investimentos passaram a ter carência que chega a mais de 30 de anos e taxas de saída superiores a 35%, o que impede o resgate imediato dos recursos.
Foto: Divulgação/Igeprev
Jacques Silva, do Igeprev: "Aplicações em fundos sem nenhum critério"
Jacques Silva também falou de prejuízos já confirmados da ordem de R$ 263 milhões referentes a investimentos em fundos que deram prejuízo, segundo levantamentos feitos por técnicos do Igeprev e já apontados em auditorias realizadas por técnicos do Ministério da Previdência Social (MPS). O presidente disse que a primeira preocupação da atual direção do órgão foi realizar a primeira reunião do ano do Conselho de Administração para aprovar a nova política de investimentos determinando que os recursos do fundo previdenciário fossem aplicados em bancos soberanos e, de preferência, em títulos públicos.

O senador Donizeti Nogueira (PT), que sugeriu a participação do Igeprev na audiência, presidiu a mesa durante parte da apresentação de Jacques Silva e questionou que providências estão sendo tomadas para tentar recuperar aplicações e ainda sobre os recursos aplicados num fundo conhecido como Porcão. O petista também solicitou ação do Ministério Público, Polícia Federal e Procuradoria Geral da República, para investigação e punição da má administração do órgão.

O parlamentar tocantinense também ressaltou que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) não resolve os problemas dos fundos de pensão, mas que a ação do Ministério Público e o diálogo entre as entidades e o parlamento pode ajudar a propor alterações na lei para evitar que problemas futuros.

Foto: Alessandro Dantas/Senado Federal/07.05.2015
Senador Donizeti Nogueira participou da audiência e chegou a presidir mesa da comissão

Sobre as aplicações irregulares, o presidente do Igeprev explicou que os aportes, que inclui ativos da rede de churrascarias Porcão, foram feitos inicialmente em outros fundos e depois redirecionados. Segundo Jacques Silva, levantamentos feitos mostram que fariam parte deste fundo, além da rede de restaurantes, uma usina termoelétrica que estaria desativada e um frigorífico, que estaria arrendado a uma grande empresa do ramo de carne e que o aluguel desta planta estaria sendo pago em fornecimento de carne para as churrascarias.

Jacques Silva finalizou dizendo que na próxima semana será entregue o relatório de uma sindicância ao governador Marcelo Miranda, à Procuradoria Geral do Estado (PGE), assim como ao MPE e MPF para que possam ser tomadas as providências legais cabíveis.

Audiência
O senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, que convocou a audiência pública sobre Fundos de Pensão, abriu a sessão falando sobre problemas em vários fundos de pensão e lamentou que trabalhadores que investiram por toda a vida profissional perderam dinheiro, por gestões temerárias, danosas ou fraudulentas.

O parlamentar citou ainda que na noite de quarta-feira, 6, foi lido no Plenário do Senado Fedral o pedido de abertura de uma CPI para investigar os fundos de pensão. Entre os fundos citados por Paulo Paim foi o Postalis, dos funcionários dos Correios, que provavelmente terão que ampliar suas contribuições para garantir as aposentadorias.

Também participaram da audiência pública o senador José Medeiros (PPS-MT), Jorge Luiz Ferri Berzagui (Fundação Banrisul), Claudia Munhois (Anapar), Edson Dorta (Federação Trabalhadores dos Correios), Marcelo Andreto Perillo (Petros), Marcelo Coelho de Souza (Previ), Jackson Luiz Mendes (Associação Funcionários dos Correios), dentre outros representantes de entidades classistas e ligadas a fundos de pensão.

Confira a participação de Jacques Silva na audiência pública no Senado Federal:
 
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